26 maio, 2010

Itália - Milão


06.09 e 07.09.2008


Embarcamos no Rio de Janeiro, rumo a Moscou, mas antes fizemos uma conexão em  São Paulo.

No embarque em São Paulo encontramos um grupo grande de mineiros de "beozonte" que também estão indo para a Rússia. Eles farão um roteiro parecido com o nosso, só que de navio. Chegamos em Milão pela manhã, bem cedo, e como nosso voo para Moscou só sairá as 15:00 fomos de trem até ao centro da cidade. 
Catedral de Milão




















Ainda é bem cedo e as ruas estão vazias. Fomos caminhando pelas ruas admirando a arquitetura dos prédios antigos. De repente chegamos a belíssima igreja em estilo gótico, a Catedral de |Milão. Demos uma volta completa pelo prédio todo de mármore branco , até as estátuas que ornamentam a fachada da igreja são do mesmo mármore. Tiramos algumas fotos em frente a famosa catedral de Milão e depois, em frente ao teatro Scala. 
Em seguida fomos para a galeria Victorio Emanuelle, ao lado da catedral. Essa galeria em formato de cruz, com seu telhado, ou melhor, com uma abóboda em ferro e vidro, é passagem obrigatória para turistas e também para os locais que trabalham nas redondezas. 
Olhamos um pouco as vitrines das lojas, que estavam todas fechadas, e fomos em busca do touro que fica no mosaico do piso. Custamos a achar o bendito touro, mas é uma foto tradicional, acabamos encontrando, e tiramos uma foto girando sobre o saco do bicho. Escolhemos um restaurante para beliscar umas batatinhas com coca-cola enquanto esperávamos a hora do almoço. O movimento de turistas na galeria era grande.

























Muitos, muitos japoneses. O povo pra gostar de viajar!!! Às vezes eu ficava em dúvida se não seria sempre o mesmo grupo – são todos iguais. Lá vem mais um grupo, todos do mesmo tamanho (ou quase), organizados, ordeiros, silenciosos. Tão diferente de nós – altos, baixos, magros, gordos, de todas as cores, barulhentos, indisciplinados. Alguns milaneses também circulavam por ali, geralmente muito bonitos, charmosos com seus cachecóis. Acho que a Itália é o lugar com maior número de homens bonitos por metro quadrado.

Loja Museu - é só para olhar
Depois do almoço retornamos ao aeroporto para prosseguirmos na nossa viagem para Moscou.

25 maio, 2010

MOSCOU




Verso do cartão


             MOSCOU



Universidade de Moscou - 1964


















INFO INICIAL



A Universidade de Moscou em 2008
























O meu interesse em conhecer a Rússia começou ainda na infância. Dois amigos de meu irmão mais velho foram para a Rússia na década de sessenta, quando o comunismo ainda era um "sonho possível". Um desses amigos frequentemente escrevia cartas para meu irmão, enaltecendo o regime comunista. 

Junto com uma dessas cartas ele enviou a foto acima, da Universidade de Moscou. Guardei a foto e agora vou conferir "in loco". A partir de 1969 nenhuma carta foi enviada, ou se foi, não chegou ao destino. Não era muito conveniente, naqueles anos, receber correspondência vinda da Rússia.

Nesta viagem só iremos eu e Andréa. Adélia também iria, mas desistiu.

Fui na véspera para o Rio – o voo para São Paulo sairá as 06:00 h – e dormi na casa de Andréa. Logo que me levantei comecei a sentir muito enjoo. Estranho, isso nunca me acontece. No caminho para o aeroporto pensei que iria "chamar Raul" mas felizmente o enjoo passou antes de embarcar. Ainda bem, já me basta o medo de voar.


07.09.2008


Catedral de Milão
Nosso voo teve uma escala em Milão e como nosso voo para Moscou só sai a noite, pegamos um trem até o centro de Milão. O dia estava clareando e o centro ainda estava meio vazio. Caminhamos pelas ruas admirando a arquitetura dos prédios antigos, até chegarmos a belíssima catedral em estilo gótico, a Catedral de Milão. Demos uma volta completa em torno do edifício que é todo em mármore branco. As inúmeras estátuas que enfeitam sua fachada também são do mesmo mármore. Uma maravilha. Depois fomos a galeria Vittorio Emanuelle que fica ao lado da Catedral. Essa galeria em forma de cruz e com um teto, ou melhor, uma abóboda de ferro e vidro, é passagem obrigatória para turistas e também para os moradores que trabalham nas redondezas. Enquanto aguardávamos o almoço, ficamos observando as pessoas que transitavam pela galeria. Muitos turistas, muita gente bonita, muita gente estranha e, é claro, muito homem lindo, afinal estamos na Itália.


Gustavo - Dono da Tchwayka
Voltamos para o aeroporto e no início da noite voamos para Moscou. Reencontramos no voo a turma de mineiros que iram fazer o tour de navio. Nos sentamos, eu e Andréa, numa fila de 3 lugares. Andréa na janela, eu no meio e na poltrona do corredor um homem que deveria ser um russo. Alto, olhos grandes e verdes, um cachecol e um chapeuzinho tipo boina. No momento que ele guardava sua bolsa no bagageiro senti aquele cheiro desagradável de suor tão comum aqui na Europa. Quando ele sentou ao meu lado falei para Andréa “Merda, vou ter que aguentar esse russo catingoso até lá. Ainda bem que não é tão longe”. Ele me olhava enquanto eu falava com Andréa. Quando decolamos recostei a cabeça, fechei os olhos e fiquei tentando cochilar. Andréa conversava com as passageiras que estavam sentadas próximas a nós e que estavam com dificuldades para preencher o formulário que teríamos que entregar na Imigração russa. Nesse momento o “russo” ao meu lado falou em português mais que perfeito “não se preocupem, eu posso ajudá-las”. “My God!!! O cara é brasileiro!!!” Decidi que continuaria “dormindo” até chegar a Moscou. Fiquei com vergonha até porque acho que o fedido não era ele. Andréa ficou conversando com ele que se identificou como Gustavo dono da Tchwayka, agência de turismo especializada em Rússia onde compramos o pacote turístico. E eu, sentada entre eles dois, "dormindo". Só tive coragem de acordar depois que ele levantou para pegar a bagagem.

08.09.2008

O hotel Cosmos é enorme, tem muitas lojas, um casino e um teatro. Não havia ninguém da agência de viagem nos esperando e Andréa teve um pouco de dificuldades em se fazer entender pelo pessoal da recepção que, diga-se de passagem, não é muito receptivo. Acho que os russos ainda não estão muito preparados para receber turistas.

Kremli
Catedral de São Basílio

















































No trajeto do hotel para o centro passamos por vários prédios com arquitetura típica do período soviético. A guia nos informou que nesses prédios três ou quatro famílias dividiam o mesmo apartamento. Cada família tinha o seu quarto e a cozinha e banheiro eram utilizados por todos. Os imóveis hoje são caros e os bem localizados são caríssimos. Quem não pode pagar continua dividindo apartamentos.

A Guia Alexandra
Fizemos um tour pela cidade. Impressionante o número de cassinos que tem nessa cidade. Paramos na praça vermelha, que estava fechada para o público naquele dia, infelizmente. Vimos a catedral de São Basílio e as muralhas do Kremlin. A catedral é diferente de todas as igrejas que já vi. É linda, com aquelas cúpulas retorcidas, como aqueles pirulitos grandes e coloridos. A nossa guia, Alexandra – uma jovem morena , meio gordinha de belíssimos olhos verdes – nos disse que após a conclusão da obra o czar mandou cegar os 2 arquitetos que projetaram a catedral, para que eles não pudessem fazer nada mais bonito do que essa catedral. Parece trágico demais pra ser verdade, mas a guia garantiu que a história é verdadeira. Depois de alguns dias de Rússia compreendi que, em se tratando de Czar, tudo é possível.


Igreja Ortodoxa

Continuamos o passeio. Por toda parte se veem as torres das igrejas ortodoxas, uma mais bonita que a outra. Visitamos a igreja de Cristo Salvador, toda branca com uma grande cúpula dourada. A história dessa igreja é bem interessante. Os comunistas destruíram a igreja e, em seu lugar, construíram uma enorme piscina térmica aberta ao público. Depois da queda do governo comunista a igreja foi reconstruída sendo uma cópia perfeita da anterior. É difícil entender porque alguém destruiria uma obra tão majestosa.

Universidade de Moscou
Paramos em frente a Universidade de Moscou. Tentei identificar o prédio que eu vi em um postal que o Walter mandou para o meu irmão em 1964. Acho que nada mudou na fachada, apenas o jardim enorme em volta do prédio. Na minha infância ficava imaginando como seria essa cidade sobre a qual Walter falava com tanta admiração. Acho que era um fervor ideológico que mais tarde, com a maturidade, esfriou. Jamais imaginei que um dia eu tiraria uma foto nesse mesmo lugar.

Mc Donalds
O ônibus nos deixou na Praça Arbat, uma rua para pedestres no centro da cidade. É uma rua de comércio, mas nada de lojas de grife. Restaurantes, livrarias, bancos e lojinhas que vendem os souvenirs mais comuns aqui na Rússia: matrioskas (aquelas bonequinhas que se encaixam umas dentro das outras), chapéus de cossacos, pashiminas, etc.... Tem também um Mc Donalds, que paga um aluguel irrisório numa das áreas que tem o metro quadrado dos mais caros da cidade. Mutretas do início do capitalismo na Rússia. Imagino que Lenim e Stálin devem se revirar no túmulo caso consigam ver no que essa cidade se tornou.

Caminhando por essa rua paramos em frente a uma mansão. Alexandra nos contou que o livro "O mestre e a margarida" de Mikhail Bulgakov, escrito na década de 20, conta a história de uma visita que o Diabo fez a Rússia num certo verão. A história é ambientada em Moscou, numa época em que os russos não acreditavam em Deus e muito menos em Satanás. Nessa mansão, conta a história, o Diabo fez uma festa de arromba. Por ironia, hoje funciona nesse local a Embaixada Americana.

Restaurante My-My
Almoçamos num restaurante bem conhecido na cidade. “Mu Mu” (vaca) é um restaurante bem bonitinho, com toda a louça malhadinha como uma vaca holandesa. Não havia cardápio em inglês, mas isso não foi um problema, todos apontavam para o prato que desejavam. A comunicação por aqui é um pouco difícil, poucos entendem inglês e parecem não fazer muita questão de aprender. Pegamos nossos pratos e sentamos numa varandinha perto do sol. Momentos como esse, em que estou comendo, sem pressa e sem muito barulho, num local onde posso ver a rua e as pessoas que passam conversando, são para mim muito, muito agradáveis.

Estação do Metro
A tarde fomos conhecer as estações do metro. As escadas rolantes são altíssimas e rodam com muita velocidade. O movimento de pessoas é muito grande. Nunca vi tanta gente em uma estação de metro, nem mesmo em São Paulo. Realmente elas fazem jus à fama que tem, são todas lindas. Em uma das estações há vários mosaicos nas paredes representando cada uma das quinze repúblicas que compunham a antiga União Soviética. E todos os mosaicos retratam trabalhadores felizes. Na parede ao fundo da estação, um grande mosaico com uma figura que representa o pai da Nação com uma criança no colo. Até algum tempo atrás essa figura do bebê tinha a cara de Stálin. Uma verdadeira lavagem cerebral. Atualmente o rosto é de um bebê desconhecido.

No nosso grupo tem algumas senhoras mexicanas. Todas muito animadas, gostam de cantar, e tem a maior disposição. Uma delas tem um problema nas pernas e bastante dificuldade em andar. Apesar disso não deixa de participar de nada, vai andando devagar, mas acaba sempre acompanhando o grupo. Nesse passeio no metro ficou evidenciado uma das características do povo russo. A senhora mexicana que arrasta uma das pernas levou um tombo quando entrava no vagão do metro. Nenhum dos russos que estavam a sua volta se mexeu para ajudá-la. As mexicanas e os brasileiros que estavam mais distantes é que se dirigiram até ela e a levantaram. Os russos não são nada solidários, pelo menos com os estrangeiros. Pelo resto da viagem vários episódios confirmaram essa nossa impressão.

Estação do Metro

















Algumas paulistas fazem parte do nosso grupo. Uma médica aposentada que divide o quarto com uma mulher bem excêntrica, magrela e inconveniente. Uma outra aposentada que trabalhou num órgão público (não me lembro qual)e uma senhora meio desmemoriada. Acho que ela começa a sofrer de Alzheimer. Ontem à noite, no hall do hotel ela se aproximou de nós e disse que não conseguia fazer o elevador parar no andar dela. Ela não havia percebido que havia elevadores específicos para cada grupo de andares. Ficou um tempão falando em português com um segurança do hotel que, é claro, não entendeu nada. Quando nos viu chegar correu até nós e pediu ajuda. Levamos a senhora até o seu andar, que era o mesmo nosso. Chegando lá começou a procurar o quarto e se perdeu novamente. Vixe !!! Acho que o guia terá problemas.

À noite assistimos a um espetáculo tipicamente russo, no teatro do próprio hotel que é excelente. Um balé (como eles são bons nisso) com ótimos figurinos, coreografia idem. No meio do espetáculo identificamos 2 bailarinos que estavam no aeroporto de Milão. Um deles é muito bonito e por isso nos chamou a atenção. A noite foi ótima!!!

09.09.2008

Um dos portões do Kremlim
Galeria Gun iluminada

























Até agora o tempo está quente, não parece em nada com a Rússia gelada que imaginei. Alexandra disse para não nos animarmos muito porque hoje à tarde a temperatura deve cair. Hoje começamos o dia visitando o Kremlin. A palavra Kremlin significa fortaleza. Dentro dessas fortificações encontramos várias Igrejas, Museus, Armarias, etc...Entramos em uma igreja cujo interior é belíssima. Começou a chover e as pessoas se aglomeravam na porta da igreja sem querer sair. Lá se foi o bom tempo. Em seguida fomos ao Museu da Armaria. O museu abriga uma enorme coleção de tesouros da história russa: joias, pedras preciosas, armaduras, roupas de época, tronos e carruagens. 
Encerramos nosso tour na galeria “GUN”. Esse local foi um grande mercado público durante o regime soviético, onde os russos trocavam seus vales por comida ou produtos nacionais. Depois da queda do governo esse lugar foi transformado em uma espécie de shopping. É uma construção muito bonita e hoje, um lugar cheio de lojas das marcas mais famosas do mundo. Tudo aqui faz lembrar aquilo que os comunistas mais detestam. Enfim, um símbolo do mundo capitalista. Éh! Parece que o povo russo capitulou.



Interior da Galeria Gun

24 maio, 2010

SERGIEV POSSAD, ROSTOV VELIC e YAROSLAV


10.09.2008


Saímos cedo de Moscou. Estava muito frio e chovia um pouco, um termômetro de rua marcava 8 graus. No trajeto, ao longo da estrada, vimos várias casinhas de madeira, as antigas Dachas. A maioria está muito mal conservada. É uma imagem meio deprimente, acho que porque são escuras, meio tristes.

SERGIEV POSSAD
Sergiev Possad


Paramos em Sergiev Possad, uma cidadezinha que possui um enorme monastério – São Sérgio – onde peregrinos e turistas se encontram. Mulheres com a cabeça coberta fazem fila para beijar o caixão do fundador do monastério; todos beijam o mesmo lugar. Parece-me anti-higiênico, mas em nome da fé deve valer a pena correr o risco; não é o meu caso.

São cristãos ortodoxos da igreja russa e com o fim do regime comunista parece que a religião ressurgiu com muito vigor. Segundo a nossa guia, nos últimos anos o número de jovens que frequentam as igrejas aumentou muito. Parece que a religião está se tornando “in” entre os jovens russos. Continuamos a viagem em direção a Rostov Velik. 

ROSTOV VELIK
Rostov Velik
Rostov Velik



















Antes de chegarmos paramos para um almoço tipicamente russo: salada russa, sopa de repolho e strogonoff com batatas. A comida era simples, mas gostosa. Em Rostov, cidade com mais de mil anos, visitamos uma igreja dentro do Kremlin daquela cidade. Uma igreja muito antiga com todas as paredes da parte interna, pintadas com ícones da religião ortodoxa russa. O melhor da visita viria a seguir. Um trio de rapazes cantou três cânticos sacros. Belíssimo!!! Com a acústica perfeita dessas igrejas as vozes se propagam de tal forma que o uso de qualquer equipamento para ampliar o som seria uma heresia. Seguimos para Yaroslav onde passaremos a noite.


11.09.2008
YAROSLAV

Em Yaroslav visitamos um monastério e a igreja de São Elias. Essa igreja sobreviveu ao regime soviético, que queria derrubá-la, mas que não o fez graças a uma série de artimanhas dos moradores dessa cidade. Durante o regime soviético as igrejas que não foram derrubadas se transformaram em depósitos, mercado de alimentos etc..., as igrejas ortodoxas russas não possuem cadeiras - apenas algumas poucas para deficientes e idosos – nem instrumentos musicais. A missa é assistida de pé e o coral é composto apenas por vozes masculinas. Esqueci de perguntar a guia porque as mulheres não cantam. As paredes são completamente cobertas por pinturas ou mosaicos, de alto a baixo, e as imagens não tem relevo algum. Elas são tão lindas, assim totalmente pintadas, e o coral masculino que se apresenta em cada uma delas, cantando à capela, é melhor ainda. Comprei um cd desse coro da igreja de São Elias, para ouvir e recordar.

Encontramos com o grupo de Minas que está fazendo o passeio de navio. Junto com eles estava o "falso russo" Gustavo. Parou para conversar conosco, foi simpático e muito educado. Agora, que pude olhar melhor para ele, vi que é uma figura bem interessante. Morou por muitos anos na Rússia e quando retornou para o Brasil, abriu um restaurante em São Paulo (Tchayka - a casa da Rússia) e depois uma agência de viagem com o mesmo nome.

Chegamos a Kostromá no final da tarde.

23 maio, 2010

KOSTROMA E SUZDAL


12.09.2008

KOSTROMA




Jantamos ontem à noite em um restaurante de madeira, bem típico, que fica dentro da área verde em volta do hotel. Bem acolhedor e, é claro, bem aquecido para compensar o frio de 5 graus que fazia lá fora. 

Aceitei a sugestão do garçom e pedi um prato típico da região. Levei um susto quando o prato chegou. Era um frango inteiro, assado com batata e algumas ervas. Tudo bem, consegui comer todo ele, afinal não era tão grande quanto a minha fome. Durante o jantar um grupo local fez uma apresentação de dança folclórica. A música era bem alegre e os dançarinos excelentes. Eles realmente são bons nisso. Tentei filmar um pouco da apresentação, mas minha pouca intimidade com a máquina não me permitiu muita coisa. Alguns casais que jantavam resolveram também dançar. Senti-me tentada a levantar e me juntar ao grupo, mas desisti. Senti que e meu rosto estava quente quando retornamos para nosso confortável quarto. Deve ter sido o vinho.

O Kremlin de Kostromá foi destruído e sobraram apenas 2 igrejas. Visitamos alguns pontos importantes dessa cidade que é o berço da dinastia Romanov (a última dinastia dos czares russos). Essa cidade ficou proibida para turistas durante anos por ser uma base para lançamento dos mísseis soviéticos. Está meio abandonada, com vários prédios precisando de restauração, aliás, como todas as outras cidades que visitamos. Algumas construções são belíssimas, merecem uma boa restauração, mas parece que falta verba para esse fim. Uma pena!!!

Fomos a um parque, uma espécie de museu, onde visitamos algumas construções de madeira, cópias fiéis das casas antigas usadas pelos russos que moravam no campo. 


São casas com compartimentos para o verão e outros para o inverno, onde famílias de mais ou menos 12 pessoas habitavam e onde ficavam quase confinadas no rigoroso inverno russo. Até mesmo os animais ficavam confinados numa parte da casa destinada para eles. Durante nosso passeio por esse parque vários casais de noivos foram chegando, aos poucos, com um pequeno grupo de convidados. Eles tiravam muitas fotos e, em seguida, escolhiam uma árvore e penduravam nos galhos várias fitas coloridas. Nos anos seguintes eles voltarão a essa árvore e renovarão os votos. É uma tradição por aqui. Achamos interessante a quantidade de noivos que vimos posando para fotos nos parques , nos monumentos e até nas ruas. Alexandra nos disse que esse é o costume por aqui, os noivos casam-se e em seguida vão com os convidados para a sessão de fotos e depois para um restaurante. Se tiverem uma casa grande então o almoço acontece lá. Perguntei se a cerimônia acontecia nas igrejas e ela disse que não, muito raramente se casam na igreja. A cerimônia acontece num cartório e os convidados são poucos, os mais íntimos. Encontramos muitos noivos pelas ruas e praças de várias cidades, todos muito bem arrumados. Dizem que eles preferem casar nessa época porque está quente.

SUZDAL


Partimos depois do almoço para Suzdal, uma cidadezinha que já foi um poderoso principado na Idade Média. Hoje tem cerca de 15.000 habitantes. Chegamos no final da tarde e chovia, mas não nos abatemos, saímos para um passeio mesmo assim. A cidade é bem pequenina, mas muito simpática. Não há muitos jovens por aqui, a maioria vai para as cidades grandes em busca de trabalho e diversão. Essa cidade já é considerada um ponto turístico, até mesmo para os russos, e por isso já oferece uma estrutura melhor para receber os turistas.

13.09.2008
Hotel em Suzdal

Hotel em Suzdal

Igrejas de Madeira
Hoje fomos visitar uma antiga igreja de madeira transformada em museu. Lembrou-me aquelas igrejas de madeira que visitei na Escandinávia, acho que ainda mais antigas do que essa. Em seguida fomos ao Kremlin que está muito bem conservado. As igrejas daqui têm cúpulas azuis. A guia nos informou que cada cor de cúpula tem um significado. As de cor azul com estrelas, como essa que visitamos, são dedicadas a Virgem Maria. Os templos com cúpulas verdes ou prateadas são dedicados a santos. O número de cúpulas também tem um significado. Se for uma só significa que a fé é em um único Deus; se forem três é a fé na Santíssima Trindade; se forem cinco é Cristo cercado por quatro apóstolos. E por aí vai... Após o almoço partimos de volta a Moscou. 

O trem para São Petersburg partiu de Moscou a meia-noite. Após nos acomodarmos no minúsculo camarote fomos para o vagão restaurante. Depois de sentadas constatamos que não tínhamos rublos suficientes para um jantar e, pra variar, não aceitavam o cartão de crédito. Já íamos dormir com fome quando um garçom apiedou-se de nossa situação e concordou que pagássemos o jantar com euros. Ufa!!! Que sorte! Os russos não se comovem facilmente. A cama estreita e o barulho me impediram de dormir. A viagem foi cansativa. Às 07 horas da manhã nos serviram um café no camarote: presunto, geleia, caviar de ova de salmão (o caviar de ova de esturjão é quase impossível de encontrar), pão, manteiga e chá. Não gosto nem um pouco de caviar, mas Andréa adora. Pouco depois chegamos a São Petersburg - a cidade de Pedro, que já foi chamada de Leningrado - a cidade de Lenin, na época que os comunistas reinavam absolutos nesse país.


Vídeo do Jantar em Kostroma

22 maio, 2010

SÃO PETERSBURG

14.09.2008


Cúpula da Igreja do Sangue Derramado
Fizemos um tour pela cidade e “de cara” percebemos que essa cidade belíssima era bem mais “europeia” que as demais. Os prédios da parte mais antiga da cidade têm todos a mesma altura. As fachadas são bem conservadas e muito bonitas. Por toda parte vemos tapumes das obras de restauração. Imagino que daqui a alguns anos a cidade estará ainda mais bonita. Passamos também por muitos parques. Espero que haja tempo de visitar alguns deles.

Estamos no final do verão e a temperatura já chega perto dos 2 graus positivos. Gostaria de vir aqui no período das “noites brancas”, as noites seriam mais quentes e certamente mais alegres. Chegamos ao hotel destruídas. Amanhã estaremos melhor, com certeza.

15.09.2008
Palácio de Catarina




Visitamos 2 palácios hoje, o de Catarina e o do seu filho Paulo. A guia Irina nos contava, durante o trajeto, a história de alguns czares (Czar – Cesar para os romanos), todas muito trágicas. É um tal de mãe que matou o filho porque o filho queria o trono; filha que colocou a mãe em um convento porque queria o trono. Enfim, o "trono" era o objeto de desejo de 09 entre 10 príncipes.

Irina falou também sobre a cidade e a sua construção no delta do rio Neva. Muitas pessoas morreram na construção da cidade nessa região pantanosa. O czar Pedro escolheu esse local porque queria construir uma capital que lembrasse Amsterdan e Veneza. Parece que não levou em consideração a força das águas de um rio caudaloso como o Neva. A cidade sofreu com terríveis enchentes, perdeu metade da sua população na 2º guerra mundial, sofreu com o cerco durante a guerra quando ficaram sem água encanada, sem luz e praticamente sem comida. Acho que agora vivem um período de calmaria mais do que merecida.

O palácio de Catarina I é super luxuoso. Catarina assumiu o poder após o marido, Pedro - o Grande, adoecer. Ela "precisava" de um palácio pra chamar de seu e construiu essa maravilha. A sua filha, Imperatriz Izabel, achava o palácio muito pobrinho e resolveu reformá-lo. Gastou, entre outras coisas,  a bagatela de 100 Kg de ouro para dourar a sofisticada fachada e algumas estátuas. Poderia ser chamada de "Izabel - a perdulária"  ou usando um termo mais atual “ consumidora compulsiva”. Gastou uma fortuna e, pelo que vimos de objetos e outras preciosidades, fica claro que Izabel “não deixava barato”. Tempos depois outra Catarina habitou esse palácio - Catarina II a "déspota esclarecida". Essa não estava nem aí pra reforma de palácio, gostava mesmo era do poder,  governar era o seu prazer.









O palácio do Czar Paulo I, filho da Catarina II, é mais simples porém de maior valor visto o número de esculturas importantes que possui. Esse palácio passou de mão em mão (da nobreza, é claro), teve um período sofrido depois da Revolução de 1917 e foi depredado e saqueado durante a Segunda Guerra Mundial. O último Czar, Nicolau II, morou lá até o momento que teve que mudar-se com a família  para um local mais seguro. Não adiantou a mudança de endereço, foi morto pelos bolcheviques junto com sua mulher e os filhos. O título de Czar é uma honraria de alto risco, me parece.
Não lembrei de perguntar a Irina se algum dos Czares teve vida fácil, se algum conseguiu morrer de velho ou se de morte natural. Vou ter que pesquisar depois que a viagem terminar, para matar minha curiosidade.

Durante o passeio pela cidade passamos por vários jardins. Irina nos falou que alguns desses jardins possuem um crematório, que eram usados na época da segunda guerra, quando vários corpos congelados eram encontrados pelas ruas todas as manhãs. A cidade não foi tomada pelos nazistas, mas o cerco a Leningrado (nome da cidade na época) durou três anos. Resultado: eles tinham que sobreviver com aquilo que podiam produzir dentro da própria cidade e com o pouco que o governo conseguia enviar. Mais da metade da população morreu de fome ou de frio. O inverno é muito rigoroso por aqui, a temperatura chega a vinte graus negativos. Dizem que algumas pessoas chegavam a comer o couro dos sapatos (será verdade?) e outros praticaram o canibalismo para sobreviver. É triste a história dessa cidade tão linda, não dá pra descrever o sofrimento que eles enfrentaram. 
Em um lugarejo próximo daqui passamos por um monumento, uma grande escultura só com figuras femininas. Nessa cidade só as mulheres sobreviveram, todos os homens morreram no front.
Passamos por uma estátua de Anna Akhmatova, uma das mais importantes poetisas russas que sobreviveu aos anos pós revolução russa e conseguiu ter sua arte recuperada após a morte de Stalin, que era odiado por ela. Dois dos seus três maridos foram mortos por ele e seu filho Lev esteve preso por anos em retaliação ao posicionamento político dos seus pais. Nossa guia leu um trecho do poema Requiem onde Akhmatova dizia que se lhe fizessem uma estátua, ela deveria ficar nesse lugar. Desse local, próximo ao rio Neva, avista-se do outro lado do rio a prisão onde ele esteve preso. Ela, e muitas outras mulheres, passavam horas na fila na esperança de ver seus familiares. Durante três anos ela enfrentou essa fila, mas nunca permitiram que ela visse o filho, nem mesmo sabia se estava vivo. A estátua está de lado e fitando o horizonte, como se estivesse indo embora e lançando um último olhar a prisão.
Grande parte dos escritores, poetas e intelectuais fugiram da Rússia logo no início da revolução. Os que ficaram ajustaram suas obras ao novo pensamento vigente e os que não aderiram foram mortos e enviados para os gulags, o que também era uma sentença de morte.
Anna Akhmatova

O passeio terminou às 17:30 e estávamos mortas de fome. Fomos jantar em um restaurante português “Porto”. Comida deliciosa, atendimento nota 10. O garçom conseguiu entender muito bem o inglês de Andréa, coisa rara por aqui. A conta foi um pouco “salgada” mais valeu à pena. Encontramos nesse restaurante um grupo que faz parte do nosso tour. São 5 pessoas e todas moram em Minas. Dois casais de advogados e uma moça que é juíza. Um dos rapazes é bem bonito. Ou melhor, é muito bonito. A esposa é simpática, mas parece chegada a um "barraco" e marca o bonitão de perto. Melhor manter distância.

16.09.2008

Museu Hermitage
Fomos ao Hermitage, museu mais famoso da Rússia e o terceiro maior do mundo. Só perde em tamanho para o Louvre de Paris e o museu do Prado em Madri. A guia Irina nos acompanhou mostrando o que havia de mais importante na arte russa e também obras dos pintores mais famosos: Rembrandt, Velasques, El Greco, Leonardo da Vinci. Muitas obras também dos impressionistas Renoir, Monet, Van Gogh, etc... 

É quase impossível tirar os olhos da beleza da arquitetura desse palácio; me encantou mais do que as próprias obras de arte que ele expõe. São inúmeras salas, uma mais bonita que a outra. A sala das Malaquitas é um espetáculo!  Cortinas de veludo vermelho e o vermelho da malaquita nas colunas, na lareira, em objetos, o dourado no teto, formam um belíssimo conjunto muito colorido.
Das obras de arte, me chamou a atenção um enorme relógio com um pavão e outras aves, tudo em ouro. Em determinadas horas ele toca uma música, acho que é o conhecido "Quebra Nozes" com o som de sinos e o pavão se movimenta como se estivesse cantando. Esse relógio foi um presente para Catarina, de um dos seus amantes. É lindo!

Foi tudo muito corrido porque o museu é muito grande e ainda tínhamos muita coisa para ver nesse dia.

Seguimos para um passeio de barco pelos canais da cidade. São muitos canais, é quase como Amsterdã. Terminado o passeio fomos almoçar num restaurante de comida georgiana. Comemos veado com tomates, champions, queijo e cebolas crocantes. Uma delícia!!! Terminamos o dia passeando num shopping. Eu queria comprar uma camiseta com palavras escritas no alfabeto cirílico para meu sobrinho Rafael, mas foi impossível. Só há roupas com palavras em inglês, aliás como acontece em todos os lugares que já visitei. É mesmo um horror, o mundo está cocalizado.
É impressionante o número de sapatarias. As russas adoram saltos altos e botas. Elas andam sempre muito bem vestidas, maquiadas e de salto. Lojas de produto infantis são raras. Acho que o número de crianças por aqui é bem pequeno.

Resolvemos voltar de táxi para o hotel. Os táxis oficiais não são muito comuns por aqui. Em compensação, basta aquele sinal tradicional que fazemos com os dedos quando pedimos carona, e algum carro pára e faz a "corrida" que o táxi faria. É só combinar o preço. O motorista do nosso táxi clandestino, como não falava nada de inglês, nos mostrou o valor em rublos no visor da calculadora. É o "jeitinho" russo de defender uns trocados extras.

Quando ligamos a TV no hotel ouvimos a notícia de um avião que havia caído na Rússia com muitos mortos. O acidente tinha sido na véspera e imaginei que lá em casa alguém poderia ter ouvido a notícia e estar preocupado. Liguei para casa e Vicente atendeu. Disse que tinha acabado de comentar sobre o acidente com Lívia, mas que Vilson ainda não sabia. Pedi a Vicente pra avisá-lo que ainda não foi dessa vez que ele ficará viúvo. Pronto, já dei sinal de vida, meu compromisso diário.

Antes de dormir fizemos nosso já tradicional lanche: pão de sal, queijo gouda ou brie, presunto de Parma e coca-cola. Finalizamos com chocolate suíço que compramos no aeroporto e com alguns chocolates russos. Em seguida é dormir e sonhar.

17.09.2008

Encontramos novamente o "falso russo". Aproveitei, agora que perdi a vergonha do "mico", e pedi para tirar uma foto dele.


Palácio de Pedro I
Hoje visitamos o palácio de Pedro I. Não confundir com aquele outro Pedro I - o Mulherengo - imperador tupiniquim. Esse é Pedro, o Grande. O palácio fica na cidade de Peterhof. Como todos os outros palácios, esse também é lindo. Porém mais bonito que o palácio é o jardim. São dois jardins, em níveis diferentes. As estátuas douradas que estão na entrada principal são magníficas. Seguindo em linha reta um canal ladeado por canteiros deságua no Mar Báltico. Alguém falou que em dias de céu claro e horizonte limpo, é possível avistar a Finlândia do outro lado do Mar Báltico. Não imaginava que fosse tão próximo. Conheci a Finlândia faz uns três anos e fiquei sabendo naquela viagem que a Finlândia já  fez parte da Suécia e depois, do Império Russo. Só se livrou dos russos após a primeira Grande Guerra. 
Parece que o czar pretendia rivalizar com o Versailles de Paris. Ainda não conheço Versailles, embora já tenha ido a Paris. Se for mais bonito  que esse aqui, deve ser de cair o queixo.

Palácio de Pedro I
Pedro, O Grande, fazia jus ao codinome, tinha quase dois metros de altura, mas as pernas dele eram muito curtas. Em todos os quadros, porém, esse “detalhe” é omitido e ele fica parecendo um homem muito bonito. Era o photoshop da época, creio que só disponível para os ricos.


Palácio Iusupov
À tarde fomos ao palacete de Yusupof. Neste palácio foi assassinado Rasputin o “mago”, que era conselheiro da esposa de Nicolau II, o último czar da Rússia. O mais interessante nessa visita é a história do assassinato. Vários cômodos são preparados para contar a história. Em alguns vemos bonecos de cera, que representavam os personagens que estavam presentes no palacete naquele dia. Em alguns momentos nos sentimos presentes naquela conspiração. 

O enigmático Rasputin tinha muito prestígio junto à família imperial depois que ajudou na cura do menino hemofílico que era herdeiro do trono russo. Dizem que muitas vezes era consultado a respeito de importantes decisões políticas. Conclusão, isso incomodou alguns nobres russos que resolveram matá-lo. Convidaram Rasputim para uma noite de diversão no palácio de Iussupov. Rasputim, que já estava interessado em conhecer a belíssima esposa do príncipe Felix, aceitou. Mas os planos não deram muito certo. Tentaram envenená-lo com doces envenenados com cianureto e uma garrafa de vinho também envenenada. Após muita insistência, o bruxo resolveu comer os doces e beber do vinho. Continuou lépido e fagueiro.


Rasputi
O príncipe Iussupov ficou aterrorizado ao ver que as doses de cianureto não fizeram efeito algum. Iussupov foi até outro andar do palácio e pediu a arma de um de seus cúmplices. O príncipe convidou Rasputin para orar diante de um belo crucifixo e nesse momento o príncipe aproveitou para disparar dois tiros contra Rasputin. O mago tombou.

Enquanto preparavam o corpo para jogar no rio Neva, que passa em frente ao palácio, o bruxo abriu seus olhos e começou a estrangular o seu assassino. Um outro cúmplice disparou outro tiro contra o peito e a cabeça de Rasputin. Parecia definitivamente morto. Enrolaram o corpo em um cobertor e o amarraram com cordas. Jogaram o corpo no rio.

Dias depois o corpo foi encontrado e apesar das queimaduras provocadas pelo gelo do rio as mãos de Rasputin estavam esticadas como se ele tivesse tentado se soltar das cordas.

Temendo um escândalo, o czar Nicolau II não quis investigações e determinou um laudo que dizia que a morte tinha sido acidental. Rasputin havia profetizado que a família imperial morreria se ele fosse morto. Dois anos depois, toda a família real foi morta pela ação dos revolucionários russos. Éhhh! o mago era bom mesmo.

Saí do palacete morta de fome. Fomos jantar no restaurante Nevisk 40. Uma carne de porco com gorgonzola, rúcula, alface e rosti de batatas. Uma delícia de jantar e sem doces envenenados.
Voltamos a pé para o hotel. Queríamos apreciar a cidade iluminada nessa última noite na Rússia. A avenida Nevisk, que me foi apresentada por Dostoiévisk no livro que li recentemente, é uma das mais importantes dessa cidade. Passamos por ela várias vezes e é ainda mais bonita à noite. Estava muito frio (- 4 graus) mas sem vento algum o que tornou nossa caminhada confortável.
Já estamos sentindo aquela sensação de que ficou ainda muita coisa para conhecer. Amanhã a tarde vamos embora e São Petersburg, a cidade de Pedro o Grande, vai deixar saudade.

18.09.2008

O nosso voo é a tarde. Pela manhã fomos a uma igreja ortodoxa que fica perto do hotel. No cemitério ao lado da igreja visitamos o túmulo de Dostoievsk e Tchaikovisk. O cemitério fica dentro de um belo parque com muitas árvores, um lugar bem agradável, não fosse pelo preconceito que temos com os "habitantes" desse lugar.

A tarde embarcamos para Roma, não sem antes passar pelo severo controle da alfândega russa no aeroporto. Tivemos que tirar casaco e sapatos e fomos apalpadas por uma policial russa. Não entendi bem porque esse rigor na saída. Se fosse na chegada, tudo bem. Deve ser resquício do período soviético.

Considerações Finais


A Rússia ainda não está bem estruturada para receber turistas. Poucas pessoas falam inglês, mesmo nos restaurantes e nos pontos turísticos. Cartões de crédito também não são bem aceitos. As pessoas são grosseiras e nada cordiais com os turistas. Acho que esses problemas devem ser solucionados em pouco tempo pois a Rússia assume cada vez mais o seu perfil capitalista, aparecendo até mesmo na revista Forbes com vários russos incluídos na lista das maiores fortunas do mundo. Quanto a cordialidade, não sei se muda visto que os europeus, de um modo geral, não nos dispensam um tratamento dos mais amigáveis.

Parece-me que eles ainda estão confusos quanto ao seu enquadramento político nesse cenário ocidental. Já não são socialistas, mas ainda não se sentem confortáveis com o capitalismo. Aliás, isso não é de se admirar pois após mais de 70 anos de regime comunista, passar por uma mudança tão radical sem nenhuma preparação prévia, deixa qualquer um sem rumo. Uma piada local diz que perguntaram a um cachorro se a situação atual é melhor que a anterior. O cachorro pensou e respondeu “ penso que agora o prato está mais cheio de comida, mas a corda que prende a coleira está mais curta, o que torna mais difícil chegar até o prato”. Achei a definição perfeita.

Alguns hábitos dos russos são bem desagradáveis. Bebem e fumam muito e deixam garrafas vazias e bingas de cigarro por toda parte. Encontramos bêbados em todos os lugares. O alcoolismo é hoje uma das maiores causas de morte na Rússia.

As mulheres são um caso à parte. Muitas mulheres bonitas, nunca vi tanta mulher bonita como aqui. Andam bem vestidas - o clima favorece – muito maquiadas e saltos altíssimos, muita bota e belos casacos.

Um dado que me intrigou, a princípio, foi o decrescimento demográfico. A Rússia hoje tem menos de 150 milhões de habitantes. E olha que a Rússia tem uma extensão três vezes superior a do Brasil. Consultei Alexandra sobre o assunto e ela nos disse que a maioria dos russos não querem ter filhos. O governo fornece bolsa de estudo e seguro saúde como forma de incentivo para os casais que desejam ter um segundo filho, mas parece que eles não se entusiasmam. Alexandra disse que os russos ainda se sentem inseguros pois antes tinham moradia, saúde, educação, alimentação, tudo fornecido pelo Estado. Era pouca comida e moradias quase sempre coletivas, mas obtinham tudo isso sem precisar fazer nenhum sacrifício. Hoje têm que trabalhar muito para ter tudo isso. Sem contar as 2 guerras mundiais e 3 revoluções que enfrentaram no último século. Somente a 2º guerra mundial matou mais de 20 milhões de russos. Não é pouca coisa, é mais que suficiente para amedrontar uma criatura.

Um outro fato que me chamou a atenção foi a quantidade de igrejas. São muitas, considerando que a maioria da população é composta por ateus. É mesmo impressionante a necessidade que o homem tem de se apegar a uma religião, pois mesmo depois de 70 anos de um regime que pregava o ateísmo, bastou um pouco mais de liberdade para que a religião ressurgisse com vigor.

Saravá axé babá, como diria o baiano.