09 agosto, 2010

ROMA


INFO INICIAL

Enfim vou conhecer a Itália, terra dos meus avós. E a Grécia também, berço da civilização ocidental.
Vou primeiro ao norte da Itália junto com Kátia e Núbia, e depois nos juntamos ao restante do grupo - Adélia, Andréa, Beth, Camilo e Helena - na Sicília. Por último, a Grécia.
Não conheço a maior parte do grupo, são amigos de Adélia e Kátia. Camilo também trabalha na Petrobras e veio com a ex-sogra e ex-cunhada: Beth e Helena. Andréa, Núbia e Camilo são médicos; Kátia e Adélia são enfermeiras. Temos então uma equipe médica que ficará inoperante neste período, eu espero.


29.05 e 30.05.2002

Saímos à noite do Rio e desembarcamos em Roma no início da tarde. Estávamos apreensivas com relação ao hotel porque fizemos vários ajustes de última hora e não tínhamos ideia de como seria o hotel em Roma. Ainda mais que o André, nosso agente de viagem, disse que teríamos uma surpresa, mas não falou se seria boa ou ruim.
Hotel Eliseo
Chegamos ao Hotel Eliseo na Via Pinciana. É uma construção pequena e parece antiga, bem conservada. Ficamos encantadas com o mobiliário de época, o tamanho do quarto, a proximidade do centro da cidade. E a paisagem em frente ? É tudo de bom! Da sacada, que tem um pequeno vaso com um pezinho de limão, avistamos o imenso parque Vila Borghese que fica em frente ao hotel. Ainda bem que a surpresa que o André falou é das melhores.

Praça do Pantheon
Saímos caminhando pela Via Veneto, essa importante rua do filme La Dolce Vita, cheia de lojas e restaurantes. Almoçamos em um pequeno restaurante envidraçado localizado ao longo da calçada. Em seguida, descemos à rua e paramos na Piazza Barberini que tem uma “fontana”, a primeira que visitamos nessa viagem, esculpida pelo famoso arquiteto barroco Bernini. Cansadas da viagem, tiramos algumas fotos e voltamos para o hotel. O dia amanhã será longo.

31.05.2002
Caminhamos até a Piazza de Espanha, que não fica distante do hotel. A praça tem na parte alta uma igreja muito antiga, em frente uma grande escadaria e abaixo uma fonte em formato de barco, outra obra de Bernini (não deve ser a última que veremos). Essa praça é um local de encontro de jovens e artistas da cidade, um point de azaração. Caminhamos pela Via Del Corso, importante avenida da cidade, em direção aos outros pontos turísticos que visitamos hoje. A jornada foi dura, duríssima. Fomos ao Pantheon, a Fontana de Trevi, a Piazza Venezia, ao Foro Romano, ao Jardim do Palatino, Piazza Navona e o Coliseu. Ufa!!!!

Piazza Venezia


Jardim do Palatino

Jardim do Palatino
Interior do Coliseu


Coliseu

Achei curiosa a quantidade de motonetas, parecidas com as antigas “Vespas” que existia no Brasil nos anos sessenta e setenta. O trânsito é meio tumultuado um pouco parecido com o das nossas cidades. Aliás, nesse pouco tempo que estamos aqui, já deu pra perceber que temos muitas semelhanças com esse povo.
Voltando ao assunto dos pontos turísticos, fiquei impressionada com as ruínas da Roma antiga, que vimos no Fórum Romano e nos Jardins do Palatino. Difícil acreditar que estamos passando pelos mesmos prédios - parte deles, é claro -que a população do tempo dos Césares habitou. Fico imaginando como seria esse lugar naquela época. Vale a pena preservar a história. Li em algum lugar que durante as escavações do metrô vários monumentos e objetos antigos foram encontrados. Em alguns lugares as obras do metrô nem puderam prosseguir porque a preservação da história é prioridade. Acho mais do que justo.

O Coliseu deve ser um dos pontos turísticos mais visitados. Tiramos muitas fotos diante desse símbolo da Roma Antiga. Dá para imaginar a imponência desse prédio quando foi construído e ao mesmo tempo constatar que aquelas barbaridades que aconteceram ali dentro, continuam acontecendo ainda hoje. Em nome da religião ainda se mata. Evoluímos pouco ou nada, nesse quesito.

Fontana de Trevi
A Fontana de Trevi também é imperdível. Acho que lugar nenhum do mundo tem tantas fontes como Roma e todas são verdadeiras obras de arte. A água é sempre de um verde azulado (ou será um azul esverdeado?) bem clarinho. É uma pena que a Fonte fique meio imprensada entre as construções em volta. A Fonte e o Palácio de Poli, que fica atrás dela, mereciam um local mais amplo. Ficaria ainda mais linda. Não sou supersticiosa, mas por via das dúvidas, joguei uma moedinha na fonte para garantir meu retorno a esta cidade.
Comprei um sapato, uma “mule” azul índigo, numa sapataria próxima a fonte. Toda vez que usá-la vou lembrar de Roma.
 
Quando chegamos ao Pantheon já estávamos um pouco cansadas. Sentamos nos degraus de uma fonte (ou seria uma estátua ?) em frente ao monumento. Como diriam nossos guias de viagem em língua espanhola, nos “quedamos” ali olhando o movimento de turistas e fazendo um pequeno lanche, enquanto descansávamos os pés, doídos de tanto andar. Este monumento, que era um templo, tem mais de 2000 anos e está muito bem conservado. O interior é maravilhoso; um espaço imenso com um teto altíssimo. No centro da abóbada tem uma abertura redonda por onde a luz do sol ilumina o interior do templo. Será que os antigos usavam esse recurso apenas para iluminar ? Ou usavam também como um tipo de relógio de sol ? Sabe-se lá.

Fomos a Piazza Navona e aproveitamos para jantar por lá. A praça é bem bonita, cercada de prédios históricos e várias fontes que certamente tem esculturas de Bernini. A embaixada brasileira também fica por aqui. Aliás, essa embaixada deve ser das mais disputadas pelos nossos embaixadores. Quem já andou aprontando por aqui foi o “homem do topete” Itamar Franco.

Retornamos ao hotel mais mortas que vivas.

01.06.2002

Na cúpula da Basílica de São Pedro
Hoje fomos ao Vaticano. Como não é domingo não veremos o Papa. Paciência, não se pode ter tudo. Enfrentamos uma longa fila para visitar a Capela Sistina. Eu não fazia ideia de que a capela ficava dentro do Museu do Vaticano. Muita gente, um tumulto só. Enfim chegamos à sala conhecida como Capela Sistina. É uma obra prima, não há dúvida. A pintura no teto é de cair o queixo, ou melhor, de quebrar o pescoço. O meu ficou dolorido de tanto olhar para cima. Os bancos em volta da parede que facilitam a visão do teto são disputados a tapas. E pensar que Miguelangelo se dizia escultor e não pintor. Depois de algum tempo fugi dali, estava meio sufocada. Quando chegamos próximas a saída Núbia percebeu que tinha esquecido a bolsa. Lembrou do local, retornou e encontrou a bolsa sã e salva. Se fosse no Brasil, não sei não....

Basílica de São Pedro
Caminhamos para a Basílica de São Pedro. Tudo aqui é superlativo: a igreja é enorme; a praça em frente é enorme; a multidão de turistas idem. Próximo à entrada da Basílica está à escultura da Pietá de Miguelangelo. Ela também merece um superlativo: liiiiiinda!!! Miguelangelo foi realmente um gênio. Reza a lenda que ele era genioso, menosprezava os outros escultores e arrumava algumas encrencas por conta disso. Será que a palavra genioso tem parentesco com gênio ? Deve ter. Pensar que ele tinha 20 anos quando fez essa obra, é impressionante. Já estou encantada e olha que ainda vou conhecer a escultura de Davi, em Florença.

Resolvemos subir até a cúpula da igreja. Metade do trecho subimos de elevador. A outra metade só se pode subir pela escada. Aí é que o bicho pega! São muitos, muitos, muitos degraus, e pequenos, e estreitos, e meio tortos. Um inferno. Não dá pra desistir no meio do caminho. O retorno é por outra escada, portanto não dá pra voltar pela escada que sobe com o fluxo de pessoas no sentido contrário. De vez em quando tem uma janela com um pequeno espaço onde os cansados param para respirar. Enfim chegamos ao destino. Pode-se ver toda a cidade daqui. Ficamos admirando os jardins no interior do Vaticano; o Papa deve pegar um solzinho por ali. A vista da cidade é linda, valeu o sacrifício.
Castelo Sant’Ângelo
Castelo Sant'Ângelo
   
Caminhamos pela larga avenida que vai da Basílica ao Castelo Sant’Ângelo. O Castelo foi uma fortaleza que protegia os Papas e também serviu de prisão. Só visitamos a parte externa do castelo. Paramos para olhar souvenirs numa banca. Peguei uma pequena escultura e quase levei um sopapo do vendedor. Eles são tremendamente impacientes. Em frente ao castelo passa o rio Tevere, ou Tibre para nós. Na ponte que atravessa o rio passamos pelos camelôs que vendiam bolsas, réplicas perfeitas das mais famosas marcas.

Jardim da Vila Borghese
Caminhamos ao lado do rio até chegarmos ao bairro Trastevere. Abandonamos a avenida beira rio e entramos pelas ruazinhas estreitas, com casas de até dois/três andares. São casas antigas de aparência humilde. O lugar é cheio de lojinhas e bares. O cheiro que vem dos restaurantes é maravilhoso, cheirinho de manjericão. A todo o momento escutamos tocar alguma música brasileira; o axé da Bahia já chegou por aqui. Visitamos a Basílica e em seguida procuramos um restaurante para jantar, na Piazza Santa Maria. Escolhemos mesas ao ar livre para apreciar melhor o movimento da praça. O garçom que nos atendeu foi extremamente grosseiro conosco. Eles não têm paciência para nos ajudar na escolha dos pratos. Pelo menos a comida estava muito gostosa.

Amanhã viajaremos para o norte da Itália e depois retornaremos a Roma.

07.06.2002

San Marino
Retornamos hoje para Roma e amanhã seguimos para a Sicília. No caminho paramos na cidade de San Marino. Aqui acontece o grande prêmio de San Marino de carros de fórmula um. Na verdade não é apenas uma cidade e sim uma república independente. No alto da colina fica o castelo da cidade e uma torre bem alta. Depois que visitamos esses pontos turísticos fomos para o doce exercício de entrar e sair das lojinhas. Os produtos têm ótimo preço, me parece que são isentos de impostos, por isso o preço baixo. A turma comprou muito perfume e até joias.

Chegamos em Roma no início da noite. Eu estava decidida a procurar um médico no dia seguinte antes de irmos para Palermo. Meu intestino até agora, nada. Quando vou ao banheiro só o que sai é o bendito óleo mineral que estou tomando há quatro dias. E o artista principal, não se apresenta. Dormi preocupada.

Enquanto tentava dormir ouvia Núbia arrumando a mala. Ela faz isso praticamente todas as noites. Tira sacolinha, bota sacolinha, e o barulho dos sacos plásticos fica ecoando pelo quarto.

No meio da madrugada fui ao banheiro fazer xixi e .....Aleluia!! Aleluia!!! Desencantei, acabou prisão de ventre. Minhas amigas queriam me levar ao hospital porque a situação estava sinistra.

Voltei para a cama levinha, levinha.

08.06.2002

Temos a parte da manhã livre. Resolvemos ir até a Piazza del Populo e ao parque Vila Borghese. Caminhamos por algumas ruas que ainda não conhecíamos e passamos por um restaurante onde havia uma televisão ligada. Resolvemos almoçar e assistir ao jogo do Brasil x China que estava iniciando. Os outros clientes que estavam no restaurante também torceram para o Brasil em sinal de solidariedade. Ao final do jogo, que o Brasil venceu de goleada (4 x 0), agradecemos a torcida e fomos para a Vila Borghese.

O parque é enorme e com muitos atrativos. Andar de bicicleta, correr, caminhar, tomar sol, visitar um museu de arte. É só escolher conforme sua preferência. Escolhemos caminhar tranquilamente, depois deitamos no gramado para tomar sol e papear. Antes de retornarmos ao hotel entramos em um banheiro público que fica no jardim. Paramos em frente a um grande mapa da cidade, no corredor de entrada do banheiro, e ficamos ali tentando localizar a rua do nosso hotel. O banheiro estava vazio e no local onde estávamos não impedíamos o acesso de ninguém. Mesmo assim a italiana que cuidava do local começou a gritar conosco:

- “Andiamo, andiamo....usciamo del corridore”.

Vila Borghese
Kátia ficou revoltada e xingou a italiana com todo seu repertório de palavrões brasileiros. A mulher levou um susto com o tom de voz da Kátia e calou-se. Dali em diante só nos olhava de cara amarrada, mas não falou mais nada.

Á tarde embarcamos para a Sicília - "Arrivederti Roma, Addio"

Chegamos à Palermo e encontramos o restante do grupo. A Andréa também estava a caráter para o período da Copa. Vinha com um lenço amarrado na cabeça, uma bandana da nossa bandeira. A Beth e sua mãe Helena, são bem simpáticas. Fiquei impressionada com a vitalidade de Helena; uma viagem como essa pode ser bem cansativa. O Camilo é o valete desse grupo. Ele tem uma cara de bonachão e tomara que seja bem paciente para aguentar toda essa mulherada.


Estamos hospedados no Hotel Jolly.

Hotel Eliseo

Via di Porta Pinciana, 30 - 00187 Roma
Tel. +39 06 4870456 - 4828658
Fax +39 06 4819629
Email eliseo@leonardihotels.com

NÁPOLES, CAPRI, SIENA, ASSIS, SIENA, FLORENÇA ,PÁDOVA, VENEZA,

02.06.2002                    NÁPOLES




Saímos cedo de Roma em direção a Nápoles. No caminho o guia nos mostrou o Monte Castelo onde os soldados brasileiros lutaram na segunda grande guerra. Em uma parada na estrada comprei um CD de Enrico Caruso, o maior tenor de todos os tempos. Lembro de tê-lo ouvido quando criança. Acho que meu irmão tinha um disco dele, um daqueles bolachões.

Chegamos a Nápoles. É visível a diferença entre essa região e o norte da Itália, muito mais rica e cosmopolita. Por aqui, muitos prédios de pequeno porte, nada atraentes. Parece uma cidade meio decadente. Não vimos muita coisa, apenas o porto onde embarcamos para Capri. A cidade de Pompéia, que gostaria de conhecer, fica para uma próxima viagem.

CAPRI



A ilha de Capri é um charme só. As cabeças coroadas da Europa e os artistas fizeram a fama dessa ilha. De longe, ainda no barco, avistamos os morros em volta da enseada. Atracamos e descemos pelo porto já prontas para embarcarmos para um passeio a Grutta Azzura (Gruta Azul). Só se pode entrar na gruta até um determinado horário e depende das condições do mar. Tivemos um pouco de dificuldade de sair do barco para o bote; o mar estava muito balançado. Ufa!!! Entramos na caverna. Já estive em outras “grutas azuis”, mas essa é maravilhosa. Parece que o fundo do mar é iluminado por luz néon. Tudo escuro em volta e o fundo azul resplandecente. Não pudemos ficar muito tempo pois a maré estava subindo rapidamente. Saímos deitadas no fundo do bote para passar pela entrada da gruta. Valeu o sacrifício.


Voltamos ao porto. O sol estava quente e o dia lindo. Embarcamos em um pequeno ônibus e subimos para a cidade de Ana Capri. A estradinha é estreita e tortuosa. As pessoas costumam alugar pequenas motonetas para passear pela ilha, que não é tão grande. Na parte alta caminhamos até um belvedere de onde se pode admirar o Golfo de Nápoles. O Mar Tirreno é de um azul belíssimo. Agradeci aos céus quando paramos para almoçar. A barriga estava roncando de tanta fome. O restaurante era agradável, bem claro e ventilado. Pedi um risoto de frutos do mar e, não sei se a fome ajudou, achei uma maravilha. Caminhamos pelas ruas estreitas com casinhas bonitas e jardins floridos. Passamos por um pequeno cemitério com lápides brancas e jardineiras com flores, todas iguais e assimétricas. Curiosidade mórbida? Acho que não. Gosto de olhar o estilo dos cemitérios, apenas olhar. Normalmente o cemitério combina com o estilo da cidade ou do bairro. Esse aqui tem tudo a ver com a ilha, é bucólico e despojado.

Entramos por uma rua cheia de lojinhas de souvenirs. Uma vendedora contou a estória de um perfume fabricado aqui na ilha. Acho que é estória para turista trouxa, mas o perfume é agradável e minha paciência é pouca para ficar procurando presentes. Reza a lenda que o perfume é afrodisíaco e, sendo assim, comprei sabonetes em formato de concha com o tal perfume para todas as colegas da minha gerencia.


Retornamos ao continente no final da tarde. Gostaria de voltar a Capri e ficar mais tempo.

Desembarcamos na cidade de Sorrento. Paramos em uma fábrica de móveis em marchetaria. Cada coisa linda, mas tudo muito caro; não comprei nada, apenas admirei.

Retornamos a Roma por outra estrada, creio que pelo litoral. Pelo caminho pude ver os jardins das residências. Muitas fruteiras enfeitam os jardins, principalmente limão siciliano. É a primeira vez que vejo jardins com fruteiras ao invés de flores. Dormi o resto da viagem, o que no meu caso não é comum. Deve ser o cansaço.


03.06.2002                       SIENA E ASSIS
Assis
Partimos hoje pela manhã para um tour pelo norte da Itália. O nosso guia Alessandro é um pedaço de mau caminho. Deve ter por volta de quarenta anos, um pouco menos talvez. É muito cordial, mas não dá bola pra mulherada.

Começamos por Assis a cidade onde nasceu São Francisco. Pequenina e cheia de ladeiras, com casas de pedra, como a maioria aqui na região da Toscana. Fomos até a Basílica de São Francisco, monumento mais importante da cidade. Por fora a igreja é simples, sem muitos adornos, mas por dentro é linda, tem belos afrescos e também o túmulo de São Francisco. O estilo da igreja reflete bem o espírito de São Francisco que pregava a simplicidade e a humildade. Riqueza, só a interior.


Seguimos em frente até Siena. É uma cidade medieval com uma praça central enorme, a Piazza del Campo. Aqui acontece o famoso evento Pálio de Siena, uma corrida de cavalos que acontece desde a idade média e o povo faz questão de manter a tradição. Deve ser bem legal. Entramos na catedral que é muito bonita. As colunas enormes são em mármore preto e branco, o piso é todo decorado com mosaico formando cenas e no teto tem um trabalho feito pelo Bernini.
Siena - Piazza Del Campo
Fomos para a praça procurar um lugar para almoçar. Estávamos vestidas com camisas da seleção brasileira - hoje é dia de jogo do Brasil na Copa - e a todo o momento passávamos por pessoas que identificavam a camisa e gritavam “brasile!!!”

Chegamos em Florença no final da tarde. Fizemos um tour pela cidade e retornamos ao hotel. Quando chegamos encontramos no saguão uma mulher do nosso grupo, uma juíza ainda jovem e bem bonita. Estava toda arrumada e parecia esperar por alguém. Desconfiamos que ela estava esperando encontrar o Alessandro. Enquanto aguardávamos a Kátia, o Alessandro chegou da rua e subiu direto para o quarto. Acho que a juíza ficou chupando dedo. Esse é dos que não misturam trabalho com prazer.




04.06.2002 


                FLORENÇA
Florença
Pela manhã fomos até a Plaza Miguelangelo que fica numa colina com uma esplêndida vista da cidade. Aqui tem uma réplica da estátua de Davi.

Em seguida nos dirigimos a Piazza Della Signoria. Por ali se encontram vários monumentos históricos. Fomos primeiramente a Basílica del Duomo, depois paramos em frente ao Baptistério. Neste prédio foram batizadas várias pessoas famosas, entre elas, Dante Aligrieri. A porta de entrada do Baptistério por si só já é um ponto turístico. Em frente ao Palácio Vechio, que é velho, mas é lindo, paramos para tirarmos algumas fotos com Davi e Netuno. A estátua de Davi é outra réplica, a original fica no museu da Academia. Dizem que a estátua é tão perfeita que o Miguelângelo ao terminá-la olhou para o Davi e disse - Parla!!! (fale, em italiano). Não era nada modesto esse Miguelângelo. O Davi realmente é perfeito, a não ser pelo “pintinho” bem pequenininho. Era o padrão de beleza grego. Miguelangelo era italiano, mas não fugiu ao padrão de beleza adotado pelos gregos. A cidade é um museu a céu aberto com várias estátuas de escultores famosos.

Fomos ao Museu Ufízzi que é repleto de obras de arte da coleção da família Médici que dominou esta região por séculos. Muitas obras de artistas italianos famosos, mas têm também de artista estrangeiros. Não me detive muito tempo, estava cansada e a maioria das peças não me atraiu.

Núbia e Kátia resolveram ir até ao Museu da Academia. Eu desisti, Davi que me desculpe, fica para a próxima.

Comprei dois clisteres de glicerina para resolver minha prisão de ventre. Meu intestino não funciona já há oito dias. Retornei ao hotel e apliquei o clister, mas não funcionou. Estou começando a ficar agoniada.

05.06.2002

David de Miguelangelo
Continuamos nosso passeio pelo centro. Passamos em uma feira que vende de tudo. Encontramos dois brasileiros com barracas nessa feira. Parei para olhar umas luvas, peguei na luva para olhar o tamanho. Vupt!!! O vendedor arrancou a luva da minha mão. Preciso aprender que essa mania de brasileiro pegar nos objetos que estão à venda não é bem vista por aqui. Acabei comprando a luva em outra barraca.

Passamos pela famosa Ponte Vecchia. Olhando de longe, da calçada do museu Ufízzi, a ponte parece um amontoado de casinhas penduradas sobre o rio. Atravessando sobre a ponte, nem percebemos que é uma ponte. Parece mais uma ruazinha cheia de joalherias dos dois lados. Deve haver alguma razão para a fama, mas não sei qual é. Estamos sem guia nesse momento e daí perdemos sempre um pouco da história do lugar.

Paramos para almoçar porque logo em seguida partiremos para Veneza. Kátia e Núbia já estavam racionando minha alimentação, preocupadas que estavam com minha prisão de ventre. A Kátia comprou um óleo mineral e praticamente me obrigava a tomar quase meio copo em jejum. Um horror!!! Almocei só salada, que por sinal estava deliciosa. Abdiquei dos doces e sorvetes para não ficar ainda mais entupida.


PÁDOVA

Partimos para Veneza. No caminho paramos na cidade de Pádova, cidade de Santo Antonio. Ele era, na verdade, português, mas viveu aqui nessa cidade. Caminhamos até a Basílica de Santo Antonio. No caminho passamos por uma praça cheia de esculturas muito bonitas. O corpo de Santo Antonio está nessa igreja, numa espécie de capela feita só para abrigar o túmulo dele. Os peregrinos ajoelham-se na entrada capela e fazem seus pedidos. A maioria das mulheres, provavelmente, pede para o que o santo lhes arrume um casamento. Próximo à capela existe um móvel com panfletos que traz uma prece “arruma marido” para Santo Antonio. A pessoa deve escrever seu pedido e colocar numa urna da igreja ou então enviar pelo correio para o endereço que está no folheto. Peguei um monte de panfletos para distribuir com minhas amigas. Várias estão pegando “folha na ventania”,
Quem sabe Santo Antonio não dá uma forcinha pra elas.


VENEZA

Chegamos em Veneza à tarde. Ficamos hospedadas em Marghera, lugar que fica fora de Veneza, mas próximo. Deixamos as malas, pegamos um trem próximo ao hotel e fomos até uma praça onde tomamos um barco que nos levou pelo grande canal até Veneza. Esse percurso não é demorado e acredito que ficar hospedado em Veneza deve ser muito mais caro.

Desembarcamos na Piazza de San Marco que é enorme. Ao lado fica o Palácio dos Doges e a Basílica de San Marco. Caminhamos um pouco pelas ruelas olhando o comércio local. Quando voltamos à praça o nível do mar havia subido muito e água tinha invadido toda a piazza e as ruas próximas. Um vendedor nos disse que não é comum encher tanto assim. Mas eles estão bem preparados para isso. Os comerciantes usavam botas que vão até perto da virilha e uma placa, acho que de metal, encaixada nas laterais da porta para vedar a entrada da água. Arregaçamos as calças e continuamos nosso passeio. Kátia voltou ao hotel porque iria participar de um tour noturno oferecido pela agencia de viagens. Eu e Núbia preferimos continuar na praça. Ao longo dos dois lados da Piazza de San Marco ficam vários restaurantes dentro da galeria. Todos eles têm mesas ao ar livre e em alguns um pequeno palco com música ao vivo. É só instrumental, nada de cantores.

Caffè Florian

Decidimos nos sentar à mesa do mais antigo Café do mundo ainda em funcionamento, o Caffè  Florian. Também servem refeições e bebidas, além do café, mas sabemos que não é barato, então optamos pelo capuccino que cabe em nosso orçamento. É claro que esse preço não se deve apenas ao café, mas também a história que esse lugar representa. Frequentado por Casanova, Goethe, Nietzsche e muitos outros famosos que vinham aqui tomar café e discutir política, artes, frivolidades, etc. 
O interior tem salas com mesas e cadeiras bem elegantes, espelhos e afrescos, mas escolhemos uma das mesas ao ar livre onde, apesar da água nos pés, nos sentimos muito chiques tomando um café caréééérrimo e ouvindo a pequena camerata tocar. Os músicos descobriram que éramos brasileiras e tocaram, em nossa homenagem, “Garota de Ipanema”. Foi lindo!

Enquanto estávamos no restaurante Kátia passou caminhando com o grupo. Deu-nos um sorriso, mas eu desconfiei que ela estava fula da vida. Pagou caro pelo passeio e acho que não foi lá essas coisas. Depois ela se juntou a nós no Florian.

06.06.2002

O dia está propício para um passeio de gôndola. Logo cedo contratamos um barqueiro para um passeio. Os preços não são atrativos, mas fazer o que, não dá para vir a Veneza e dispensar um passeio de gôndola pelos canais. É uma cidade única, diferente de todas as demais. Já ouvi dizer que a cidade cheira a esgoto. Até agora não senti cheiro algum, mas não é difícil que isto ocorra. Passamos por várias pontes, inclusive pela Ponte dos Suspiros, que não é exatamente uma ponte, mas uma passarela coberta que cruza o canal ligando dois prédios. Cruzamos com várias embarcações e deu pra notar que os gondoleiros são quase sempre bonitos. Aliás nunca vi tanto homem bonito na minha vida como tenho visto aqui na Itália. E são sedutores, com pinta de cafajestes.

Saímos caminhando pelas ruelas até a Ponte de Rialto. Ali funciona um comércio bem legal. Comprei relógios com cristais de murano bonitinhos e por bom preço; vou levar para minhas sobrinhas.


Fomos a uma loja de objetos em cristal de murano. Tudo lindo, mas muito complicado para levar em viagem. Pensei em comprar uma máscara tradicional de Veneza, mas também desisti. Ainda temos muita viagem pela frente e não me agrada sair arrastando mala pesada. Muito menos levando objetos frágeis; é como carregar um bebê. 






PALERMO, SEGESTA, SELINUNTE, AGRIGENTO, SIRACUSA, TAORMINA, MESSINA, CAPO D'ORLANDO, CEFALÚ


  09.06.2002                                  PALERMO

Catedral de Monreale
A cidade de Palermo é bem grande, para os padrões aqui da Europa. Próximo do nosso hotel podemos admirar o Mar Tirreno e sentir o vento suave que vem do mar. A Sicília, que fica ao sul da Itália, bem no pé da bota, já foi ocupada por vários povos: gregos, fenícios, romanos, árabes...até os vikings estiveram por aqui. Resultado: uma mistura de culturas, uma miscigenação bem visível. Não sei qual a maior herança cultural deixada por cada um desses povos, mas certamente criaram um povo com características únicas. Segundo nosso guia Vitório, a influência grega é mais evidente, talvez por terem estado aqui por aproximadamente 700 anos. Na verdade, se perguntarmos a algum local sobre sua nacionalidade ele se denominará "primeiro siciliano, e só depois, italiano". Aliás, a convivência com o governo italiano não é de todo pacífica, embora tenham alguma autonomia.

Vitório é um siciliano magrelinho e hiperativo. Fala muito e eu diria que parece um anarquista, quando se trata de política. Ele disse que eles não são italianos, inclusive falam uma outra língua, o siciliano que segundo ele, não tem semelhança com o italiano. Mas todos entendem o italiano, isso não é problema.

E quanto à “Cosa Nostra”? Vitório disse que a máfia siciliana continua na ativa, porém menos violenta que há décadas atrás. É “tutti buona genti”, imagino.


Clausto de Monreale
Saímos com o grupo para um passeio pela cidade. Subimos até o alto de uma colina para visitar a Catedral e Claustro de Monreale. A vista aqui do alto é linda, dá pra ver o mar e o que parece ser, ao longe, o continente. A catedral é imponente, com um estilo que me parece, bizantino. O interior da catedral é ainda mais bonito que o exterior. É repleto de mosaicos no teto, nas paredes, nas colunas. 



Descemos para Palermo e percorremos de ônibus o Centro da cidade. Passamos pelos prédios históricos e por um cruzamento que eles chamam de Quattro Canti. É uma encruzilhada que separa os quatro bairros que originaram a cidade. Há trocentos anos atrás esses bairros eram vilarejos independentes que se juntaram e formaram a cidade de Palermo. Quatro esculturas em estilo barroco estão localizadas nos quatro cantos que formam esse cruzamento.
Quattro Canti

Saímos caminhando pelas ruas estreitas do centro da cidade. O casario é bem antigo e eles conservam o hábito de estender a roupa nos varais que cruzam a rua. Tem de tudo: cueca, calcinha, camisola de dormir. Parece que estamos no início do século passado e que vamos encontrar com “Dom Corleone” na primeira esquina. Encontramos um grupo de pessoas saindo de uma igreja. Os homens beijavam-se no rosto enquanto saíam. Kátia ficou parada com cara de espanto, olhando a beijação. Tá certo que já sabíamos que os homens italianos têm esse costume, mas para nós ainda desperta curiosidade.

Voltamos ao hotel para almoçar. Estavam todos cansados e aproveitaram para dormir. Eu resolvi sair pela cidade, meio sem rumo. Fui até ao Teatro Massimo, mas só pude visitar a parte exterior do teatro. Acho que foi na escadaria desse teatro que foi filmada a cena do assassinato da filha de Corleone do filme “O Poderoso Chefão”. Em seguida fui ao Jardim Botânico. O lugar é super agradável, sentei em um dos bancos e fiquei tomando o sol do final da tarde. Encontrei por lá um casal de brasileiros que estava fazendo um roteiro parecido com o nosso, porém de carro.

Adélia hoje conversou conosco sobre a primeira etapa da viagem, o que nós achamos das obras de Miguelangelo: Pietá, Davi, Moisés.....Moisés????? Esquecemos de Moisés.

- O que? Vocês foram a Roma e não viram o Papa e ainda me dizem que não viram Moisés !!! Então não conheceram Roma.

Ainda bem que eu joguei a moedinha na Fontana de Trevi para garantir o meu retorno.





10.06.2002                                  SEGESTA E SELINUNTE

                                   Selinunte
Partimos bem cedo em direção a Agrigento. Paramos na cidade de Segesta para visitarmos as ruínas de um Templo Grego.

Continuamos viagem até Selinunte. O Vitório vai nos embalando com as histórias sobre a máfia e outras cositas mais.

Paramos para almoçar em um restaurante, frente para o mar, brisa agradável, boa comida e um vinho para completar o clima.

Um grupo tocava e dançava uma música típica daquela região. Arrastaram-me da mesa e me enfiaram nas mãos uma espécie de pandeiro enorme. Tive que dançar com eles, mas tudo bem, já estou me acostumando a passar por esses vexames.
Selinunte

AGRIGENTO

Agrigento
Chegamos em Agrigento no final da tarde. Vitório nasceu nesta cidade e, todo entusiasmado cantou uma música italiana que fala da cidade. Jantamos no hotel e saímos em seguida para um “tour by nigth”.

Durante o dia achei a cidade meio sem graça, sem cor, ou melhor, tudo tem cor de tijolo. À noite, porém, quando passamos pelo local das ruínas todo iluminado, no alto de uma colina, achei tudo tão lindo! 
Agrigento

11.06.2002

Pela manhã visitamos o Valle del Templos. É o local que vimos todo iluminado ontem à noite. Na verdade, são cinco templos, um cemitério e um teatro. Vitório nos explicou que a Sicília tem mais ruínas da Grécia Antiga do que a própria Grécia. Isto porque a Grécia foi atacada sucessivas vezes pelos turcos, que são praticamente seus vizinhos, e que destruíram boa parte de suas construções.

Agrigento

Mosaico da Vila Romana









Seguimos viagem para Piazza Armerina onde paramos para almoçar. A cidade é medieval e linda. Fica no alto de uma colina, pra variar. Em seguida fomos conhecer as ruínas da Villa Romana del Casale. Achei superinteressante esse local, que por sinal é considerado pela Unesco como patrimônio histórico da humanidade. Não se sabe ao certo quem construiu essa vila que é composta de vários ambientes e todos eles possuem afrescos no piso. Os afrescos são maravilhosos e cada um deles traz uma imagem que tem relação com aquele local. São imagens de caçadas, crianças brincando (deveria ser os aposentos das crianças), etc... Quando entramos na parte do que seriam as termas, um dos desenhos mostrava várias mulheres, vestidas com algo que parecia um biquíni, fazendo exercícios de atletismo. Será possível que já naquela época as mulheres puxavam ferro? E já usavam biquíni?

Chegamos em Siracusa já na hora do jantar. Nessa viagem pela Sicília os jantares estão inclusos no pacote e sempre no hotel. Aliás, os jantares tem sido um caso à parte. Tomamos vinho todos os dias, quase sempre o tinto italiano Corvo, falamos muito e rimos mais ainda. A turma é animada. Acho que nunca fiz uma viagem tão divertida.

12.06.2002                                SIRACUSA

Siracusa
Siracusa é uma das cidades mais importantes da Sicília e, segundo Vitório, no período de dominação grega ela era tão importante quanto Atenas.

Depois do café saímos para visitar um parque com ruínas gregas. Quando chegamos em frente à entrada do parque eu e Adélia decidimos não entrar. A nossa cota de ruínas já estava completa. Como tínhamos que esperar o grupo e em frente ao parque havia algumas charretes, resolvemos dar um passeio. O charreteiro era um velho e o cavalo mais velho ainda. O velho gritava com o cavalo que não queria andar. Vez por outra ele empacava e nem com chicotada se mexia. O velho parava a charrete em alguns locais e insistia para que tirássemos fotos. Nós dizíamos que não, que não queríamos e mais a frente ele voltava a insistir. Acho que ele estava querendo descansar. Morríamos de rir com a cena. Quando ele parou em frente à igreja Madonna delle Lacrime (Nossa Senhora das Lágrimas) resolvemos descer e dar um 
Siracusa
descanso ao velho e ao cavalo, mais ao cavalo, certamente. A igreja tem uma arquitetura bem moderna o que não é muito comum por aqui. É muito bonita, valeu a parada. Depois das fotos voltamos à charrete que nos levou de volta ao parque. - “Grazie, grazie". - Prego!!!, disse o velho.
Siracusa

Seguimos para Taormina. Chegamos ao hotel Vila Caparena à tarde. O hotel é uma graça e fica em frente ao mar. Colocamos o biquíni e nos preparamos para um mergulho. Quem disse que conseguimos? Só a Núbia que é tarada por água. O mar estava gelado e a areia da praia e só pedregulho. A ilha da Sicília é de origem vulcânica e aí, nas praias não tem areia, só pedrinhas.

 
13.06.2002                                            TAORMINA


Que cidade linda!! Meu amigo Jorge Freitas já havia me falado sobre ela. Faz jus à fama. Ela é conhecida como cidade “terraço” porque fica no alto de um monte. E lá embaixo o mar azul, muito azul. Eles o chamam de mar Jonio. Em cada região o mar Mediterrâneo tem um nome diferente: Tirreno, Jonio, Adriático, etc... E lá atrás o vulcão Etna, o mais ativo da Europa. É uma cidade muito antiga, vários séculos antes de Cristo.

Fizemos um passeio até o vulcão Etna. Beth e Helena ficaram no hotel. Esse passeio é muito puxado para Helena. Subimos até determinada altura de ônibus. Kátia ficou na metade do caminho, num chalé onde vendem souvenirs e nós continuamos a subir num veículo mais apropriado para aquele local. Parece um caminhão do exército. Durante a subida passamos por algumas casas parcialmente cobertas de lavas e algumas torres de teleférico caídas. O guia disse que foi resultado da última erupção, no ano passado.  Ui!!! Espero que a próxima demore mais um pouco.
Vulcão Etna
Topo do Vulcão Etna
Chegando lá no alto, são 3.340 metros, continuamos o percurso a pé, junto com um guia. Chegamos até próximo à cratera do vulcão. É uma sensação muito estranha. A paisagem a nossa volta é totalmente negra, parecia que estávamos na lua. Uma névoa forte não nos deixava ver o mar lá embaixo. Só víamos o negro das larvas. Fazia muito frio lá no alto. Descobrimos que algumas pedras eram bem quentes e pegamos para aquecer as mãos. De vez em quando passávamos por algum lugar com uma fumaça com cheiro de enxofre. Será que o inferno é parecido ? Tínhamos que ficar de olho no guia porque, com a neblina, se nos afastássemos um pouco poderíamos nos perder. E naquele lugar escuro e sempre igual, é difícil encontrar a direção correta. 

Enfim retornamos ao mundo real. Antes de entramos no caminhão resolvemos tomar algo para esquentar. Entramos num bar tipo container e pedimos uma bebida para aquecer a alma. O vendedor nos aconselhou o “El fuego del Vulcano”. O “fuego” desceu queimando a garganta, quase não consegui beber o segundo gole.

Descemos até Taormina. Visitamos um teatro meio grego, meio romano que está ainda bem conservado se considerarmos a idade dele. A acústica é incrível; os gregos sabiam das coisas. Costumam realizar alguns eventos nesse teatro. Imagine como deve ser um espetáculo à noite, com uma iluminação apropriada ?

Caminhamos pelas ruelas medievais cheias de turistas, encantados como nós. Quase todas as casas têm uma jardineira cheia de flores. A toda hora parávamos para admirar as casas, as sacadas, as flores. Os restaurantes colocam mesas com velas acesas, sobre a calçada, o que reforça o clima romântico da cidade. Essa é uma boa cidade para se passar uma lua de mel.

Taormina também é uma das cidades preferidas pelo transatlânticos em cruzeiro pelo Mar Mediterrâneo.
Taormina
Taormina
Fizemos algumas comprinhas. Comprei dois anjinhos para mim, um azulejo decorado com uma mensagem para meu pai e um xale para minha mãe.

Durante o jantar, quando estamos sozinhos à mesa, a conversa quase sempre descamba para baixaria, principalmente à noite depois do vinho. Hoje dividimos nossa mesa com um casal de meia idade, bem altos e elegantes. São espanhóis do País Basco (acho que eles preferem ser chamados de bascos). Procuramos nos comportar de forma elegante, falando baixo e nada de risadas, caso contrário nossa amiga Adélia nos manda para a “Socila”. Mas foi difícil resistir quando vimos Camilo levar o guardanapo à boca, segurando na pontinha dos dedos. Parecia um nobre. Ou melhor, um fanfarrão. Quando os espanhóis saíram caímos na gargalhada. Lá se foi a finesse!!!

Vulcão Etna ao fundo

MESSINA E CAPO D'ORLANDO

14.06.2002 
Saímos cedo para Messina. Fizemos uma visita panorâmica da cidade e paramos em frente ao estreito que separa a Sicília do continente. Tiramos uma foto com Vitório, esse guia siciliano agitado, que nos acompanhou nessa viagem.
Nosso guia Vitório, de braços levantandos

Paramos na cidade de Capo D’Orlando para almoçarmos. Tivemos um belo almoço, frutos do mar deliciosos. Camilo e Kátia sentaram em outra mesa ao lado da nossa. Como sempre acontece, a medida que bebemos mais vinho o nível da conversa foi baixando, baixando e as risadas começaram. Camilo e Kátia na mesa ao lado, juntos com os espanhóis, esticavam os pescoços curiosos para saberem qual era o assunto.

Capo D'Orlando
Ficamos nos espreguiçando ao sol sentados em uma mureta em frente ao mar mediterrâneo. O mar hoje está ainda mais bonito, num tom azul escuro tão diferente do azul das nossas praias.
Descobrimos uma loja ao lado do restaurante que tem umas sandálias emborrachadas que servem para andarmos nessas praias que tem mais pedra que areia. Vamos precisar delas na Grécia.

CEFALÚ

Chegamos em Cefalú, pequena cidade de pescadores que é muito procurada por causa de suas praias. O centro histórico é medieval com ruas estreitas e tem até um pequeno riacho correndo entre as casas. Paramos por alguns minutos na Catedral Normanda e em uma fonte medieval, pontos turísticos da cidade.
Messina

Cefalú

No início da noite chegamos a Palermo. Amanhã cedo partimos para a Grécia.