11 junho, 2014

REPÚBLICA DOMINICANA - PUNTA CANA

Essas férias serão diferentes. Sempre volto das férias mais cansada do que no início da viagem. Isto porque percorremos várias cidades, algumas vezes em mais de um país. É carro, avião trem, desce mala, sobe mala... Ufa!!!  

Dessa vez  abrirei a mala e só fecharei 6 dias depois. No sétimo dia, outra cidade, abro a mala e fecho 5 dias após para retornar ao Brasil. E pronto. 

O grupo também é menor, somos três: Váldea, Cecília (sobrinha de Valdéa) e eu. 

Ainda não conheço Cecília, sei que é novinha, vinte poucos anos. Espero que ela não tenha uma grande expectativa de agito e badalação. Eu e Valdéa somos “coroas” animadas, diga-se de passagem, mas não dá pra competir com uma menina cheia de disposição. 

04.05.2014 

A viagem foi tranquila. Tivemos uma conexão em Bogotá e em seguida partimos para Punta Cana. Nunca tinha viajado pela Avianca e gostei do espaço entre as poltronas, me senti confortável. Continuo sonhando com a primeira classe, única chance para mim, de conseguir dormir num voo. 

Punta Cana Airport
Não vi a fachada do aeroporto de Bogotá (El Dorado), mas o interior é bem adequado. O Free Shopping de Bogotá tem várias lojas enquanto o nosso Galeão tem apenas uma tímida lojinha. Que raio acontece no Brasil? Nossos aeroportos, rodoviárias, portos, etc... são quase sempre vergonhosos.  

Cinco horas e meia até Bogotá e mais três até Punta Cana. Chegamos no final da tarde ao aeroporto mais pitoresco que já vi.

Já anoitecia quando entramos no Resort Paradisus. O recepcionista nos atendeu e informou que nossa reserva não era naquele hotel, mas em outro melhor. Vixe!!! Melhor que esse? Já estávamos achando isso tudo aqui uma maravilha! 

Um carro, tipo trenzinho, nos levou ao nosso hotel. Que delícia de lugar! Tudo muito arborizado, uma brisa suave, gente bonita e bronzeada passeando tranquilamente. 

O nosso hotel fica dentro do mesmo local que o outro hotel onde chegamos. Não entendi muito bem. É um hotel dentro de outro hotel?  

Fomos recebidas com champanhe e nos foi apresentado um concierge que ficaria encarregado de atender todos os nossos “desejos”. Ulalá!!!! Quanta mordomia!

Nosso apartamento é muito confortável. São dois quartos e um terceiro com armários, hidromassagem e uma varandinha para relaxar. Muito bom! 

05.05.2014  

Aqui vai ser o lugar perfeito para ficar de pernas pro ar. Nada de lojas, não vou conhecer lugares históricos, pontos turísticos e certamente não vou conhecer muita coisa da cultura da República Dominicana. É curtir a natureza e descansar.

Trenzinho
Logo que acordamos partimos para conhecer o melhor do Caribe: a praia. Embarcamos no trenzinho que circula o tempo todo e que leva os hóspedes para todos os pontos do Resort. 
Pássaro preto comendo no prato
De longe já avistamos a praia de águas azuis turquesa, areia branquinha, coqueiros, espreguiçadeiras. É o Paraíso!!!!

Foi um pouquinho difícil achar cadeiras que ficassem embaixo de um dos muitos quiosques espalhados pela areia. O ideal é chegar um pouco mais cedo, mas é férias.... Encontramos o nosso lugar na sombra e partimos para a água. Delícia!!! É morninha, na temperatura certa; o difícil é voltar para a areia e abandonar essa sensação relaxante.

De vez em quando passa algum garçom oferecendo bebidas, tudo “all inclusive”.

Já disse que isso aqui é o paraíso?

Na areia algumas mulheres de topless; no mar kitesurf, caiaque e pessoas voando naqueles paraquedas puxados por barcos. Senti vontade de voar no paraquedas. Vontade é coisa que dá e passa. Vai passar, eu sei. 

Demos uma caminhada e vimos que os resorts se sucedem. Olhando assim, parece-me que são uns 10 km de praia. Pode ser ainda maior porque estamos numa pequena enseada e deve haver mais resorts na parte invisível para nós. Entramos em um que fica ao lado do nosso (não lembro o nome), porém bem mais simples. Váldea falou que esse aqui é o piscinão de Ramos.


Mais tarde fomos almoçar no restaurante que reservamos para aquele dia. São vários restaurantes no resort: Mole, Passion, La Palapa, Aqua, Fuego...são dez ao todo.  Comida mexicana, mediterrânea, internacional, latina, etc... Escolhemos para hoje o restaurante Aqua de comida mediterrânea.  Ótima comida, bom vinho chileno. Acho que o ideal é fazer a reserva dos restaurantes no check-in, porque os shows no teatro acontecem por volta das 21:30 h. Se não reservar com antecedência, corre-se o risco de só conseguir horário antes das 19 ou depois de 21:30 h. 

Cerveja Corona - Huuuum!!!
Do almoço fomos para a piscina particular do nosso hotel. Ficamos por ali tomando banho, bebendo “pina colada” e olhando os hóspedes de vários lugares do mundo. Muitos russos por aqui. Acho que depois de tantos anos sem poderem sair da Rússia agora vão à forra, estão em todos os lugares.

Váldea mergulha na hidromassagem da nossa suíte e não para de cantar. Entre uma frase e outra da música, ela grita, e faz uma pergunta que dá sequência a próxima frase. Acho que isso é coisa de pagodeiro. Ela fez isso até o final da viagem e, quando percebemos, eu e Cecília estávamos repetindo a mesma doideira. 

Jantamos no restaurante Vento, comida mediterrânea moderna. Porque “moderna” não sei, mas gostei, mesmo ignorando o tema.

06.05.2014

Mais praaaaiiiiiiaaaaa. E muitas fotos, e mais uma piscina linda que descobrimos hoje. Depois do almoço deitamos em uma espreguiçadeira para três pessoas e dormimos o sono dos justos. Na sombra, o vento fresco, o barulhinho das ondas e o ronco de Valdéa. Disse a ela que não dá pra roncar muito por aqui porque está roncando em dólar. Ela só não, eu também.

No final da tarde vamos pegar umas bicicletas para rodar pelo resort. Nos trenzinhos passamos sempre pelos mesmos lugares e a pé não dá para andar tudo. Até daria se o dia não fosse tão quente. 







Jantar Oriental
O jantar dessa noite foi no restaurante Bana, de comida japonesa. Aguardamos por alguns minutos no lounge até que reunissem um grupo suficiente para completar a mesa onde um chef iria preparar os pratos na nossa presença. Podíamos optar por uma mesa comum no salão maior onde seríamos servidos à la carte. Escolhemos a primeira opção. Enquanto esperávamos conhecemos um casal de brasileiros muito simpáticos. Já estavam lá há uma semana, ficariam onze dias. Conversa vai, conversa vem, começamos a desconfiar que o cara é um mentiroso. Váldea passou a chamá-lo de Astrogildo (somente entre nós) que é o nome de algum mentiroso que ela conhece. Aliás, ela tem o hábito de apelidar as pessoas comparando com familiares, amigos e artistas. É um tal de Miguel, tia Silvia, Caçulinha, e mais outros trinta nomes. Cada um com uma história engraçada ou triste. Pela quantidade de memórias que tem, ela deveria escrever um livro. Na verdade, acho que daria uma trilogia - Memória de uma doidivanas I, II,III

Quando completou o número de pessoas, entramos. Uma mesa grande com 15 lugares. Em uma das laterais da mesa ficam os instrumentos de trabalho do chef. Éramos 5 brasileiros, 4 franceses e 3 poloneses. O chef foi preparando a comida, fazendo algum malabarismo com as facas e outros apetrechos e explicando em inglês e espanhol. Escolhi de entrada uma sopa de peixe que estava muito gostosa. Depois comi um yakimeshi razoável (o do Sansai é melhor) e depois outro prato com carne; acho que era um sukiyaki.

Em dois bares tem música ao vivo. O que fica próximo ao lobby principal tem música animada e dançarinos que depois da 23 h vão dançar na boate.

No final da noite fomos à boate. Não tinha muita gente, mas estava animado. Tocaram muita música thecno, algo parecido com merengue, e pelo menos uma música brasileira: Lepo Lepo.

Astrogildo apareceu por lá com um casal de jovens e um coroa japonês que “ataca” todas as mulheres desacompanhadas. E gosta de dançar, o japa. Astrogildo já havia comentado sobre o japonês: “cuidado que ele não pode ver uma mulher sozinha que logo convida pra dançar”. Achei o velho bem animadinho e com ritmo. Se ele fosse um pouquinho mais alto e com uns 8 anos a menos, eu é que o convidaria pra dançar.

07.05.2014

Contratamos dois passeios. Um a ilha Saona e outro ao parque Dolphin Island Park, de golfinhos e tubarões.

Quando chegamos ao parque caía uma chuvinha. Fomos ao local onde acontece um show com leões marinhos. Tiramos fotos com um leão marinho que nos dá um beijo no rosto, molhado e catingoso. Eca!!!

Em seguida fomos para os tanques dos golfinhos. Caminhamos por um deck de madeira até um grande tanque (são vários) que ficam dentro do mar. Eles são fechados com telas e a água do mar circula por dentro deles. No trajeto passamos pelo tanque de tubarões. Algumas pessoas estavam lá dentro. Nesse aí não entro de jeito nenhum. 

Colocamos os coletes salva-vidas e entramos na água. Tivemos que nadar um pouco até o local onde os treinadores indicaram. Aí começa o show dos golfinhos. Os treinadores nos ensinam cada gesto que devemos fazer para que os golfinhos entendam o que estamos indicando. Nos destacamos do grupo e fazemos um dos gestos. Ele vem em nossa direção por baixo d’água - senti quando passou próximo das minhas pernas – e pula por cima da nossa cabeça. Depois, um novo gesto e ele passa ao nosso lado, seguramos na barbatana e ele nos arrasta até próximo ao deck. Um outro movimento e ele sobe meio corpo acima da água e nos oferece a barbatana como se fosse um bracinho. Em seguida encosta o bico na nossa boca para dar um beijinho. Uma graça!!!! Valdéa disse que ele se parece com tia Silvia porque fica balançando a cabeça para os lados.

Nunca pensei que nadaria com golfinhos. Éééé... a vida é uma surpresa.

A chuva acabou. Voltamos para o hotel bem a tempo do almoço. Escolhemos o restaurante de comida internacional. É muita comilança, gente! Vai ser preciso muita disciplina para eliminar os quilos a mais. Uma coisa que notei foi que, apesar da bebida já estar incluída (a maioria delas) não vi muitos bêbados. Apenas dois cambaleantes que, por sorte, não estavam dando vexame nem enchendo o saco de ninguém.

Hoje andamos de bicicleta. O Resort tem também uma reserva ecológica e, por isso vemos tantas aves por aqui. Os flamingos ficam andando no lago ao lado dos restaurantes, tem um pássaro parecido com anum que invade nosso café da manhã, e araras que ficam comportadas enquanto somos fotografadas com elas.

Todos os dias vemos algum lugarzinho sendo arrumado para uma cerimônia de casamento. Eles têm um serviço especial para esses eventos, que são muitos, me parece. Agora, o que vimos hoje, eu ainda não tinha visto. O casamento de duas mulheres. Uma vestida de terninho e a outra de mulherzinha.

Estavam tirando fotos em vários lugares. Em determinado momento ficaram próximas a uma das entradas do lobby principal onde estávamos deitadas em um balanço. Vi que as pessoas passavam e ficavam olhando meio espantadas. Sei que essas cerimônias estão se tornando habituais mas ainda vai levar um tempo para nos habituarmos.

Valdéa informou que se arranjar um noivo vai querer casar aqui. E vai trazer toda a família. Brinquei com ela:

- Só se Paulo Roberto bancar essa despesa (o diretor da Petrobras que está preso por formação de quadrilha)!!!

À noite fomos ao teatro assistir um show de dança caribenha e depois circulamos por uma feirinha de artesanato. Muita biju com uma pedra típica da região - a Larimar, tabaco, bebidas, etc... O preço não é atrativo e não achei o artesanato interessante.

Demos uma passada pela boate que hoje estava bem mais animada. De novo encontramos com Astrogildo e esposa, o casal de jovens e o japa. Acho que eles vão à boate todas as noites. Eu e Cecília dançamos um pouco e Valdéa ficou “mirando”. Tocou Michel Teló e todos cantavam a música dele.

08.05.2014

Cecília pegando no pé de Valdéa, que adora a prainha de Arraial do Cabo:

- Dinda Déa, você agora vai achar a prainha de Arraial do Cabo, tão feinha. Que lugarzinho mais mixuruca!

Realmente não dá pra competir, mas a prainha tem seus encantos e é tão pertinho!!! Nosso passeio de hoje a ilha Saona, foi cancelado por conta de uma greve dos empregados dos barcos. Não deu para transferir para outro dia porque amanhã iremos embora. Que pena, dizem que a ilha é linda. Temos que voltar aqui para quitar essa pendência!

Dia livre para caminhar pela praia, provar novos aperitivos no bar, descobrir novos lugares. Todo dia descobrimos algo novo. Sei que vamos embora sem ver e aproveitar tudo que o resort oferece. 

09.05.2014 

Resolvemos tirar algumas fotos com um profissional do hotel. Na verdade Cecília queria as fotos e nós embarcamos na ideia, sem muita convicção. Fotos de biquíni nem pensar!!! E lá fomos nós. O fotógrafo dava ordens e obedecíamos:

- “Deita no chão, vira a cabeça pra direita, encolhe a perna, levanta o queixo”.

Estava me sentindo uma idiota fazendo aquele monte de poses. Não vou comprar nenhuma foto, pensei.












Fomos para a praia. Cecília tirou a blusa e foi para água. Tirou foto de todo jeito. Em pé, sentada, deitada. Ela poooode!!!

Quando olhei Cecília deitada na areia, falei com Valdéa: “Se tirarmos fotos aqui vão dizer que são as fotos da sereia e das baleias”. Ô cara de pau, fomos fotografadas na areia, na água. Um horror!!!!

Devolvemos as bicicletas e fomos preparar nossa bagagem, almoçar, fazer o check-out. E partir para Bogotá.

As fotos ficaram ótimas. Acho que fizeram algum fotoshop nas minhas fotos de biquíni. A barriga parecia bem menor.

No final do dia partimos para a Colômbia.

Adiós Punta Cana, hasta luego.

A Sereia








As Baleias







As Baleias

Recomendações:

Resort Punta Cana Paradisus



28 maio, 2014

CARTAGENA

Chegamos a Cartagena no início da madrugada. A noite estava quente, abafada. O aeroporto é bem próximo da cidade e rapidamente estávamos no hotel.

O hotel é bem simples e o quarto apertadinho. Depois de todo aquele conforto em Punta Cana estou me sentindo meio claustrofóbica nesse quartinho. Optamos por ficar hospedadas na parte antiga da cidade e os hotéis aqui são pequenos, não há prédios e as construções antigas foram adaptadas para receber os turistas.

10.05.2014 

Ao sair do quarto pela manhã percebi que o calor abafado continuava. Tomamos o café da manhã num pátio interno do hotel. As mesinhas ficam ao ar livre e numa parede lateral desce uma cortina de água que ajuda a refrescar o ambiente.

Pátio interno do  hotel
Quando terminamos o café aguardamos por Elvira, funcionária da GEMA turismo, que está nos dando suporte nessa estadia. Essa agência cuidou do translado do aeroporto e nos vendeu dois passeios: um tour pela cidade e um passeio de charrete. A Elvira é bem simpática e eficiente e nos deu algumas orientações importantes.
Saímos para a rua e começamos a procurar as lembrancinhas de viagem – isso é inevitável – pois em Punta Cana praticamente não compramos nada porque não há o que comprar. À medida que caminhávamos pelas ruas estreitas, os vendedores ambulantes iniciavam o ataque. Parece exagero, mas foi assim que nos sentimos, tamanha era a quantidade e insistência dos vendedores. O calor, os ambulantes, as frutas e doces expostos ao sol naquele calor equatorial e uma provável queda de pressão, me deram uma sensação de frustração que não me lembro de ter sentido em nenhuma outra viagem. Puxa vida, tinha uma grande expectativa em conhecer essa cidade. Alguns amigos que já estiveram aqui falaram tão bem desse lugar!

Igreja San Pedro de Claver
Escolhemos almoçar no restaurante San Pedro que fica em frente à Catedral San Pedro de Claver. Antes visitamos o museu que fica na catedral, mas não conseguimos ver muita coisa. O calor e o cheiro de mofo não permitiram.
Esse restaurante foi indicação de Adélia, então a comida deve ser boa. O ambiente é claro e aconchegante e a temperatura aqui dentro, uma delícia!!!

Restaurante San Pedro
A comida não decepcionou, estava ótima.
Retornamos ao hotel para aguardar o guia que vai nos levar para o tour. Começamos o passeio pela cidade antiga que é cercada por uma muralha. Passamos por um centro de artesanato chamado Bóvedas que foi um antigo presídio, atravessamos pela porta do El Relógio, saída principal da cidade antiga, e nos deparamos com o Porto. Acho que é um porto só para pequenos barcos e barcos de passeio, pois os navios grandes estão ancorados em uma área mais distante. Nesse porto estão ancorados dois barcos piratas, tipo “pirata do Caribe” que devem servir para visita de turistas. Fora da muralha fica outra cidade, a moderna, com arranha-céus e hotéis das grandes redes hoteleiras mundiais. O declínio do poder das Farcs está permitindo que a Colômbia floresça e se mostre diferente para o mundo, mudando aos poucos a imagem de um país conivente com o tráfico de drogas. Acredito que o tráfico continue, não estou tão bem informada, mas os sequestros acabaram, o que é um alívio para nós turistas.

Adorei esse chapéu

O mar aqui na cidade não é grande coisa, a areia é escura e a água também. Isso eu já sabia e não foi surpresa. Mar azul do Caribe só nas ilhas próximas daqui. Optamos por não fazer nenhum dos passeios para as ilhas porque já aproveitamos bastante o mar em Punta Cana.

Subimos uma colina até o ponto mais alto da cidade. Lá em cima, no Convento de La Popa, se avista toda a cidade. Dali é possível ter uma noção de como se distribuem as classes sociais nessa cidade: do lado direito fica a cidade nova com seus prédios e mansões luxuosas; à esquerda a cidade antiga cercada pela muralha; abaixo os bairros proletários.

Barco pirata para turistas

O guia é meio chato, pegajoso. Quer muito nos agradar e aí passa do ponto.

Levou-nos, em seguida, para conhecer o Forte San Felipe de Barajas, uma fortaleza do século XVII que fica no alto de um morro. Quando saímos do carro (de 23º para 40 º) vimos que as pessoas subiam a pé até o forte, num caminho que vai serpenteando até chegar lá em cima. Brochamos na hora. Não sei Cecília, mas eu e Valdéa amarelamos. Nesse calor não dá, só se for a noite. Fiquei com pena de não ver os túneis que foram os responsáveis pelo fato da cidade não ter sido conquistada apesar de ter sofrido vários ataques. O guia deve ter nos achado muito “frescas”.
Depois ele nos levou ao bairro da Bocagrande. É o bairro mais moderno e, provavelmente, o mais caro. Aqui a praia é bem frequentada, embora a cor da água não seja convidativa. As barracas de praia não são como as nossas, redondas. Elas parecem com uma cabaninha. Em seguida o guia nos levou a uma loja\museu de esmeraldas. Algumas peças são realmente lindas. Uma delas lembra muito uns brincos maravilhosos que a Angelina Jolie usou na entrega do Oscar. Infelizmente não é para meu “bolso”. Na verdade, não sei se são caras porque não compro joias e, então, não tenho referencial para comparação.

Chegamos ao hotel no final da tarde, tomamos um banho, descansamos um pouco e saímos para passear. Meu Deus, essa é a Cartagena que me falaram! Essa cidade floresce à tardinha e a noite.
Sabe aquela brisa fresquinha que balança o vestido leve, enrolando-o em nossas pernas? É um vento safado, gostoso. Agora eu consigo admirar os balcões de madeira, coloridos e floridos, o rico artesanato local, o povo mestiço e simpático. As ruas estão cheias de turistas, vendedores ambulantes, tudo junto e misturado. Dentro das antigas construções funcionam lindas sorveterias, restaurantes, pequenas lojinhas e lojas de grifes internacionais. Nas praças, o povo local ocupa os muitos bancos de madeira, e conversam, riem e parecem tranquilos e sossegados. Fazem-me lembrar da minha infância, quando tínhamos pouco dinheiro, mas o futuro não era uma grande preocupação. Os adultos também sentavam nas calçadas nas noites de verão e enquanto conversavam, nós, as crianças, brincávamos. Acho que os adultos não se preocupavam tanto com as opções de mercado de trabalho para os filhos, com a mensalidade da escola, do plano de saúde, etc... A vida era muito mais simples.
Jantamos num pequeno restaurante perto do hotel. A comida não era nenhuma maravilha, mas a limonada com côco é espetaaaacular!
Cheguei ao hotel com outro espírito, achei até que o quarto era maior. 

11.05.2014

Tenho comido no café da manhã uma espécie de panqueca feita de fubá (recheada com queijo, presunto, tomate), típica da Colômbia. A Arepa, como é conhecida aqui, é bem gostosa, mas um pouco pesada para comer no café da manhã. Acho que num lanche à noite ficaria excelente.
Continuamos nossa caminhada pelo centro histórico. É preciso caminhar com calma, parando a todo instante para admirar uma porta bonita, um balcão florido, janelas coloridas. É uma cidade muito charmosa.
Enquanto escolhíamos colares de uma ambulante da praça, vi um homem de meia idade sentado em um café, vestido com um terno de linho branco, chapéu panamá e um charuto entre os dedos. Tomava o café devagar em meio a fumaça do charuto. Parece Anthony Hopkins no filme Hannibal, numa cena que se passa em um café de Florença na Itália. Um charme só!!

Há muitas lojas que vendem roupas de linho, o que é bem apropriado para esse clima. Na rua vejo muitas pessoas vestindo roupas de linho. Uma amiga, que é negra e interessada na cultura afro, diz que na África até bem pouco tempo atrás, alguém para ser considerado bem situado na vida tinha que vestir roupas de linho. Só os pobres usavam aquelas belas roupas coloridas.

Palenqueiras


Tiramos fotos com algumas “palenqueiras”, vendedoras de frutas e doces, vestidas com roupas bem coloridas que lembram um pouco nossos vestidos de festas juninas. São as prima-irmãs das “baianas” de Salvador. Para retribuir a interrupção pelas fotos, comprei algumas frutas – nada é de graça – cortadas em pedaços, meio quentes por causa do calor.

Fomos até o Hotel Santa Clara, antigo convento que a rede Sofitel transformou em hotel. Entramos para conhecer, apenas a recepção e o pátio interno que fica na parte frontal do hotel. No restante não é possível entrar, área só para hóspedes. É um lindo hotel.
Resolvemos passar à tarde num shopping e fazer as últimas compras (duvidoooo!)
Quando perguntei ao taxista o valor da corrida ele falou, olhando para frente: -“ cem mil pesos”. Comentei:
- “Tão caro?” Peguei a nota de cem e entreguei. Ele virou para trás e falou:
 -“Seis mil pesos” e me devolveu o dinheiro. Confundimo-nos com a pronúncia e a quantidade de zeros. Ontem um espertinho que estava vendendo água próximo ao forte, pegou rapidamente o dinheiro da mão de Cecília quando percebeu que a nota que ela apresentava era bem maior que o valor da água. Tenho que parar e pensar na conversão da moeda para não correr o risco de novo engano.
No final da tarde, quando começava a anoitecer, subi ao terraço do hotel. A vista daqui é interessante. Pode-se ver o terraço de outras casas e hotéis. Terraços floridos e, em alguns, uma piscina. Lá longe o mar e aqui ao lado, a torre iluminada da catedral. Linda imagem ao entardecer.
Nosso programa noturno de hoje é o passeio no “Chiva”, um ônibus aberto nas laterais, com bancos de madeiras e um grupo musical que canta e toca rumbas. Ao lado do motorista fica um animador que vai contando alguns fatos da cidade e inventando algumas brincadeiras. Os turistas, sentados lado a lado, vão cantando enquanto o ônibus percorre as ruas da cidade. O animador vai distribuindo copos de rum com coca-cola e a turma vai ficando no ponto. Somos os únicos de língua não hispânica nesse ônibus e, enquanto todos cantavam as músicas, nós fazíamos mímicas. O ônibus não oferece nenhum conforto e é um pouco cansativo para subir e descer. Mas vale pela alegria. Mais tarde todos os “Chivas” que percorrem a cidade (acho que eram uns dez) se encontram no alto da muralha e os músicos improvisam um baile. Em seguida embarcamos novamente no ônibus, comemos algumas Arepas e seguimos em frente, para uma casa noturna onde, quem quiser, pode continuar dançando rumba e outros ritmos caribenhos. Optamos por descer antes e procurar um lugar para jantar.
Ainda não me perdoo por não ter completado a noite na casa noturna. 
Baile do Rumbeiros
Seguimos a caminhar pelas ruas. A brisa safada nos acompanhava. Escolhemos o restaurante Monte Sacro, com música ao vivo e um balcão que dá para a rua. Lugar agradável, convite para um jantar tranquilo, saboreado devagar e acompanhado de um bom vinho.
Fiz um elogio ao lugar e Valdéa completou com “o sol inunda a sala, que lindos trajes seus, como preferir” E dito assim mesmo, tudo junto e sem nexo. Essa era a fala do personagem de uma novela que não sabia como se comportar numa visita a uma família sofisticada. Então resolveu usar todas as frases bonitas que conhecia logo na chegada, tudo de uma só vez. Eu também gostaria de usar várias frases bonitas para descrever a sensação relaxante que a brisa noturna dessa cidade nos transmite, mas me falta competência. É mais fácil sentir do que falar.

12.05.2014

Começamos o dia cantando um "Parabéns" para Cecília, nossa médica mais querida, que hoje faz 26 aninhos (ainda cheira a leite).

Ontem o motorista de táxi nos disse que tem uma ilha aqui pertinho que tem areia clara e água limpinha. Resolvemos fazer esse passeio já que era perto e não atrapalharia nossa programação para a tarde e noite.

Fomos para o bairro de Bocagrande onde pegaremos um barco para a ilha de Tierra Bomba. Quando o taxi parou na praia um grupo de mais ou menos  oito jovens cercaram o carro. Levei um susto, parecia um assalto. O taxista nos tranquilizou e disse que todos eram donos de barco que faziam essa travessia. Meu Deus, todos vão ficar pressionando para nos vender o passeio. Escolhi um que estava com a camisa da seleção brasileira.
E lá fomos nós. Colocamos um colete que não cheirava bem e entramos no barquinho pequeno. Perguntei quanto tempo levava para chegar lá e ele nos informou que em cerca de 10 minutos chegaríamos à ilha. Ainda bem, isso tá cheirando a programa de índio.
Já chegamos à ilha todas molhadas pelo atrito do barco com a água. Realmente a areia é mais clara, mas não chega a ser branquinha para fazer jus a chamá-la de “praia do Caribe”.
Logo que descemos à areia os vendedores se aproximaram. Difícil livrar-se deles. Escolhemos uma barraca, pedimos uma cerveja, e refri para Valdea. Esticamo-nos sob o sol para aproveitar nosso último dia de praia. Tinha pouca gente na praia, mas hoje é segunda-feira e os turistas não vêm a Cartagena para ir à praia e, se querem conhecer alguma, vão a ilha do Rosário. Essa aqui deve ser frequentada pelos locais e por turistas como nós, que se arriscam numa roubada.
Entramos na água e a sensação de “roubada” foi embora. Uma delicia quentinha, quentinha!
Antes da hora marcada o barqueiro apareceu para nos levar de volta. Como já tínhamos aproveitado o suficiente, partimos.

Café Del Mar
No final da tarde fomos ver o pôr do sol no Café del Mar, que fica no alto da muralha. Ainda demoraria uma meia hora para o pôr do sol e, enquanto isso, resolvemos experimentar algum novo drink. Daqui dá para ver boa parte da cidade e, em frente, a baía de Cartagena. Quando o sol se põe, como é de praxe, as pessoas batem palmas. É um lugar legal para esticar noite adentro, bebericando e ouvindo música.

Voltamos ao hotel onde nos aguardava a carruagem para o tour by nigth. Gosto do som das patas do cavalo batendo nas pedras da rua. Esse barulhinho parece nos transportar no tempo, para outro século.  
Passeio de coche (carruagem)
O condutor nos foi mostrando os prédios mais importantes: a casa onde morou Gabriel Garcia Marques, o teatro Heredia, uma escultura de Botero em uma praça cercada de bares com cadeiras na calçada, a muralha. Na muralha existem alguns espaços vazados, como se fossem janelas, de onde se pode ver o mar do outro lado. Nessas “janelas” os casais namoram. Deve ser bom namorar ali na muralha, se bem que namorar é bom em qualquer lugar. Eu ainda lembro....
Rodamos por uns quarenta minutos e voltamos ao hotel.
Gordinha de Botero

Fizemos uma reserva para o restaurante Vitrola, bem recomendado pelas minhas amigas que já estiveram aqui. A comida realmente é boa e os músicos tocando rumba e salsa com competência, completam o ambiente agradável.
Snif, snif!!!! Nossa viagem está terminando.

13.05.2014

Dormimos até mais tarde e começamos a nos despedir de Cartagena. Saímos para as últimas compras (duvidoooo!). Compramos as bolsas com padronagem étnica usada pela Giovana Antonelli na novela das nove. Aqui custa por volta de 35 dólares e no Brasil chegam a vendê-la por 400 reais. Depois das compras fomos almoçar, mais uma vez, no restaurante San Pedro. Pedi mais uma vez a limonada com côco; vou tentar fazê-la quando chegar ao Brasil.

No final da tarde partimos para o Brasil. A Elvira nos acompanhou até o aeroporto e só faltou levar-nos pela mão até o portão de embarque. Fez um excelente atendimento, merece recomendação.
No aeroporto de Bogotá ainda fizemos compras (não disse que duvidava?). Essas foram as últimas? Não!!!!!! As últimas serão no aeroporto do Rio, naquela lojinha tímida.

Recomendações:
Restaurantes
Monte Sacro - Centro Parque Bolívar, 33-20 segundo piso
                  Tel: (575) 660 2086

Vitrola - Centro Calle Baloco 2-01
                  Tel: 6648 243

San Pedro - Centro Histórico, Plaza San Pedro Claver, 30-11
                  Tel: 6645 121

Café Del Mar - Centro Histórico, Baluarte Santo Domingo


Agência de Turismo
Gema Tours - El Cabrero Cra, 41-202
                   Tel: 653 5800
                   elviraarellano@gematours.com

Hotel Delírio - Calle de la Iglesia, 35-27 - Centro Histórico
                   Tel: 57 5 6602404

19 março, 2014

CRUZEIRO MSC


MSC Precioza

07.02.2014

Em maio algumas amigas resolveram ir ao “cruzeiro emoções”,  projeto de Roberto Carlos que comemora 10 anos em 2014. Não sou exatamente uma fã do “Rei”, mas o convite foi irresistível. Já fiz um cruzeiro na mesma companhia de navegação, o MSC, e as amigas que irão são ótimas companheiras, portanto, não vou perder esse passeio.
Quando descobri que o embarque seria em Santos, quase desisti, mas já havia pago a primeira parcela e minha desistência iria afetar minhas duas amigas, que teriam que dividir o camarote apenas entre elas. Ainda bem que resolvi continuar!

Na ida para Santos tivemos que optar pela viagem de ônibus. Tínhamos que estar bem cedo em São Paulo e, para chegar no horário indo de avião, teríamos que ir para o Rio na sexta-feira, dormir lá e viajar pela manhã bem cedo. Optamos por um ônibus leito que saía de Macaé para São Paulo na noite de sexta e chegaria a São Paulo às 06:00 h da manhã.
Logo na saída de Macaé, cometemos a primeira distração. A empresa de ônibus para São Paulo seria a Itapemirim que estava ao lado de um ônibus da Auto Viação 1001. Resultado: pelo hábito de viajar sempre pela 1001, pra lá me dirigi e coloquei minha mala no bagageiro. Minhas amigas, tão distraídas quanto eu, fizeram o mesmo. Quando entreguei a passagem ao motorista, ele me olhou e falou:
- Senhora, esta passagem é da Itapemirim, o ônibus aqui ao lado.
- Socorro!!! Temos que tirar nossas malas do bagageiro.

Pegamos nossas malas e fomos correndo para o outro ônibus. Quando passamos pelo motorista da 1001 ele nos olhou com um sorrisinho sem vergonha. Deve ter pensado: “essas coroas já estão caducas”


08.02.2014
A viagem foi tranquila e por volta do meio-dia chegávamos ao porto de Santos. Já parei nesse porto em outro cruzeiro, mas como não desci a terra, não conheci o porto que, se não me engano, é o maior do Brasil.
Logo no chek-in tivemos um probleminha. Rosani esqueceu que deveria levar uma identidade que estivesse dentro do prazo de validade. Se não tivesse uma identidade com validade definida, deveria apresentar a carteira de motorista ou passaporte. Ela não trouxe nem uma coisa nem outra, só aquela identidade com uma foto de quando tinha uns 18 anos. Resultado: o atendente disse que ela não poderia embarcar. Rosani deve ter sido uma criança rebelde, ela não aceita um NÃO como resposta. Com cara de furiosa, foi jogando sobre o balcão todos os cartões que tinha na bolsa: cartão de crédito, de débito, da AMS, de supermercado, lojas renner, etc...
-Veja se não sou eu mesma! O que mais precisa para provar que eu sou Rosani Helena?
- Não é possível senhora, só esses três documentos são permitidos.
- Chame o seu chefe , eu quero falar com ele.

O rapaz, super paciente, saiu com os documentos. Voltou e disse que tinha conseguido autorização para ela embarcar. Ufa! Respiramos aliviadas.
Um ônibus nos levou até ao local onde o navio estava atracado. Informaram que o navio é muito grande para ficar próximo ao prédio de embarque de passageiros.

Quando fiquei em pé ao lado do MSC Preziosa e olhei para cima, é que percebi o quanto ele é realmente grande. Putz, como é enorme!!! Sinto um pouco de medo desses lugares lotados de gente. Quando soube que seríamos a bordo, contando com a tripulação, mais de 4.500 pessoas, gelei! Seja o que Deus quiser!!!
Ficamos em uma cabine com varanda. Uma delícia sentar ali, tomando uma cervejinha gelada e olhando o continente lá adiante, em um ângulo que não estamos acostumados a ver no dia a dia.  Nosso quarto é pequeno, como é de se esperar em navio, mas o tamanho é suficiente e confortável.

O navio tem 18 andares, tudo é superlativo: os corredores parecem um labirinto, são vários bares, várias piscinas, alguns restaurantes, várias lojas, cassino, discoteca, Spa, parque temático infantil, etc.... E tudo decorado com muito bom gosto. É muito brilho, gente!!! Duas escadas que saem do 5° para o 6° andar, no vão central, têm os degraus cheios de cristais Swarovisk. Acho que todas as mulheres que estão aqui vão tirar uma foto nessa escada.
Fomos almoçar no restaurante que fica no mesmo andar da piscina principal. Tava muito cheio!!! Tivemos que enfrentar fila para pegar a comida. Ainda bem que meu marido não está aqui, ele não tem bom humor suficiente para enfrentar esses pequenos contratempos.

O navio saiu de Santos em direção a Búzios. Ficamos no convés assistindo a partida do navio até que ele se afastou da costa. Começamos a caminhada pelo navio para um reconhecimento da área. Pelo tamanho do navio, vamos ter que nos apressar se quisermos ver tudo em cinco dias.

No 15 ° andar passamos por uma piscina menor que a piscina principal, menos frequentada e bem agradável. Estava ventando um pouco e resolvemos não tomar banho. Pedimos uma piña colada e ficamos ouvindo um músico que se apresentava no bar da piscina. Só música boa.

Hoje à noite fomos ao baile do “Azul e Branco”. Uma banda bem legal e o repertório do "nosso tempo". Sempre acho que o "meu tempo" é o dia de hoje, mas gosto de ouvir o "som" de qualquer tempo. Porém, de vez em quando, é bom demais ouvir as músicas da década de 70 e 80 e reviver um pouco a sentimento que nos impregnava o corpo e o coração naqueles tempos. Dançamos um pouco (cadê a disposição dos anos 70??? ) e mais tarde fomos descansar o corpinho que o dia foi puxado. Amanhã será o nosso dia de show de RC.
RC fará três shows: sábado, domingo e terça. Na segunda é o show de Tom Cavalcante. Suponho que o teatro tenha por volta de mil e poucos lugares, por isso o show tem que acontecer em três dias diferentes.  

Durante o dia, na piscina principal, tem show todo dia. Amanhã Carlinhos de Jesus dará aulas de dança para quem estiver nessa piscina. Na terça tem carnaval com Neguinho da Beija Flor e passistas da escola e tem também palestra com a sexóloga Laura Muller, aquela que responde as perguntas sobre sexo no programa Altas Horas da Globo. Miéle é o mestre de cerimônia das apresentações de Roberto, do Karaokê, da coletiva com a imprensa, e ainda dá uma “canja” no piano bar próximo ao teatro, cantando bossa nova e contando causos de gente famosa. Enfim, é pau pra toda obra!!!
São tantas emoções!!!

09.02.2014
Quando saí na varanda para olhar como estava o tempo, avistei lá longe a Pedra do Frade e o morro que fica entre Rio das Ostras e Barra de São João. Estamos tão perto de casa e vamos ter que navegar até Santos, pra depois voltar.
Já chegamos a Búzios, mas decidimos não descer. Há muito que se fazer no navio e Búzios é nossa velha conhecida.
Valdea e Rosani foram assistir a missa do padre Antonio Maria (ou José Maria...?) É aquele padre que gosta de cantar e é amigo de RC.
Eu fui pra piscina. Trouxe um livro pra reler. Quando gosto muito de um livro costumo lê-lo novamente. Trouxe “Morte em Veneza” de Thomas Mann, que é bem fininho, próprio para essa viagem onde não vai sobrar muito tempo para leitura. Fico ali, meio no sol meio na sombra, lendo meu livro e observando as pessoas que passam. Gosto dessa parte, a observação. Muitas figuras interessantes. Dois sósias de RC circulam o tempo todo. Um deles, muito parecido com RC, tira fotos com os passageiros e acho que até dá autógrafo. Admiro a disposição de algumas senhoras, já bem velhinhas, dispostas a encarar as dificuldades de locomoção num navio com tanta gente. 
Noto algumas mulheres com o rosto já bem esticado pelas plásticas, na esperança de eternizar uma juventude que já vai longe no tempo. Interessante que nesse momento estou justamente lendo uma parte do livro que fala sobre a figura de um homem que está em um navio, indo pra Veneza. O escritor, enquanto descansa em uma espreguiçadeira (assim como eu nesse momento), observa um homem vestido com roupas joviais, conversando com outros jovens. Ele ri de forma exagerada e demasiadamente alegre. Quando o homem vira o rosto em sua direção, o escritor nota que trata-se de um velho vestido como um jovem. Rosto flácido, rugas em volta dos olhos e da boca, uma leve maquiagem que tenta esconder as marcas da idade. É uma figura grotesca e ridícula, segundo o escritor.
Às vezes me sinto tentada a cometer esse mesmo erro, mas o medo de cirurgias não me permite. Ainda bem, pois quando vejo essas mulheres esticadas e com a boca e as maçãs do rosto infladas, tenho a mesma sensação que o autor – são figuras grotescas.













Houve um sorteio para que alguns passageiros assistissem a coletiva de imprensa com Roberto Carlos, ou RC para os mais íntimos. Valdéa foi sorteada e foi com Rosani assistir à coletiva. A entrevista seria transmitida pelo canal 24 e seria possível assisti-la no camarote.
Enquanto as companheiras assistiam a coletiva de imprensa, fiz um tour pelo navio. Passei pela área do parque temático infantil onde tem, entre outras coisas, um imenso toboágua. Continuei o tour por uma outra área que tem um estilo bem relax, com duas jacuzzis grandes e várias espreguiçadeiras (não sei se esse é o nome correto) todas de vime, arredondadas e com um enorme colchão redondo. Um convite à preguiça. São três piscinas no navio, ou melhor, acho que são quatro porque tem uma área restrita na proa do navio, só para associados. RC e os outros famosos devem estar lá. E tem várias jacuzzis, mais de dez. Descubro uma piscina, numa área fechada, coberta por uma estrutura transparente, linda!!!! Vale um mergulho.
Quando retornei ao camarote, liguei a TV no canal 24 e ainda assisti o finalzinho da coletiva. Imagino que a maioria das perguntas tenha sido sobre a questão das biografias e, pra variar, RC deve ter ficado em cima do muro.


A noite chega rápida e vamos para o show do “Rei”. Confesso que prefiro suas músicas cantadas por outros cantores. Já assisti a alguns shows dele, mas há muito tempo atrás, quando ele ainda vestia terno “rosa choque”.
Acho que aquele show anual na rede Globo foi desgastando a imagem dele, pelo menos pra mim. Aquele cabelinho ralo e comprido também não ajuda. Mas, qual mulher da minha idade não tem pelo menos uma música dele que tenha marcado algum momento da sua vida?

O show me surpreendeu, foi bem melhor do que eu esperava. Ele estava mais solto do que normalmente está na televisão. Contou histórias de algumas músicas, inclusive a do cão Uachacha, que inspirou aquela frase “meu cachorro me sorriu latindo”...interessante. E o sentimento que transmite quando canta, parece que não envelhece. Sempre achei que ele não se renovava, era sempre o mesmo, repetitivo. Pensando bem, ele deve estar mais do que certo, conseguir fazer sucesso durante tantos anos, já é motivo suficiente para admirá-lo.

Já próximo ao final do show ele canta a música “Champanhe” e vários garçons entram no teatro trazendo bandejas repletas de taças de champanhe. Todos recebem uma taça, nos servimos e brindamos ao Rei. Ao final, como sempre faz, ele distribui rosas vermelhas para o público. As rosas são disputadíssimas pela plateia, coisa de fãs ardorosos. Acho que não sou fã de ninguém, apenas gosto de alguns, mas sem idolatria. Devo ter algum defeito de fábrica.

10.02.2014

Chegamos a Angra dos Reis, mas também não vamos descer aqui. Temos que aproveitar melhor o que o navio tem a nos oferecer. Fomos para a piscina que tem horizonte infinito, ou seja, a água transborda e escorre até a borda do navio, e aí retorna pela grelha que fica paralela a borda. E como as laterais do navio, nessa área, são de vidro, se estamos na piscina temos a impressão que o mar e a piscina são uma coisa só. Sem contar que a água da piscina é água do mar, gelada por sinal. Todos os dias esvaziam completamente as piscinas e no dia seguinte, bem cedo, as enchem novamente.
De repente o comandante avisa que a cabine de comando havia recebido a informação de um passageiro que avistara um "homem ao mar" (termo usado para qualquer pessoa que caia na água), avisaram que o navio faria uma manobra e um pequeno retorno para verificar a informação. Muitas pessoas se debruçaram nas bordas do navio na esperança de ver quem havia caído no mar. 

Passado algum tempo, o comandante pediu que todos verificassem se os companheiros de cabine se encontravam no navio. Caso dessem pela falta de alguém, deveriam comunicar pelo ramal de emergência.

Fiquei imaginando o sofrimento de alguém que descobrisse que seu parente ou amigo, tivesse caído no mar.

Alarme falso! Pouco depois o autofalante anuncia que não era um corpo humano.

Dei um mergulho na água gelada. A água fria dá uma sensação ótima depois que acostumamos com ela. Que delícia esquentar o corpo no sol! Mas não aguento por muito tempo, procuro uma sombra enquanto Váldea e Rosani ficam tostando no sol. Sento ao lado de uma senhora e puxo conversa. Ela está acompanhada do neto, que é funcionário do City Bank. Esse banco sorteou 30 passagens entre os funcionários, cada um com direito a um acompanhante. Ele optou por levar a avó que é fã de RC. Outros dois jovens que estão no camarote ao lado do nosso, também estão acompanhando a mãe e o avô. Encontramos, ainda no porto, uma macaense que presentou a mãe pelos 70 anos, com o cruzeiro de RC. Acredito que a maioria dos jovens vem para acompanhar os pais.
 

Conhecemos muita gente interessante. Algumas pessoas já vieram a vários cruzeiros do projeto “Emoções”. Uma mulher que dividiu a mesa do almoço conosco, estava vindo pela nona vez. Ufa! Isso já é um pouco demais!

À tarde, um dos programas preferidos é o Karaokê de músicas de RC. Os interessados se inscrevem e escolhem uma música de RC. Todos vão para o teatro e aguardam o sorteio. Apenas os sorteados se apresentam. Miele é o apresentador e RC entrega os troféus aos três primeiros colocados. Rosani e Valdéa adoram um karaokê. Eu detesto. Somos boas companheiras, cada qual com seu gosto particular e isso não é problema, somos amigas.

Lembro-me que fiz uma reserva para a degustação de massas italianas num dos restaurantes do navio. Além da degustação haveria uma aula de como preparar as massas e os molhos. Perdi a hora da degustação, não me perdoo por isso.
Fui descansar um pouco, não tinha dormido bem na véspera. Tomei um banho morno e, em seguida, dormi por duas horas. Que delícia dormir depois da praia, o corpo fica morno, relaxado. Acordei 5 anos mais jovem. Fui para o teatro para assistir o final do Karaokê. O teatro estava lotado, procurei pelas companheiras e estava difícil encontrar. De repente elas surgem na minha frente, já de saída do teatro. Não tinham sido sorteadas, o que foi uma sorte, segundo Valdéa. Ela disse que se fosse sorteada ficaria quietinha, encolhidinha no seu lugar. Corria o risco de Rosani, que é levada, entregar nossa amiga. Aliás, acho que Rosani estava com muita vontade de cantar para aquela plateia com mais de 1000 pessoas. 

Fomos jantar no restaurante italiano. O cardápio tem sido bom e o atendimento excelente. O garçom indonésio Abdul, que serve nossa mesa, fala um português capenga, mas é uma gracinha. Boa parte da tripulação é oriental. Acho que os italianos ficam com os melhores postos de trabalho.
Conversamos, hoje à tarde, com uma brasileira que estava limpando um dos muitos banheiros do navio. Ela nos disse que é enfermeira e mora numa cidade do nordeste. Não tem conseguido encontrar emprego na sua área, mas tem esperança de um dia trabalhar na sua profissão. Enquanto isso não acontece, se sujeita a limpar banheiro nesses cruzeiros. Disse que não se importa, que é um trabalho como outro qualquer e bem remunerado. Só mostrou revolta com a carga horária excessiva e ao tratamento que os italianos dão aos brasileiros. Disse que eles falam que somos preguiçosos.  
Por falar em banheiro, nossa amiga Rosani pagou um mico hoje cedo. Foi a um dos banheiros numa área coletiva e quando entrou encontrou um rapaz que ia fazer a limpeza. Ela avisou que ia usar o banheiro e não ia demorar. Fez um número um, rapidinho, levantou e ficou tentando dar descarga sem conseguir. Como estava demorando, saiu e justificou para o rapaz que demorou porque não queria sair e deixar o vaso sujo. O rapaz da limpeza, falou:
- A descarga é automática, minha senhora, só tem que sair da frente do vaso.
- Aaaahhhh! Então tá, fui.
Rimos muito quando ela contou que ficou procurando o botão da descarga.
Saímos do restaurante e fomos para o teatro assistir à peça de Tom Cavalcante. RC estava na plateia. Um prestigia à apresentação do outro. Rimos muito, muito. Rimos de chorar. Como o Tom só se apresenta uma noite, não dá para todos que estão a bordo assistirem a apresentação. Os que chegam mais cedo se acomodam, os que chegam mais tarde sentam pelo chão e, acredito que muitos não consigam entrar. Sempre tenho o cuidado de sentar numa cadeira de corredor nesses locais lotados de gente. Olho em volta e fico pensando qual será a melhor alternativa se tiver que sair rápido. Seguro morreu de velho!!
Sempre que voltamos para o camarote, no final da noite, sentamos um pouco na varanda e ficamos olhando o mar escuro, o rastro de espuma branca que o navio deixa por onde passa, o céu cheio de estrelas. Nosso momento zem.
11.02.2014
Chegamos a Ilhabela pela manhã. Não contratamos nenhum dos pacotes terrestres que o cruzeiro oferece. Decidimos pegar um taxi ou outro transporte até alguma praia. Sugeri que fossemos a praia do Curral. Andamos um pouco pelo pequeno centro da ilha e retornamos ao cais onde desembarcamos. Ali mesmo contratamos uma Van para nos levar até a praia. O preço é bem mais barato e ficamos livres para voltar à hora que quisermos.
A água estava morninha, uma delícia. Uma água morna como essa, em Macaé, ocorre uma vez por ano e olhe lá! Acho que quero voltar a Ilhabela, mas para passar alguns dias.
No final da tarde voltamos para o navio. Hoje à noite acontece o jantar com o comandante. Nessa noite todos se vestem com as melhores roupas para conhecerem os oficiais que comandam o navio.
Antes de começar a apresentação, sentamos no piano bar do 5° andar e ficamos admirando os modelitos usados para a festa. Alguns exageram no brilho, mas a maioria estava muito bem vestida.
Pedimos um drink. A bebida veio num daqueles copos com uma luzinha no fundo, que pisca o tempo todo. Compramos os copos, que são bem bonitinhos. Em seguida ficamos pensando sobre o que fazer com os copos. Estávamos com preguiça de subir ao camarote pra deixar os copos e no teatro é proibido entrar com esses objetos. Pensei em escondê-los numa mesinha que ficava próxima ao local onde estávamos sentadas. No final voltaríamos para pegá-los. Rosani decidiu por nós: vamos levar para o teatro. Na entrada do teatro o pessoal da recepção conferia nosso cartão e liberava a entrada. Eu e Valdéa colocamos, disfarçadamente, a mão com o copo atrás do corpo e entramos tranquilamente. Rosani, menina rebelde, fez questão de deixar o copo bem à vista. A recepcionista impediu a entrada e disse que ela não poderia entrar com o copo. O que ela fez? Perguntou por que ela não poderia entrar se nós duas (e apontou para onde estávamos) já havíamos entrado com o copo? Resultado: tivemos que voltar e entregar o copo para a recepcionista.  Ô vergonha!!!
Na verdade, não foi um jantar com o comandante. No outro cruzeiro que fiz anos atrás, num navio um pouco menor, o comandante ficava na entrada do teatro, cumprimentava os convidados um a um e tirávamos uma foto com ele, se desejássemos. No palco do teatro aconteceu a apresentação dos oficiais, acho que algum cantor se apresentou (não me lembro muito bem) e foi servido champanhe para os passageiros.
Nesse cruzeiro foi diferente. O comandante não nos esperava na porta do teatro, até porque, com essa quantidade de passageiros seria inviável. O mestre de cerimônia fez a apresentação de praxe: os oficiais uniformizados eram apresentados pela sua patente e função a bordo, e iam entrando pelas laterais do teatro, passando por todo o público e subindo no palco. Eles têm que ser um pouco modelos, além de oficiais. Ao final entra o comandante que é recebido com muitos aplausos, é quase um artista. Aliás, esse senhor parece bastante com Al Pacino.
O comandante falou do Brasil com muita propriedade. Pelo que disse, conhece muito bem nossa terra. Citou até parte do poema Canção do Exílio, de Gonçalves Dias – “Minha terra tem palmeiras onde canta o sabiá...” Pode ser conversa de quem quer vender seu peixe (combina com marinheiro), puro comércio. O comandante reforça o modelo do italiano sedutor.

Colocamos nosso alarme do telefone para tocar as 06:30 h.

Valdéa vira para o lado e dorme imediatamente. Morro de inveja! Eu sempre demoro a pegar no sono. Pouco depois o telefone de Váldea toca, ela levanta, olha o telefone e fala :

-Pessoal, já tá na hora.

Ué, eu nem dormi ainda e já tá na hora? Peguei meu telefone e vi que ainda era 01:15 h.

Váldea olhou para a varanda, viu  que estava tudo escuro e voltou para a cama. Em menos de cinco minutos já estava roncando.

12.02.2014
Acordamos bem cedo para o desembarque que, diga-se de passagem, foi muito organizado. No porto, um ônibus contratado pelo MSC nos levou até o aeroporto de Guarulhos. No porto e no aeroporto cruzamos várias vezes com Miele e sua esposa. Rosani fez uma brincadeira com ele que respondeu cordialmente. Pareceu-me um pouco cansado, mas é de se esperar, ele já é quase um ancião.
Fizemos uma conexão no Rio e no início da noite chegamos a Macaé. A aterrisagem não foi das melhores, mas estamos vivas e já pensando em embarcar no próximo cruzeiro.