07 janeiro, 2016

CRUZEIRO DE ANO NOVO - 2015


27.12.2015

No início do ano conversei com minhas amigas que gostam de viajar, sobre um cruzeiro no Reveillon que permitisse assistir à queima de fogos na praia de Copacabana. Elas toparam e formamos um grupo.

Rosani, Valdea, Marcia e Graça, são minhas velhas conhecidas. Acho que elas não gostariam desse “velhas”, então substituo por “amigas de longa data”. Dayse é amiga recente, mas já parece “velha amiga”. Maria Luiza é neta de Graça e adolescente, 16 anos, o que é bom para dar um equilíbrio ao grupo. Uma dose extra de juventude pode ser muito interessante. O oitavo integrante, é também o mais imprevisível. O mais velho do grupo (esse é velho mesmo) é mal humorado por natureza, avesso a novidades, impaciente, não gosta de viagens, ranzinza. Porém, tem algumas qualidades e a maior delas foi ter acertado na escolha da esposa. Nesse caso, eu. Rsrsrsr

Como somos um grupo de oito pessoas resolvemos alugar uma Van que nos levasse direto ao Porto do Rio de Janeiro.
A viagem até o Rio foi tranquila exceto por um acidente que envolveu três carros e que teve pelo menos um óbito. Essa é a rotina nas nossas estradas, infelizmente. Não costumo olhar quando acho que há vítimas, mas inadvertidamente olhei para um dos carros e vi que havia uma pessoa morta no interior do veículo. Foi uma imagem rápida visto que nosso carro não parou.  Mas para Dayse o tempo foi suficiente:

- Gente! Um homem jovem, de camiseta de malha verde claro está morto!

 Cruzes! Como deu tempo pra ver tudo isso: sexo, cor da camisa, tecido da camisa. Ela é atenta aos detalhes.

Tivemos um pouco de dificuldade na chegada ao porto, o trânsito está meio caótico naquela área e as obras que ainda não terminaram sacrificam os turistas que tem que arrastar malas no meio da poeira.

O MSC Lírica ou Larica, como Márcia carinhosamente apelidou o navio, é bem menor que os outros navios que eu viajei, todos da MSC. O Precioza e o Harmonia são navios bem melhores que esse, mas o Lírica era o único dessa Companhia que o porto de embarque seria no Rio. Tudo bem, vamos aproveitar ao máximo o que nos for oferecido.

À noite eu e Vilson fomos assistir ao primeiro show da viagem. Nossas companheiras resolveram ir ao show depois do jantar. Achei meio arriscado esse último horário porque nosso turno de jantar começa às 22:00 h e o show inicia às 22:45 h.

O espetáculo foi certamente inspirado nos musicais da Broadway. Músicas do grupo ABBA que fazem parte do musical “Mamma Mia” e outras do “Fantasma da Ópera”. Os cantores, uma moça e um rapaz, são muito bons. O rapaz parece um cantor lírico com uma voz de barítono, acho eu.


28.12.2015

Vilson está se comportando bem, ainda não colocou defeito em nada. Vamos ver como se comporta no teste da piscina.
Fomos para o restaurante tomar o café da manhã já com roupa de banho. Enquanto tomávamos o café reparei numa senhora que estava sentada próxima a nós. A saída de praia ficou presa no braço da cadeira o que deixou a perna descoberta e parte do biquíni ou maiô também ficaram à mostra.

Pensei em ir avisá-la, mas qual o problema em mostrar uma perna flácida cheia de varizes? Ora bolas, nós também podemos! Deixei pra lá.
Devia ter avisado. Quando ela levantou a roupa ficou agarrada no braço da cadeira e ela quase ficou pelada. Vilson brincou:

- Coitada, parece uma traíra presa na rede!

Chegando à piscina enfrentamos a primeira dificuldade, todas as mesas e cadeiras já estavam ocupadas. Graça, Luisa e Valdea estavam tomando sol e Rosani, Marcia e Dayse conseguiram uma mesa num cantinho próximo ao bar. Demorou um pouquinho, mas conseguimos duas cadeiras. A música estava muito alta e imaginei que Vilson não aguentaria ficar ali, mas ele resistiu bravamente. Quando o pessoal parou de dançar e começaram as competições, notei que ele ficou atento e percebi que estava gostando de acompanhar as brincadeiras. Ufa, que alívio!!! Aguentar mau humor na minha viagem eu não mereço.

Pensamos em almoçar no Buffet Restaurante que fica no mesmo andar da piscina, mas decidimos descer ao quinto andar e almoçar no restaurante. Achei que não nos deixariam entrar com roupa de banho embora eu estivesse com a roupa seca. Parece que nesse navio não são muito exigentes porque todo mundo entra e eles não fazem uma verificação mais rigorosa. Não acho legal, porque as cadeiras são de tecido e certamente muita gente vem com a roupa molhada de água salgada. Bom senso nem todos têm.

Após o almoço fomos para o quarto descansar. Dormi muiiito! Já vi que logo mais vou custar a pegar no sono, não posso dormir durante o dia.

No jantar ficamos separados das nossas amigas, numa mesa um pouco mais distante. Quando chegamos à nossa mesa já encontramos nossos companheiros de jantar. Um casal simpático, interessante. O homem aparenta ter mais de setenta anos e a mulher é bem mais jovem. Bonita, loura e rabuda. Ou pra ser politicamente correta, quadril largo e nádegas grandes.

Durante o jantar não prestei muita atenção ao que conversavam, mas Vilson ficou atento (tipo Dayse). Depois ele falou no meu ouvido:

- Essa mulher é mercadoria sem nota.

Isso significa, na linguagem dos motoristas de caminhão que trabalhavam com Vilson, que ela era amante daquele homem.

Percebi que o homem procurava passar pra ela uma imagem de grande entendedor de vinhos. Eu não sou expert no assunto, mas logo vi que ele não entendia era nada.
Ele fez logo questão de informar que tomara uma garrafa no almoço e agora tomava outra no jantar. Eu olhei rapidamente a carta de vinho e a garrafa mais barata que vi custa quarenta dólares. Preferimos tomar uma taça, são sete dias de viagem e uma garrafa em cada jantar com o dólar nesse preço, vai pesar no bolso. Trouxe na mala umas garrafinhas de uísque que comprei na destilaria do Chivas Regal na Escócia. Passou facilmente pelo check-in do navio, talvez por estar misturado as embalagens de xampu, hidratante, etc.

Enfim, ou o coroa tem muito dinheiro ou tá querendo impressionar a loura. Para segurar uma loura dessas um velho babão tem que tirar o escorpião do bolso.

29.12.2015       SALVADOR

Farol da Barra
O navio tem balançado bastante, tornando vez por outra o nosso andar cambaleante. Tudo bem, não chega a amedrontar e é divertido. Brinco com Vilson:

- Você que bebe e eu que fico tonta!

E Vilson mexe com Rosani, que cambaleia na caminhada para o restaurante:

- Rosani, não sabia que você bebia tanto!

Alguém alerta Graça quando ela vai ao banheiro:

- Cuidado com o balanço, o vaso sanitário está sujo.
- Não tem problema, vou entrar de ré e sair de frente, nem vou ver a sujeira.

Na hora de dormir o balanço ajuda a ninar. 

Chegamos a Salvador no início da tarde. O dia estava quente, mas um ventinho agradável amenizava o calor. Ainda bem! Com o passar do tempo minha tolerância para o calor diminuiu ou então foi a temperatura que aumentou muito nos últimos anos.

A maioria de nós já conhece a cidade, menos Vilson e Luisa. Rosani morou aqui alguns meses e no trajeto fica procurando pelos lugares conhecidos. Optamos por fazer um roteiro curto pelos principais pontos turísticos da cidade. Começamos pelo Farol da Barra, tiramos  algumas fotos, admiramos o mar da praia da Barra, comemos cocada e partimos. Quando estava a caminho da Van vi um baiano típico tentando vender algo para Rosani e Graça.

- A senhora é muito parecida com a Ivete Zangalo – ele falou pra Rosani.

- E eu, também pareço com a Ivete?– perguntou Graça

- Não. A senhora não parece, a senhora é a própria Ivete!

 Eita!! Cabra enrolador! Sinto uma atração por essa cidade, pelo sotaque do povo, seu jeito malemolente, sua alegria. Pena estar situada tão longe da minha cidade. Continuamos em direção a Igreja do Bonfim e sua famosa escadaria de quatro degraus. As companheiras compraram as tradicionais fitinhas e visitaram a igreja. Próxima parada: Pelourinho.

Descemos na praça próxima da Biblioteca da Faculdade de Medicina da Bahia e descemos até o Largo do Pelourinho. Sentamos em frente a Fundação Casa de Jorge Amado e ficamos admirando o movimento. Logo se aproximou uma baiana toda paramentada e se oferece para uma foto.

- Vamos tirar uma foto com a baiana minha gente. E falou pra Valdéa – Me dá aí dez reais que eu lhe volto cinco.

Vilson também se aproximou para tirar uma foto e lá se foram mais cinco reais pra sacola da baiana.

Subimos a ladeira retornando pra Van. No caminho encontramos com um bloco de carnaval com algumas pessoas fantasiadas e uns vestindo roupa do Bloco Filhos de Gandi. O batuque atrai e a vontade é de seguir atrás do Bloco. Pena que não dá tempo. No tempinho que sobrou fomos ao Mercado Modelo. Depois de comprar algumas lembrancinhas e mais cocada e castanha de caju, eu e Vilson encerramos o passeio tomando uma cerveja hiper gelada no Restaurante Maria de São Pedro no segundo piso do Mercado Modelo. Aqui o ventinho deixa essa tarde ainda mais gostosa.


Voltamos ao navio. Agora é descansar um pouquinho, depois teatro, depois jantar.

Hoje eu soube que Rosani aprontou com o garçom no jantar de ontem. Ele estava paparicando os hóspedes de duas mesas ao lado da delas, talvez porque estavam tomando champanhe e vinho. Enfim, gastando mais dólares. O garçom fez pouco caso da reclamação e então ela chamou o maitre. Essa é a nossa Rosani, a Juíza. Adora uma encrenca. Valdea disse que vai chamá-la quando tiver que ir a Ampla resolver algum problema.

O jantar é sempre um momento de prazer, pelo menos para mim. O ambiente é mais calmo, o serviço é melhor, existe sempre um pouco de curiosidade pelo que virá no cardápio daquela noite, etc. Gosto também de observar as pessoas que estão nas mesas mais próximas. Não é um interesse pela vida alheia, de  jeito algum. Sinto um certo deleite em imaginar quem são essas pessoas, o que estão fazendo aqui. Um casal de meia idade parece estar comemorando alguma data, talvez bodas de prata.  Uma senhora idosa com a filha me faz supor que a jovem tenha pago o cruzeiro para a mãe como um presente de Natal. Um casal vestido de forma bem modesta, talvez tenha economizado por muito tempo para realizar o sonho de férias em um cruzeiro. Esse é meu lado voyuer.

Nesse momento de observação notei que quatro homens sentados na mesa ao lado deveriam ser gays, talvez dois casais. Um deles cumprimentou Vilson quando sentou à mesa. Comentei com Vilson que eu achava se tratar de dois casais.

- Que nada, aquele gordinho ali tem jeito de homem!
- Olha o tênis dele.

Era um tênis exuberante, coral florescente.

- É bicha!!! Homem de verdade não usa um troço desses de jeito nenhum – concluiu Vilson.

30.12.2015

Navegação o dia inteiro, mas agora o mar está calmo. Mar de Almirante.

Vilson até agora não se animou a entrar na piscina. Água pra ele só no copo e no chuveiro.

Passamos a manhã na piscina aproveitando a água do mar do Nordeste, bem quentinha, uma delícia. Amanhã já estaremos no Estado do Rio e aí a água será gelada.

Encontrei com um amigo e colega de trabalho na Petrobras, Olivar e a esposa Conceição. Há tempos não o via e foi ótimo matar a saudade. Depois encontrei outro colega de trabalho, o André. Aliás, vários conhecidos de Macaé estão aqui.

Durante o almoço Márcia nos falou sobre um final de semana que passou no Rio hospedada no Copacabana Palace. Rosani gostou do programa e eu também. Vamos combinar com as demais companheiras e em 2016 vamos conhecer o Copa por dentro.

Antes do show desta noite o comandante Ferdinando Ponti compareceu ao teatro e apresentou sua equipe de Oficiais, como é de praxe nesses navios. Vilson perguntou:

- Se o comandante e todos os seus oficiais estão aqui, quem é que tá dirigindo esse barco? Fiquei preocupado.

Os shows que acontecem todas as noites no teatro têm sido bons, mas o de hoje foi excelente. Só música italiana, algumas bem antigas como Il Mondo e outras que ouvi muito na minha infância. Na minha casa se ouvia muita música italiana já que somos de família italiana e também porque na década de sessenta essa música era moda por aqui. Ao final do show os cantores foram aplaudidos de pé.

Antes do show

Sempre que retornamos do jantar, antes de entrarmos no quarto, damos uma paradinha numa grande varanda que fica na popa do navio, bem próximo da nossa cabine. Vilson vai fumar seu cachimbo e eu fico olhando o mar. Um rastro de espuma branca vai se formando por onde passa a hélice de propulsão do navio. Parece uma estrada envolta na noite escura. Não sinto medo do mar durante o dia, mas a noite ele me parece tenebroso.  

31.12.2015

Último dia do ano de 2015, esse ano que parece não querer acabar. A situação do nosso país piora a cada dia e nada do ano terminar pra ver se estanca essa maré de azar. Lembrei-me daquele poema de Carlos Drumond de Andrade que fala na ideia de cortar o tempo em pedaços que chamamos de ano. É uma boa ideia mesmo, nos traz a ilusão de que no novo ano tudo vai melhorar.

Chegamos a Cabo Frio pela manhã e parte do nosso grupo desceu a terra para comprar biquíni. Fiquei para aproveitar a piscina que vai estar menos concorrida. Sentamos no nosso cantinho predileto e aproveitamos para dançar, fazer alongamento, etc. Rosani gosta de participar das competições e nós ficamos na torcida.

Vilson enfim criou coragem de dar um mergulho. A água está gelada, mas o sofrimento é curto, logo acostumamos com a temperatura.

Por volta das 18:30 h o navio chegou próximo a praia de Copacabana e se posicionou. Subi para o convés para verificar se seria possível ver a queima de fogos da varanda perto da nossa cabine. Acho que vai dar. Contei dez transatlânticos em volta do nosso, mas pode ser que chegue mais algum. Acredito que a Marinha deve definir a posição de cada um, caso contrário ia ser uma briga pelo melhor lugar.

O sol se pondo atrás dos morros, as luzes da cidade, o brilho refletindo na água do mar; tudo isso junto forma uma paisagem imbatível. O Rio de Janeiro continua lindo... apesar dos bandidos e dos governantes, também bandidos.

Depois show e do jantar nos juntamos na varanda, sentamos nas espreguiçadeiras e estamos aguardando tranquilamente a virada do ano. Algumas pessoas também optaram pela varanda e os dois casais gays também apareceram por aqui. Lá em cima, no convés, cada espaço deve estar sendo muito disputado.

Quando começou a contagem regressiva preparamos nossas câmeras, ou melhor, nossos celulares, para registrar esse momento único para todos nós. É a primeira vez que assistimos a queima de fogos de Copacabana e de um ângulo privilegiado. São dezesseis minutos de olhos fixos no céu. É lindo, emocionante.

Pronto, chegou o momento que nos levou a fazer essa viagem. Valeu a pena. 

FELIZ 2016!!!!

Subimos para o convés porque a festa vai começar. Arrumamos algumas cadeiras porque nessa turma ninguém tem gás para pular a noite inteira. Dança um pouquinho, senta, dança mais um pouquinho, bebe um pouco, dança novamente. Enquanto isso a turma mais jovem se joga na balada. Já fui boa nisso....mas como diz a mãe de Rosani “bom,bom, não tá não, mas tá bom assim mesmo”.

Agora, bom mesmo foi ver Dayse fazendo a coreografia da música de Anita “show das Poderosas". Fica louca-aaa (e girava o dedinho perto do ouvido).

Por volta das 02:00 horas fomos dormir e Graça ficou de plantão tomando conta da neta.

01.01.2016        UBATUBA
Ubatuba
Por volta de 10:00 chegamos em Ubatuba. A paisagem me faz lembrar Angra dos Reis. Vendo daqui a cidade me parece bem pequena. Achei que fosse maior tipo Cabo Frio, mas não vejo nenhum prédio mais alto. Deve ser mais parecida com Búzios.

Logo que chegamos ao píer fui notando a diferença. No balcão de informações turísticas, só uma moça e totalmente despreparada. Não havia um táxi sequer. Perguntei a moça sobre uma Van já que éramos oito pessoas. Ela disse que Van era impossível, só se já tivesse sido agendado com antecedência. Eu, Vilson, Márcia e Valdea resolvemos ir a pé até a praia do Tenório que, segundo ela, fica a 800m do píer. Rosani, Graça, Dayse e Luisa ficaram esperando por um táxi. Graça está sentido dor na perna e desde ontem está com piriri.

Não encontramos uma placa sequer que indicasse a direção da praça, tivemos que ir perguntando aos transeuntes até chegar lá. Os 800m me pareceram 2 km tamanho o calor, a poeira, as calçadas quebradas, etc. Quando chegamos de cara percebi que teríamos problema. Nenhuma estrutura mínima para atender o turista. Não havia um bar, apenas ambulantes e um pequeno boteco. A areia estava apinhada de gente e não víamos uma mesa sequer desocupada. Perguntei a um rapaz que aluga cadeiras se havia alguma disponível e ele disse que não.

Voltar para o píer sem dar um mergulho para se refrescar? Impossível. Márcia sugeriu que procurássemos uma sombra perto das pedras, estendêssemos as cangas para descansarmos um pouco e então voltarmos ao navio.

Mais à frente avistei uma mesa vazia com a barraca fechada apoiada em cima dela. Aproximei-me e sentei, cheguei a duvidar que a mesa não tinha dono. Pedi mais uma cadeira emprestada a um grupo que estava próximo. Que alívio! Valdea ligou para Rosani e informou nossa localização. Elas estão vindo a pé porque esperaram por um táxi mais de trinta minutos e nada apareceu. Deus do céu, estou imaginando como chegarão até aqui.

Fomos para água tirar aquela urucubaca e para lavar tudo de ruim que restou de 2015. Essa é a crença. A água está delicioooooosa! Márcia, Valdea e eu ficamos de molho saboreando aquele momento de relax depois de todo sacrifício para chegar até aqui. Vilson, avesso a banho, ficou na areia tomando conta das bolsas. Ainda bem que ele não tem medo do chuveiro.

Logo que saímos da água chegaram nossas companheiras. Furiosas é o mínimo que posso dizer sobre o estado de ânimo delas. Já chegaram querendo voltar. Deram um mergulho e partiram. Rosani perguntou a um cara se queria ganhar um trocado para levá-las ao píer. Ele topou.

Nós ficamos um pouco mais, tomamos uma cerveja e água de coco e entramos novamente naquele mar delicioso. Dessa vez Vilson se animou e acho que ficou surpreendido com a temperatura da água.

De repente não mais que de repente, caiu um pé d'água. Pegamos o caminho de volta, embaixo de chuva. Vilson, como já disse, tem medo de água e por causa da chuva foi caminhando até o pier todo enrolado na minha canga de oncinha. Estava hilário.

Faz tanto tempo que não ando na chuva. Quando isso acontece lembro-me do tempo de criança quando soltava barquinhos de papel na enxurrada. Eu, Márcia e Valdéa viemos conversando sobre esse dia tão tumultuado e concluímos que nós só lembraremos a parte boa: o mergulho na água morna e pisar nas poças de chuva. Coisas de quem não faz drama e procura aproveitar tudo de bom que a vida oferece. Márcia sabe fazer isso muitíssimo bem.


Nesse último jantar, eu e Vilson sentamos com o grupo porque Graça e Maria Luisa resolveram não jantar. Graça ainda não se recuperou totalmente.
Logo notei a delicadeza do garçom com minhas amigas. Colocou o guardanapo no colo de cada uma delas, jogou beijinho, cheio de amor pra dar. A bronca de Rosani deu resultado.

Jantamos muito bem e fomos dormir felizes e saciadas.

02.01.2016

Abri a cortina da minha janela por volta de 06:00 h. Estávamos chegando ao Rio. Novamente me encantei com aquele visual do mar, a cidade, os morros ao fundo e a luminosidade do dia que começa.

Dentro de algumas horas pisaremos em terra firme.


CONSIDERAÇÕES:

É sempre bom viajar com um grupo coeso. Não se perde tempo com atritos desnecessários.
Já estamos acostumadas a viajar juntas e é sempre prazeroso e divertido.

Assistir a queima de fogos, objetivo principal da nossa viagem, foi genial. Não teria coragem de assistir da areia, não gosto de multidão.

Só tem uma coisa que deixei de fazer e não me perdoo. Não me lembrei de tirar uma foto de Vilson todo molhado de chuva, enrolado na canga de oncinha. Parecia uma bichinha velha, magricela e encolhida. Eu poderia chantageá-lo e seria muito divertido. Arreee, eu bobeei!!!

06 janeiro, 2016

Deus está no controle

As vezes sinto inveja de quem acredita na frase "Deus está no controle".

A fé é um consolo e tanto.

Minha mãe era religiosa, sem exageros mas com uma fé genuína em Deus. Na década de quarenta meu pai perdeu todo o dinheiro que tinha guardado em um Banco. O Banco (não lembro o nome) quebrou e o dinheirinho que ele economizou durante anos para comprar um caminhão, foi pro ralo. E lá se foi o sonho de deixar o trabalho na roça e se tornar motorista de caminhão.
Minha mãe disse:

- Se Deus não permitiu é porque ele sabe o que é melhor pra nós.

E pronto, tudo resolvido sem choro nem vela.
Eu jamais saberei se ele foi mais feliz porque não se tornou motorista de caminhão. Ela tinha certeza que foi melhor assim.
Parece-me tão simplista acreditar que tudo que deu errado foi porque "Deus sabe o que é melhor" e tudo que deu certo foi "Graças a vontade de Deus".

Parece que somos meros joguetes na mão do todo poderoso e que ele escolhe caminhos bem tortuosos para chegar ao lugar certo.

Gostaria de acreditar, mas não é fácil.