26 novembro, 2010

GRAMADO - 2010

11.11.2010



Fui a Gramado com uma turma de amigas que fazem parte do Coral da Bacia de Campos: Inês, Valdéa, Sueli e Graça. A intenção era conhecer a cidade durante o evento Natal Luz de Gramado, que acontece todos os anos. Já visitei a cidade anteriormente, mas não durante o período dessa festa.

Chegamos no final da tarde e logo percebi que não tinha feito a melhor escolha de vestuário. Tava um frio danado. Levei algumas roupas de manga comprida, uma pashminas e meias. E nenhum casaco.

Dividi o quarto com Inês e Valdéa. Logo que chegamos no quarto Valdéa comentou com Inês que iria me pedir uma aula de como "arrumar a mala para viagem" pois minha bagagem é sempre pequena. Quando abri a mala e elas viram os vestidinhos leves e as outras roupas que eu trouxe, caíram na risada.

- Você pensou que ia para Búzios, colega? Pode cancelar a aula, disse Valdéa.

Inês, como sempre, trouxe o guarda-roupa completo. Com aquela quantidade de roupa eu passaria o mês inteiro na Europa. Sorte minha, que pude pegar emprestado com ela um dos quatro casacos que ela trouxe.

Saímos a noite para assistir ao desfile natalino na avenida principal de Gramado. Logo na chegada perdi meus óculos. Pronto! Vou passar toda a viagem espremendo o olho para conseguir ler alguma coisa. Ou pedir emprestado para minhas companheiras de viagem. Todas já passaram dos quarenta e são, certamente, dependentes desse pequeno objeto de tortura.


O desfile deve ter sido interessante, mas o frio era tão grande, tão grande, que todas nós tiritávamos de frio e o prazer de assistir ao espetáculo foi para o ralo. Uma colega disse que até sua "perereca" estava congelada. Várias vezes ela disse "sinto que o desfile está acabando" e olhava para o final da rua na esperança de avistar o final da fila de integrantes do desfile. E a fila nunca mais acabava, uma verdadeira tortura.

Quando finalmente entramos no ônibus para retornar ao hotel, encontramos nossos trêmulos companheiros de viagem tão ansiosos como nós por uma cama bem quentinha. Valter, irmão de Valdéa, estava com um gorro de papai noel que comprou para esquentar a cabeça. Se tivesse achado o saco de papai noel acho que ele também teria comprado.

Fomos a um restaurante que servia diversos tipos de sopa. Foi uma boa escolha para aquecer esses viajantes trêmulos de frio. Provei algumas que estavam saborosas. A mais tradicional por aqui é a sopa de capeletti que os italianos adoram. Acho meio sem graça aquele caldo ralo com as massinhas boiando.

Chegando no hotel tomamos um chá de abacaxi e fomos dormir.


12.11.2010

Fizemos um tour pelos principais pontos turísticos da cidade. Começamos pelo “Mundo a Vapor”. Logo na fachada tem um trem tombado como se tivesse ocorrido um acidente. No interior várias miniaturas de processos industriais, todas com movimento, mostram os detalhes da fabricação de tijolos, telhas, laminação de aço, trator movido a vapor, etc....

Entramos em uma lojinha que vendia acessórios para o frio. Saímos quase todas com gorros e luvas vermelhas, que eram as mais baratas. Acho que no próximo evento é só mandar levantar as mãos que nosso grupo será imediatamente identificado.
Em seguida fomos a um parque - não lembro o nome - próximo ao Parque do Caracol. É possível ver a Cascata do Caracol lá embaixo. No teleférico, com cadeira para duas pessoas, é possível chegar bem próximo da cascata. Dispensei o teleférico - já andei em vários e esse pequenos não me atraem - e a tirolesa. Quem não dispensou a tirolesa foi uma senhora de 73 anos que faz parte do nosso grupo. Cabelos totalmente brancos, assanhada e com uma disposição de dar inveja. Toma cerveja todos os dias, mesmo com o frio que faz aqui. Quando o frio apertou tomou uma cachacinha no jantar e, no dia seguinte vinho. Valdea costuma chamá-la de “minha sogra”, se candidatando espontaneamente para um casamento com um dos filhos solteirões (são dois).

Hollywood Dariam Car tem uma exposição de carros antigos. Poucas pessoas entraram mas eu gosto de veículos antigos e fui dar uma olhada. O meu jipe Willians 1951 poderia estar ali, só precisaria de uma bela maquiagem. É interessante verificar a riqueza de detalhes, a delicadeza dos acessórios. E as cores? Vários tons de azul, rosa, verde, vermelho, branco e preto. Daqui a cinquenta anos se visitarmos uma exposição de carros antigos (do século XXI) só veremos 3 cores: branco, preto e cinza. E modelos quase iguais!!! Esse nosso mundo automatizado e globalizado está tornando tudo muito sem graça.

Almoçamos e em seguida fomos ao “Mini Mundo”. Como já conhecia esse lugar, optei por dar uma volta pelos arredores e tirar fotos de flores e algumas fachadas. As hortênsias ainda não estão totalmente floridas, mas outras flores estão viçosas e dão um colorido especial a essa cidade. Caminhando pelas ruas quase vazias e olhando as casas com muros baixos, gramado verdinho e casas com sacadas floridas, constatei que essa cidade é um pedaço da Europa nos trópicos. São muitos ‘brasis’ dentro desse país continental.

O nosso próximo destino também já é meu conhecido. O Lago Negro lembra um pouco a região da floresta negra na Alemanha. Estive por lá no ano passado e a arquitetura daqui possui alguma semelhança com a da região da Bavária. Alguns do nosso grupo foram caminhar em volta do lago. Eu já estava cansada e preferi ficar sentada no gramado de Gramado, “lagarteando" sob o sol daquele final de tarde.

Na saída do parque cometi um desatino; comprei uma guirlanda de um camelô. Onde eu estava com a cabeça? Sair carregando esse negócio até Macaé, sem amassar!! É como transportar um bebê. Aliás, não estou me reconhecendo, já comprei várias coisas quase inúteis. Inúteis talvez não, mas completamente desnecessárias.


Encerramos o passeio na Aldeia do Papai Noel. Ainda não conhecia esse parque. Segundo reza a lenda o alemão Knorr se encantou com aquele pedaço de terra e construiu ali sua residência. Durante muito tempo recebeu pessoas famosas que visitavam a cidade e se hospedavam em sua casa. Hoje sua propriedade foi transformada em ponto turístico. O lugar tem uma bela paisagem, muito verde e uma vista do vale do Quilombo. Esqueci de perguntar a guia porque deram esse nome ao vale. Acho que escravos não eram comuns nessa região.
A casa do Knorr, em estilo Bávaro e com móveis do início do século XX, foi o que mais me interessou. As crianças certamente devem gostar das renas, que não são comuns por aqui, e da fábrica de brinquedos.

É interessante notar como uma cidade aproveita um tema e transforma esse tema em atração turística tirando dele o máximo proveito. Há poucos dias vi uma reportagem sobre a cidade mineira de Varginha que transformou a história do aparecimento de um ET, quase sempre motivo de gozação, em tema para ornamentação de praças, etc... tirando do fato o máximo de proveito possível.

Aqui em Gramado o natal tornou-se símbolo da cidade, assim como as hortênsias. Macaé poderia fazer o mesmo com o tema petróleo, começando pela criação de um museu interativo ou até mesmo uma plataforma desativada onde os visitantes pudessem ver como funciona a extração do petróleo. Estou delirando? Talvez. Só sei que com criatividade tudo é possível.

13.11.2010

Hoje descemos a serra para conhecer a parte italiana da colonização gaúcha. Antes de começarmos a parte “cultural” do nosso passeio, fizemos uma visita à loja da Tramontina na cidade de Carlos Barbosa. Terminada as compras (não resisti e também aderi a gastança) fomos para a estação de trem para o passeio turístico. Na chegada à estação, a recepção é feita por uma cantora, simpática e com ótima voz, cantando músicas italianas.

Durante o trajeto a maria fumaça faz uma parada onde desembarcamos, tomamos vinho, champanhe, comemos queijo e cantamos a tarantela com alguns músicos. Voltamos ao trem e seguimos viagem. Um grupo encena um teatrinho dentro dos vagões e um outro grupo canta músicas italiana e gaúcha.

É um agradável momento de confraternização bem ao estilo italiano.

Durante o passeio lembrei várias vezes de Alda. Ela adorou esse passeio e constantemente convidava a mim e Vilson para uma viagem ao sul. Ela já não está entre nós, mas a lembrança permanece.

Continuamos o passeio, agora o roteiro conhecido como Caminhos de Pedra. São construções em pedra e madeira semelhantes a que existem na região norte da Itália. São bem antigas e conservam a história dos italianos que chegaram aqui no final do século XIX. O meu nono Pietro Adami também chegou ao Brasil nesse período, mas sua família veio para o Estado do Rio.

Antes que todas as casas fossem demolidas, descobriram o potencial turístico da região e investiram nisso. No caminho encontramos produtos típicos dessa cultura: salame, vinhos, queijos, etc... Paramos em uma casa onde aconteceu parte da filmagem do filme “Quatrilho”. Assisti a esse filme alguns anos atrás e adorei. Foi o primeiro filme brasileiro que gostei de ver, depois de um longo período em que não assisti a nenhuma produção nacional que valesse a pena.

Uma integrante da família Strapazzon mostrou a casa, o vinhedo e nos falou um pouco sobre a vida de dificuldade e de superação da sua família, que é na verdade a história de todos os italianos que vieram para o sul. Falou sobre a filmagem do Quatrilho que deu maior visibilidade a região e destacou que o que antes era “motivo de vergonha hoje é orgulho para sua família”.

Paramos em seguida em uma Ervateira, casa onde se produz a erva mate que os gaúchos usam no chimarrão. Uma mulher nos mostrou toda a linha de produção da erva, os antigos maquinários, o forno, etc... e em seguida partimos para a degustação. Pela primeira vez provei o chimarrão. Detestei!!! É amargo demais.

Nossa guia Suzi é excelente. Ela é de origem alemã, da cidade de Carlos Barbosa, mas mora atualmente em São Paulo. É quase ruiva, bem bonita e educadíssima. Tem falado bastante sobre a história dos colonizadores italianos e alemães. Normalmente essa é a parte que mais me agrada nas viagens com guia, mas o sistema de som do nosso ônibus é péssimo e por isso aproveitei pouco do que ela falou. Na verdade, não foi só por isso, gastei boa parte do tempo conversando com Tânia.

Tânia é uma colega de trabalho que aposentou recentemente. Como eu nasci em Macaé e ela chegou na cidade ainda criança, temos muitas lembranças e amigos em comum. Papeamos por um longo tempo e demos muitas risadas. Durante essa conversa eu “matei” alguns macaenses que, segundo Tânia, ainda estão bem vivos. Realmente minha memória está cada vez menos confiável.

Á noite fomos assistir ao espetáculo “A fantástica fábrica de natal”. Agasalhei-me um pouco, bem menos que minhas colegas de viagem, e partimos para o local da apresentação. Fazia bastante frio, mas o local era coberto e não havia vento o que tornou a noite bem mais agradável que a anterior. O show, um musical no estilo da Broadway, conta a história de uma fábrica onde os brinquedos ganham vida. Tem canto, dança, acrobacias e alguns efeitos especiais. A criançada deve adorar.

14.11.2010

Novamente descemos a serra e fomos até Caxias do Sul.


Visitamos a Igreja de São Pelegrino. Eu já conhecia essa igreja, mas não me lembrava de muita coisa. As portas principais são esculpidas em bronze contando a história da imigração italiana. Logo na entrada tem uma réplica da Pietá de Miguelangelo, idêntica a que já vi na Basílica de São Pedro, no Vaticano. Nossa guia informou que a estátua foi presente do Papa João Paulo VI na comemoração dos cem anos da imigração italiana. No interior várias pinturas de Aldo Locatelli representam passagens bíblicas. É uma pintura bem acadêmica, mas algumas colocam em evidência pés e mãos. Achei que ele é especialmente bom nesse quesito, pés e mãos.

Fomos para a vinícola Zanrosso. Já estive lá anteriormente e, portanto, dispensei a história da família e parti direto para a degustação. Tomei bastante vinho. Considerando que era apenas uma degustação, bebi demais. Comprei vinho e espumante para tomarmos no Natal. Fiz mais um estrago no orçamento, que com o casamento do meu filho programado para março, está bem apertado.

Passamos na fábrica de chocolate Alpino onde comprei chocolate para meus afetos. Em seguida voltamos para Gramado. Uma outra apresentação de natal, com sopranos e tenores, está na programação para a noite.

Eu, Tânia e Alzira optamos por um passeio noturno pelo centro de Gramado. Separamo    -nos do grupo e descemos na avenida principal da cidade. A cidade à noite fica realmente linda. Entrei num caixa 24 horas para pegar algum dinheiro e quando saí percebi que algumas pessoas estavam paradas na calçada. Olhei em volta e vi que uma multidão estava ali parada, observando a rua. Perguntei o que acontecia e me disseram que estavam esperando as luzes acenderem. Vi que parte das luzes ainda não estavam acesas e, como os demais, também resolvemos aguardar. Enquanto aguardávamos entramos numa loja de chocolates Lugano e comprei dois tabletes onde estava escrito “adoro minhas noras”. Preciso agradar as meninas porque, segundo o costume, são elas que escolherão o asilo onde ficarei na velhice.


Às nove horas em ponto uma música de natal começou a tocar, alguns fogos de artifício pipocaram e as luzes foram acesas. Uma árvore de natal enorme, no meio da avenida, começou a girar e a brilhar com várias nuances de cores. De onde eu estava pude ver a luz dos flashes de inúmeras câmeras e celulares se juntando ao brilho da iluminação natalina. É bonito, e engraçado ao mesmo tempo. Não é preciso muita coisa para atrair a atenção de turistas ávidos por uma foto. Mas, verdade seja dita, a cidade ficou linda assim toda iluminada.

Notei que grande parte dos enfeites natalinos é feito de garrafas pet, e todos muito bonitos. Na maioria das vezes não gosto muito da aparência dos objetos decorativos que são feitos com material reciclado, mas esses candelabros provam que é possível fazer coisas interessantes com o material que vem do lixo. Durante a noite é possível confundi-los com vidro ou cristal.


Entramos em uma loja de enfeites natalinos com produtos de muito bom gosto para turistas mais endinheirados do que eu. As árvores de natal custam em torno do R$ 5.000,00. Vou continuar acendendo meu pisca-pisca no pinheirinho tradicional.

Comemos uma pizza na rua coberta e voltamos para o hotel. Amanhã logo cedo partiremos para Porto Alegre. O ônibus que nos levará deve ser bem maior que o que nos trouxe. Caso contrário, não haverá lugar para as malas.

Já encontrei Inês no hotel e ela me disse que o espetáculo que o grupo assistiu foi emocionante, o melhor dos três que ela viu. Disse que várias músicas do repertório do nosso coral foram apresentadas pelo grupo de cantores. Gostaria de ter assistido, mas não me perdoaria se saísse de Gramado sem ver, de perto e com calma, a decoração do Natal Luz.

15.11.2010

Chegamos ao aeroporto no horário do almoço. À medida que vou ficando mais velha, aumenta o meu medo de avião. Deveria ser o contrário, mas quanto mais velha mais medrosa.

Comemos e partimos para o Rio de Janeiro. A viagem foi bem tranquila, sem turbulência. Saímos de Macaé com chuva e encontramos chuva também no retorno.

"Melhor do que partir, é voltar". Não sei quem disse isso mas há alguma verdade nessa afirmação, pelo menos para mim.

09 agosto, 2010

ROMA


INFO INICIAL

Enfim vou conhecer a Itália, terra dos meus avós. E a Grécia também, berço da civilização ocidental.
Vou primeiro ao norte da Itália junto com Kátia e Núbia, e depois nos juntamos ao restante do grupo - Adélia, Andréa, Beth, Camilo e Helena - na Sicília. Por último, a Grécia.
Não conheço a maior parte do grupo, são amigos de Adélia e Kátia. Camilo também trabalha na Petrobras e veio com a ex-sogra e ex-cunhada: Beth e Helena. Andréa, Núbia e Camilo são médicos; Kátia e Adélia são enfermeiras. Temos então uma equipe médica que ficará inoperante neste período, eu espero.


29.05 e 30.05.2002

Saímos à noite do Rio e desembarcamos em Roma no início da tarde. Estávamos apreensivas com relação ao hotel porque fizemos vários ajustes de última hora e não tínhamos ideia de como seria o hotel em Roma. Ainda mais que o André, nosso agente de viagem, disse que teríamos uma surpresa, mas não falou se seria boa ou ruim.
Hotel Eliseo
Chegamos ao Hotel Eliseo na Via Pinciana. É uma construção pequena e parece antiga, bem conservada. Ficamos encantadas com o mobiliário de época, o tamanho do quarto, a proximidade do centro da cidade. E a paisagem em frente ? É tudo de bom! Da sacada, que tem um pequeno vaso com um pezinho de limão, avistamos o imenso parque Vila Borghese que fica em frente ao hotel. Ainda bem que a surpresa que o André falou é das melhores.

Praça do Pantheon
Saímos caminhando pela Via Veneto, essa importante rua do filme La Dolce Vita, cheia de lojas e restaurantes. Almoçamos em um pequeno restaurante envidraçado localizado ao longo da calçada. Em seguida, descemos à rua e paramos na Piazza Barberini que tem uma “fontana”, a primeira que visitamos nessa viagem, esculpida pelo famoso arquiteto barroco Bernini. Cansadas da viagem, tiramos algumas fotos e voltamos para o hotel. O dia amanhã será longo.

31.05.2002
Caminhamos até a Piazza de Espanha, que não fica distante do hotel. A praça tem na parte alta uma igreja muito antiga, em frente uma grande escadaria e abaixo uma fonte em formato de barco, outra obra de Bernini (não deve ser a última que veremos). Essa praça é um local de encontro de jovens e artistas da cidade, um point de azaração. Caminhamos pela Via Del Corso, importante avenida da cidade, em direção aos outros pontos turísticos que visitamos hoje. A jornada foi dura, duríssima. Fomos ao Pantheon, a Fontana de Trevi, a Piazza Venezia, ao Foro Romano, ao Jardim do Palatino, Piazza Navona e o Coliseu. Ufa!!!!

Piazza Venezia


Jardim do Palatino

Jardim do Palatino
Interior do Coliseu


Coliseu

Achei curiosa a quantidade de motonetas, parecidas com as antigas “Vespas” que existia no Brasil nos anos sessenta e setenta. O trânsito é meio tumultuado um pouco parecido com o das nossas cidades. Aliás, nesse pouco tempo que estamos aqui, já deu pra perceber que temos muitas semelhanças com esse povo.
Voltando ao assunto dos pontos turísticos, fiquei impressionada com as ruínas da Roma antiga, que vimos no Fórum Romano e nos Jardins do Palatino. Difícil acreditar que estamos passando pelos mesmos prédios - parte deles, é claro -que a população do tempo dos Césares habitou. Fico imaginando como seria esse lugar naquela época. Vale a pena preservar a história. Li em algum lugar que durante as escavações do metrô vários monumentos e objetos antigos foram encontrados. Em alguns lugares as obras do metrô nem puderam prosseguir porque a preservação da história é prioridade. Acho mais do que justo.

O Coliseu deve ser um dos pontos turísticos mais visitados. Tiramos muitas fotos diante desse símbolo da Roma Antiga. Dá para imaginar a imponência desse prédio quando foi construído e ao mesmo tempo constatar que aquelas barbaridades que aconteceram ali dentro, continuam acontecendo ainda hoje. Em nome da religião ainda se mata. Evoluímos pouco ou nada, nesse quesito.

Fontana de Trevi
A Fontana de Trevi também é imperdível. Acho que lugar nenhum do mundo tem tantas fontes como Roma e todas são verdadeiras obras de arte. A água é sempre de um verde azulado (ou será um azul esverdeado?) bem clarinho. É uma pena que a Fonte fique meio imprensada entre as construções em volta. A Fonte e o Palácio de Poli, que fica atrás dela, mereciam um local mais amplo. Ficaria ainda mais linda. Não sou supersticiosa, mas por via das dúvidas, joguei uma moedinha na fonte para garantir meu retorno a esta cidade.
Comprei um sapato, uma “mule” azul índigo, numa sapataria próxima a fonte. Toda vez que usá-la vou lembrar de Roma.
 
Quando chegamos ao Pantheon já estávamos um pouco cansadas. Sentamos nos degraus de uma fonte (ou seria uma estátua ?) em frente ao monumento. Como diriam nossos guias de viagem em língua espanhola, nos “quedamos” ali olhando o movimento de turistas e fazendo um pequeno lanche, enquanto descansávamos os pés, doídos de tanto andar. Este monumento, que era um templo, tem mais de 2000 anos e está muito bem conservado. O interior é maravilhoso; um espaço imenso com um teto altíssimo. No centro da abóbada tem uma abertura redonda por onde a luz do sol ilumina o interior do templo. Será que os antigos usavam esse recurso apenas para iluminar ? Ou usavam também como um tipo de relógio de sol ? Sabe-se lá.

Fomos a Piazza Navona e aproveitamos para jantar por lá. A praça é bem bonita, cercada de prédios históricos e várias fontes que certamente tem esculturas de Bernini. A embaixada brasileira também fica por aqui. Aliás, essa embaixada deve ser das mais disputadas pelos nossos embaixadores. Quem já andou aprontando por aqui foi o “homem do topete” Itamar Franco.

Retornamos ao hotel mais mortas que vivas.

01.06.2002

Na cúpula da Basílica de São Pedro
Hoje fomos ao Vaticano. Como não é domingo não veremos o Papa. Paciência, não se pode ter tudo. Enfrentamos uma longa fila para visitar a Capela Sistina. Eu não fazia ideia de que a capela ficava dentro do Museu do Vaticano. Muita gente, um tumulto só. Enfim chegamos à sala conhecida como Capela Sistina. É uma obra prima, não há dúvida. A pintura no teto é de cair o queixo, ou melhor, de quebrar o pescoço. O meu ficou dolorido de tanto olhar para cima. Os bancos em volta da parede que facilitam a visão do teto são disputados a tapas. E pensar que Miguelangelo se dizia escultor e não pintor. Depois de algum tempo fugi dali, estava meio sufocada. Quando chegamos próximas a saída Núbia percebeu que tinha esquecido a bolsa. Lembrou do local, retornou e encontrou a bolsa sã e salva. Se fosse no Brasil, não sei não....

Basílica de São Pedro
Caminhamos para a Basílica de São Pedro. Tudo aqui é superlativo: a igreja é enorme; a praça em frente é enorme; a multidão de turistas idem. Próximo à entrada da Basílica está à escultura da Pietá de Miguelangelo. Ela também merece um superlativo: liiiiiinda!!! Miguelangelo foi realmente um gênio. Reza a lenda que ele era genioso, menosprezava os outros escultores e arrumava algumas encrencas por conta disso. Será que a palavra genioso tem parentesco com gênio ? Deve ter. Pensar que ele tinha 20 anos quando fez essa obra, é impressionante. Já estou encantada e olha que ainda vou conhecer a escultura de Davi, em Florença.

Resolvemos subir até a cúpula da igreja. Metade do trecho subimos de elevador. A outra metade só se pode subir pela escada. Aí é que o bicho pega! São muitos, muitos, muitos degraus, e pequenos, e estreitos, e meio tortos. Um inferno. Não dá pra desistir no meio do caminho. O retorno é por outra escada, portanto não dá pra voltar pela escada que sobe com o fluxo de pessoas no sentido contrário. De vez em quando tem uma janela com um pequeno espaço onde os cansados param para respirar. Enfim chegamos ao destino. Pode-se ver toda a cidade daqui. Ficamos admirando os jardins no interior do Vaticano; o Papa deve pegar um solzinho por ali. A vista da cidade é linda, valeu o sacrifício.
Castelo Sant’Ângelo
Castelo Sant'Ângelo
   
Caminhamos pela larga avenida que vai da Basílica ao Castelo Sant’Ângelo. O Castelo foi uma fortaleza que protegia os Papas e também serviu de prisão. Só visitamos a parte externa do castelo. Paramos para olhar souvenirs numa banca. Peguei uma pequena escultura e quase levei um sopapo do vendedor. Eles são tremendamente impacientes. Em frente ao castelo passa o rio Tevere, ou Tibre para nós. Na ponte que atravessa o rio passamos pelos camelôs que vendiam bolsas, réplicas perfeitas das mais famosas marcas.

Jardim da Vila Borghese
Caminhamos ao lado do rio até chegarmos ao bairro Trastevere. Abandonamos a avenida beira rio e entramos pelas ruazinhas estreitas, com casas de até dois/três andares. São casas antigas de aparência humilde. O lugar é cheio de lojinhas e bares. O cheiro que vem dos restaurantes é maravilhoso, cheirinho de manjericão. A todo o momento escutamos tocar alguma música brasileira; o axé da Bahia já chegou por aqui. Visitamos a Basílica e em seguida procuramos um restaurante para jantar, na Piazza Santa Maria. Escolhemos mesas ao ar livre para apreciar melhor o movimento da praça. O garçom que nos atendeu foi extremamente grosseiro conosco. Eles não têm paciência para nos ajudar na escolha dos pratos. Pelo menos a comida estava muito gostosa.

Amanhã viajaremos para o norte da Itália e depois retornaremos a Roma.

07.06.2002

San Marino
Retornamos hoje para Roma e amanhã seguimos para a Sicília. No caminho paramos na cidade de San Marino. Aqui acontece o grande prêmio de San Marino de carros de fórmula um. Na verdade não é apenas uma cidade e sim uma república independente. No alto da colina fica o castelo da cidade e uma torre bem alta. Depois que visitamos esses pontos turísticos fomos para o doce exercício de entrar e sair das lojinhas. Os produtos têm ótimo preço, me parece que são isentos de impostos, por isso o preço baixo. A turma comprou muito perfume e até joias.

Chegamos em Roma no início da noite. Eu estava decidida a procurar um médico no dia seguinte antes de irmos para Palermo. Meu intestino até agora, nada. Quando vou ao banheiro só o que sai é o bendito óleo mineral que estou tomando há quatro dias. E o artista principal, não se apresenta. Dormi preocupada.

Enquanto tentava dormir ouvia Núbia arrumando a mala. Ela faz isso praticamente todas as noites. Tira sacolinha, bota sacolinha, e o barulho dos sacos plásticos fica ecoando pelo quarto.

No meio da madrugada fui ao banheiro fazer xixi e .....Aleluia!! Aleluia!!! Desencantei, acabou prisão de ventre. Minhas amigas queriam me levar ao hospital porque a situação estava sinistra.

Voltei para a cama levinha, levinha.

08.06.2002

Temos a parte da manhã livre. Resolvemos ir até a Piazza del Populo e ao parque Vila Borghese. Caminhamos por algumas ruas que ainda não conhecíamos e passamos por um restaurante onde havia uma televisão ligada. Resolvemos almoçar e assistir ao jogo do Brasil x China que estava iniciando. Os outros clientes que estavam no restaurante também torceram para o Brasil em sinal de solidariedade. Ao final do jogo, que o Brasil venceu de goleada (4 x 0), agradecemos a torcida e fomos para a Vila Borghese.

O parque é enorme e com muitos atrativos. Andar de bicicleta, correr, caminhar, tomar sol, visitar um museu de arte. É só escolher conforme sua preferência. Escolhemos caminhar tranquilamente, depois deitamos no gramado para tomar sol e papear. Antes de retornarmos ao hotel entramos em um banheiro público que fica no jardim. Paramos em frente a um grande mapa da cidade, no corredor de entrada do banheiro, e ficamos ali tentando localizar a rua do nosso hotel. O banheiro estava vazio e no local onde estávamos não impedíamos o acesso de ninguém. Mesmo assim a italiana que cuidava do local começou a gritar conosco:

- “Andiamo, andiamo....usciamo del corridore”.

Vila Borghese
Kátia ficou revoltada e xingou a italiana com todo seu repertório de palavrões brasileiros. A mulher levou um susto com o tom de voz da Kátia e calou-se. Dali em diante só nos olhava de cara amarrada, mas não falou mais nada.

Á tarde embarcamos para a Sicília - "Arrivederti Roma, Addio"

Chegamos à Palermo e encontramos o restante do grupo. A Andréa também estava a caráter para o período da Copa. Vinha com um lenço amarrado na cabeça, uma bandana da nossa bandeira. A Beth e sua mãe Helena, são bem simpáticas. Fiquei impressionada com a vitalidade de Helena; uma viagem como essa pode ser bem cansativa. O Camilo é o valete desse grupo. Ele tem uma cara de bonachão e tomara que seja bem paciente para aguentar toda essa mulherada.


Estamos hospedados no Hotel Jolly.

Hotel Eliseo

Via di Porta Pinciana, 30 - 00187 Roma
Tel. +39 06 4870456 - 4828658
Fax +39 06 4819629
Email eliseo@leonardihotels.com

NÁPOLES, CAPRI, SIENA, ASSIS, SIENA, FLORENÇA ,PÁDOVA, VENEZA,

02.06.2002                    NÁPOLES




Saímos cedo de Roma em direção a Nápoles. No caminho o guia nos mostrou o Monte Castelo onde os soldados brasileiros lutaram na segunda grande guerra. Em uma parada na estrada comprei um CD de Enrico Caruso, o maior tenor de todos os tempos. Lembro de tê-lo ouvido quando criança. Acho que meu irmão tinha um disco dele, um daqueles bolachões.

Chegamos a Nápoles. É visível a diferença entre essa região e o norte da Itália, muito mais rica e cosmopolita. Por aqui, muitos prédios de pequeno porte, nada atraentes. Parece uma cidade meio decadente. Não vimos muita coisa, apenas o porto onde embarcamos para Capri. A cidade de Pompéia, que gostaria de conhecer, fica para uma próxima viagem.

CAPRI



A ilha de Capri é um charme só. As cabeças coroadas da Europa e os artistas fizeram a fama dessa ilha. De longe, ainda no barco, avistamos os morros em volta da enseada. Atracamos e descemos pelo porto já prontas para embarcarmos para um passeio a Grutta Azzura (Gruta Azul). Só se pode entrar na gruta até um determinado horário e depende das condições do mar. Tivemos um pouco de dificuldade de sair do barco para o bote; o mar estava muito balançado. Ufa!!! Entramos na caverna. Já estive em outras “grutas azuis”, mas essa é maravilhosa. Parece que o fundo do mar é iluminado por luz néon. Tudo escuro em volta e o fundo azul resplandecente. Não pudemos ficar muito tempo pois a maré estava subindo rapidamente. Saímos deitadas no fundo do bote para passar pela entrada da gruta. Valeu o sacrifício.


Voltamos ao porto. O sol estava quente e o dia lindo. Embarcamos em um pequeno ônibus e subimos para a cidade de Ana Capri. A estradinha é estreita e tortuosa. As pessoas costumam alugar pequenas motonetas para passear pela ilha, que não é tão grande. Na parte alta caminhamos até um belvedere de onde se pode admirar o Golfo de Nápoles. O Mar Tirreno é de um azul belíssimo. Agradeci aos céus quando paramos para almoçar. A barriga estava roncando de tanta fome. O restaurante era agradável, bem claro e ventilado. Pedi um risoto de frutos do mar e, não sei se a fome ajudou, achei uma maravilha. Caminhamos pelas ruas estreitas com casinhas bonitas e jardins floridos. Passamos por um pequeno cemitério com lápides brancas e jardineiras com flores, todas iguais e assimétricas. Curiosidade mórbida? Acho que não. Gosto de olhar o estilo dos cemitérios, apenas olhar. Normalmente o cemitério combina com o estilo da cidade ou do bairro. Esse aqui tem tudo a ver com a ilha, é bucólico e despojado.

Entramos por uma rua cheia de lojinhas de souvenirs. Uma vendedora contou a estória de um perfume fabricado aqui na ilha. Acho que é estória para turista trouxa, mas o perfume é agradável e minha paciência é pouca para ficar procurando presentes. Reza a lenda que o perfume é afrodisíaco e, sendo assim, comprei sabonetes em formato de concha com o tal perfume para todas as colegas da minha gerencia.


Retornamos ao continente no final da tarde. Gostaria de voltar a Capri e ficar mais tempo.

Desembarcamos na cidade de Sorrento. Paramos em uma fábrica de móveis em marchetaria. Cada coisa linda, mas tudo muito caro; não comprei nada, apenas admirei.

Retornamos a Roma por outra estrada, creio que pelo litoral. Pelo caminho pude ver os jardins das residências. Muitas fruteiras enfeitam os jardins, principalmente limão siciliano. É a primeira vez que vejo jardins com fruteiras ao invés de flores. Dormi o resto da viagem, o que no meu caso não é comum. Deve ser o cansaço.


03.06.2002                       SIENA E ASSIS
Assis
Partimos hoje pela manhã para um tour pelo norte da Itália. O nosso guia Alessandro é um pedaço de mau caminho. Deve ter por volta de quarenta anos, um pouco menos talvez. É muito cordial, mas não dá bola pra mulherada.

Começamos por Assis a cidade onde nasceu São Francisco. Pequenina e cheia de ladeiras, com casas de pedra, como a maioria aqui na região da Toscana. Fomos até a Basílica de São Francisco, monumento mais importante da cidade. Por fora a igreja é simples, sem muitos adornos, mas por dentro é linda, tem belos afrescos e também o túmulo de São Francisco. O estilo da igreja reflete bem o espírito de São Francisco que pregava a simplicidade e a humildade. Riqueza, só a interior.


Seguimos em frente até Siena. É uma cidade medieval com uma praça central enorme, a Piazza del Campo. Aqui acontece o famoso evento Pálio de Siena, uma corrida de cavalos que acontece desde a idade média e o povo faz questão de manter a tradição. Deve ser bem legal. Entramos na catedral que é muito bonita. As colunas enormes são em mármore preto e branco, o piso é todo decorado com mosaico formando cenas e no teto tem um trabalho feito pelo Bernini.
Siena - Piazza Del Campo
Fomos para a praça procurar um lugar para almoçar. Estávamos vestidas com camisas da seleção brasileira - hoje é dia de jogo do Brasil na Copa - e a todo o momento passávamos por pessoas que identificavam a camisa e gritavam “brasile!!!”

Chegamos em Florença no final da tarde. Fizemos um tour pela cidade e retornamos ao hotel. Quando chegamos encontramos no saguão uma mulher do nosso grupo, uma juíza ainda jovem e bem bonita. Estava toda arrumada e parecia esperar por alguém. Desconfiamos que ela estava esperando encontrar o Alessandro. Enquanto aguardávamos a Kátia, o Alessandro chegou da rua e subiu direto para o quarto. Acho que a juíza ficou chupando dedo. Esse é dos que não misturam trabalho com prazer.




04.06.2002 


                FLORENÇA
Florença
Pela manhã fomos até a Plaza Miguelangelo que fica numa colina com uma esplêndida vista da cidade. Aqui tem uma réplica da estátua de Davi.

Em seguida nos dirigimos a Piazza Della Signoria. Por ali se encontram vários monumentos históricos. Fomos primeiramente a Basílica del Duomo, depois paramos em frente ao Baptistério. Neste prédio foram batizadas várias pessoas famosas, entre elas, Dante Aligrieri. A porta de entrada do Baptistério por si só já é um ponto turístico. Em frente ao Palácio Vechio, que é velho, mas é lindo, paramos para tirarmos algumas fotos com Davi e Netuno. A estátua de Davi é outra réplica, a original fica no museu da Academia. Dizem que a estátua é tão perfeita que o Miguelângelo ao terminá-la olhou para o Davi e disse - Parla!!! (fale, em italiano). Não era nada modesto esse Miguelângelo. O Davi realmente é perfeito, a não ser pelo “pintinho” bem pequenininho. Era o padrão de beleza grego. Miguelangelo era italiano, mas não fugiu ao padrão de beleza adotado pelos gregos. A cidade é um museu a céu aberto com várias estátuas de escultores famosos.

Fomos ao Museu Ufízzi que é repleto de obras de arte da coleção da família Médici que dominou esta região por séculos. Muitas obras de artistas italianos famosos, mas têm também de artista estrangeiros. Não me detive muito tempo, estava cansada e a maioria das peças não me atraiu.

Núbia e Kátia resolveram ir até ao Museu da Academia. Eu desisti, Davi que me desculpe, fica para a próxima.

Comprei dois clisteres de glicerina para resolver minha prisão de ventre. Meu intestino não funciona já há oito dias. Retornei ao hotel e apliquei o clister, mas não funcionou. Estou começando a ficar agoniada.

05.06.2002

David de Miguelangelo
Continuamos nosso passeio pelo centro. Passamos em uma feira que vende de tudo. Encontramos dois brasileiros com barracas nessa feira. Parei para olhar umas luvas, peguei na luva para olhar o tamanho. Vupt!!! O vendedor arrancou a luva da minha mão. Preciso aprender que essa mania de brasileiro pegar nos objetos que estão à venda não é bem vista por aqui. Acabei comprando a luva em outra barraca.

Passamos pela famosa Ponte Vecchia. Olhando de longe, da calçada do museu Ufízzi, a ponte parece um amontoado de casinhas penduradas sobre o rio. Atravessando sobre a ponte, nem percebemos que é uma ponte. Parece mais uma ruazinha cheia de joalherias dos dois lados. Deve haver alguma razão para a fama, mas não sei qual é. Estamos sem guia nesse momento e daí perdemos sempre um pouco da história do lugar.

Paramos para almoçar porque logo em seguida partiremos para Veneza. Kátia e Núbia já estavam racionando minha alimentação, preocupadas que estavam com minha prisão de ventre. A Kátia comprou um óleo mineral e praticamente me obrigava a tomar quase meio copo em jejum. Um horror!!! Almocei só salada, que por sinal estava deliciosa. Abdiquei dos doces e sorvetes para não ficar ainda mais entupida.


PÁDOVA

Partimos para Veneza. No caminho paramos na cidade de Pádova, cidade de Santo Antonio. Ele era, na verdade, português, mas viveu aqui nessa cidade. Caminhamos até a Basílica de Santo Antonio. No caminho passamos por uma praça cheia de esculturas muito bonitas. O corpo de Santo Antonio está nessa igreja, numa espécie de capela feita só para abrigar o túmulo dele. Os peregrinos ajoelham-se na entrada capela e fazem seus pedidos. A maioria das mulheres, provavelmente, pede para o que o santo lhes arrume um casamento. Próximo à capela existe um móvel com panfletos que traz uma prece “arruma marido” para Santo Antonio. A pessoa deve escrever seu pedido e colocar numa urna da igreja ou então enviar pelo correio para o endereço que está no folheto. Peguei um monte de panfletos para distribuir com minhas amigas. Várias estão pegando “folha na ventania”,
Quem sabe Santo Antonio não dá uma forcinha pra elas.


VENEZA

Chegamos em Veneza à tarde. Ficamos hospedadas em Marghera, lugar que fica fora de Veneza, mas próximo. Deixamos as malas, pegamos um trem próximo ao hotel e fomos até uma praça onde tomamos um barco que nos levou pelo grande canal até Veneza. Esse percurso não é demorado e acredito que ficar hospedado em Veneza deve ser muito mais caro.

Desembarcamos na Piazza de San Marco que é enorme. Ao lado fica o Palácio dos Doges e a Basílica de San Marco. Caminhamos um pouco pelas ruelas olhando o comércio local. Quando voltamos à praça o nível do mar havia subido muito e água tinha invadido toda a piazza e as ruas próximas. Um vendedor nos disse que não é comum encher tanto assim. Mas eles estão bem preparados para isso. Os comerciantes usavam botas que vão até perto da virilha e uma placa, acho que de metal, encaixada nas laterais da porta para vedar a entrada da água. Arregaçamos as calças e continuamos nosso passeio. Kátia voltou ao hotel porque iria participar de um tour noturno oferecido pela agencia de viagens. Eu e Núbia preferimos continuar na praça. Ao longo dos dois lados da Piazza de San Marco ficam vários restaurantes dentro da galeria. Todos eles têm mesas ao ar livre e em alguns um pequeno palco com música ao vivo. É só instrumental, nada de cantores.

Caffè Florian

Decidimos nos sentar à mesa do mais antigo Café do mundo ainda em funcionamento, o Caffè  Florian. Também servem refeições e bebidas, além do café, mas sabemos que não é barato, então optamos pelo capuccino que cabe em nosso orçamento. É claro que esse preço não se deve apenas ao café, mas também a história que esse lugar representa. Frequentado por Casanova, Goethe, Nietzsche e muitos outros famosos que vinham aqui tomar café e discutir política, artes, frivolidades, etc. 
O interior tem salas com mesas e cadeiras bem elegantes, espelhos e afrescos, mas escolhemos uma das mesas ao ar livre onde, apesar da água nos pés, nos sentimos muito chiques tomando um café caréééérrimo e ouvindo a pequena camerata tocar. Os músicos descobriram que éramos brasileiras e tocaram, em nossa homenagem, “Garota de Ipanema”. Foi lindo!

Enquanto estávamos no restaurante Kátia passou caminhando com o grupo. Deu-nos um sorriso, mas eu desconfiei que ela estava fula da vida. Pagou caro pelo passeio e acho que não foi lá essas coisas. Depois ela se juntou a nós no Florian.

06.06.2002

O dia está propício para um passeio de gôndola. Logo cedo contratamos um barqueiro para um passeio. Os preços não são atrativos, mas fazer o que, não dá para vir a Veneza e dispensar um passeio de gôndola pelos canais. É uma cidade única, diferente de todas as demais. Já ouvi dizer que a cidade cheira a esgoto. Até agora não senti cheiro algum, mas não é difícil que isto ocorra. Passamos por várias pontes, inclusive pela Ponte dos Suspiros, que não é exatamente uma ponte, mas uma passarela coberta que cruza o canal ligando dois prédios. Cruzamos com várias embarcações e deu pra notar que os gondoleiros são quase sempre bonitos. Aliás nunca vi tanto homem bonito na minha vida como tenho visto aqui na Itália. E são sedutores, com pinta de cafajestes.

Saímos caminhando pelas ruelas até a Ponte de Rialto. Ali funciona um comércio bem legal. Comprei relógios com cristais de murano bonitinhos e por bom preço; vou levar para minhas sobrinhas.


Fomos a uma loja de objetos em cristal de murano. Tudo lindo, mas muito complicado para levar em viagem. Pensei em comprar uma máscara tradicional de Veneza, mas também desisti. Ainda temos muita viagem pela frente e não me agrada sair arrastando mala pesada. Muito menos levando objetos frágeis; é como carregar um bebê.