15 outubro, 2013

RIO DE JANEIRO - 2013

13.09.2013

Ultimamente só tenho ido ao Rio a trabalho. Abri uma exceção no último final de semana e fui junto com minhas amigas Conceição e Cláudia, para um passeio ao Rio sem compromisso, sem nada programado, sem obrigações a cumprir.
Ficamos hospedadas na casa de Jackie, amiga de Conceição, que mora na Tijuca com o filho e dois cachorrinhos. Não a conhecia, mas de cara me senti à vontade com ela. Jackie é desencanada, amorosa e sem frescura. E temos algo em comum: a tendência a “pagar mico”.  Diz que o filho fala com os amigos que “minha mãe não paga mico, paga king kong”. Ela me contou que um dia desses, passando ao lado do Teatro Municipal, viu que uma grande fila se formava. Pensou: – com tanta gente assim na fila deve ser um espetáculo interessante e barato...

Resolveu entrar na fila. Em seguida perguntou a alguém qual era o espetáculo que estava sendo vendido. A mulher fez uma cara de espanto e disse:
- Minha senhora, essa fila é para o velório de Chico Anísio.

Essa é a Jackie.
Deixamos nossas malas no Sindicato onde Jackie trabalha e fomos para Santa Teresa. Já vim tantas vezes ao Rio e ainda não conheço o Bairro de Santa Tereza. É imperdoável.

Pensávamos que o Bondinho estava funcionando, mas que pena ele ainda está fora de combate, fomos de ônibus mesmo. Quando entramos no ônibus o motorista estava discutindo aos gritos com uma passageira. Durante todo o trajeto ele rosnou, estava pra lá de mal humorado. Quando a passageira desceu do ônibus, ele jogou beijinhos. Puro deboche!
Largo dos Guimarães
Subindo a colina tenho a impressão que estou em outra cidade, mais antiga, mais bucólica. Tantas casas antigas, algumas bem conservadas e outras nem tanto. E fomos subindo, subindo, esperando surgir um local interessante para descer. De repente entramos pelo meio da mata atlântica e logo em seguida vi uma placa escrita UPP do Morro dos Prazeres e do Escondidinho. Uai! Se tem uma UPP isso aqui é uma favela!
- Conceição, acho que já passamos de Santa Teresa.
- Deus do Céu, onde fomos parar?

Olhei para trás e vi que já não havia ninguém no ônibus, só nós e o motorista raivoso. Perguntamos ao carcará se já tínhamos passado de Santa Teresa. Ele disse que sim e que já estávamos chegando ao ponto final. Olhamos em frente e vimos que o ponto final ficava na favela de Dna Marta. Olhamos pra cara uma da outra e caímos na risada.
- Ceição, já pensou se Vilson e Val souberem que vimos parar na favela?

- Do jeito que Val tem medo de entrar por engano em uma favela, imagine?
Esperamos por algum tempo no ponto final e retornamos para o ônibus. Quando o motorista entrou resolvemos indagar sobre o melhor lugar para descermos em Santa Teresa.

- Tem lugar bom lá não, é tudo uma merda. Só tem gente ruim, blá, blá, blá.....
A criatura descarregou toda sua revolta. Falou que a passageira que brigou com ele provavelmente ia contar para o marido e provavelmente o marido viria tomar satisfação com ele. Mas que ele não tinha medo porque é da baixada e já fez muito serviço sujo para o bicheiro Anísio Abraão.

Deduzi que ele era de Nilópolis. Cláudia perguntou qual era o nome dele:
- Gabriel.
- Ah! O anjo Gabriel!
- Anjo? Que anjo dona, eu einh?

Melhor ficar calada, ele não está pra conversa.

Quando chegamos ao Largo dos Guimarães ele nos disse que era melhor descer ali. Escolhemos um bar simpático e fomos logo tomar uma cerveja por que o calor estava demais. Aliás, cerveja só para mim e Cláudia. Conceição tem um grave defeito: não bebe cerveja, apenas um vinhozinho e olhe lá.
Passamos por vários bares, restaurantes e alguns ateliês, mas já estava anoitecendo e sobrou pouco tempo para conhecer o bairro. O tour pelas favelas nos atrapalhou.


Voltamos para o centro e junto com Jackie passamos no PT para cumprimentar o Vereador Reimont, amigo de Jackie e Conceição. Em seguida paramos num bar para um merecido happy hour.



14.09.2013

Madureeeeeira, lá lá laiá, Madureiraaaaa....
Hoje fomos conhecer o bairro que Arlindo Cruz canta em verso e prosa. O visual é feio, mas com tanta escola de samba, em cada esquina um bar, mercadão e agora o parque, digamos que Madureira tem os seus encantos.
Parque de Madureira
É gente demais andando pra cima e pra baixo. Se o falecido avô do meu marido visse aquela gente toda provavelmente diria – “Essa gente não tem o que fazer não? É só batendo perna o dia inteiro?”

Eu imaginava o mercadão como um lugar quente, desconfortável e tumultuado. Enganei-me. O mercadão é organizado e a temperatura é agradável. Agora, vir aqui em véspera de Natal, nem morta! Só mesmo para quem gosta muito de aperto e multidão.
Saímos do mercadão e fomos almoçar no Shopping Madureira. Em seguida fomos conhecer o Parque Madureira que fica ao lado do shopping. Cláudia estava cansada, resolveu ficar num barzinho na entrada do parque, tomando uma gelada. Eu, Conceição e Jackie seguimos em frente.
Parque de Madureira
Paramos para ver um casal que fazia uma apresentação de dança moderna, tipo dança de rua. Mais a frente um palco com uma concha acústica de concreto, enorme. Em volta do palco, um grande largo rodeado por alguns degraus formando uma pequena arquibancada. Um espaço excelente para shows e hoje estava sendo usado para transmitir ao vivo os shows do Rock in Rio. Andamos um pouco mais e vimos uma cascata onde as crianças tomavam banho e na parte alta, uma pista de skate. Achamos que o parque terminava ali, mas quando vimos um quadro com a nossa localização, descobrimos que não tínhamos percorrido nem um terço do parque.
Alugamos uma bicicleta de três lugares e fomos pedalar pelo resto do parque. Senti-me voltando a infância quando andava de bicicleta sem freio. Ela tinha freio, mas era um pouco difícil de manobrar. O movimento de gente a pé, de bicicleta e de skate, era grande. Gritávamos com que estivesse na frente para sair e por pouco não atropelamos alguns.

Quando chegamos ao final do parque, no teatro Fernando Torres, fizemos uma curva e quase capotamos. Pedalamos de volta até ao ponto de entrega das bicicletas, cansadas e felizes.
Não encontramos Cláudia. Ligamos e ela informou que cansou de esperar e foi a um shopping popular que fica em frente ao parque. Estava fazendo umas tranças afro no cabelo. Fomos até lá e conhecemos duas moças do Congo que fazem as tranças com muita habilidade. Uma delas se chama Hula e é uma negra linda. Disse que veio para trabalhar no Brasil há três anos. No início tinha muito medo da violência do Rio, mas agora já se sentia tranquila.

Tínhamos ingresso para uma peça de teatro, o musical Casa Grande e Senzala que está sendo exibido no Teatro Ziembinsk, na Tijuca.  Pretendíamos passar em casa, tomar um banho e em seguida ir ao teatro e depois encerrar a noite em algum bar da Lapa.
Quando descemos do ônibus estranhamos o local. Perguntamos a Jackie e ela nos respondeu que como já estávamos atrasadas achou melhor irmos direto para o teatro.

Deus do céu! Estávamos suadas, descabeladas e Jackie estava de bermuda e chinelo. Que jeito! Não dava pra voltar atrás agora e lá fomos nós. Ainda bem, não me perdoaria se perdesse um espetáculo daqueles por causa de um desejado banho. Adorei a peça Casa Grande e Senzala. Os atores-cantores do grupo de teatro Os Ciclomáticos fizeram um musical de excelente qualidade.
Caffecito Bar
15.09.2013


Voltamos a Santa Teresa pra trocar um sapato que Cláudia comprou e o os pés foram trocados. Aproveitamos para passear com mais calma pelas ruas do bairro. Paramos em uma feirinha de artesanato ao lado de uma igreja antiga que infelizmente está mal conservada. O interior é bem bonito, mas o exterior precisa de uma restauração. Paramos no Bar do Mineiro que serve uma feijoada famosa. Seguimos em frente entrando em algumas lojas de artesanato e ateliers.

A fome apertou, paramos em um restaurante simpático e optamos pela feijoada, afinal hoje é sábado, dia de feijoada. 
Parque das Ruínas
Continuamos nosso passeio, dessa vez pelo Parque das Ruínas, um casarão antigo em ruínas, mas o que restou do palacete está sendo muito bem utilizado. Na parte interna poucas paredes e escadas de ferro fazem a ligação entre os andares. Ficou uma combinação bonita, o tijolo aparente e o ferro preto. Lembrei-me de quando assisti na televisão uma entrevista com o ator Osmar Prado, que foi filmada nesse local. Achei tão lindo o lugar, fiquei com vontade de conhecer, mas depois esqueci. Só agora, quando cheguei aqui, reconheci o local da entrevista.

Na entrada do parque tem um jardim e na parte alta um largo com uma lanchonete e algumas mesas ao ar livre. Um grupo afinava os instrumentos para uma apresentação. Tem um violoncelo, que eu adoro. Acho que vai ser agradável ouvir música de qualidade, cercada de verde e lá embaixo a vista da enseada de Botafogo, que é linda.
Fomos até ao Museu da Chácara do Céu, que fica ao lado do parque. Uma casa antiga, mas com uma arquitetura que ainda me parece moderna. Em volta da casa, um jardim de Burle Max. Estranhei a quantidade de guardas no museu, em todas as salas onde entramos tinha sempre um guarda por perto. Um deles nos falou que esse museu já foi roubado algumas vezes e os bandidos levaram várias obras de arte.

Esse palacete pertenceu a um milionário que amava as artes. Era muito amigo de Portinari e por isso tinha um grande número de quadros do nosso pintor mais famoso. O museu tem móveis antigos, louças, uma biblioteca e várias obras de arte que pertenciam ao milionário. É uma viagem pelo Rio antigo. Uma das salas possui um grande armário de gavetas fininhas com gravuras de Debret e Taunay. Todos aqueles desenhos que estavam nos livros de História do Brasil dos meus tempos de escola, estão aqui, nessas gavetas. Gostaria de ver todos, mas o tempo, esse inimigo cruel, não vai permitir. Temos que voltar para Macaé.

Voltamos à casa de Jackie, pegamos nossas malas e partimos para Macaé.

Acho que quero passar as férias no Rio. Nada de trabalho, nada de visitar a família, casamento, formatura, enterro, aniversário de amigas, etc. Quero só passear, como qualquer turista.


28 agosto, 2013

TIRADENTES-2013


16.08.2013
Consegui convencer meu marido a fazer uma viagem de final de semana a Tiradentes/MG. Isso merece uma comemoração, pois conseguir tirá-lo da sua rotina cotidiana é coisa rara. Meu filho mais velho e sua esposa resolveram nos acompanhar.
Na sexta-feira, bem cedinho, pegamos a estrada. Levei o GPS de uma amiga para que meu marido se familiarizasse com o aparelho e, quem sabe, se animasse a comprar um. Sei não, do jeito que ele é resistente a novidades tecnológicas vai colocar mil defeitos. Já fomos outras vezes a Petrópolis e Itaipava de carro, que é parte do trajeto para Tiradentes, mas acho que não fizemos a configuração mais adequada do GPS e na ida ele nos indicou um atalho errado.

Embrenhamo-nos pelo interior de Magé e pegamos uma estradinha sinuosa serra acima até chegar a Petrópolis. Haja braço para manobrar aquela caminhonete por tantas e tantas curvas. Passamos por alguns vilarejos que parecem perdidos no tempo, ou melhor, com uma calma que se perdeu nas cidades um pouco maiores. E tome subida!!! Lá se vai minha esperança que ele aceite o GPS.
Atrasou um pouco a viagem, mas tudo bem, esses enganos fazem parte. Até que o “véio” foi bem, chegamos a Tiradentes no início da tarde e Vilson não me parecia cansado.

Sempre que chego a Tiradentes lembro-me da primeira vez que aqui estive há mais de 30 anos atrás. Quanta coisa mudou! Eu fiquei mais velha e Tiradentes....mais nova. Naquela época encontrei uma cidade antiga e histórica, mas com uma aparência decadente. Hoje tudo é muito diferente. O turismo, que é a fonte principal de renda da cidade, depende da boa conservação do seu casario e da preservação de suas características de cidade colonial.
O ouro que deu origem a cidade, acabou. Hoje o “ouro” é o turismo e não parece que vai acabar tão cedo.

Depois do almoço e de um cochilo pra descansar da viagem fomos, eu e Lívia, caminhar pela cidade. Subimos até a igrejinha Nossa Senhora das Mercês que foi construída pelos negros e pertence a irmandade dos pretos, segundo informação da funcionária pouco simpática que estava na entrada da igreja. É bem pequena e simples, mas tem a sua graça.
A cidade está lotada e é assim em todos os finais de semana do inverno. Viemos preparados para muito frio, mas nos surpreendemos com uma temperatura bem amena. Meu marido, com seu mau humor costumeiro, reclamou das ruas de pedra:
- Isso aqui tem mais pedra do que a rua das pedras de Búzios. Será que foi Dom Pedro que mandou colocar? Deve ter sido pra sacanear os escravos.

Subimos até a Matriz de Santo Antônio. A subida cansou, mas a igreja vale a pena, mesmo estando já fechada. É pena que os três não a vejam por dentro, eu me lembro de como é bonita e quanto há de ouro nos seus ornamentos. A maior parte do ouro que saía daqui foi enfeitar igrejas da Europa e é mais do que justo que a Matriz de Tiradentes possa ostentar o ouro que estava tão próximo, na Serra de São José. 
Percorremos as ruelas, subimos e descemos ladeira, entramos nas lojinhas e nos rendemos ao mais agradável dos pecados capitais: a gula. Descemos a ladeira e fomos passando por vários restaurantes. O que não falta nessa cidadezinha é restaurante, alguns bem convidativos. Fomos caminhando e ouvindo o som das músicas que tocavam nos bares: Bossa Nova, MPB, Música Latina. Até música gospel, porém um gospel mais atual sem aquela influência do gospel americano.
Paramos no restaurante Mandalum, no Largo das Forras onde também fica nosso hotel. Tem várias sopas no cardápio. Lembrei da que comi na última vez que estive aqui e resolvi repetir a dose. Pedi um prato que minha mãe chamava de "péla égua": uma canjiquinha bem cozida com costelinha de porco.  Pra acompanhar, uma caipirinha deliciosa.

À noite a temperatura caiu um pouco mais. Ótima noite para dormir enroladinho.

17.08.2013
Fomos a Bichinho comprar algum artesanato. Espero que o preço esteja melhor do que em Tiradentes. Os dois impacientes, Vilson e Vicente, já queriam parar na entrada do lugar e ficar por ali mesmo. Ô falta de curiosidade!






Eu e Lívia fizemos pressão e obrigamos pai e filho a seguir em frente. Entramos em alguns ateliês e outras tantas lojas. Comprei pouca coisa, meu lado consumista está bem controlado. Vilson comprou mais do que eu, quem diria!!!
Na última loja da estrada encontrei os tapetinhos que eu queria. Almoçamos no restaurante Tutu na Gamela, comida caseira com preço justo.

No final da tarde pensei em ir ao Museu da Liturgia, mas cheguei tarde, o museu fecha às 17 h. Fica para a próxima.
À noite fomos assistir a uma apresentação musical chamada “Alma Brasileira”. O evento faz parte de um projeto cultural na área da música que leva essas apresentações a cidades do interior de Minas Gerais. É um grupo legal: violão, violoncelo, piano, flauta, clarineta e uma cantora lírica. O teatro do SESI não é grande, mas é confortável e tem acústica excelente.

Notei que Vilson estava virando a cabeça para um lado e outro com frequência. Não é que ele está gostando!!! Estranho...essa não é a “praia” dele. Perguntei:
- Porque você está se mexendo tanto?

- Estou fazendo uma fisioterapia musical para minha artrose na cervical. Tá funcionando...
Ehhhh, logo vi.

Terminamos a noite comendo uma pizza feita no forno de pedra no restaurante "Jardins de Santo Antônio". Hummmm, muito boa!!!

18.08.2013

Pensamos em sair mais cedo de Tiradentes, mas dormimos demais. Passei boa parte da viagem pegando no pé de Vilson para que ele não corresse demais. Sou medrosa quando se trata de velocidade e ele exagera um pouco. Pra mim, entrar numa curva a 120 Km ou mais, é impensável.

Ao passar por Barbacena avistei o restaurante "Cabana da Mantiqueira" e me dei conta que nunca mais voltei a essa cidade onde passei bons momentos da minha juventude. As vezes sinto vontade de entrar até a cidade, mas acho que vou achar tudo muito estranho. Sabe aquela música de Lulu Santos "....nada do que foi será, de novo do jeito que já foi um dia, tudo passa tudo sempre passará...". Pois é, acho que não vou encontrar a mesma cidade que está na minha memória. Melhor não ir.

A viagem seguiu tranquila e chegamos em Macaé no início da noite. Foi um fim de semana legal.


07 agosto, 2013

Festa de Aniversário


Sou uma distraída incurável.
Erro data, troco nomes, já peguei objetos de amigas pensando que eram os meus (óculos, bolsa, celular, máquina fotográfica,etc...). Já fui a casamento errado e já velei morto desconhecido achando que era um amigo falecido que estava em outra capela.
Nos últimos tempos tenho me comportado razoavelmente bem, até que na última semana tive uma recaída.
Há uns vinte dias atrás recebi por e-mail o convite de aniversário da netinha de minha amiga Rosani. Deixei o convite na minha caixa de entrada para não esquecer. Na semana passada ligo para Valdéa para conversar sobre um cruzeiro que faremos em fevereiro. No final do papo Valdéa me pergunta:
-Vc vai ao aniversário de Thais?
- Vou. Que dia é mesmo?
- Sábado agora, as 17 h.
- Tá legal, nos vemos lá.
Liguei para minha nora e avisei que no sábado levaria minha neta Maria Alice na festinha.
Conforme combinado peguei minha neta e fui para o salão de festas. Maria, três aninhos, está naquela fase que adooooora festa. Foi pulando pelo caminho até chegarmos ao local da festa. Entrei e vi que apenas um casal de idosos ocupava uma mesa, todas as demais estavam vazias. Maria disparou em direção ao pula-pula.
Quando uma mulher que trabalhava no Buffet saiu da cozinha, perguntei:
- Estranho já passa das 18 h e até agora não chegou nenhum familiar?
- A festa está marcada para as 19.
- É isso! Enganei-me com o horário, achei que fosse as 17 h. 

Culpa de Valdéa, filha da mãe, me informou a hora errada. Liguei pra ela:
- Valdéa, ainda está em casa? Estou aqui na festa e não chegou ninguém.
- Estou na casa de Valéria. Já tô chegando aí. 

As pessoas foram chegando. Maria arrumou uma amiguinha e estava se esbaldando nos brinquedos. Reparei que o tema da decoração era o Batman, tudo preto e azul – que estranho, festa do Batman para uma menina de um ano? 

Sento-me em uma mesa, o garçom me entrega um copo de cerveja, e fico aguardando Valdéa. Uma moça simpática se aproxima e me pergunta:

- Vc é mãe de alguma das crianças da creche?
- Não, sou amiga da avó de Thais.

A moça se afasta com uma cara estranha.

Gente, e eu lá tenho cara e idade pra ser mãe de criança que ainda frequenta creche? 

Meu Deus!!!! Thais não está em creche, à festa começava as 19 h, decoração do Batman. Tô no lugar errrraaaado!!!!! Ligo pra Rosani:

- Rosani, qual o local da festa de Thais?
- Num salão de festa na rua em frente ao salão M Beauty. Buffet da Fátima.
Pensei um pouco – o salão fica numa esquina, a rua que estou fica em frente ao salão, mas tem uma rua ao lado. Deve haver outro salão na rua ao lado. 

- Rosani? Acho que já sei, tô indo pra lá.
- Hellooooo  Ângela. O aniversário é amanhã. Tá maluca? 

Puta que pariu!!!! Vou matar Valdéa!!!
E lá vem Valdéa toda faceira. Saia de cintura alta, muitas pulseiras, sorriso até a orelha. No caminho até a mesa pega um sanduíche e um refrigerante. Tenho uma crise de riso e não consigo nem falar. Só consigo chorar, de rir. A dona da festa nos olha meio espantada. Deve estar pensando “quem é essa outra estranha?”  Valdéa não está entendendo nada. Quando enfim consigo contar o equívoco, Valdéa arregala os olhos, olha para o sanduíche, olha para a cara da dona da festa, olha pra mim.
- Que merda!! E agora ?
Chamei a dona da festa e nos explicamos, pedimos mil desculpas e disse que ia pegar minha neta e no retirarmos. A mãe do aniversariante, um menino de quatro anos, foi muitíssimo simpática. Convidou-nos para continuar na festa porque o que ela mais queria era que houvesse muitas, muitas crianças na festa e como minha neta já estava brincando, gostaria que ela permanecesse na festa. O pai do menino também foi muito atencioso e reforçou o convite.

Fiquei meio sem graça e tentei tirar Maria da brincadeira. Quem disse que ela aceitou sair? Tinha arrumado uma amiguinha pra lá de levada. Queria ficar e dançar o funk das poderosas. É, não vai ser fácil arrancar ela daqui.
Resolvi ficar, já tinha dado vexame mesmo, um pouco mais um pouco menos, não faria diferença. Valdéa também ficou, acho que com pena de me deixar sozinha. Passou alguém na mesa e perguntou: 

– Quer que coloque os presentes na caixa?
- Nãããooooo! É para uma menina de um ano.

Tivemos que explicar. O que esse pessoal vai pensar, quando formos embora levando os presentes? Duas loucas. 

Rosani ligou: - Ângela, onde vcs estão?
- Na festa do menino fã do Batman.
- Tá brincando, vcs ainda estão aí? Vcs são malucas e eu sou ainda mais louca por andar com vcs!!!

Saímos da festa depois dos “parabéns”. Maria ainda entrou na fila da lembrancinha e ganhou um monte de brinquedinhos e doces. Minha neta, estava suada, pé todo sujo de andar descalça, cabelo todo desarrumado. Valeu o vexame.

No dia seguinte voltei ao mesmo local para a festa de Thais. A moça da cozinha me olhou meio sem entender. Deve ter pensado:- Essa mulher aqui de noooovo?????

08 junho, 2013

CHAMPAGNE

INFO INICIAL
Vou a França em abril. Fui a Paris há alguns anos, mas fiquei menos tempo do que gostaria. Dessa vez faremos um passeio por três regiões da França e depois retornaremos a Paris onde ficarei alguns dias.
Planejar uma viagem de férias é uma delícia, mas como tenho pouquíssimo tempo livre e como confio demais na habilidade de minhas amigas, me senti liberada dessa etapa. Espero que elas me perdoem.
O nosso grupo  quase o mesmo da viagem a Toscana em 2011. Jussara não irá dessa vez e uma nova integrante fará parte do nosso grupo, minha amiga Valdéa. Espero que ela goste da turma e que minhas antigas companheiras também gostem dela.
Uh, uh, férias!!!! Tem coisa melhor?

19.04.2013
Eu e Valdéa saímos de Macaé por volta do meio-dia. Nosso voo é a noite, mas com o trânsito infernal da BR-101, melhor não bobear. Logo que chegamos ao aeroporto, encontramos com o restante da turma. Espero que Valdéa goste das “tigronas”. É sempre mais confortável viajar com velhos conhecidos, mas isso não garante que essa será sua melhor companhia para uma viagem. Eu, particularmente, prefiro viajar com pessoas com interesses iguais aos meus ou, pelo menos, parecidos. Nesse grupo tenho a sorte de ter bons amigos e ótimas companheiras de viagem.
Seremos seis nessa viagem: Andréa, Adélia, Kátia, Fatima, Váldea e eu - as tigronas. Pensando bem, seremos sete mulheres porque a Juliete (nosso GPS que tem voz feminina) é praticamente uma companheira de viagem. Dizemos que ela é irmã de sangue de Andréa porque o GPS pertence ao pai dela. Mete-nos em algumas roubadas, como por exemplo, ruas estreitas demais para o nosso carro. Adora uma estrada “bianca” (estrada branca para os italianos) e às vezes parece que está na TPM, fica muda por um tempo ou então repete seguidamente a mesma informação. Reclamamos dela, mas sentimos sua falta quando se mantem calada por muito tempo. E sejamos justas, ela está sempre certa.

20.04.2013 
    ETÓGES

Chegamos a Paris as 12 h. A mala de Valdéa custou a chegar. Temi que tivesse extraviado, seria muito azar. Enquanto esperávamos pela mala, Kátia ofereceu alguns ovinhos que sobraram da Páscoa. Andréa mais que depressa comeu um deles. Sentiu um gosto meio estranho e só então percebeu que Kátia estava descascando os ovinhos. Tinha comido o ovinho com papel e tudo. Ô fome!!! É compreensível depois de tantas horas de voo e uma noite mal dormida.
Pegamos o carro alugado lá mesmo, no aeroporto, e seguimos para o sul, em direção à cidade de Etoges onde nos hospedaremos em um castelo, o Chateau D’Etoges, na região de Champagne.
Chateaux D'Etóges
No caminho passamos por várias cidadezinhas. Todas lindas, floridas, limpas e...vazias. Parecem cidades fantasmas, nem um cachorro vadio encontramos pelas ruas, nem uma janela aberta. Será que os franceses dormem o sábado inteiro?
Resolvemos parar num lugarejo e fazer um lanche antes de chegarmos a Etoges. Não encontramos nada aberto, só uma pequena boulangerie (padaria). Arrematamos os poucos pães que estavam na vitrine e deixamos para trás a cidade fantasma.
Chateaux D'Etóges







Chegamos ao hotel no finalzinho da tarde. O Chateau, que já foi residência dos reis da França, fica numa cidadezinha pequena e antiga. É imponente, uma bela construção.
Tínhamos feito uma reserva para o nosso primeiro jantar nesse hotel e o jantar foi exceleeeeente! Começamos bem.




21.04.2013   
REIMS
Chateaux D'Etóges
O dia estava frio, por volta de 8 graus. Nos agasalhamos e saímos para iniciar nossa peregrinação pelos "caminhos santos", as caves. Adélia caprichou no chapéu, uma graça. Adoro chapéu, mas fico parecendo um abajur.
Reservamos o dia para conhecer duas cidades próximas: Epernay e Reims. No caminho avistamos uma pequena multidão. Pensamos – “é domingo, podem ser fiéis que estão saindo de uma igreja”.  Alguém sugeriu que poderia ser um enterro. Por via das dúvidas, paramos para conferir. Era uma feirinha de antiguidades. Acho que a cidadezinha inteira, por falta de algo melhor para fazer naquela manhã de pouco sol, foi passear na feirinha. 

Olha o modelito para ir a Feira!

Procurávamos um lugar para tomar o café da manhã. Compramos alguns pães numa boulangerie, que não serve café, atravessamos a rua e fomos para um bar. É difícil achar algum lugar aberto num domingo nessas pequenas cidades. Acredito que na alta temporada mais estabelecimentos fiquem aberto, mas agora... O café quente e gostoso me aqueceu a alma. Não me dou bem com o frio, fico meio travada.
Reims

Reims

Chegamos a Reims e fomos conhecer a Catedral de Notre Dame de lá. Antigamente os reis da França eram consagrados aqui nessa cidade. Por isso, essa catedral tão grande e tão bonita. Rodamos pela cidade vazia olhando as construções e as praças com alguns canteiros já bem floridos. Seguimos para a Maison Pommery, uma das mais famosas produtoras de champanhe da França. Visitamos as caves subterrâneas, quilômetros de corredores escuros e úmidos. Um lugar meio lúgubre.

Jardim da Maison Pommery

A guia que nos acompanhou só falava inglês e, sendo assim perdi parte da história, mas entendi que a viúva Madame Pommery depois da morte do marido, foi  a grande responsável pelo sucesso dessa casa. Depois de beber algumas doses do     champanhe fica fácil de entender porque essa bebida é sinônimo de luxo e sofisticação.

Já era noite quando chegamos em Epernay. Caminhamos pelo centro da cidade a procura de um restaurante. Essa tarefa é fácil por aqui, não tivemos dificuldade. Amanhã retornaremos, a peregrinação está só começando.

22.04.2013   REIMS

Antes de ir para Epernay fizemos nosso petit dejeuner (café da manhã) num pequeno restaurante em Etóges, lugar aconchegante com um grande fogão a lenha.
 
Nessa região existem várias caves de marcas importantes, escolhemos a mais famosa delas, a Maison Moet Chandon. A produção dessa casa começou em 1743 com a família Moet que mais tarde juntou a marca o nome Chandon, nome do marido de uma das herdeiras Moet. A parceria prosperou e tornou-se o sucesso que é hoje. Um de seus produtos mais conhecido é a champanhe Dom Perignon.
Lembrei-me de quando criança lia livros de bolso que eram do meu irmão, com a história de “Gisele, a espiã nua que abalou Paris”. Eram histórias de espionagem do pós-guerra e a bebida predileta da belíssima espiã Gisele era a champanhe Dom Perignon. Não resisti e comprei uma garrafa de Moet Chandon para rechear a minha mala.


Notre Dame de Reims
Fomos passar o resto do dia em Reims. A cidade hoje estava animada, nem parecia a mesma que visitamos ontem. A praça central é cercada por bares e restaurantes, todos cheios de gente. Jantamos por ali, no centro do buchicho.
Sugestões:

Restaurante ‘Le Saint Julien” Rue Eugène Desteuque - Tel 03 26 88 32 38 – Reims

07 junho, 2013

BORGONHA



23.04.2013                              

Piquenique
Saímos cedo em direção a Beaune. No caminho paramos para um piquenique. Ao longo das estradas francesas existem vários lugares destinados a uma parada para descanso. São locais arborizados com mesinhas para piquenique e banheiros. Paramos em um deles, escolhemos uma mesa no sol, solzinho tímido, mas que ajudava a esquentar,  arrumamos os belisquetes, as bebidas e fizemos nosso piquenique.
Fome saciada, voltamos pra estrada e deixamos a região de Champagne. 
Piquenique

Entramos na região da Borgonha. Ao lado das estradas, vinhedos a perder de vista. As folhas estão começando a brotar. Em alguns vinhedos só vemos aqueles tocos pretos, sem uma folha sequer. Daqui há um mês deve estar tudo verdinho.

Ah! Os vinhos da Borgonha! Acho que por aqui não tem vinho ruim. Até o ruim é bom.

Paramos no Chateau  Du Clos de Vougeot para nossa primeira degustação. Normalmente chamam de chateau o castelo, que é a sede da propriedade, o vinhedo, a adega e a cantina. O Clos de Vougeot é um belo exemplo desse conjunto. Assistimos a um filme sobre um jantar da "confraria dos cavaleiros da Borgonha", que aconteceu nesse chateau. É a cerimônia de admissão de um novo confrade, uma festa linda! Adoraria participar de uma festa como aquela! Veja o filme com um pouquinho da festa.

http://www.closdevougeot.fr/fr/

24.04.2013                                 BEAUNE

A cidade é uma graça. Nosso hotel fica perto do centro histórico o que é bem apropriado nesse momento, visto que no Chateau D’Etóges ficávamos distantes da cidade. Sem precisar usar o carro pra tudo, ficamos mais independentes.
Hotel Dieu - Hospício de Beaune
Visitamos o Hospício de Beaune ou Hotel Dieu fundado em 1443. Na verdade, essa construção serviu como hospital para pessoas pobres, não exatamente loucas. Hoje é um museu, com salas que guardam o mobiliário da época e algumas figuras de cera que representam as freiras e pacientes daquela época. É interessante, e de certa forma assustador, constatar a precariedade dos instrumentos e dos métodos utilizados naquela época. Tudo era muito rudimentar, servia apenas para minorar o sofrimento das pessoas. Nada mais que isso.
A capela era praticamente uma continuação da enfermaria, o que possibilitava aos enfermos, ouvirem as missas. Acho que fazia parte do tratamento....

Se o tratamento era rudimentar, outros detalhes, no entanto eram bem adequados, acho eu. Os médicos consideravam a água impura porque não havia nenhum cuidado na preservação dos rios. Sendo assim, eles recomendável que ao invés de água, os doentes tomassem vinho. Não é ótimo?
Hotel Dieu


Outro detalhe que achei interessante foi como o hospital tratava seus dejetos. Em uma das salas tem um vão no chão, que permite ver um riacho que passa embaixo do hospital. Para esse riacho eram direcionados todos os dejetos. Não é uma solução ecologicamente correta, mas considerando que se trata do século XVI, XVII e que os hábitos europeus de higiene não eram exatamente um modelo a ser seguido, foi uma solução razoável. Os povos do oriente médio eram muitos mais avançados, nesse quesito.

Os palácios europeus daquela  época não tinham banheiros. Os excrementos do Palácio de Versailles, por exemplo, ficavam armazenados nos corredores até que um decreto do rei determinou que eles deveriam ser recolhidos pelo menos uma vez por semana e descartados fora do palácio. Imagine, uma vez por semana! No restante do tempo aquele visitante indesejado ficava  exposto nos corredores.
Sempre que visito algum Palácio, procuro pelos banheiros e no máximo vejo uma latrina. Uiiiii, que nojo!!!! 

Conversando com Fatinha, que é enfermeira e professora, ela diz que provavelmente os doentes não iam para esse hospital a fim de serem curados. Iam para receberem algum conforto até morrer e apenas os muito pobres ficavam ali. Os ricos eram tratados em casa.

















































Em seguida fomos ao Museu do Vinho. Fico pensando em como o europeu tira proveito de coisas aparentemente insignificantes. Juntam umas peças aqui, um móvel ali, umas máquinas, algumas fotos antigas, um pouco de história e...Bum!!! Surge um museu. E algumas de nossas cidades no Brasil, com tanta coisa para contar deixa a história se perder. A minha cidade que vive em função da produção de petróleo já não poderia ter um museu do petróleo? Tem acervo pra isso, com certeza. Tão abandonada pelo poder público deixou toda sua história arquitetônica ir pelo ralo, ou melhor, ir para o bolso dos especuladores do ramo imobiliário.

"Oh! que saudades que tenho, da aurora da minha vida, da minha infância querida que os anos não trazem mais! Que amor, que sonhos, que flores, naquelas tardes fagueiras à sombra das bananeiras, debaixo dos laranjais! "  Casimiro de Abreu

Acho que me sinto um pouco saudosa, como o poeta, quando me lembro da minha cidade de tempos atrás. E uma certa tristeza quando vejo cidades com mais de quinhentos anos com tanto da sua história preservada.

Nada disso, porém, tira-me a fome. À noite, nos agasalhamos e saímos para saborear as delícias da Borgonha. O vinho é ótimo, mas a comida também não fica atrás.

Ovos en meurette, boeuf bourguignon, coq au vin e outros tantos pratos que não lembro o nome.  Esse ovo poche com bacon e pequenas cebolas roxas é de comer rezando. O ovo que comi era cozido num creme de aspargos frescos (Cocotte d'Oeuf au Lard et Crème d'Asperges, sucette de Parmesan), uma delícia! Depois do ovo poche ainda me arrisquei num risoto de camarão super apimentado (Risotto et Gambas poêlées aux Tomates, Basilic et Pétales d'ail). Como só uso pimenta malagueta no dia a dia, aquela pimenta foi forte demais pra mim. Senti certo mal-estar e não terminei o prato nem o vinho. Nada demais, logo em seguida melhorei.











Sugestões:

Restaurante “Le P’tit Paradis - Rue du Paradis, 25 – tel: 03 80 24 91 00 – Beaune – Leptitparadis@orange.fr

25.04.2013                               DIJON

Enquanto tomávamos o café da manhã no hotel conversávamos sobre o nome que davam para a casa de nossas amigas no Rio de Janeiro. Uma mora na Barra da Tijuca (PL – pousada longe.) outra mora no Recreio (PLPC – pousada longe pra caralho). O apartamento da que mora no Jardim Botânico poderia ser chamado de CDJ – Chateau D’Jardin. Pelo jeito, a minha casa que fica em Macaé seria a MFM- muquifo no fim do mundo.

Saímos para Dijon. Tivemos alguma dificuldade em encontrar a estrada certa e aí "Juliete" nos levou para uma estradinha. De um lado e do outro da estrada, um campo florido coberto de florezinhas amarelas (canola). Aproveitamos para nos enfiar no meio das flores e tirar muitas fotos. “Eu também quero!!!” Essa frase é muito dita e ouvida sempre que percebemos que uma de nós tirou uma foto num point legal.


Pegamos a rota dos vinhos (estrada N-74), região de Vosne-Romanée. Paramos em uma Cave e compramos alguns vinhos da Borgonha. A uva Pinot Noir é a única uva usada na produção do vinho dessa região, não misturam com nenhum outro tipo de uva. O vinho é um pouco mais claro e mais suave. Eu gosto.

Continuamos na rota dos Grand Crus (a mais alta categoria) e o Romanée Conti é o mais cobiçado deles. Iniciamos uma missão quase impossível, achar a Maison do vinho Romanée-Conti. Se o Renato Machado (da Globo) teve dificuldade, imagine nós, seis mulheres desorientadas. Não há uma placa, uma seta, nada....nada que indique onde fica esse lugar. Pedimos informações, mas elas não eram precisas. Parece que o Romanée Conti não quer ser encontrado.

Romanée Conti
Enfim chegamos o mais perto que é possível chegar da Maison Romanée: o vinhedo com um muro de pedra e uma pequena placa com o nome do famoso vinho. Quanto à garrafa do Romanée Conti que vem junto com outros 11 vinhos Grand Cru, é preciso pelo menos um ano na fila e pelo menos 3.000,00 euros para adquirir uma delas.  Imagine quanto custa se embebedar com esse vinho? Lula pode, nós não. Fatinha, apreciadora de um bom vinho, fala indignada: “ele nem sabe distinguir o Romanée Conti de um Sangue de Boi (sangue de boá, com pronúncia francesa)”.


Paramos para almoçar na cidade de Fixin. Surpreendeu-nos o serviço de um restaurante de uma cidade tão pequena como essa. Realmente os franceses não descuidam do ritual. Eles seguiram todo o procedimento que os melhores restaurantes cumprem à risca. Entrada, primeiro prato, queijos e sobremesa, tudo servido com capricho e certo requinte. Os franceses realmente nunca misturam a entrada com o prato principal, como nós fazemos, e comem o queijo antes da sobremesa.
O garçom que ajudou a servir nossa mesa era bem novinho e foi muito educado. Quando estávamos no estacionamento, próximo ao restaurante, o jovem garçom em trajes usuais, passou por nós fumando um cigarro. Estava quase irreconhecível sem a roupa de trabalho. Fatinha o reconheceu e chamou-o pelo nome. Disse-lhe que era feio fumar, ele riu e seguiu em frente.

 DIJON 

Dijon
Caminho das Corujas de Dijon






Dijon


























Em meio aos vinhedos, seguimos para Dijon.
Das cidades que visitamos até agora, essa é a mais cosmopolita. As construções antigas são bem conservadas e muito bonitas. 
Visitamos alguns pontos turísticos, tudo no centro histórico. São várias catedrais, museus e casas bem antigas. O roteiro pode ser feito acompanhado as corujas coladas no chão. A coruja é o símbolo dessa cidade. O dia estava bem quente, a maior temperatura que pegamos até agora. Sentamos em um restaurante numa sombra gostosa. Tomei uma cerveja, a única que tomei até agora. Depois comprei algumas mostardas, é claro, não poderia sair de Dijon sem levar algumas de suas famosas mostardas.
Já era noite fechada quando chegamos em Baune, o que significa dizer que já era mais de 22 horas. Estávamos sem disposição para caminhar até o centro, que é perto, mas a preguiça era grande. Resolvemos ir de carro e, quando entramos em uma rua depois do hotel, descobrimos um lugarzinho cheio de bares e restaurantes, bem próximo do hotel.

Entramos em um pequeno restaurante, e nos arrumaram uma mesa numa sala cheia de jovens que comemoravam o aniversário de uma menina. Fiquei com medo que começassem a fumar. A garotada fuma muito e, até pouco tempo atrás, aqui na França era bem comum fumarem dentro dos locais fechados. Acho que isso está mudando, até agora não vi ninguém fumando dentro dos restaurantes.

É o seguinte: boa aparência não é garantia de comida de qualidade, e vice-versa.
O restaurante simplesinho não “prometia”, mas a pizza estava deliciosa e o vinho também.

Sugestões:

Restaurante Chez Jeannette 
Rue Noisot , 7 – Fixin – tel 03 80 52 45 49 

Hotel Ibis Styles Beaune Centre 
7, Boulevard Perpreuil - Beuane