28 agosto, 2013

TIRADENTES-2013


16.08.2013
Consegui convencer meu marido a fazer uma viagem de final de semana a Tiradentes/MG. Isso merece uma comemoração, pois conseguir tirá-lo da sua rotina cotidiana é coisa rara. Meu filho mais velho e sua esposa resolveram nos acompanhar.
Na sexta-feira, bem cedinho, pegamos a estrada. Levei o GPS de uma amiga para que meu marido se familiarizasse com o aparelho e, quem sabe, se animasse a comprar um. Sei não, do jeito que ele é resistente a novidades tecnológicas vai colocar mil defeitos. Já fomos outras vezes a Petrópolis e Itaipava de carro, que é parte do trajeto para Tiradentes, mas acho que não fizemos a configuração mais adequada do GPS e na ida ele nos indicou um atalho errado.

Embrenhamo-nos pelo interior de Magé e pegamos uma estradinha sinuosa serra acima até chegar a Petrópolis. Haja braço para manobrar aquela caminhonete por tantas e tantas curvas. Passamos por alguns vilarejos que parecem perdidos no tempo, ou melhor, com uma calma que se perdeu nas cidades um pouco maiores. E tome subida!!! Lá se vai minha esperança que ele aceite o GPS.
Atrasou um pouco a viagem, mas tudo bem, esses enganos fazem parte. Até que o “véio” foi bem, chegamos a Tiradentes no início da tarde e Vilson não me parecia cansado.

Sempre que chego a Tiradentes lembro-me da primeira vez que aqui estive há mais de 30 anos atrás. Quanta coisa mudou! Eu fiquei mais velha e Tiradentes....mais nova. Naquela época encontrei uma cidade antiga e histórica, mas com uma aparência decadente. Hoje tudo é muito diferente. O turismo, que é a fonte principal de renda da cidade, depende da boa conservação do seu casario e da preservação de suas características de cidade colonial.
O ouro que deu origem a cidade, acabou. Hoje o “ouro” é o turismo e não parece que vai acabar tão cedo.

Depois do almoço e de um cochilo pra descansar da viagem fomos, eu e Lívia, caminhar pela cidade. Subimos até a igrejinha Nossa Senhora das Mercês que foi construída pelos negros e pertence a irmandade dos pretos, segundo informação da funcionária pouco simpática que estava na entrada da igreja. É bem pequena e simples, mas tem a sua graça.
A cidade está lotada e é assim em todos os finais de semana do inverno. Viemos preparados para muito frio, mas nos surpreendemos com uma temperatura bem amena. Meu marido, com seu mau humor costumeiro, reclamou das ruas de pedra:
- Isso aqui tem mais pedra do que a rua das pedras de Búzios. Será que foi Dom Pedro que mandou colocar? Deve ter sido pra sacanear os escravos.

Subimos até a Matriz de Santo Antônio. A subida cansou, mas a igreja vale a pena, mesmo estando já fechada. É pena que os três não a vejam por dentro, eu me lembro de como é bonita e quanto há de ouro nos seus ornamentos. A maior parte do ouro que saía daqui foi enfeitar igrejas da Europa e é mais do que justo que a Matriz de Tiradentes possa ostentar o ouro que estava tão próximo, na Serra de São José. 
Percorremos as ruelas, subimos e descemos ladeira, entramos nas lojinhas e nos rendemos ao mais agradável dos pecados capitais: a gula. Descemos a ladeira e fomos passando por vários restaurantes. O que não falta nessa cidadezinha é restaurante, alguns bem convidativos. Fomos caminhando e ouvindo o som das músicas que tocavam nos bares: Bossa Nova, MPB, Música Latina. Até música gospel, porém um gospel mais atual sem aquela influência do gospel americano.
Paramos no restaurante Mandalum, no Largo das Forras onde também fica nosso hotel. Tem várias sopas no cardápio. Lembrei da que comi na última vez que estive aqui e resolvi repetir a dose. Pedi um prato que minha mãe chamava de "péla égua": uma canjiquinha bem cozida com costelinha de porco.  Pra acompanhar, uma caipirinha deliciosa.

À noite a temperatura caiu um pouco mais. Ótima noite para dormir enroladinho.

17.08.2013
Fomos a Bichinho comprar algum artesanato. Espero que o preço esteja melhor do que em Tiradentes. Os dois impacientes, Vilson e Vicente, já queriam parar na entrada do lugar e ficar por ali mesmo. Ô falta de curiosidade!






Eu e Lívia fizemos pressão e obrigamos pai e filho a seguir em frente. Entramos em alguns ateliês e outras tantas lojas. Comprei pouca coisa, meu lado consumista está bem controlado. Vilson comprou mais do que eu, quem diria!!!
Na última loja da estrada encontrei os tapetinhos que eu queria. Almoçamos no restaurante Tutu na Gamela, comida caseira com preço justo.

No final da tarde pensei em ir ao Museu da Liturgia, mas cheguei tarde, o museu fecha às 17 h. Fica para a próxima.
À noite fomos assistir a uma apresentação musical chamada “Alma Brasileira”. O evento faz parte de um projeto cultural na área da música que leva essas apresentações a cidades do interior de Minas Gerais. É um grupo legal: violão, violoncelo, piano, flauta, clarineta e uma cantora lírica. O teatro do SESI não é grande, mas é confortável e tem acústica excelente.

Notei que Vilson estava virando a cabeça para um lado e outro com frequência. Não é que ele está gostando!!! Estranho...essa não é a “praia” dele. Perguntei:
- Porque você está se mexendo tanto?

- Estou fazendo uma fisioterapia musical para minha artrose na cervical. Tá funcionando...
Ehhhh, logo vi.

Terminamos a noite comendo uma pizza feita no forno de pedra no restaurante "Jardins de Santo Antônio". Hummmm, muito boa!!!

18.08.2013

Pensamos em sair mais cedo de Tiradentes, mas dormimos demais. Passei boa parte da viagem pegando no pé de Vilson para que ele não corresse demais. Sou medrosa quando se trata de velocidade e ele exagera um pouco. Pra mim, entrar numa curva a 120 Km ou mais, é impensável.

Ao passar por Barbacena avistei o restaurante "Cabana da Mantiqueira" e me dei conta que nunca mais voltei a essa cidade onde passei bons momentos da minha juventude. As vezes sinto vontade de entrar até a cidade, mas acho que vou achar tudo muito estranho. Sabe aquela música de Lulu Santos "....nada do que foi será, de novo do jeito que já foi um dia, tudo passa tudo sempre passará...". Pois é, acho que não vou encontrar a mesma cidade que está na minha memória. Melhor não ir.

A viagem seguiu tranquila e chegamos em Macaé no início da noite. Foi um fim de semana legal.


07 agosto, 2013

Festa de Aniversário


Sou uma distraída incurável.
Erro data, troco nomes, já peguei objetos de amigas pensando que eram os meus (óculos, bolsa, celular, máquina fotográfica,etc...). Já fui a casamento errado e já velei morto desconhecido achando que era um amigo falecido que estava em outra capela.
Nos últimos tempos tenho me comportado razoavelmente bem, até que na última semana tive uma recaída.
Há uns vinte dias atrás recebi por e-mail o convite de aniversário da netinha de minha amiga Rosani. Deixei o convite na minha caixa de entrada para não esquecer. Na semana passada ligo para Valdéa para conversar sobre um cruzeiro que faremos em fevereiro. No final do papo Valdéa me pergunta:
-Vc vai ao aniversário de Thais?
- Vou. Que dia é mesmo?
- Sábado agora, as 17 h.
- Tá legal, nos vemos lá.
Liguei para minha nora e avisei que no sábado levaria minha neta Maria Alice na festinha.
Conforme combinado peguei minha neta e fui para o salão de festas. Maria, três aninhos, está naquela fase que adooooora festa. Foi pulando pelo caminho até chegarmos ao local da festa. Entrei e vi que apenas um casal de idosos ocupava uma mesa, todas as demais estavam vazias. Maria disparou em direção ao pula-pula.
Quando uma mulher que trabalhava no Buffet saiu da cozinha, perguntei:
- Estranho já passa das 18 h e até agora não chegou nenhum familiar?
- A festa está marcada para as 19.
- É isso! Enganei-me com o horário, achei que fosse as 17 h. 

Culpa de Valdéa, filha da mãe, me informou a hora errada. Liguei pra ela:
- Valdéa, ainda está em casa? Estou aqui na festa e não chegou ninguém.
- Estou na casa de Valéria. Já tô chegando aí. 

As pessoas foram chegando. Maria arrumou uma amiguinha e estava se esbaldando nos brinquedos. Reparei que o tema da decoração era o Batman, tudo preto e azul – que estranho, festa do Batman para uma menina de um ano? 

Sento-me em uma mesa, o garçom me entrega um copo de cerveja, e fico aguardando Valdéa. Uma moça simpática se aproxima e me pergunta:

- Vc é mãe de alguma das crianças da creche?
- Não, sou amiga da avó de Thais.

A moça se afasta com uma cara estranha.

Gente, e eu lá tenho cara e idade pra ser mãe de criança que ainda frequenta creche? 

Meu Deus!!!! Thais não está em creche, à festa começava as 19 h, decoração do Batman. Tô no lugar errrraaaado!!!!! Ligo pra Rosani:

- Rosani, qual o local da festa de Thais?
- Num salão de festa na rua em frente ao salão M Beauty. Buffet da Fátima.
Pensei um pouco – o salão fica numa esquina, a rua que estou fica em frente ao salão, mas tem uma rua ao lado. Deve haver outro salão na rua ao lado. 

- Rosani? Acho que já sei, tô indo pra lá.
- Hellooooo  Ângela. O aniversário é amanhã. Tá maluca? 

Puta que pariu!!!! Vou matar Valdéa!!!
E lá vem Valdéa toda faceira. Saia de cintura alta, muitas pulseiras, sorriso até a orelha. No caminho até a mesa pega um sanduíche e um refrigerante. Tenho uma crise de riso e não consigo nem falar. Só consigo chorar, de rir. A dona da festa nos olha meio espantada. Deve estar pensando “quem é essa outra estranha?”  Valdéa não está entendendo nada. Quando enfim consigo contar o equívoco, Valdéa arregala os olhos, olha para o sanduíche, olha para a cara da dona da festa, olha pra mim.
- Que merda!! E agora ?
Chamei a dona da festa e nos explicamos, pedimos mil desculpas e disse que ia pegar minha neta e no retirarmos. A mãe do aniversariante, um menino de quatro anos, foi muitíssimo simpática. Convidou-nos para continuar na festa porque o que ela mais queria era que houvesse muitas, muitas crianças na festa e como minha neta já estava brincando, gostaria que ela permanecesse na festa. O pai do menino também foi muito atencioso e reforçou o convite.

Fiquei meio sem graça e tentei tirar Maria da brincadeira. Quem disse que ela aceitou sair? Tinha arrumado uma amiguinha pra lá de levada. Queria ficar e dançar o funk das poderosas. É, não vai ser fácil arrancar ela daqui.
Resolvi ficar, já tinha dado vexame mesmo, um pouco mais um pouco menos, não faria diferença. Valdéa também ficou, acho que com pena de me deixar sozinha. Passou alguém na mesa e perguntou: 

– Quer que coloque os presentes na caixa?
- Nãããooooo! É para uma menina de um ano.

Tivemos que explicar. O que esse pessoal vai pensar, quando formos embora levando os presentes? Duas loucas. 

Rosani ligou: - Ângela, onde vcs estão?
- Na festa do menino fã do Batman.
- Tá brincando, vcs ainda estão aí? Vcs são malucas e eu sou ainda mais louca por andar com vcs!!!

Saímos da festa depois dos “parabéns”. Maria ainda entrou na fila da lembrancinha e ganhou um monte de brinquedinhos e doces. Minha neta, estava suada, pé todo sujo de andar descalça, cabelo todo desarrumado. Valeu o vexame.

No dia seguinte voltei ao mesmo local para a festa de Thais. A moça da cozinha me olhou meio sem entender. Deve ter pensado:- Essa mulher aqui de noooovo?????