01 janeiro, 2013

NOVA IORQUE

Info inicial

No aeroporto
Resolvi que esse ano iria pela primeira vez aos Estados Unidos. Conhecer esse país não estava na minha lista de prioridades mas algumas amigas me convidaram e não resisti; viajar é uma  tentação.

Combinei, inicialmente com Adélia, que iríamos no início de outubro. Um problema de coluna tirou Adélia de combate e tive que mudar minha programação.

Uma outra amiga, Núbia, tinha uma viagem pra Nova Iorque com um grupo de amigos, programada para início de dezembro/2012. Fiquei com medo da temperatura nessa época do ano, frio não é muito minha praia, mas decidi ir assim mesmo.

Não procurei saber quais pessoas  farão parte desse grupo; gosto de surpresas. Sei apenas que irão Simone, dona da Map Viagens, uma agência aqui de Macaé, Núbia e mais 14 pessoas.

29.11.2012
Simone contratou uma Van que nos levará ao aeroporto no Rio de Janeiro. Pouco antes da hora marcada para partir, resolvi pegar uma vassoura e varrer algumas folhas que estavam sobre os degraus da entrada da minha casa. Infeliz ideia. Tive uma contratura muscular (acho que é esse o nome), uma dor violenta na altura da lombar. Quase não consegui subir a escada na hora de sair. Por sorte meu marido estava em casa e subiu as malas até o carro.

César, Edna e Breno
Na Van encontrei Simone, Cesar e a esposa Edna. Com a Simone já mantive contato telefônico e na agência. O casal ainda não conhecia, são bem simpáticos. No trajeto descobri que ambos gostam de surfe. Em seguida chegou Núbia e depois Lenise, que será minha companheira de quarto. Quanto a Lenise, sinto como se já a conhecesse porque temos uma amiga em comum, Valéria Borges, que trabalhou comigo durante alguns anos e é uma amiga querida. Pelo caminho mais três casais se juntaram a nós: Alves e Rita, Thing e Simone, Soraia e Salem.

No aeroporto o grupo ficou completo com a chegada de Breno, Claudio e Laise. Breno é um rapaz de uns vinte poucos anos, filho de Edna e Marcus. É o caçulinha dessa turma de 15 pessoas.
No grupo tem 5 médicos e 3 dentistas. Com certeza não faltará remédio para minha dor nas costas, médicos invariavelmente carregam vários remédios quando viajam.

A viagem foi tranquila, mas “puxa vida”, quando dou a sorte de ter uma cadeira vazia ao meu lado e a chance de conseguir dormir deitada (sentada não consigo) a dor nas costas não permite. Passei a noite em claro; já estou acostumada. A maioria dos meus companheiros dormiu bem; alguns não dispensam um remedinho para essa ocasião. Acho que vou acabar aderindo.

Parte da turma no Central Park
Chegamos a Atlanta onde faremos uma conexão. O aeroporto é bem grande e pegamos um trenzinho para chegarmos ao nosso terminal de embarque. Quando entrou no trem Lenise percebeu que havia esquecido a bolsa na imigração. Retornou e encontrou sua bolsa intacta. Esse foi o primeiro contratempo, mas certamente outros virão, sempre acontece.

30.11.2012
Chegamos à Nova Iorque e o Roberto, um guia brasileiro que mora aqui há muitos anos, nos levou até o hotel. No caminho foi nos dando algumas informações úteis sobre a cidade e, principalmente, sobre as regras adotadas pelos hotéis.

O Hotel Milford Plaza, (700 8th Ave New York,(212) 869-3600) tem quartos pequenos e o banheiro também, mas é limpinho e atende a meu nível de exigência que, atualmente, não é dos mais rigorosos. É muito bem localizado - sua principal qualidade - fica a duas quadras da Times Square e ao lado de vários teatros da Broadway.
Lenise e eu acomodamos nossas malas e saímos para iniciarmos nossa jornada junto com restante da turma. Antes, porém, fomos almoçar no restaurante Brazil Grill, bem perto do hotel. O lugar é agradável, tem vários pratos bem brasileiros e o preço é justo. Tomei uma caipirinha - que bom encontrar meu drinque predileto mesmo fora do Brasil - e comi um Churrasco de Fraldinha com purê de batata e cogumelos com molho de alho. Agora estou pronta pra bater perna apesar da noite não dormida.

Tá bastante frio e com o cabelo curtinho que uso agora, minhas orelhas estão congelando. Simone me emprestou um protetor de orelha e isso me salvou.

Times Square

Chegamos a Times Square, que não é uma praça muito menos uma rua. É na verdade um cruzamento de algumas ruas que formam um largo. Imaginava que esse lugar seria algo como o Piccadilly Circus de Londres. Que nada!! É muito mais iluminado e a quantidade de letreiros luminosos com movimentos dão uma dinâmica interessante a esse local.

Uma escada que leva nada a lugar nenhum fica lotada de gente que quer se ver num enorme painel refletido na parede de um prédio. A imagem das pessoas que estão na escada é refletida no prédio atrás da escada, e todos ficam ali a olhar aquela parede, dando tchau e fazendo poses para os flashes de suas próprias máquinas. E não são apenas os adolescentes que sobem a escada, tem muito marmanjo disputando espaço para tirar foto. Oh, my God !!!

Começamos nosso roteiro de compras. Não há como resistir e sair impune dessa cidade que é a Meca do consumo. Comecei a procurar pelos itens da minha longa lista de encomendas. Nunca antes tive tão grande número de encomendas e provavelmente não ocorrerá novamente. Quando vou a Europa isso não acontece, mas parece que os Estados Unidos provocam um desejo incontido de consumir e os preços, é claro, são bem mais em conta.

Entramos e saímos de várias lojas, olhamos inúmeras vitrines e admiramos as decorações natalinas nas praças, nos prédios. Uma multidão seguia o mesmo roteiro. De repente tive a sensação que não havia americanos por ali, apenas turistas do mundo inteiro. Parece-me que a maioria dos turistas que vem a Nova Iorque, assim como nós, não consegue perceber muito do modo de vida americano, engolidos que somos pelos roteiros óbvios.

Voltamos para o hotel caminhando devagar, olhando as vitrines famosas e as decorações de Natal.

01.12.2012
Saímos logo cedo para um tour pela cidade com o mesmo guia brasileiro que nos buscou no aeroporto. Nosso guia foi falando de cada prédio importante à medida que avançávamos. São tantos prédios e tão altos que é quase impossível olhar para o alto de todos eles. A dor no pescoço não permite.

Central Park

No Central Park paramos para tirar algumas fotos. As árvores estão peladas, parecem esturricadas, mas ainda assim é um belo parque. Deve ser lindo no outono, gostaria de passear de bicicleta por todo ele, fazer um piquenique no gramado, sentar em um banquinho e ficar vendo as pessoas passarem... Não será dessa vez. Com esse monte de roupa fica inviável pra mim, andar de bicicleta e tudo o mais. Imagino que o parque coberto de neve também deve ser bem bonito. Seria tão bom se nevasse...já que tenho que suportar o frio melhor seria se também nevasse, mas acho que não vai acontecer.

O guia constantemente mostrava um prédio onde algum famoso tem residência. E como tem famoso nessa cidade!!! Parece que também se tornaram ponto turístico. Fico pensando se no Rio de Janeiro algum guia mostra a casa de fulano ou beltrano. Acredito que não, o Rio tem tanta beleza natural que não sobra espaço pra celebridade.

Passamos pelo Harlem. Parece que o bairro dos guetos, do tráfico de drogas e da violência que conhecemos nos filmes, já não existe mais. Mais a imagem que vejo é bem parecida com a que tenho na memória: pequenos prédios com mais ou menos cinco andares com aquelas escadas de incêndio que ficam na parte da frente da construção. Lembrei-me do Harlem Globetrotters. Lembram daquela equipe de basquete que dava show? Nem sei se ainda existem. Será que eram desse bairro? É provável que sim. Nosso guia informou que esse lugar está passando por uma revitalização e que a violência diminuiu muito, o que tem atraído novos moradores para o bairro. Os imóveis são cada vez mais procurados visto que na parte mais nobre de Manhatann os aluguéis são exorbitantes. Não vi muitos atrativos que justifiquem um retorno ao bairro, talvez uma missa gospel, quem sabe?

Times Square

Passamos pelo local onde ficavam as torres gêmeas. Construíram um memorial que, claro, é disputadíssimo pelos turistas. Pelo que li a respeito, esse memorial consiste em uma grande cascata contornada por um muro de granito com o nome de todas as vítimas do atentado. Também não sei se volto até aqui. Já fui ao campo de concentração de Auschwitz, mas agora não tenho vontade de visitar lugares lúgubres.
Paramos próximo ao píer onde é possível embarcar para um passeio até a estátua da liberdade. O passeio dá direito a visita à pequena ilha onde fica a estátua e a outra ilha onde está o museu do imigrante. A estátua está passando por uma reforma, por conta dos estragos provocados pelo furacão Sandy. Considerando que só poderemos dar uma volta em torno da ilha - por causa da reforma -, que uma pequena neblina cobre parte da visibilidade e que tá um frio danado, decidi: vou dispensar Miss Liberty. Fica para a próxima.

Por falar no furacão, a única coisa que vi do estrago que ele fez foi uma árvore caída sobre um carro, perto do aeroporto. E olha que faz pouco mais de um mês que tudo aconteceu! Em Macaé, uma ressaca destruiu parte do calçadão da orla há dois anos e até agora nada foi refeito. Que pena da minha cidade!!!

Seguimos com o ônibus para a Rua 25 esquina com 5ª Avenida, entre a Eataly e o Empire State. Adorei esse negócio de rua e avenida numeradas. Dá super certo pra gente se localizar e calcular distâncias; quase não precisei usar o mapa.

Empire State ao fundo
Optamos por ir primeiro para a (ou o, não sei bem) Eataly. O lugar parece com um grande mercado gastronômico, cheio de bancas de queijos, defumados, legumes, etc...Tem também bares, restaurantes, sorveterias, cafés. Tudo com produtos italianos ou feitos à moda da Itália. Adorei isso aqui. Vou voltar outro dia para almoçar.

Fomos às compras e deixamos o Empire State para o dia seguinte.

Entramos em tanta loja ontem e hoje, impossível lembrar-me de todas. Da Apple lembro-me bem. A entrada fica dentro de um grande cubo de vidro com a maçã mordida suspensa no ar. Uma escada leva para o subsolo, uma sala enorme com muita gente e muitos atendentes. Os apaixonados por novas tecnologias não deixam de bater ponto aqui. Pensei em comprar um Iphone, influência dos meus filhos e das noras, mas resisti. Por aqui é bem mais barato, mas ainda assim é caro para o uso que eu faria dele. Telefone, pra mim, basta falar. Não ligo para fotos nem acesso internet pelo celular, isso faço no computador. Pode ser que algum dia isso me interesse, mas atualmente não sinto falta dessas facilidades. Resultado, se eu comprar vou acabar subutilizando o aparelho.

À noite fomos assistir a um espetáculo da Broadway, “Mamma Mia”. É um musical baseado nos grandes sucessos do grupo ABBA. Adorei!!! Como não sou fluente em inglês, perdi parte da história, mas é alegre, colorido e as músicas são bem conhecidas e gosto de todas. 

No retorno para o hotel comemos um cachorro quente de barraquinha de rua com tudo o que temos direito. Uma salsichona apimentada com uma mostarda deliciosa e outras “cossitas mas”. Muito bom!!!

No termômetro de rua, a marca de 2 graus.

02.12.2012

Hoje é Domingo e vou fazer um programa diferente, algo que eu não tinha incluído no meu roteiro. Vou com Simone, Cesar e Breno, assistir uma partida de basquete do New York Knickes no Madison Square Garden.

Com preguiça de caminhar algumas quadras, resolvemos ir de metro. Chegando à plataforma de embarque ficamos em dúvida sobre a direção correta. Breno, que fala bem o inglês, pediu informação a duas moças que estavam por ali; elas disseram que a plataforma era outra. Saímos disparados para outra plataforma. Chegando lá encontramos um brasileiro que disse que estávamos enganados e que a plataforma correta era aquela de onde tínhamos saído. César falou “Tá vendo? Isso é que dá pedir informação a duas mulheres que nem americanas são e ainda por cima....loiras!!!” Ai, ai, ai...melhor se tivéssemos ido a pé.

Chegamos ao Estádio e, ainda bem, encontramos ingresso. Passei um torpedo para o meu filho Vicente avisando onde eu estava naquele momento. Ele vai morrer de inveja.

O estádio é ótimo, tudo muito organizado. O preço do ingresso não é dos mais baratos e não conseguimos sentar todos juntos, pois não havia mais lugares disponíveis, mas tudo bem.

O show começa bem antes do jogo. As meninas animadoras de torcida começam a dançar, uns rapazes com algo que parece um atirador de foguetes, arremessam pacotes em direção à plateia. Deve ser algum brinde. Nos telões aparece vez por outra a imagem de celebridades que estão na plateia. Eu adoraria sentar próximo a Jack Nicholson. Será que ele está por aqui?




Madison Square Garden

É muito legal ver todo aquele show antes do jogo e nos intervalos.
Uma menininha cantou o Hino Nacional e, mesmo não sendo americana, senti certa emoção. Isso os americanos tem de bom, valorizam seus símbolos nacionais. O Phoenix Suns ficou atrás no placar desde o início, mas por pequena diferença. Os Knickes ganharam mais não foi uma moleza.

Acho que esse foi meu melhor programa nessa viagem.

À noite, quando íamos caminhando em direção ao hotel, passamos por uma praça onde estava acontecendo uma espécie de feira de artesanato. No centro da praça, uma grande pista de esqui. Esta deve ser mais barata que a do Rockefeller Center; está lotada. Sentamos em uma mesinha, compramos um vinho duvidoso e uma panqueca com gosto indeterminado. Aliás, todos os fast foods que comemos até agora tem o mesmo sabor de coisa alguma.
 
Começou uma chuva fininha. Nos escondemos debaixo de um guarda-sol, mas a chuva não durou muito tempo. Ainda bem, nada pior para viajantes do que uma chuva fora de hora.
 Uiiiiiiii, que frio!!!! Parece que o frio fica ainda maior perto dessa pista de gelo. Nem o vinho deu conta de me esquentar.

03.12.2012

Hoje é o dia oficial das compras (como se não fizéssemos compras nos outros dias!). Fomos ao outlet Woodbury que fica a aproximadamente 01 hora de Nova Iorque. No caminho estive reparando na paisagem em volta. Pouca variação na vegetação, sempre o mesmo tipo de árvores que nessa época, estão completamente nuas. Paisagem monótona.

O local é agradável, com as lojas distribuídas em construções como se fossem pequenas casas. Goretti me recomendou “Faça suas compras lá, que é bem mais barato, e deixe para Nova Iorque apenas o que não encontrar em Woodbury”. Fico meio perdida quando tenho que procurar muita coisa com pouco tempo e muitos produtos expostos me deixam atordoada. Acabo não gostando de nada. Na loja de bolsas da Michael Kors, que a mulherada adora, não consegui gostar de uma bolsa sequer. Devo estar louca.

Lenise sentiu-se mal e parei para comer alguma coisa junto com ela. Depois segui novamente para o circuito de lojas e abandonei Lenise, que disse que estava melhor. No meio do caminho me bateu certo remorso por deixa-la sozinha. É horrível estar sentindo-se mal, fora de sua casa, e não ter ninguém por perto.

Comprei dois pares de tênis pra meu filho, tamanho 46. Só eles dois vão encher o fundo da minha mala. Comprei pouco se comparado com a maioria. Núbia chegou carregada. Ela não deixa de levar presente pra ninguém: todas as tias, sobrinhos, pai, mãe, secretárias, etc. Sobrou presente até pra mim, um chaveirinho com meu nome. Fico imaginando como ela vai dar conta de tanta bolsa para arrastar no fim da viagem.

Levamos um tempão no retorno, por causa de um enorme engarrafamento. Isso não é coisa só do Brasil, o trânsito por aqui também é um inferno.

No final da noite fomos jantar no restaurante “Olive Garden”. Comi um espaguete com tomilho fresco, tomate e camarão. Bom prato e preço razoável. O vinho Toscano de uvas Sangiovese casou bem com a massa. Lembrei-me da viagem a Toscana no ano passado. Que viagem boa foi aquela!!!
Lenise, Simone e Núbia

Lenise, Ângela e Simone
04.12.12

Fomos até a loja Best Buy comprar jogos e eletrônicos. Comprei um videogame para minha neta e na hora que fui sacar o travel card, cadê? Perdi o danado do cartão, coisa que nunca me aconteceu antes. Resolvi ir até o hotel, que fica perto, pegar o cartão reserva e cancelar o cartão principal. Núbia aproveitou pra voltar comigo e comprar o ingresso para o show do Fantasma da Ópera; eu fui para o hotel e ela para o teatro. 

No quarto do hotel peguei meu cartão reserva. Tentei ligar para a administradora do cartão, mas não consegui. Núbia resolveu passar no hotel, bateu na porta do meu quarto e avisou que estaria no seu quarto e que eu passasse por lá quando saísse. Depois de tentar mais algumas vezes falar com a administradora, resolvi descer e tentar ligar da recepção do hotel, num telefone fixo.

Bati na porta do quarto de Núbia e ela falou:

- Ângela, tô presa no banheiro e não consigo sair. Acho que minha mala, que está no chão, prendeu a porta (a porta é de correr). Por favor, chame alguém pra me tirar daqui!!!

- Fique calma, vou procurar alguém.

Como assim, presa no banheiro do hotel? Nunca vi disso. Encontrei uma camareira no corredor e perguntei se ela podia abrir a porta. Ela disse que não tinha a chave. Na recepção do hotel encontrei o funcionário brasileiro que trabalha lá (o guia tinha falado sobre ele). Expliquei o problema da Núbia e o meu e ele resolveu os dois. Fez a ligação para a Administradora do cartão e mandou duas pessoas abrirem o quarto da Núbia.
Núbia, Ângela e Simone




















Fiquei aliviada quando cancelei o cartão e vi que não haviam utilizado meu cartão principal. Havia ainda um valor razoável pra eu gastar sem pressa.

Fiquei esperando por Núbia e nada dela chegar. Depois de uma longa espera resolvi subir até o quarto dela. Quando a porta do elevador se abre ouço Núbia gritando meu nome “Ângela, me tira daqui. Por favor, alguém me tira daqui”.

- Núbia, o funcionário da recepção mandou alguém abrir a porta. Eles não vieram?

- Sim! Perguntaram-me algo e eu respondi “Ok, all rigth estou calma”.

Caraca!!! Eles pensaram que ela havia conseguido sair do banheiro!!! Voltei à recepção e expliquei novamente ao funcionário. O pessoal que estava na fila aguardando atendimento começou a rir quando ele falou, em inglês, com outro funcionário e pediu que eu os acompanhasse.

Quando os funcionários chamaram por ela na porta, Núbia gritou:

- Help-me, estou aqui hear, quero sair daqui please!!!

Quase morri de rir com a mistura de inglês\português e com a cara de Núbia, espremida no pequeno espaço entreaberto da porta. Foi mesmo a mala que escorregou e prendeu a porta.

Sorte da minha amiga ter me avisado quando chegou no hotel. Caso contrário ela ficaria presa no quarto por um bom tempo, talvez o dia todo.    

A noite, Núbia e eu, fomos assistir ao “Fantasma da Ópera”. O teatro era maior do que o da outra peça que assistimos e estava lotado. O estilo é bem diferente do “Mamma Mia”, mais efeitos especiais, mais riqueza de detalhes. Um espetáculo!!! Quanto a música, prefiro as da primeira peça.

05.12.12

Programamos ontem que começaríamos o dia visitando o Central Park e depois o Museu de História Natural. Mudamos de ideia com relação ao museu e resolvemos dar um passeio de charrete. Queríamos uma bem bonita, mas nenhuma daquelas com manta para cobrir as pernas estava por ali. O preço é meio salgado para um passeio de 20 minutos, mas fazer o que “quem vai ao inferno tem que beijar o capeta”. E lá fomos nós, a passos lentos, ou melhor, num trote lento, lentíssimo. Nesse ritmo não vamos percorrer nem uma quadra desse parque. Não deu outra, em vinte minutos ouvimos o lenga lenga do cocheiro latino e não vimos quase nada do parque. Tiramos as fotos de praxe e fomos bater perna.

Vamos escapar da tentação das lojas e quitar algumas pendências do roteiro que estava programado. Compramos passagem de um ônibus turístico que percorre toda a cidade. São três linhas que você pode utilizar por dois dias. Passa em todos os pontos turísticos e uma das linhas vai até o Brooklin. Só tínhamos um dia, portanto dispensamos o Brooklin. Pegamos o primeiro ônibus que parou no Central Park. Subimos para o segundo piso do ônibus, nos acomodamos e colocamos o fone de ouvido. Tudo isso com algum sacrifício: tira luva, bota luva, ajeita o protetor de ouvido, prende o cabelo por causa da ventania. Ufa!! Vida de turista não é fácil!


Guia no passeio de ônibus
Quando enfim conseguimos nos equipar descobrimos que o áudio era só em inglês. Veja só, nunca vi disso, um ônibus para turistas onde se fala apenas uma única língua! Daí percebemos que não era uma gravação, mas uma americana típica ia falando sobre os lugares à medida que o ônibus avançava. Diga-se de passagem, a guia era um “ponto turístico”, uma negona com pinta de cantora de jazz, simpaticíssima. Ela falava dobrando a letra “r” de algumas palavras, tipo: centrrrral park, brrrrrroadway. De vez em quando cantarolava baixinho entre uma fala e outra, uma comédia.

Núbia e Simone queriam ir até Memorial das torres gêmeas e para isso trocamos de ônibus. Lenise e eu resolvemos não subir para a parte de cima do ônibus, o frio era muito e trocamos a redução na visibilidade pelo calorzinho no interior ônibus. Subi para avisar as companheiras que nós duas não desceríamos no Memorial. Quando cheguei à parte de cima e fiquei de pé tentando localizá-las, levei a maior bronca do guia:

 -“Sit dow, sit dow”, ele gritou.

Quando percebeu que eu era brasileira, falou:

- Quer ser decapitada? E apontou para um semáforo que passava pouco acima da minha cabeça.

Sentei imediatamente. Ele prosseguiu falando alto com Núbia e Simone, agora em excelente português. Falou que elas deveriam fechar a boca porque estavam engolindo muito vento. As duas, como boas brasileiras que são, falavam sem parar, daí a bronca do gringo. Antes de sairmos elogiei o português impecável do guia. Ele respondeu que falava apenas algumas palavras e que descobriu isso quando uma agência de viagens de Fortaleza reclamou com a sua agência sobre o trabalho que ele prestou para um grupo de brasileiros. Disse que eles queriam um guia brasileiro e não um americano que falasse português. Pensei cá com meus botões “o problema não foi língua, deve ter sido o gênio ruim dele”.

Núbia e Simone desceram no Memorial; Lenise e eu seguimos no ônibus. Andamos um pouco mais e cansamos do passeio. Saímos para o ar puro, a liberdade e...adivinhe para onde fomos? Acertou quem disse “para as lojinhas”!!! Nada de museu, nada de Empire State (tem névoa lá em cima, não dá pra ver nada) partimos direto para a perdição nas Macy’s, Victoria Secret’s, e Sephora.

Mais tarde fomos almoçar no Eataly, aquele mercado italiano que tínhamos visitado dias atrás. Escolhemos o restaurante La Pizza& La Pasta. Enfrentamos uma fila de espera, mas valeu a pena. Comi um espaghettone com um molho de queijo, acho que um pecorino, e bem apimentado. Uma delícia!!

Antes de sair comprei um pedaço de queijo Gran Padano e um presunto de Parma para um piquenique no quarto de Simone e Núbia. Já no quarto, juntamos ao queijo, presunto, um pacotinho de um belisquete e um vinho safado que compramos na véspera. Ficamos ali comendo e jogando conversa fora, falando da nossa vida até o sono chegar.

06.12.12


Nosso vôo será à tarde; sairemos do hotel por volta 11:15 h, o que significa que ainda dá tempo de comprar algum presentinho. Saímos para o café como se já estivéssemos no Brasil, sem as luvas, o protetor de orelha, o cachecol. Tivemos que voltar e pegar todos os apetrechos porque estava um frio danado, muito vento e uma temperatura baixíssima.  


Na chegada ao Rio um casal do nosso grupo foi escolhido pelo serviço de alfândega para passar em revista as malas. Resultado, tiveram que morrer numa grana para levar as mercadorias que trouxeram. Sempre me esforcei para ficar dentro da cota, mas convenhamos, ficar dentro dos U$ 500,00 vindo dos Estados Unidos é muito difícil.

Saímos de Nova Iorque com uma temperatura de -2 graus e chegamos ao Rio numa temperatura de mais o menos 40 graus.

Adoooooooro 40 graus!!!!!!!!!

 Considerações Finais

Vou ter que vir a NY novamente e da próxima não vou perder tempo com as “lujinhas”. Nada de compras...só um pouquinho.

Boa parte do sucesso de uma viagem depende da companhia. Não se trata da empresa contratada, falo das pessoas que nos acompanham. Nesse quesito não tenho do que reclamar, tudo correu muito bem. Como éramos um grupo grande, acabamos nos aproximando mais de uns do que de outros, mas nas oportunidades em que estávamos todos juntos a convivência foi muito agradável.

 A presença de Núbia contribuiu muito para que nossa viagem fosse mais divertida. Ela é uma pessoa extremamente generosa, ótima profissional, competente e responsável. Mas, vou lhe contar, é desligada pra caramba (mais do que eu), apronta cada uma! 

No retorno, New York parte 2, vou passear de bicicleta no Central Park. Ouvi dizer que tem um tour de bicicleta que sai da margem do rio Hudson e passa por vários lugares interessantes e acompanhado por um guia especializado. É esse tour que quero fazer. Quero também visitar algum museu interessante, conhecer a vista panorâmica do Empire State, visitar a Central Station, visitar as galerias de arte do Soho, assistir a uma missa gospel no Harlem, ir a Boston e talvez Washington, etc....

Imagine, não consegui sequer conhecer um americano arrogante!!

Árvore do Rockefeller Center
Houve um momento em que me senti uma estranha no ninho. Quando fomos ver a enorme árvore de natal que fica em frente ao Rockefeller Center, aquela do filme “Esqueceram de Mim”. De repente me vi em meio a uma multidão que se espremia para tirar uma foto da bendita árvore e entre aqueles inúmeros flashes, estava também o da minha máquina fotográfica.  Eu, imbecil que sou, disputando espaço por causa daquela árvore fake. Se ainda fosse um imenso jequitibá, uma palmeira imperial, um ipê roxo (coisa mais linda), um pé de seriguela (adoro essa fruta). Essas árvores sim devem ser muito bem cuidadas e até reverenciadas. Mas essa árvore falsa, que deve consumir uma energia filha da puta, é um point disputado a tapa para uma foto.

O My God, esse maldito espírito de manada que nos domina. Acho que eu tenho uma boa dose de senso crítico, (devo ter menos do que imagino) e ainda assim me deixo levar pelo senso comum. Imagine então, quem durante a vida não é estimulado a criticar, tem medo do julgamento dos colegas, da família...esse não bota a cara fora da manada de jeito algum!!! Até porque, se as suas conclusões são baseadas na sua própria experiência e não naquilo que está pré-estabelecido, você corre o risco de ser excluído do grupo, ser olhado com desconfiança e estranheza. Nem sempre é fácil.

Mas voltando a “superfície”; tenho certeza que as lojas não são o melhor ponto turístico da cidade, mas tenho que voltar para confirmar.