01 setembro, 2011

CONSERVATÓRIA-2011

26.08.2011

Passei o final de semana em Conservatória, uma cidade (ou seria um lugarejo?) do Estado do Rio, junto com um grupo de amigas.

No local de saída do nosso ônibus encontrei com um velho conhecido, o Silvio, que eu não via já há algum tempo. Ele é irmão de um grande amigo meu, já falecido. Lembrei da minha adolescência, quando frequentávamos – eu, Silvio e seu irmão Sérgio - a Igreja Batista, onde meus pais eram membros. Bateu-me uma certa melancolia. Melancolia combina com seresta e serenata; então está tudo certo, pois estou indo para a Cidade das Serestas. Já estou no clima.

Ficamos hospedadas no Hotel Vilarejo, o mesmo onde me hospedei anos atrás, e dividi o quarto com Valdéa e Janete. Nós três, mais Graça e Lina que também estão nesse grupo, cantamos em um Coral da Petrobrás, portanto estamos no lugar certo, vai rolar muita cantoria.

Chegamos no hotel por volta das 21 h depois de uma viagem cansativa. Jantamos e partimos para o centro da cidade que, segundo os locais, tem três ruas: uma que sobe, uma que desce e outra que atravessa essas duas. Logo que saímos do hotel um carro parou e ofereceu-nos uma carona. Ficamos indecisas, já não estamos acostumadas com essas delicadezas, mas a mulher que dirigia nos colocou a vontade, falou que é um costume dos moradores oferecerem carona para os visitantes, visto que a cidade não possui táxis. Acho que a hospitalidade também faz parte da imagem que os moradores querem transmitir para os turistas.

Quando chegamos na rua de pedestres o pessoal da serenata já estava cantando e preparando-se para iniciar sua caminhada. O centro estava repleto de turistas e o barulho que as pessoas provocam, mesmo quando tentam manter o silêncio, impedia que a música e as histórias que os seresteiros contavam, chegassem nitidamente até nós. Eles não usam nenhum tipo de amplificador de som pois consideram que isso descaracteriza a seresta.

Quando estive aqui tempos atrás, os seresteiros seguidos por um grupo de turistas, iam caminhando e cantando pelas ruas do centro. Cada casa possui uma plaquinha afixada na fachada com a indicação da música preferida daquele morador. O grupo parava e fazia uma serenata cantando aquela música que estava na placa e também outras músicas do repertório do grupo. Na volta à rua central, sentamos em um restaurante e ficamos ouvindo um grupo que tocou e cantou até a madrugada.
Serenata
Dessa vez, porém, a serenata não fluiu como deveria. Acho que o número de instrumentos e seresteiros não foi suficiente para sobrepor o ruído das vozes dos inúmeros turistas. É assim que quase sempre acontece quando um lugar começa a ficar muito badalado. Se não houver nenhuma ação eficaz, a cidade acaba perdendo ou alterando completamente sua vocação principal.

Conservatória segue resistindo à modernidade. Continua preservando a poesia e as canções antigas que são patrimônio da nossa cultura. Não sei até quando ela vai conseguir manter a tradição sem sucumbir ao apelo quase irresistível que transforma a cultura em puro comércio.


27.08.2011

 
 Logo cedo visitamos uma cachaçaria que faz parte do complexo turístico do hotel e em seguida voltamos ao centro da cidade. 
Ficamos admirando o casario colonial, a maioria em bom estado de conservação. De vez em quando, Janete parava em frente de uma delas e dizia – “Essa me serve. Quando me aposentar quero vir morar aqui.”

Procurei pelo grupo de chorinho que eu vi tocando num bar de uma viela na última vez que estive aqui. Não encontrei. Que pena!!! Eles eram ótimos.
No início da noite um senhor fez uma apresentação para os hóspedes do hotel. Ele já se apresenta ali há 28 anos. Como de praxe, cantou antigas canções e contou a história do surgimento da cidade. Em seguida retornamos ao centro para assistir a serenata. Novamente alguém nos ofereceu uma carona. Dessa vez um senhor com voz de “cabeceira” nos levou até ao centro e no caminho fez vários elogios a cidade. 

Estava fazendo muito frio. Sentamos em um restaurante, numa mesa ao ar livre, tomamos cerveja e papeamos. Rimos muito com Valdéa imitando “Elcinho” um doidinho da cidade de Campos, onde ela nasceu. Valdéa, com seu chapéu Panamá legítimo, estava um "escândalo". Janete ria muito, aquele tipo de sorriso bonito onde aparecem todos os dentes.

O túnel que chora
Por volta de meia-noite, retornamos ao hotel, caminhando pelas ruas vazias em direção ao “túnel que chora”. Segundo reza a lenda, esse túnel estreito e longo com calçamento em pedra moleque, foi escavado na pedra pelos escravos. Quando cruzamos com algum carro, nos posicionamos próximos à parede para evitar qualquer acidente. Em outra cidade eu não passaria por esse lugar escuro e deserto de jeito nenhum!!! Mas aqui tudo parece em paz e a violência das cidades grandes é algo distante. Pelo menos é o que parece.

Mais tarde, na cama, eu tentava dormir enquanto Janete e Valdéa conversavam. De olhos fechados, fiquei ouvindo as histórias de infância, as dores de um casamento desfeito, etc...

Pensei: - “Como eu sou antiquada. Casada com o mesmo homem há mais de 30 anos. Que horror!!!”

Pensando bem e avaliando o que elas passaram, acho que é melhor assim. Melhor, é claro, porque não tenho grandes problemas no casamento. Apenas aqueles triviais, que é possível suportar.


28.08.2011

As  Namoradeiras
Acordei mais tarde hoje. Valéria e Janete foram a Missa dos Seresteiros. Na volta disseram que a missa é bem legal. Em determinado momento do culto, os seresteiros entram na igreja cantando o repertório tradicional das serestas. Parece-me que todos os presentes cantam com eles. Deve ser uma missa diferente.

Ronaldinho do Cavaco
Passei a manhã no hotel. Tomei o meu café tranquilamente , depois me esparramei em uma cadeira e fiquei ali, tomando sol, lagarteando. Atualmente, principalmente quando viajo, sinto necessidade de algum momento assim, sem compromisso ou hora marcada.

Quando minhas parceiras chegaram da missa fomos até o salão assistir uma apresentação de chorinho de Ronaldinho do Cavaquinho (olha ele aí ao lado). O cara dá um show no cavaco!! E é comediante também, cheio de graça.

Depois do almoço retornamos a Macaé.

08 julho, 2011

MILÃO, SIRMIONE E VERONA

PLANEJAMENTO

Aeroporto de Milão

Vamos viajar para a Itália em maio. Seremos 6 pessoas nesse passeio pela região da Toscana. A etapa de planejamento dessa vez está sendo mais trabalhosa pois não compramos nenhum pacote turístico; vamos alugar um carro em Milão, percorrer a Toscana e seguir para Roma. A Fátima está cuidando da maior parte dos detalhes, como por exemplo: reserva dos hotéis, aluguel do carro, pesquisa sobre os melhores passeios, etc...Como estou mais distante fisicamente (elas no Rio e eu em Macaé) participo menos dessa etapa. Na verdade,  acho que não é a distância que me atrapalha, mas sim uma certa "lerdeza", que está se acentuando com a idade.

Quase todos os dias recebo email com atualizações sobre o planejamento e já começo a me sentir "na estrada". Alugamos uma casa em um vinhedo próximo a Siena, região dos vinhos Chianti. Fecho os olhos e me vejo sentada em uma espreguiçadeira, a paisagem dos vinhedos à frente e o sol morno esquentando meu corpo. Para completar o cenário, um belo garçom italiano servindo-me um copo de vinho branco. Ôh vidinha mais ou menos!!!


É minha segunda viagem à Itália. Vou conhecer algumas cidades e rever outras. Pela primeira vez vou viajar de carro durante todo o tempo. Acho que deve ser bem legal, embora tenha que abdicar de alguns confortos que um pacote turístico oferece. Acho que a liberdade de fazer os próprios horários e mudar roteiro quando desejar, deve compensar essas perdas.

Tomara que o grupo se entenda bem, afinal são seis mulheres, muita mala e muitas comprinhas pelo caminho.

ITÁLIA

MILÃO

25.05.2011

Catedral de Milão
Pouco depois de chegar ao aeroporto do Galeão encontrei o restante do grupo. Todas animadíssimas. Conheci a Fátima e Jussara e percebo que a imagem que fiz da Fátima corresponde a Jussara, e vice-versa. O “bonde das tigronas”, apelido que a Fátima nos deu, rima com “antigonas”. Prefiro “tigrezas” que rima com “safadeza”. Mas, olhando bem, tigronas é mais adequado.

Saímos do Rio no final da tarde e certamente terei uma noite de insônia pela frente.

26.05.2011

Tivemos uma conexão no aeroporto de Madri. Já havia esquecido como é bonito e bem organizado o aeroporto Barradas. Fico pensando em nossos aeroportos chinfrins. Desconfio que a Copa do Mundo no Brasil, será um fiasco, a começar pelos aeroportos.

Chegamos em Milão no início da tarde. O nosso hotel é bem localizado e confortável. Resolvemos ir caminhando até a Catedral de Milão. Logo na saída percebemos que as cercanias do hotel eram uma verdadeira cilada (lojinhas por todo lado). O caminho até a catedral era longo e fomos parando nas lojas. Quando chegamos ao destino já estávamos com fome e cansadas.

Fomos jantar num restaurante que era indicação de um amigo da Fátima. A vista em volta do restaurante, que fica em um terraço no 7º ou 8º e ao lado da catedral de Milão, é bem bonita. A comida foi razoável, o preço nem tanto. Na hora de pagar a conta aconteceu um problema. O garçom que estava nos atendendo era aprendiz e se atrapalhou com o cartão da Kátia. O garçom dizia que o débito não havia sido efetuado e Kátia repetia “que se passa....que se passa? ”e não entregava o cartão para uma nova tentativa. Depois de muita conversa com o gerente do restaurante, finalmente o problema foi resolvido. Desconfio que o garçom perdeu o emprego.

27.05.2011


Saímos cedo em direção ao centro da cidade e no caminho passamos na igreja Santa Maria Delle Grazie. Fizemos uma tentativa de conseguir ingressos para ver o quadro "A Última Ceia" de Leonardo Da Vince. Foi em vão. É preciso reservar com muita antecedência e pela segunda vez venho a Milão e esqueço de fazer essa reserva. Mais um motivo para voltar.

Voltamos à área central de Milão, agora para apreciar com calma a Catedral e a Galeria Vittorio Emanuele. No caminho paramos em uma loja para Andréa comprar presente para os sobrinhos. Que loja!!! Vários andares, música alta e uma penumbra na medida certa. Parece uma disco!!! Eu ainda não conhecia a Abercrombie & Fitch. Parece que no mundo todo o padrão é o mesmo. Recepcionistas masculinos escolhidos a dedo, cada um mais sarado que o outro. Tinha um negão sem camisa tirando fotos com a mulherada. Kátia não resistiu e tirou foto com o moçoilo. Achei o visual mais interessante que os produtos vendidos.

Enfim chegamos à galeria. Já estive antes aqui - nada será como antes do jeito que a gente ... - mas ainda assim o prazer de admirar essas construções tão ricas em detalhes ainda é motivo de prazer. Acho que já comentei, mas volto a repetir – que terra de homens bonitos!!!! Acho que quando inventaram o termo “deus grego” para designar um homem bonito, estavam na verdade falando dos italianos e não dos gregos.
Nossa Van - apelido "David"
Andréa e Fátima chegaram com o nosso carro de aluguel. Levamos um susto com o tamanho da Van. Deus do céu!!! Será que vamos nos sair bem com um carro desse tamanho? Eu pessoalmente não teria coragem de me aventurar pelas estradas de um país estrangeiro dirigindo um carro, muito menos uma Van. Por sorte minhas companheiras são aventureiras e algumas já têm experiência nessa área.

SIRMIONE

Partirmos para Sirmione debaixo de chuva, muita chuva. Depois de alguns quilômetros resolvemos fazer uma parada e esperar a tempestade diminuir. Vários carros estavam fazendo o mesmo. Chegamos em Sirmione por volta das 20 horas. Logo de cara gostamos da cidade. Parece uma cidade de veraneio, provavelmente cheia de casas de italianos ricos. Ela fica em um promontório que avança pelo lago de Garda, que me parece, é o maior lago da Itália. A paisagem é maravilhosa!

Restaurante Il Cascinale
Já era tarde para jantar. Aqui na Itália os restaurantes fecham cedo e por pouco não ficamos sem o jantar. O hotel nos indicou o IL Cascinale, ligou para o restaurante e fez uma reserva. Chegamos lá embaixo de chuva. O restaurante estava praticamente vazio. O garçom, parecido com “mister Bean” foi educado e esperou pacientemente pela escolha dos pratos. Pedimos os pratos, escolhemos o vinho e ficamos aguardando sem muita expectativa. Que ótima surpresa!! A comida estava deliciosa e farta, o vinho excelente e o preço melhor ainda. Começamos bem nosso tour. Demos uma boa gorjeta para o garçom e partimos. “Mister Bean” ficou acenando da porta. Acho que ele não esperava por aquele dinheirinho no final de uma noite chuvosa.


28.05.2011                            

    

Acordei um ano mais velha. Hoje faço 55 anos. Espero que o dia seja legal, afinal chegar aos 55 sem ter passado por grandes problemas é motivo suficiente para comemorar.
Eu e a Fátima pegamos uma bicicleta que o hotel disponibiliza para os hóspedes. Fomos pedalando pela margem do lago, que delícia!!! Estava um dia lindo, cheio de sol, mas não muito quente, ideal para pedalar.

Chegamos até a muralha que cerca o centro histórico. Do lado direito um castelo debruçado sobre o lago. Deve ter uma vista linda lá do alto, mas não me animei a subir. Melhor economizar minha energia para subir as inúmeras ruazinhas que sobem pela colina do centro histórico.


Uma graça de lugar! Lembrou-me Taormina, na Sicília. Restaurantes com mesas sob as árvores, vista para o lago, muito verde e muitas flores. Tudo isso é um convite, quase irresistível, para comer e beber sem pressa e sem culpa.

Gelatos
Subimos e descemos pelas ruelas, admirando as sacadas floridas e as vitrines das lojinhas. E a visão dos gelatos (sorvetes) ? Impossível sair daqui com o mesmo peso. Passamos pela casa que foi da cantora lírica Maria Callas. Ela realmente tinha bom gosto, o local é maravilhoso.

Chegamos até as Termas de Sirmione. Pensamos, a Fátima e eu, em comemorarmos meu aniversário aqui. Mais tarde resolveremos. Encontramos o restante do grupo e fomos dar um passeio de barco pelo lago. O sol já estava bem quente e a proximidade da água refletia a claridade do céu. Do lago podíamos ver, à distância, os Alpes italianos.

VERONA

29.05.2011      

À tarde fomos até a cidade de Verona, onde nasceu meu avô Pietro. Próxima a entrada da cidade passamos por uma “ótica Adami”. Será que é algum parente? Não vim aqui com a finalidade de procurar pela família do meu pai, mas seria interessante encontrar alguém da minha família.

Verona

Estátua de Giulieta
A cidade é maior do que imaginei. Hoje à noite vai acontecer um grande show na arena e a cidade está lotada, principalmente de jovens. A arena lembra muito o coliseu de Roma, um pouco menor talvez. Caminhamos rua acima a procura do principal ponto turístico de Verona, a Casa de Julieta (Giulieta em italiano). Tudo fake mas ainda assim atrai a turistada. Parece-me que algumas pessoas pensam que a história escrita por Shakespeare é verdadeira e visitam a casa como se Julieta lá tivesse morado.
Almoçamos em um restaurante ao ar livre na grande praça central e em seguida continuamos nossa caminhada pela cidade até chegarmos ao rio Adige. Nunca vi um rio tão caudaloso, acho que se alguém cair ali dentro dificilmente sobreviverá. Na outra margem, uma colina com um castelo. A vista da cidade lá de cima deve ser bem bonita. Não vi prédios nessa cidade. Acho isso ótiiiiiimo!!!!
Chegamos em Sirmione no final da tarde e resolvemos partir direto para o jantar. Eu estou cansada, não consegui dormir na noite anterior, e como sou a aniversariante do dia pude optar pela ida direto para o restaurante, sem passar no hotel para tomar banho, mudar de roupa, etc... Kátia não gostou muito e ficou com aquela cara amuada, balançando a cabeça para um lado e para outro, tão característico dela quando tem algum desejo contrariado. Mas a birra durou pouco e logo em seguida já estava curtindo a beleza do restaurante que ela mesma havia indicado.

La Speranzina
A vista do lago assim no início da noite é ainda mais bonita. As luzes em volta do lago produzem um reflexo dourado na água e as velas sobre as mesas contribuem para o clima romântico. O restaurante La Speranzina que já recebeu uma indicação do Guia Michelin, é realmente muito bonito. Acho que o jantar vai ser excelente.


La Speranzina

Que engano!!! Os pratos foram  muito bem apresentados, mas o serviço foi muito demorado e o preço salgado.
Saímos um tanto decepcionadas, mas o lugar é lindo e merece uma segunda chance.


Sirmione

Sirmione

Recomendações: La Speranzina - Via Dante, 16 - (030) 9906292
Recomendações: Restaurante Il Cascinale

PARMA, FLORENÇA, PISA, LUCA

29.05.2011                          PARMA


Fomos a Parma. Tivemos dificuldade para encontrar um lugar para estacionar. Nessas cidades históricas o acesso ao centro histórico é restrito para os carros. Apenas aqueles autorizados podem entrar. Deixamos o carro estacionado bem longe e tivemos que pegar um ônibus até o centro histórico. Caminhamos pelas ruas quase vazias procurando pelo centro, que nessas cidades medievais, tem sempre um Duomo, um Batistério e uma grande praça central. Achamos a igreja e o batistério, que estavam fechadas. Cadê a praça ? Será que não tem um outro centrinho histórico? – disse Kátia, meio decepcionada. Estranhamos a cidade vazia nessa época do ano. Como não estávamos com um guia, não ficamos sabendo muita coisa sobre a cidade.

Prosciutto di Parma
Mas vamos ao que interessa, o Prosciutto di Parma e o queijo Parmigiano-Reggiano (o conhecido parmesão) é o nosso foco nesse instante. Escolhemos um restaurante e iniciamos os trabalhos do dia. Não sei o que é melhor: o vinho, o queijo, o presunto, o azeite ou o aceto balsâmico. Passar o pão na mistura de azeite, aceto balsâmico de Modena, pimenta e sal, é para mim a melhor parte da refeição. Não sou boa conhecedora de vinhos, mas como algumas companheiras entendem do assunto, os vinhos escolhidos são sempre bons.


FLORENÇA


Continuamos viagem em direção a Florença
(Firenze em italiano). Na estrada, a paisagem em volta já indicava que estávamos chegando a Toscana. O hotel escolhido “Residenza Johanna I” fica bem próximo ao centro. É a primeira vez que fico hospedada em um hotel desse tipo. O local já foi residência (como o nome já diz) de uma família de Florença e hoje funciona no local o hotel e vários escritórios, entre eles a embaixada de um país. É muito comum por aqui esse tipo de hotel, pois uma cidade histórica como essa não permite a construção de grandes prédios. Próximo ao centro histórico então, nem pensar.

Pegamos um táxi e fomos para o festival de gelato que acontecia em frente ao palácio Pitti, do outro lado do rio Arno. Rodamos por lá admirando os sorvetes, mas como já estávamos com muita fome resolvemos jantar e deixar o sorvete para mais tarde. Depois do jantar, na volta para o hotel, nos dividimos em dois grupos e pegamos dois táxis para o hotel. Quando chegamos ao hotel não encontramos o outro grupo, Jussara, Andréa e Adélia, que havia saído bem antes de nós. Porca Miséria!!! O que será que aconteceu??? Lembrei que Andréa estava com o telefone, liguei e ela disse que estavam chegando. Tinham esquecido o nome do hotel e o endereço. Andréa disse que o nome da rua era Benvenuto, quando o correto seria Bonifácio Luppi. Resultado, ficaram batendo cabeça até lembrar o nome do hotel.
Ponte Vecchia
Há dias não durmo bem, rolo na cama para um lado e para outro e o sono não chega. Já tentei cantar uma musiquinha da igreja batista que a minha mãe me ensinou quando eu era criança e custava a pegar no sono. Ficava mentalmente repetindo a música, como se fosse um mantra, para afastar outros pensamentos e conseguir dormir. Quando criança até que dava certo, mas agora não está funcionando. Acho que tenho que apelar para um tarja preta qualquer. Vou pedir ajuda as minhas amigas que devem ter trazido algum sossega leão.

Amanhã o dia vai ser puxado e nada como uma boa noite de sono para recuperar as energias.

30.05.2011

Sonhei com a voz da Giulieta (o GPS). Acho que ela falava para mim – “entre na rotatória e vire na primeira a direita”. Essa é a frase que mais ouvimos nesse início de viagem. São muitas as rotatórias nesse país, o que elimina aqueles cruzamentos diretos de veículos. O trânsito fica muito mais organizado. Macaé, a minha cidade, precisa de muitas rotatórias.

Outras frases que escuto sempre:
 - "Hoje não vamos jantar" . Mas acabamos sempre jantando.
 - "Também quero uma (foto)" . Depois que alguém tirar uma foto legal, todas as outras querem também.

As Tigronas
Chegamos na piazza della repubblica. Logo na chegada à praça, um pombo cagou na cabeça de Andréa que usou um lenço umedecido vagisil para limpar o cabelo. Dizem que é sinal de sorte receber uma cagada de pombo. Eca!!!

Contratamos um guia para nos acompanhar hoje por três horas e mais três horas amanhã. Elizabetta, a guia, é uma mulher de meia idade muito educada, usa saltos bem altos e uma roupa formal. É professora de história da arte, o que é muito apropriado para o papel que ela vai desempenhar nas próximas horas. Fomos caminhando em direção ao Palácio Pitti que foi construído pela família Médici. No caminho ela foi contando a história da poderosa família Médici e da sua importância no desenvolvimento da cidade, tornando a cidade um centro de arte e cultura, berço do renascimento. Aliás, acho que todos os personagens mais importantes da história da Itália nasceram ou viveram aqui: Dante Allighieri, Michelangelo, Maquiavel, Leonardo da Vince. Mas, como é próprio dos poderosos, os Médicis também tinham suas fraquezas. Elizabetta nos mostrou uma galeria que começa no palácio Pitti, passa pela ponte Vecchia e vai até onde funcionavam os escritórios usados pelos Médici (hoje Galeria Uffize). Esse caminho possibilitava a família Médici ir do palácio até os escritórios sem misturar-se com a população.

Nessa ponte trabalhavam vários vendedores de carne, o que deixava o lugar malcheiroso. Os Médicis trataram de expulsá-los dali e desde então, até os dias de hoje, instalaram-se ali vários joalheiros. Já li em algum lugar que a família Médici protegia os judeus daquela região. Talvez por isso, existam tantas joalherias nessa cidade.

Duomo de Florença
Continuamos nossa caminhada. No trajeto passamos por uma loja de Salvatore Ferragamo. Suas criações (sapatos) também são obras de arte. Pelo menos para nós, mulheres. Chegamos na Piazza Della Signora, que é na verdade um museu a céu aberto, cheio de obras de arte dos melhores escultores italianos. O Palácio Vecchio, que fica nessa praça, foi residência dos Médicis antes deles construírem o Palácio Pitti.
Escultura de Netuno


Pouco mais adiante paramos em frente ao Duomo. Já estive antes em Florença, mas havia esquecido como essa igreja é bonita. A fachada em mármore verde, rosa e branco é linda talvez uma das mais bonitas que já vi. Terminamos nossa jornada em frente à porta de bronze do Batistério (Portão do Paraíso).

Bisteca Florentina
Terminada nossa jornada cultural passamos para a parte profana, os prazeres da carne, que nesse caso se resume a famosa bisteca florentina. Fomos jantar na Tratoria do Tito, um restaurante de aparência simples bem movimentado. Pedimos a dita cuja bisteca. Quando o prato chegou “caímos matando”. A carne era muita e deliciosa. E a batata? Dos deuses!!

Eu e Bobo
Um garçom muito simpático, que disse chamar-se Bobo, trouxe-nos uma bebida licorosa chamada Aranciatina. Ele disse que devíamos bebê-la de um só gole e em seguida bater duas vezes com o copo sobre a mesa. Eu não bebi, detesto bebida muito doce. Mas minhas companheiras não resistiram ao charme de Bobo e viraram o copo, ou melhor, os copos!!! No retorno para o hotel - fomos a pé porque era bem próximo – só se ouvia na rua vazia, nossas risadas. Acho que apenas Adélia e eu estávamos inteiramente sóbrias. As demais companheiras estavam em estado de graça.


01.06.2011

Acordamos bem cedo para visitarmos dois museus: a Galeria Uffize e, depois o Museu da Academia. Ficamos sentadas enquanto aguardávamos a guia. Fiquei admirando essa construção magnífica feita pelo arquiteto Vasari para ser a sede do governo dos Médicis. O prédio tem o formato em U e as colunas laterais são decoradas com várias esculturas clássicas de personagens ilustres em Florença. No nosso mundo de hoje, apressado e excessivamente prático, não há tempo a perder com minúcias. Quando vejo as construções e as roupas antigas, a riqueza dos detalhes e a delicadeza das formas, penso que estamos ficando cada vez mais pobres em beleza.

Elizabetta - a guia
Elizabetta nos acompanhará na visita. Lá vem ela com seus saltos muitos altos. Não sei como consegue se equilibrar nessas ruas de pedras irregulares. Eu já teria levado uma meia dúzia de tombos. Aliás, já levei um tombo na chegada do hotel em Sirmione, e nem estava usando saltos.

Nada como uma visita bem guiada para otimizar o tempo e adquirir conhecimentos práticos. Só nos detivemos no que era mais significativo. Se fossemos olhar tudo que tem nesses museus, levaríamos pelo menos 2 dias. Fiquei conhecendo um pouco mais sobre Botticelli, Michelangelo, Giotto Da Vince.
Elizabetta explicou-nos a evolução da arte bizantina e medieval, suas características principais e a introdução da perspectiva e da humanização dos personagens da pintura de Giotto.

Começa aí o Renascimento, e ela passa para Botticelli e suas principais obras “O nascimento da Vênus” e “Primavera”. Ela nos revelou uma curiosidade. Pediu para que reparássemos nas mãos femininas e observássemos que em algumas pinturas, as mulheres aparecem com os dedos indicador e médio separados. Esse detalhe indicava que ela não era mais virgem. 

Fomos para o Museu da Academia. Aqui o centro das atenções é, sem dúvida, Davi de Michelangelo. 

Davi - Praça Signora
Eu não tinha visitado esse museu na outra vez que estive em Florença. Só tinha visto as cópias que estão na Piazza Sginora e na Piazzale Michelangelo. Mas dentro desse museu, essa escultura enorme (mais de 5m de altura), ganha ares surreais. As pessoas circulam em volta estátua, que fica no centro de uma sala, admirando a perfeição daquele corpo retratado nos mínimos detalhes: veias, músculos, ossos. A guia fala sobre como aconteceu a encomenda dessa escultura. A igreja convidou Michelangelo para fazer uma estátua de David mas ele teria que usar um grande bloco de mármore que já havia sido trabalhado por outros dois escultores. Michelangelo olhou o bloco de mármore e disse que aceitava a encomenda, sendo que ele não permitiria que ninguém visse a obra antes que ela fosse concluída. E assim foi. Três anos depois, quando o público pôde ver a obra, o escândalo foi geral porque o David estava nu. Elizabetta nos mostrou fotos de outras esculturas de David que já existiam na época. Em todas elas o David estava vestido e explicitamente identificado na obra pela cabeça de Golias, ou seja, depois da luta que teve com o gigante. Na obra de Michelangelo, o David ainda não enfrentou Golias. Está parado, olhando atentamente para longe, como se estivesse à espera do gigante. Apenas a funda (arma feita de couro que atira pedras ao longe) jogada sobre suas costas identifica a obra. Realmente, Michelangelo faz jus à fama.

Parece-me que para a Itália o Michelangelo é o gênio maior da arte italiana. Não sei se ele é visto assim pelo resto do mundo. Parece-me que Leonardo Da Vince é muito mais reconhecido, talvez pelo seu talento que ultrapassava o campo das artes.

Ponte Vecchia vista da Galeria Ufizze
Despedimo-nos de Elizabetta e saímos do século XVI para as ruas cheias de turistas no centro de Florença.
 
Bar na Piazzale Michelangelo
Subimos até o alto da colina de San Miniato. Lá de cima dá para perceber que a cidade de Florença fica cercada de montanhas. O vale e o rio Arno que cruza a cidade, devem ter contribuído para as grandes enchentes que a cidade já enfrentou. Destacando-se na paisagem, a cúpula do Duomo paira acima de todas as outras construções, como se os cristãos estivessem a lembrar que para eles Deus deve estar acima de todas as coisas.


31.05.2011                                  PISA

Começamos o dia com um passeio a Pisa. Estacionamos perto do Campo dei Miracoli, onde ficam a famosa Torre de Pisa, a Catedral e o Batistério. A torre inclinada é a grande atração do local. A cidade é pequena e tranquila, exceto pelo número de turistas.

Torre de Pisa
Batistério de Pisa

















Dio Mio!!! O que não faz uma torre meio caída!!!! Maldade minha, a torre merece a fama que tem.

LUCCA

Seguimos para a cidade de LuccaComo acontece quase sempre, estacionamos fora da cidade e caminhamos até o centro.

A cidade é uma graça. Como quase todas as cidades medievais da Toscana, Lucca é cercada por uma muralha e, do lado de fora do muro, um lindo bosque.

Visitamos a catedral da cidade e, em seguida, fomos almoçar.

Fome saciada, pé no caminho. Fomos até o anfiteatro da cidade. Pensei em uma construção imponente, como a que vi em Verona, mas esse anfiteatro daqui é diferente. Na parte interior, a céu aberto, várias lojinhas e restaurantes. Bem legal!!!
Lucca
Retornamos para o carro caminhando por uma ciclovia que fica no alto da muralha, arvóres do lado esquerdo e do lado direito a vista do bosque. É um lugar bem apropriado para uma caminhada diária.


Fico imaginando como é viver numa cidadezinha antiga, repleta de turistas e aparentemente tão tranquila.

À noite, de volta a Florença, fomos comemorar o aniversário de Andréa no restaurante Quattro Leone, indicação da guia Elizabetta. O restaurante estava lotado. Parece que é bem frequentado pelos moradores da cidade. A garçonete Pamela nos ofereceu uma garrafa de prosecco para brindarmos pelo nosso aniversário, meu e de Andréa. Depois colocou uma velhinha acesa em nossa sobremesa. Muito simpática.
Apaguei a velhinha e fiz um pedido: saúde.


Recomendação: Restaurante Quattro Leone - Piazza della Passera, 50100 Florença, Itália 055-218562

Recomendações: guia Elizabetta - elizabetta.digiugno@hotmail.it

Recomendações: Trattoria do Tito - Via San Gallo, 112 - (055) 472475

AREZZO, CORTONA, CASTIGLIONE DEL LAGO, SAN GIMIGNANO, SIENA, VALE DO CHIANTI, MONTALCINO, SAN QUIRICO, TUSCANIA


02.06.2011                BADIA DE POMAIO - AREZZO


Para chegarmos na Badia de Pomaio em Arezzo, enfrentamos uma estradinha estreita e sinuosa, morro acima, por 5 km. A paisagem em volta é de oliveiras, uvas e muitas árvores.

Entrada do cemitério
Subíamos devagar, ansiosas por chegar. Em determinado momento vimos uma entradinha que julgamos ser a entrada do hotel. Era um cemitério. Todas gritaram - Volta, volta..."  .

Chegamos no hotel no final da tarde e nos deparamos com uma paisagem belíssima.


A antiga construção toda de pedra, bem ao estilo toscano, já foi um mosteiro. O gerente Gianini, um baixinho bem simpático, nos recebeu com cordialidade.

Sentimo-nos logo à vontade como se estivéssemos em nossa casa. Sentamos em umas cadeiras no jardim para aproveitarmos o sol daquele finalzinho do dia. Lá embaixo, a cidade de Arezzo. Pedimos uma tábua de queijos e outros belisquetes e cerveja gelada. Quando as tábuas chegaram à mesa (queijos, presuntos, salames, pêra, kuwi e geleia), levamos um susto.
O garçom não havia entendido e trouxe uma porção para cada pessoa. Alguém falou que não íamos dar conta e que deveríamos levar o que sobrasse para o quarto. Que ilusão!!! Só sobrou uma fatia de Kiwi, nada mais.

Ficamos ali, quarando no sol e admirando a paisagem em volta. Amoreiras, oliveiras, ciprestres, lavanda quase em flor, rosas e gerânios, tudo isso mais o gramado que parece um tapete, nos convida para uma foto. Ou melhor, muitas fotos.
À noite colocamos nossas melhores roupas e descemos para o jantar. O garçom que nos atendeu, Giuseppe (versão italiana do comediante Leandro Hassum), foi o mesmo que levou nossas malas para os quartos. Colocou um paletó e se transformou de carregador de malas em garçom. Não me admiraria encontrá-lo de avental, na cozinha. Pelo visto, os empregados são poucos e tem que se virar nos trinta. Ele é uma simpatia, está sempre rindo e fazendo graça. Explicamos a ele que o seu nome em português é José, ou Zé. Passamos a chamá-lo de Zé e ele sempre atende ao chamado.

Novamente alguém foi vítima das minhas distrações. Quando Andréa, minha companheira de quarto, chegou para o jantar disse que havia perdido sua máquina fotográfica. Procurou por todo o quarto e não encontrou. Procurou no hall do hotel onde pouco antes estava usando a internet, e também não encontrou. Perguntou a Giuseppe se alguém  havia achado uma máquina, e a portaria informou que nada havia sido encontrado. Nesse momento comecei a desconfiar que eu tinha culpa nessa história. Subi até o quarto e abri minha mala. Lá estava ela, a máquina, bem por cima das minhas roupas.

Momento de relax
A partir desse momento quando alguma coisa sumia, a turma falava - Procura na mala da Ângela!
Fui “acusada” pelo sumiço de uma sandália havaiana da Fátima, que deve calçar 33 ou 34. Imagine, meu pezão 39 numa sandalinha 33!

03.06.2011                         CORTONA

Cortona
Fomos hoje a Cortona, cidade onde foi filmado “Sob o sol da Toscana”. Ela fica localizada na encosta de uma colina. Por sorte existem algumas escadas rolantes que nos ajudam a chegar até o centro da cidade, lá no alto. Caminhamos pelas ruelas, morro abaixo e morro acima. Logo, como era de se esperar, a fome chegou.

Quando procurávamos um local para o almoço conhecemos a Mara, morena brasileira dona do restaurante Tempero, que já mora em Cortona há 11 anos. Ela disse que não sente falta do Brasil, que a tranquilidade e segurança dessa cidade compensam a distância da Bahia.
Quando entrei no restaurante vi pendurado na parede, vários quadros com paisagens baianas e numa prateleira, no alto, uma imagem de Iemanjá. Diz que não sente falta do Brasil. Pode ser, mas trouxe um pouco da Bahia para dentro do restaurante.  
Cortona


 

                      Cortona

 CASTIGLIONE DEL LAGO

Saímos de Cortona e seguimos para Castiglione del Lago
Como o nome já indica, essa é uma cidade que fica as margens de um lago e, como a maioria das cidades medievais, essa também tem um castelo que, como não poderia deixar de ser, fica no alto de uma colina. E recomeça o sobe e desce. Só assim para conseguir manter o peso depois de tanta comilança. 
Castiglione del Lago
Depois de visitar o castelo, andamos pelas ruazinhas estreitas olhando o casario antigo e as lojinhas. Comprei vários pacotinhos de tempero para levar para o Brasil. Essas pequenas lojas são umas tentações. Se pudesse encheria a mala com os vinhos, os salames, os queijos. Como não vai ser possível, contento-me em comer de tudo, sem restrições. Depois corro, literalmente, atrás do prejuízo.
À noite, de volta a Abadia, durante o jantar, a conversa na mesa girava em torno da sobremesa. Eu, distraída como sempre, ouvi alguém falar que algo parecia com coco de pombo. Pensei que era sobre a aparência de alguma sobremesa. Quando me perguntaram o que eu queria para sobremesa, respondi – “também quero o coco de pombo”. Só percebi o mico quando todas riram. Agora, é aguentar a gozação.

O gerente Giannini nos ofereceu uma garrafa do famoso vinho Brunello de Montalcino. Não achamos nada de muito especial no vinho. Era bom, mas não tão especial como esperávamos. Certamente existem outros Brunellos melhores que esse.

05.06.2011                         AREZZO

Descemos até a cidade de Arezzo. Na descida paramos em uma igrejinha que fica próximo ao hotel. Hoje bem cedo ouvi um sino tocar, deve ter tido missa aqui na igreja. A construção de pedra segue a mesma linha arquitetônica das casas da região. É bem bucólica e combina com a paisagem do entorno. Gosto dessas igrejinhas simples e bem cuidadas. Se o espírito de Deus estiver realmente presente em alguma igreja acho que ele escolheria igrejas como essa, sem luxo e grandeza, mas acolhedora e despretensiosa.

Feira de Antiguidades em Arezzo
Chegamos em Arezzo e nos deparamos com uma feira de antiguidades que tomava todas as ruas do centro histórico. É uma feira enorme e tem muita coisa interessante por bom preço. Não resisti e comprei um pratinho e uma molheira de porcelana. Lembrou-me uma peça que havia na casa de minha mãe, que quebrou ou se perdeu no tempo.

Arezzo
Quando nos encontramos para o almoço faltava uma de nossas amigas. Rolou certo stress por que já estava um pouco tarde para o almoço. Todos os restaurantes fecham depois das 14:30 ou 15:00 h e só reabrem para o jantar. Depois dessa hora só encontramos sanduíche e pizza. A fome é um assunto delicado nesse grupo; até agora o único motivo de discórdia. Nada grave, felizmente, e depois de saciada a fome tudo fica em paz.

Caiu um pé d’água no momento que retornávamos para o carro. Todas nós temos sombrinha, bota, etc... fica tudo no hotel porque não queremos carregar peso. Resultado, chegamos no carro completamente encharcadas.


06.06.2011                    SAN GIMIGNANO

Saímos pela manhã da Badia de Pomaio. Senti um pouco de pena; fiquei com a sensação de que deveria ter aproveitado melhor o lugar. Na ânsia de conhecer o maior número de cidades possível deixamos, por vezes, de aproveitar melhor um local como esse. Deixamos uma gorjeta, mais que merecida, para Giuseppe e Ivone (uma portuguesa que nos atendeu muito bem). O atendimento acolhedor é o principal diferencial desse hotel.
San Gimignano

Seguimos em direção a Siena. Lá ficaremos hospedadas em uma vinícola, Villa Dievole. Passamos antes em San Gimignano, a cidade das 14 torres. Foi difícil encontrar estacionamento. Parece que todos os turistas resolveram visitar essa cidade no dia de hoje. Subimos caminhando pela estreita rua principal. De vez em quando surge um bequinho subindo ou descendo, convidando para uma foto. Sentamos em uma mesa ao ar livre, na praça principal e pedimos cerveja e o vinho branco Vernaccia. Ficamos olhando o vai e vem de turistas. Não tenho visto turistas japoneses por aqui. Acho que eles preferem as cidades maiores para fazerem muiiiiiiiitas compras!

Em seguida fomos tomar um gelato. Mama Mia!!! Nunca fui apaixonada por sorvete, mas tenho tomado vários aqui na Itália. São realmente bons. Começou a cair uma chuva muito forte. Ficamos escondidas dentro da gelateria até que a chuva diminuiu e pudemos voltar para o carro.

San Gimignano

San Gimignano embaixo de chuva
Villa Dievole, aqui vamos nós.


VILLA DIEVOLE - SIENA

Perdemo-nos no caminho. A Giulieta (o GPS) funciona muitíssimo bem, mas é preciso que o endereço esteja correto. Nesse caso não tínhamos o endereço completo e ela nos indicou o caminho errado. O bom foi que ficamos conhecendo ainda melhor a Toscana, com suas colinas suaves e verdes. Depois de algum tempo sem encontrar um vivente sequer, passamos por um lugarejo e pedimos informação a uma senhora. Tentamos nos comunicar com ela, mas a coisa não funcionou muito bem. Mostramos para ela, no papel , o nome da Villa Dievole. Ela pediu – “aspetta un attimo” - e foi pedir informação para outra pessoa. Retornou e tentou nos explicar o que fazer. Só entendemos que deveríamos voltar, dobrar a destra ou a sinistra (direita ou esquerda - já não me lembro bem) e seguir por uma “strada bianca” (estrada branca). 

Estrada "bianca"
Lá fomos nós por uma “strada bianca”. Acho que a senhora chamou de “bianca” porque a terra aqui é clara e tem uns cascalhos brancos que realmente tornam a estrada de terra batida quase branca. Rodamos, rodamos, e nada de achar a Villa. Já estávamos nos embrenhando por uma área de floresta fechada e não encontrávamos ninguém para nos orientar. Resolvemos voltar. Fátima colocou uma outra informação na Giulieta e ela nos indicou um caminho. Resolvemos confiar nela cegamente e arriscar. Não deu outra, ela estava certa.

Quando chegamos na Villa já era quase noite. Fomos conhecer a casa que havíamos alugado por três dias. Tem 4 quartos, uma sala grande e uma cozinha toda equipada para nossas necessidades, o que é ótimo pois pretendemos fazer um jantar nessa casa. Comida italiana, é vero!!!
Mesa de jantar e o lustre dourado
Um funcionário do hotel, talvez o gerente, conversou um pouco comigo enquanto nos dirigíamos até o restaurante. Foi legal sentir que consigo me fazer entender nessa língua que me é quase familiar.
Chegando ao restaurante, em estilo rústico, ele nos direcionou para uma mesa bem grande sob um lustre maravilhoso. O jantar foi perfeito para aquele final de noite, depois de andarmos meio perdidas pelas estradas da Toscana.

Vista da piscina
 
Paisagem da nossa janela - vinhedos












07.06.2011

A paisagem que vemos das janelas de nossa casa, é magnífica. Vinhedos a perder de vista.

Hoje passaremos o dia todo por aqui. O dia está lindo, muito claro e com um sol morninho. Começamos uma trilha pela propriedade da vinícola, pra variar, morro acima. Fizemos o circuito completo. O chão estava meio escorregadio pois tinha chovido durante a noite passada.

Vinhedo
Ainda bem que ninguém caiu; acidente em viagem é um transtorno. No caminho paramos para fotografar as parreiras de uva, o vale, os ciprestes. De repente alguém falou: - Estou começando a sentir saudades de um Duomo, de um out let, de uma piazza central cheia de lojinhas, etc. Eh! Acho que nosso espírito rural não deve durar muito, apesar da beleza do lugar.
Nosa casa em Dievole

Trilha da Villa
Fomos até um supermercado nos arredores de Siena para fazermos nossas compras para o jantar. Adélia que será nossa “chef” nesse jantar, escolhe os produtos e nós vamos ajudando. Procuro pelas companheiras e não vejo ninguém. Onde elas estão? Depois de uma rápida procura, encontro as moçoilas na gôndola de produtos de beleza. Cremes para a pele, para ser mais exata. Não tem jeito, mulheres adoram um creminho.

Voltamos para a Villa para participar de uma degustação. A nossa anfitriã Elena é uma  jovem de olhos verdes, muito  bonita. Começou a degustação com um vinho rose e em 
Elena e a degustação
seguida descemos para um porão onde está o antigo maquinário da vinícola, usado há séculos atrás. Em uma grande mesa de madeira ao centro, estavam servidos prosciutto di parma e queijo pecorino. Elena abriu outra garrafa, dessa vez um tinto, e em seguida fomos para a cave mais moderna, onde estão os tonéis usados atualmente. 
Mais vinho e mais queijo.

Aliás, esse queijo pecorino enorme - parece uma pequena bacia - é um manjar dos deuses.
  
Atacando o queijo
Não sei se como queijo, se tomo o vinho ou se ouço a Elena. Partimos para a Enoteca e Elena serviu um outro vinho. Nunca vi servirem tanto vinho em uma degustação. Vamos sair bêbadas daqui. Não estou mais entendendo muito bem o que a Elena está falando, uma estória de galo negro no rótulo do chianti clássico...melhor parar com o vinho.

Nas paredes da Enoteca estão penduradas várias fotos dos empregados da vinícola. Um deles é um jovem, olhos verdes e uma boca bem desenhada. Falei para Andréa que eu tinha visto aquele empregado quando chegamos no hotel, na véspera. Na saída da Enoteca, lá estava ele, o italiano da foto. Andréa aproveitou e tirou uma foto dele, à distância.

À noite eu estava no meu quarto enquanto Adélia preparava o jantar. De repente ouvi uma voz masculina vindo da cozinha. Saí e me deparei com o italiano de olhos verdes mexendo no fogão. Adélia tinha avisado a portaria que o fogão não estava ligando e eles mandaram o italiano para consertá-lo. Rapidamente chamei:

- Andréa, venha cá rápido...súbito!!!!

Ela surgiu correndo com a máquina fotográfica em punho, sem saber o que estava acontecendo. O italiano, coitado, deve ter ficado tonto com toda aquela mulherada olhando pra ele.

Produtos para nosso Parpadelle ao Funghi Porcini

Vestimo-nos devidamente para o jantar. Fátima caprichou no figurino; colocou uma sainha curta estampada, meias finas, um luxo. E o jantar foi ótimo. O prato da noite foi “parpadelle ao funghi porcini” acompanhado pelo vinho da própria vinícola Dievole. É interessante como a boa comida - sem trocadilho, por favor - nos pega primeiro pelos olhos e nariz e depois atingi o corpo todo. Não é exatamente a fome que nos estimula, mas os outros sentidos. E depois de saciada a fome e os outros sentidos, vem àquela sensação de preguiça, de moleza, que às vezes dizemos que é tristeza.

Tristeza nada, é barriga cheia mesmo.

Recomendações: Restaurante La Grotta em Cortona

08.06.2011

Já estou fora de casa há 15 dias. Essa é a minha medida ideal para qualquer viagem. Passou disso começo a ficar menos tolerante. Noto que já fico mais impaciente com os horários que não são cumpridos, etc....Bem, são mais cinco dias; vou me esforçar para manter a calma.
 
Galos - símbolo do Chianti
"Galo Nero" Simbolo do Chianti Clássico
Hoje vamos visitar algumas cidades do Vale do Chianti. Começamos por Castellina in Chianti, depois Greve de Chianti e por último Radda in Chianti. São cidades medievais bem pequenas onde a vida parece, em alguns momentos, ter parado no tempo. São ruas estreitas e limpas, com calçamento de pedra, sacadas floridas.
Somente o vai e vem dos turistas, que lotam essas cidades durante a primavera e o verão, denuncia que estamos no século XXI. Caso contrário, acho que não me surpreenderia se encontrasse um etrusco com roupas antigas caminhando pelas ruas.


No meio do caminho entre uma cidade e outra, tomamos a direção errada e tivemos que fazer um retorno. Nossa motorista da hora resolveu manobrar numa pequena entrada de terra ao lado da estrada. Péssima escolha. Subiu um pouco e logo em seguida o carro começou a patinar na lama. Quanto mais acelerava, mais atolava. Tivemos que descer para deixar o carro mais leve e tentar ajudar colocando pedaços de madeira sob a roda. Uma turma de ciclista (são muitos nessa época do ano) passaram na estrada ao lado e gritaram algo que não entendemos. Certamente estavam nos sacaneando. Um grupo de mulheres atoladas é um prato cheio. De repente Adélia se estabacou no chão. Levantou rápido antes que algum flash registrasse o fato.
As atoladas
Não demorou muito tempo e conseguimos pegar novamente a estrada, um tanto sujas de barro, mas ilesas. Mais à frente encontramos o mesmo grupo de ciclista. Agora é nossa vez de sacanear. Colamos o carro atrás de um deles, que nervoso fazia sinais para ultrapassá-lo. Não demos confiança e ficamos grudadas nele por um tempo. Depois ultrapassamos e gritamos - “babaaaaaca”. Acho que ele não entendeu o palavrão, mas nos sentimos vingadas.


SIENA

Terminamos o dia em Siena. Já estávamos um tanto cansadas e sem muita disposição. Caminhamos bastante até chegar à Catedral de Siena. Já tinha visitado essa igreja anteriormente. 
Catedral de Siena
O que me chamou a atenção na primeira visita foi a sobreposição de mármore preto e branco que tem um efeito visual muito elegante. E a abóbada estrelada também é muito bonita. Mas pareceu-me, dessa vez, um pouco suja, sem viço. Acho que está precisando de um “lifting”.

Depois fomos para a grande praça. Sentamos para tomar um gelato e acertar algumas contas. Kátia, Juju e Fátima cuidaram da contabilidade e, enfim conseguimos zerar as pendências. Enquanto isso, eu tomava um gelato de Tiramissu e Ananás. Que coisa desagradável!!!!!


Piazza del Campo em Siena


Fomos para o hotel onde haveria o enterro dos ossos do jantar da véspera. Adélia realizou o milagre da multiplicação das massas. Tínhamos ainda um pacote de parpadelle, um pouco do molho de funghi, queijo e vinho. Ela acrescentou um pouco de creme de leite fresco ao molho de funghi e preparou um outro molho de 3 queijos, ou quatro, ou cinco. Sei lá! Só sei que ficou muito bom.
Nessa noite não teve figurino caprichado. Todo mundo de havaiana e pijaminha.

Saímos cedo em direção à cidade de Tuscania. Estava chovendo e eu avisei:

- Essa chuva não demora muito, já vai acabar.

Explico porquê. Eu estou levando sombrinha, capa de chuva e agasalho, portanto a chuva não vai continuar. Não deu outra, em 10 minutos o sol estava brilhando. Se estivesse desprevenida a chuva não ia dar trégua.
 
Montalcino




Montalcino
Vamos passar por duas cidades. São Quirico e Montalcino. A essa altura da viagem já começamos a achar que todas são iguais, mas certamente cada uma tem características próprias que nós, viajantes apressadas, não temos tempo suficiente para perceber.

Roubando cerejas no pé
Em Montalcino me deparei com um pé de cerejas carregado. Encostei no muro e puxei um galho da árvore que ficava no quintal de uma casa. Atacamos a cerejeira. Nada como comer a fruta no pé. A dona da casa nos avistou e tivemos que abandonar rapidamente o pé de cereja.

Partimos para comprar os famosos vinhos Brunellos de Montalcino. Eu mesmo não comprei nenhum, muito peso para arrastar até Macaé. Para quem mora no Rio fica mais fácil.
Casa do Brunello

             
                  Uma nona legítima
Seguimos para Tuscania. Acabamos pegando o caminho mais demorado. Coisas da Giulieta que escolhe sempre o caminho mais curto, que não é necessariamente o mais rápido. Foi bom porque passamos por lugares lindíssimos.

A cidade de Tuscania me surpreendeu. Acho que como a expectativa não era muita e a cidade não é tão badalada, a surpresa foi boa.  

Tuscania
Saímos para jantar. Mais uma odisseia atrás de um restaurante indicado pela recepcionista do hotel. Encontramos o primeiro, mas saímos pra procurar o segundo. Resultado, andamos muito até chegarmos ao dito restaurante. Estava fechado. Aqui, nada fica aberto até muito tarde, principalmente nessas cidades menores. Caminhamos de volta para o primeiro restaurante indicado. “El Gallo” é o nome dele.
A entrada do restaurante nos pareceu um pouco bagunçada. Teve gente que ameaçou voltar, mas a essa altura do campeonato, comeríamos até o galo que decorava a entrada. Entramos e nos acomodamos. Logo a má impressão foi desfeita. O atendimento foi bom e a comida também. O garçom é parecido com o Zem, um ex-marido da Kátia. Começamos a conversar sobre a vasta experiência amorosa de Kátia. Demos boas risadas falando sobre PB e outros menos cotados.

É uma pena ficarmos tão pouco tempo aqui. “Domani, mattina andiamo a Roma”
San Quirico

San Quirico
Recomendações: Restaurante El Gallo em Tuscania