28 novembro, 2016

GRAMADO - 2016

No início do ano combinamos uma viagem a Gramado no mês de novembro. Vamos novamente assistir a programação do Natal Luz. É a terceira vez que vou a Gramado e a segunda no período das festividades de Natal. Da última vez quase morri de frio na noite do desfile natalino. Dessa vez vim mais preparada que um esquimó, não vou tremer de frio de jeito nenhum. Graça contratou uma VAN para nos levar ao aeroporto. Valdea, Célia, Dayse, Graça, Sabrina, Ana Clara, Rosane e eu, prontas para uma semana de relax.


09.11.2016 

Por volta das 06:00 da manhã, fizemos uma parada técnica (pipi e cafezinho) no restaurante Sabor Rural, em Rio Bonito. Logo avistei na mesa ao lado dois colegas da Petrobras que ainda estão na ativa. Toda vez que paro aqui sinto uma sensação estranha, como se ainda estivesse trabalhando. Foram tantas vezes que estive aqui nas viagens a trabalho que ainda não consegui desassociar a imagem desse lugar da minha vida laboral.

Na televisão do restaurante escuto a notícia da vitória de Trump na eleição presidencial nos Estados Unidos. Fiquei bege!!! Daqui a pouco a Europa também vai ser contaminada por essa loucura. O mundo está enlouquecido.
Chegamos bem cedo ao aeroporto. Quando entramos na fila do check-in e abri minha carteira, fiquei apaaaaaavorada. Não tinha trazido nenhum documento. Vixe, isso nunca me aconteceu! Lembrei-me que quando levei meu carro na Citroen há duas semanas, o rapaz que me atendeu colocou minha identidade e carteira de motorista dentro da carteira de documentos do carro. Deveria ter tirado de lá de imediato, mas me distrai. Resultado, há duas semanas estou andando por aí sem documentos.

E agora, o que fazer? Expliquei para o atendente da Gol o meu problema e ele foi categórico: 

- Não é possível embarcar sem documentos, não há o que fazer.
Pensei em ligar para o meu filho e pedir que ele levasse meus documentos até o Rio. O horário que o atendente disse que poderia trocar a passagem não era viável, Vicente não chegaria a tempo com meus documentos. Já estava desistindo quando Graça me chamou e falou baixinho:
- Se vc for a Policial Civil e disser que perdeu seus documentos eles darão um jeito de vc embarcar.

Saímos andando rápido a procura da sala da Policia Civil. Ainda bem que chegamos cedo ao aeroporto, caso contrário essa opção talvez não resolvesse a situação. Chegando lá, falei com o policial que havia perdido meus documentos na parada que fizemos na estrada. Ele apenas perguntou quais documentos eu havia perdido, me deu um formulário e pediu-me pra preencher os dados solicitados. Preenchi tudo, o policial ficou com uma via, carimbou e assinou outra via e me entregou. Pronto, estou com um documento com todos os meus dados pessoais e a informação que os meus documentos foram extraviados.  Foi só apresentar o documento e embarcar. Santa Graça, se não fosse por ela eu teria que voltar pra Macaé com uma mala cheia de roupa de lã e um calor de 30 graus.







Nosso hotel Serra Nevada fica em Canelas, é agradável e razoavelmente confortável. Descansamos um pouquinho e saímos para jantar. Fomos ao Cara de Mau, um restaurante com uma temática de navio pirata. Chovia um pouco e noite estava fria, mas suportável. Quando descemos do carro um pirata nos esperava com um guarda-chuva. Nossa amiguinha Ana Clara, neta de Graça e filha de Sabrina, mas que depressa pediu para tirar uma foto com o gatinho pirata. Valdea fez o mesmo, abrindo concorrência com Ana. Isso rendeu brincadeira entre Ana e Valdea, pelo resto da viagem. O restaurante é bem movimentado, tem um clima alegre e descontraído e os atendentes são todos jovens simpáticos e vestidos de piratas. Valdea pediu a um deles que tirasse um retrato com ela. O simpático falou: - Não é retrato, é foto. Ihhhh! Chamou de velha! Exatamente como ela fala conosco quando falamos as palavras: retrato, poltrona, caiu a ficha. A pizza não foi nenhuma maravilha, mas o ambiente compensou.

10.11.2016

Chicão, nosso guia no passeio de hoje

Acho que para descansar e relaxar não basta apenas estar fisicamente distante da nossa rotina. É preciso se desligar dos problemas, das pessoas, das tarefas diárias. Viver novas experiências, conhecer coisas e pessoas novas e rir muito, são ingredientes imbatíveis para um merecido descanso. Dormi como um anjo e acordei descansada e bem disposta. Estou dividindo o quarto com Dayse, pela primeira vez. Acho que nunca tive problema com companheira de quarto e espero que continue assim. Descemos para o café e encontramos o hotel repleto de adolescentes. Essa não me parece uma cidade atraente para adolescentes, ou pode ser que tenha alguma atração que eu desconheça.

Começamos pela Catedral de Pedra em Canelas. Ela é rústica, gótica, linda.

Cascata do Caracol

Seguimos em direção a cachoeira do Caracol. Na estrada passamos primeiro pelo Parque do Caracol, onde estive da última vez que vim a Gramado, os bondinhos ficam mais adiante.

São três bondinhos, todos fechados, o que dá uma sensação maior de segurança, e levam oito pessoas. Descemos até a primeira plataforma.

São três plataformas. Na primeira encontramos algumas lojinhas, lanchonete, sanitários e daqui já se pode ver a cachoeira. Na segunda é possível tirar algumas fotos com profissionais e na terceira chegamos bem mais perto da cachoeira. A natureza quando intocada é sempre linda. A floresta com a cachoeira ao fundo, forma uma dupla atração. Lembrei que quando fui a parque do Caracol, anos atrás, tinha uma trilha de onde se podia chegar lá embaixo, pertinho da cachoeira. Deve ser um belo passeio, mas acho que já não tenho pique, a idade pesa. Nosso guia Chicão falou que esses bondinhos são iguais aos do complexo do alemão. Ele conhece bem as favelas do Rio e falou em vários passeios pelo Alemão, Dona Marta, Rocinha, Vidigal... Disse que quando quisermos fazer algum desses passeios é só avisar. Tô fora! Acredito que tem muito programa interessante nas favelas, mas com a violência descontrolada no Rio de Janeiro eu não tenho coragem de arriscar. 

O parque tem mais duas atrações: uma trilha pelo meio da mata nativa com placas com informações sobre a flora e o nome dos animais que habitam aquela mata e um pequeno museu com esculturas de animais. A trilha é curta, mas é bem agradável andar pelo meio da mata sentindo aquele cheirinho característico de mato e terra úmida. No final da trilha vimos uma planta com um formato fálico, o que nos lembrou uma amiga nossa que sente muita falta da presença de um bilau na sua vida. Valdea tirou uma foto da planta e mandou pra ela matar saudades.

No Museu, as esculturas feitas por um imigrante japonês, tem pequenos ressaltos no seu corpo que, quando passamos um rolinho de madeira sobre eles, produzem o som característico emitido por aquele animal. As crianças devem gostar.

Seguimos para o Mini Mundo. Esse também é um passeio para criança, na minha opinião. Estive aqui a primeira vez há mais de vinte anos.  Há cinco anos atrás, quando retornei a Gramado, preferi passear pelas ruas no entorno do Mini Mundo. São ruas arborizadas com lindas casas e jardins mais lindos ainda. Hoje vou visitar essa atração novamente, ver as miniaturas de vários prédios, castelos, estações que existem na Alemanha. Vários desses prédios eu já visitei o original em uma viagem que fiz pela Alemanha. 

Lago Negro

atração, Lago Negro. Esse é um lugar apropriado para um momento de descanso. Os pedalinhos com formato de cisne passeando pelo lago, a floresta em volta do parque, o solzinho morno, tudo isso é um convite à preguiça. Fomos caminhando devagar em volta do lago. De repente passa um rapaz com camiseta vermelha onde estava escrito em letras grandes o nome "JORGE". Esse nome é sempre lembrado porque é o ex-marido de uma de nossas amigas e Valdéa não permite que o "falecido" descanse em paz. Aliás, Guilherme Mauricio, outro "falecido" também não tem descanso. Quando estive nesse parque em 2010, comprei pra minha mãe uma guirlanda que tinha um casal de velhinhos, ele vestido de papai noel,  sentados entre as flores. Minha mãe, que tinha mais de noventa anos, sofria com o mal de Alzheimer e já não sabia exatamente quem ela era.

- Mãe, trouxe essa guirlanda pra você enfeitar sua porta para o Natal. Achei essa velhinha parecida com você.

-E quem é esse velho que está comigo? Eu não conheço esse gordo não. 

Eu me divertia com as bobagens que ela falava e entrava no ritmo para que ela também se divertisse. Nessa fase ela ainda não sofria tanto com essa terrível doença. 

A noite fomos assistir ao Desfile de Natal. Agora o desfile acontece dentro de um grande pavilhão que nos protege do frio. Os turistas agradecem!!! 

Desfile de Natal

O desfile esse ano conta a história de uma menina que deseja conhecer a história de seus pais e reviver a alegria do Natal. O desfile todo gira em torno das memórias natalinas dos seus pais. As músicas são lindas, os figurinos também, mas o som é ruim, a acústica é péssima o que impede um melhor entendimento da história. Tô legal de desfile, esse é o segundo que assisto e provavelmente também será o último. Na volta descemos próximo ao hotel e fomos procurar um restaurante. Já era tarde e o único que encontramos aberto foi o Galangal, de comida asiática. Gostei do ambiente, da caipirinha e da comida.

No Mini Mundo

Na madrugada acordei com uma ventania entrando pela janela aberta bem ao lado da minha cama. O vento forte jogava a cortina em cima de mim, mas a preguiça era tanta que achei melhor esperar o vento parar, virei as costas para a janela e dormi. 


11.11.2016

O motorista da Van que vai nos levar para o tour de hoje, contou sobre a ventania da madrugada. Disse que foi um pequeno tornado e que esses ventos fortes tem sido frequentes nessa região. Visitamos algumas lojas de malhas, sapatarias, fábrica de cristais e de chocolate.
As companheiras fizeram um estrago nas lojas de sapato. Em uma das lojas, que vendia objetos para decoração natalina, um homem procurava por Papai Noel com roupa azul. Não entendi nada...nunca vi com roupa azul. A atendente disse que já tinha acabado, mas que ia chegar mais. Alguém perguntou ao homem o porquê desse pedido.- Sou gremista, na minha casa não entra Papai Noel colorado. Ah! O futebol, essa paixão que alguns levam tão a sério. A fábrica de chocolates Caracol é bem interessante. Você começa a visita observando uma pequena fábrica de chocolate do outro lado do vidro, numa linha de produção que começa na preparação básica do chocolate e termina na decoração dos bombons. Alguns empregados trabalham enquanto os turistas observam. A visita continua por um espaço temático que conta a história do chocolate, com figuras que parecem bonecos de cera que executam alguns movimentos. Célia, que é medrosa, não gostou dos bonecos e foi saindo de fininho. Onde você acha que termina a visita? Se você respondeu que foi numa lojinha, acertou. Uma tentação ao olfato, a visão, ao paladar. Difícil de resistir! Terminamos o passeio nas lojas do centro de Canela. 

A noite fomos assistir ao espetáculo Natal pelo Mundo, que conta a história de uma moça que encontra seus amigos de infância e conta pra eles o que vivenciou  em suas viagens pelo mundo. Nas conversas vão sendo mostrados como os países comemoram o Natal. Os cenários vão sendo alterados de acordo com o país que está sendo apresentado. Um grupo de dançarinos, com belo figurino e ótima coreografia, mostra a dança típica daquele país. Descobri que ainda não conheço tudo sobre essa comemoração em outros países. Gostei, apesar do som que não é bom.

O espetáculo acontece no mesmo local do desfile da noite anterior. Não ficamos nas cadeiras, que são poucas e muito caras. A arquibancada é boa, mas maltrata o traseiro. Hoje fui prevenida, trouxe uma pequena almofada do hotel porque ontem saí daqui com a bunda quadrada. Alguém comentou que depois de duas horas sentada descobriu que tinha osso na bunda.

Chegamos tarde no hotel e o restaurante já estava fechado. Resolvemos fazer um pequeno lanche. Pedi um chocolate quente com um sanduíche de salada e queijo. O sanduíche era enoooorme e o chocolate tinha a consistência de uma mousse. E ainda tinha uma porção de batatas fritas. Valdea disse que certamente teríamos pesadelos depois de toda aquela comilança. Lembrou de Valéria, sua irmã, quando ambas estavam em um SPA. Durante a madrugada Valéria começou a falar dormindo:- Puliiiça!  Puliiiiça! Valdea, medrosa, ficou quietinha escutando. Pela manhã contou pra irmã o ocorrido e Valéria lembrou que sonhou com um assalto em sua casa. Nesse caso, como estavam num SPA, o problema deve ter sido a fome.

12.11.2016
Cidade das Hortênsias
 

Todos os dias depois do café Célia, Valdea e eu, sentamos em frente ao hotel e papeamos até a chegada da Van que nos leva para algum passeio. Nesse papo fazemos algumas comparações entre Macaé e Gramado. Aqui os motoristas realmente respeitam a faixa de pedestres. Você pode atravessar tranquila que todos os carros param. E são muitas faixas! Também não vi carros em alta velocidade dentro do perímetro urbano. Outra coisa que notamos foi a quantidade de enfeites natalinos distribuídos nas fachadas das casas e lojas, em árvores nas praças.... pra onde a gente olha tem enfeite. Uma árvore na calçada do nosso hotel está enfeitada desde o início de novembro com figuras de feltro, muitas e grandes. Eu disse:

-Se fosse em Macaé essa árvore ia amanhecer pelada, sem um enfeite.

Minhas amigas concordaram, infelizmente. Aliás, isso não  é privilegio da nossa cidade pois acho que o mesmo ocorre em todas as cidades do nosso Estado.
Partimos para Nova Petrópolis. A cidade é pequena, com maioria da população de descendentes de alemães, limpinha, arborizada, bucólica, como são as cidades dessa região. Em uma loja conversei um pouco com uma atendente, branquinha de olhos azuis como a maioria das pessoas daqui. Ela me disse que a maioria da população fala alemão, além do português. Todos foram para o  jardim da praça principal, conhecer o labirinto. Eu já estive aqui antes, então preferi andar pela rua principal e pegar um solzinho como o meu corpo está pedindo.
No retorno paramos em um lugar cheio de malharias. Não aguento mais ver roupas de lã, sinto calor só em olhar.

Á noite  fomos assistir ao último show, que é o melhor dessa viagem. O espetáculo "Eu sou Maria" acontece ao ar livre no lago Joaquina Bier. Imagine uma noite friiiiiia! Como eu disse anteriormente, vim preparada para a friagem porque da última vez trouxe uma mala com roupas apropriadas para um final de semana em Búzios. 

EuRosane, Sabrina e Ana, estávamos bem agasalhadas. Graça não sente frio, é isotérmica. Dayse veio com uma blusa de lã e trouxe uma blusinha de malha "para trocar de blusa se fizer calor". Kkkkkk, calor aqui nesse lago? Só calor humano. A blusinha serviu para aquecer as mãos. 

Agora, Célia pensou que ia pra Búzios realmeeeeente! Com uma blusinha fina e um casaquinho de tecido de algodão, a moça tremia mais que vara verde. Mal conseguia falar:

-Estou congelando, tenho que comprar aquela manta que a mulher tá vendendo. Tentei cobrir as costas dela com uma parte do meu casaco até que a mulher da manta aparecesse. Valdea nos viu assim agarradinhas, tirou uma foto, postou no grupo das Poderosas e disse: "Saíram do armário "Quando a vendedora chegou e ofereceu uma manta por quarenta reais, Célia pagou e se cobriu rapidamente, mas ainda demorou a parar de tremer.- Você daria sessenta reais, né não?

Daria cem reais se ela pedisse, porque do contrário eu ia acabar morrendo congelada.

Ela deu azar, porque viria com um casaco roxo todo forrado de lã por dentro e uma calça também roxa. Quando Valdea viu aquele casaco que parecia meio inflado, tudo roxo, falou:- Amiga, você está parecendo a Noelete, aquela gordinha do teatro de ontem. Aquela que quando caia no chão não conseguia levantar por causa da gordice. Lembra? Pronto! Célia preferiu encarar o frio com a roupa de Búzios do que ficar parecida com a Noelete. 

O espetáculo inicia com uma queima de fogos. É um grande musical com muitos cantores, bailarinos, atrizes e atores que contam a história de Maria e o nascimento de Jesus. Muitas músicas são conhecidas e o público acaba cantando junto. Foi emocionante, o melhor dos espetáculos que assistimos.

13.11.2016

Acordamos bem cedinho pra um passeio a Bento Gonçalves, Garibaldi, Farroupilha e Carlos Barbosa. 

Em Carlos Barbosa embarcamos na Maria Fumaça rumo a Bento Gonçalves. Logo na saída nos entregam uma pequena taça pra degustação de vinho. Durante o trajeto, que dura umas duas horas, os grupos folclóricos vão animando a viagem com muita música italiana e gaúcha. O trem faz uma parada em Garibaldi. Um grupo de músicos vestidos com roupas típicas da Itália cantava a música La Bella Polenta. Tomamos vinho, tomamos espumante e dançamos a Bela Polenta. Lembrei de meu avô, que adorava polenta e gostava de cantarolar essa música. Era desafinaaado, o meu Nono!

O dançarino parece com meu avô
Visitamos a vinícola  Peterlongo na cidade de Garibaldi, fundada há quase cem anos. Sua sede funciona num casarão bem antigo e imponente. Fizemos uma pequena visita guiada e participamos de uma degustação de champanhe e espumante. Delícia!

Estranhei que estivessem usando a denominação champanhe para a bebida, visto que só as vinícolas francesas da região da champanhe podem usá-la. O enólogo explicou que a Peterlongo utiliza o mesmo método de elaboração da bebida produzida na França desde 1915 e só alguns anos depois a França patenteou a utilização desse nome e a partir daí ninguém mais pode usar a palavra champanhe para denominar essa bebida. Exceto a Peterlongo.

Descansando  a sombra dos parreirais
Sede da Peterlongo

14.11.2016

Hoje, nosso último dia em Gramado, dormimos até mais tarde. Nós merecemos um pouco mais de descanso. Vamos conhecer o Parque dos Dinossauros. Parece mais um programa de criança, mas estamos envelhecendo e é bom ir se acostumando a ser criança novamente. Logo na entrada do parque tem uma mini fábrica de chocolates. Aonde vamos essa tentação nos persegue. Passamos pelo restaurante onde vamos almoçar e iniciamos a descida por um caminho margeado por árvores e figuras de animais esculpidos. É coisa pra criança mesmo, mas o lugar é agradável e a temperatura amena ajuda na caminhada. O problema é que a caminhada é morro abaixo e já estou pensando no retorno, morro acima. Ufa! Cansada só de pensar. À noite fomos ao centro assistir ao momento que as luzes se acendem, é tradição por aqui. Caminhamos um pouco nas ruas lotadas de turistas, paramos para apreciar a catedral iluminada, as lojas lindamente decoradas, a música que atrai e emociona...nem vi as luzes acenderem. Acho que não teve o mesmo impacto que percebi da última vez que estive aqui. Já tinha muita luz acesa então o contraste não foi tão marcante. Fomos matar a fome numa sequência de foundi num restaurante ao lado da praça da igreja. 

15.11.2016

Embarcamos para Porto Alegre, acabou minhas "férias". Fui ouvindo um sonzinho no celular para ajudar a passar o tempo. Célia e Rosane tiveram excesso de bagagem. Não é de se admirar, Célia comprou uns vinte pares de sapato e Rosane uns dez quilos de chocolate. Brincadeirinha!!!! Exagerei um pouco, mas só um pouquinho. Na conexão em São Paulo, enquanto tomávamos um cafezinho, dois rapazes sentados ao nosso lado beijavam-se e faziam carícias no rosto um do outro. A todo instante os olhares dos que passavam se voltam pra eles com jeito de espanto ou reprovação. Acho que Ana não está por perto porque se estivesse ia falar seu bordão preferido: Me poupe! Ainda vai levar um tempo para que essas manifestações de carinho sejam encaradas com naturalidade por todos. Chegamos ao Rio no final da tarde. Quando nos aproximamos do desembarque Célia avistou a neta Isadora que a esperava junto com os pais e a irmãzinha. A vovó ficou numa alegria só. No caminho paramos no "Sabor Rural" onde, pra fechar com chave de ouro esse período de comilança, devorei um caldo de mocotó dos deuses. Agora é iniciar o regime em caráter de urgência pra eliminar, chocolate, sobremesa, carne e outras coisinhas mais, porque a temporada de festinhas de confraternização está chegando e a comilança vai rolar solta.





25 setembro, 2016

Filhos

20.08.2016

Meus Filhos
Quando os meus filhos nasceram eu imaginava que o papel dos pais seria o fator mais importante na formação do caráter deles. Sabia que o ambiente em que eles viveriam também era importante. Porém, naquela época, eu ainda não tinha a dimensão da influência decisiva da carga genética transmitida pelos pais, trazidas de outras gerações da nossa família.

A idéia de que os recebemos como uma folha em branco e que, recebendo uma educação adequada, irão corresponder a nossa expectativa, é totalmente equivocada. Há momentos em que me surpreendo com nossa total impotência diante do que a natureza determina. Eles serão, sem sombra de dúvida, uma mistura do que eles já trouxeram quando chegaram nesse mundo mais o que esse mundo oferecerá a eles. Só não sei qual será o fator predominante.

Analisando uma situação que ocorre em minha família, fico a imaginar como a personalidade de um filho pode ser completamente diferente dos nossos pais e avós? É como se todos os valores transmitidos por nossos pais durante anos não tivesse encontrado chance de penetrar na formação do caráter do filho. Parece que apenas os traços genéticos e os instintos naturais sobreviveram. E esses traços negativos ainda foram acentuados pelo meio onde passou a viver depois de adulto (profissional e familiar).

Tenho dois irmãos e uma irmã, já falecida. Vejo em nós traços da educação que recebemos. No entanto, em um deles, não consigo reconhecer nenhum desses valores transmitidos pelos nossos pais. Talvez alguma parte tenha sido absorvida por ele, porém é imperceptível pra mim.

Bom, não sei por que ainda me surpreendo. É assim, segundo reza a lenda, desde os tempos de Caim e Abel.

Fragmentos de Memória

25.06.2016

Quando o Alzheimer atingiu sua pior fase, minha mãe deixou de conversar. Não conseguia montar uma frase sequer, as palavras despareceram da sua memória. Um dia, enquanto tentava fazê-la comer um pouco, cantarolei uma hino cristão que ela gostava muito:

-"Senhor meu Deus, quando eu maravilhado fico a pensar nas obras de tuas mãos. No céu azul de estrelas pontilhado..."

De repente ela começou a cantar o hino. Eu parei e ela continuou.

Trecho do livro Em busca do tempo perdido de Marcel Proust

Mas, quando nada subsiste de um passado antigo, após a morte dos seres, após a destruição das coisas, apenas o cheiro e o sabor, mais frágeis mas vivazes, mais imateriais, mais persistentes, mais fiéis, permanecem ainda por muito tempo, como almas, a fazer-se lembrados, à espera sobre a ruína de tudo o resto*, a carregar sem vacilações sobre a sua gotinha quase impalpável o edifício imenso da memória. (p.57)

O mesmo acontece com o nosso passado. É trabalho baldado procurarmos evocá-lo, todos os nossos esforços da nossa inteligência são inúteis. Ele está escondido, fora do seu domínio e do seu alcance, em algum objeto material (na sensação que esse objeto material nos daria) de que não suspeitamos. Depende do acaso encontrarmos esse objeto antes de morrermos, ou não o encontrarmos. (p.51)

O papel da memória é o tema central desse livro e o trecho acima descreve bem alguns momentos que já vivi.

Algumas vezes, quando subo a serra indo para o Frade, um cheiro de Açucena entra pela janela do carro, sobe pelas minhas narinas e invade meu corpo todo. É o cheiro da minha infância aqui no Frade. Não é a lembrança de nenhum episódio, é mais uma sensação, uma coisa estranha que não sei explicar. 

Banana da terra cozida me traz a imagem da cozinha da antiga casa em Macaé, um perfume faz-me lembrar de um namorado que não vejo há mais de 30 anos, cujo rosto nem me lembro. Mas lembro do cheiro. E outros tantos cheiros tem sobre mim esse mesmo efeito, de me transportar para outro tempo.

A música também exerce esse mesmo poder, porém com menor intensidade.

Parece-me que mesmo depois que tudo se acabar e mesmo que eu fique senil, esses cheiros sobreviverão guardados em alguma gavetinha da memória, esperando apenas que algum perfume ou alguma música abra a gaveta.



Solidão

02.06.2016

Sempre convivi com pessoas que falam muito: no trabalho, nas relações de amizade, na escola. Na família não, somos mais calados. Na casa dos meus pais ninguém era de muita falação e hoje, na minha casa, o padrão é o mesmo.

Sou mais introvertida, mais voltada para o mundo interno do que para o externo. Muitas vezes gosto mais de conversar comigo mesma do que com outras pessoas. Sinto prazer em algumas atividades solitárias: ir ao cinema, ler, caminhar na praia, tomar café em alguma cafeteria enquanto olho o movimento na rua, ouvir música quando estou sozinha em casa, etc. Gosto da convivência com outras pessoas, adoro estar com meus amigos, inclusive as “faladeiras”, mas sinto falta de um pouco de solidão.

As pessoas mais extrovertidas dependem mais da presença de outras pessoas. É através do olhar do outro que elas podem exercer sua extroversão. Algumas vezes uma postura mais introvertida é mais adequada e, em outras, a extroversão é mais apropriada. Muitas vezes desejei ser mais extrovertida e talvez tenha perdido alguns bons momentos por causa disso. Somos do jeito que somos e o melhor é aproveitar o lado bom. Como diria um amigo meu, “aceita que dói menos”. Hoje me sinto bem comigo mesmo e não sinto necessidade de mudar nada.

Nesse tempo de muita exposição pessoal, tenho encontrado alguma dificuldade com a convivência através das redes sociais. Falta-me paciência pra tanta falação e tão poucos assuntos interessantes, úteis, criativos. É claro que o problema está em mim, que não curto cachorrinhos, religião, mensagens de auto ajuda, radicalismo político, lavação de roupa suja, recadinhos malcriados, exposição excessiva da vida particular, fotos e fotos e mais fotos. Não sobra muita coisa, né?
Também não quero me afastar dos amigos, então procuro me adaptar sem exagerar na dose e me manter conectada. 

Às vezes preciso passar uns dois dias off-line. Cuido das plantas, termino de ler algum livro que está abandonado na cabeceira da cama, faço alguma costura que já está há muito programada, deito-me no sofá da sala, apago as luzes e ouço uma música instrumental. Fecho os olhos e não penso em nada, só sinto a música.  É o meu detox.


23 setembro, 2016

O Poder

17.04.2016

Estive acompanhando pela televisão a votação sobre o impeachment da Presidenta Dilma, e observando aquela estranha fauna que trabalha (muito menos do que deveria) naquele ambiente. Depois de algum tempo de observação lembrei-me de uma palestra que assisti em um evento de RH, que falava sobre instintos básicos do ser humano: o desejo sexual, a busca do prazer, a agressividade, anseio pelo poder e outros que não me lembro. Segundo o palestrante esses instintos, que todos nós temos, visam à perpetuação da espécie, a preservação da própria vida, etc.

O anseio pelo poder, que me parece está relacionado à auto-estima, fica bem evidente nesse grupo. O ser humano é um bicho interessante. Na empresa onde trabalhei, ficava freqüentemente boquiaberta diante da atitude de algumas pessoas que almejavam ocupar cargos ou para se perpetuarem neles. E ficava pensando porque uns desejam tanto o poder e outros não. 

Com o passar dos anos fui entendendo (a idade avançada serve pra alguma coisa) que o desejo de poder está em todos nós. Porque são vários tipos de poder e certamente já fomos afetados por algum deles: político, material, intelectual, físico, estético, etc. Possuímos esse desejo de poder, esse prazer em ser superior ao outro. O prazer de ser mais rico, o mais inteligente, o mais bonito, o mais corajoso, o melhor amante, o mais poderoso, o mais caridoso entre todos os caridosos do seu convívio, o mais cruel entre todos os bandidos, e por aí vai. E esse poder é sempre exercido sobre outro semelhante: filhos, marido, esposa, pais, amigos, empregados, etc.

Muitas vezes esse desejo pelo poder é bem disfarçado. Tive um exemplo claro desse tipo de disfarce utilizado, talvez inconscientemente, por uma colega de trabalho na Petrobras, que utilizava a caridade para alimentar seu ego, seu desejo de ser notada. Talvez por não ser bela ou inteligente ou rica....a bondade foi o seu recurso para ser notada, ser admirada. Sempre tenho um pé atrás com pessoas muito bondosas, faz parte da minha cota de preconceito. 

Quanto a  conheci, mantive minha descrença habitual naqueles que são muito caridosos, muito religiosos, muito pudicos. Algumas vezes, com o passar do tempo, percebo que em algumas pessoas essa bondade é genuína, mas é raro. 
Fiquei a observá-la e tempos depois, no episódio da morte de uma cunhada que foi acompanhada por ela durante o período da doença, percebi a verdadeira motivação: poder e vaidade. Enquanto descrevia com detalhes minuciosos o sofrimento pelo qual padecia a enferma nos seus últimos dias, percebi o prazer em seu olhar. O que ela desejava não era minorar a dor da cunhada, mas obter a gratidão de toda a família, criar uma dívida impagável, a dependência da família em relação a ela. A super caridosa.

Não é de se admirar que nas altas esferas de poder todos os pudores sejam abolidos. Se não tivermos instituições fortes e atuantes, não há quem coloque freio nesse desejo incontrolável de poder. Não tenho muita esperança de ver o meu país livre dessa gang que se instalou no governo, em todos os níveis da estrutura.

Não somos muito melhores que os políticos, a diferença é que para os "sem poder" o estrago pode ser menor. Que bicho estranho somos nós!

11 agosto, 2016

JOINVILLE - FLORIPA - SÃO FRANCISCO DO SUL

Nossa amiga Sônia Araújo nos convidou para assistir ao Festival de Dança de Joinville e, aproveitando da sua boa vontade, passar uma temporada em sua casa na cidade do príncipe de Joinville, príncipe francês que jamais pisou nessas terras. Coisas desse nosso país tupiniquim que adora homenagear ricos e famosos.
AMIGAS PARA SEMPRE
Váldea, Jozelene e eu, ficaremos 13 dias por lá. Penso que são muitos dias na casa de alguém. Fico pensando naquela história de que visita é igual a peixe – passou de dois dias, fede. Valdea diz que não tem problema, Sônia gosta da casa cheia de visitas.

Seja o que Deus quiser.

19.07.2016
Esperávamos algum atraso no aeroporto porque desde ontem os aeroportos estão operando no mesmo padrão adotado para os voos internacionais, em função da proximidade com a Olimpíada que começa no início do próximo mês. Não tivemos problema, voo sem atraso, sem turbulência, tudo ótimo.

Chegamos a Joinville no finalzinho da tarde. Sônia e um frio de uns 15° nos aguardavam no aeroporto. Relutei em trazer um casacão, mas de cara vi que valeu o sacrifício.

Estive aqui há uns dezoito anos mais ou menos e já não me lembro de muita coisa. Recordo-me de um passeio a São Francisco do Sul, do Parque Zoobotânico e da Rua das Palmeiras onde marquei encontro com minha amiga Berenice, companheira do tempo em que trabalhamos no Unibanco em Macaé. Se fui a outro lugar não me lembro.

As crianças - Gabriel, Alex e Micheli - agora são adultos. E as crianças de agora são os gêmeos Pietro e Davi, filhos de Micheli e Dudu filho de Alex, os netos de Sônia.

Essa cidade tem algumas características que me fazem lembrar um pouco o noroeste do Paraná - Londrina, Cambé, Arapongas - onde vive parte da minha família: o sotaque, algumas casas antigas de madeira, calçadas largas, pedras brita no quintal para impedir o mato que cresce muito rápido nessa região, muita gente de pele branquinha. E Joinville tem um jeito de cidade do interior, mesmo sendo uma cidade industrial com mais de quinhentos mil habitantes. 

20.07.2016

Restaurante Virado no Alho
Descansadas da viagem, acordamos com toda corda, cheias de fome. Almoçamos no restaurante Virado no Alho, pertinho da casa de Sônia, e passamos a tarde colocando o papo em dia.

A noite chegou e a friagem também, acho que está uns 11° lá fora. Estou com medo do chuveiro, vou deixar o banho pra quando voltar do festival. Enfiei o casacão e parti.

O espetáculo acontece na arena do Centreventos Cau Hansen que tem capacidade para receber seis mil pessoas. Acho que está quase lotado nessa noite. Hoje o espetáculo é balé clássico apresentado pela São Paulo Companhia de Dança. É um grupo bastante conceituado, um dos melhores da América Latina. Foram três peças com música de Mozart (suíte para dois pianos) e do russo Rachmaninoff, músicas que meu irmão gosta e que ouvi muito quando criança. As músicas da terceira peça são desconhecidas para mim. O balé foi impecável, gostei bastante.

Tá mais frio agora. Uma vontadezinha de cancelar o banho....

21.07.2016

Acordamos cedo para um passeio pela Estrada Bonita. Veremos se ela faz jus ao nome.
Estrada Bonita

E vamos seguindo para o norte da cidade. Pequenas propriedades rurais, muito pasto verdinho, algumas construções com características germânicas, algumas araucárias e muiiiiito pé de manacá da serra. É bonita mesmo essa estrada. Decidimos que Sônia “precisa” de um manacá no seu quintal. Acho que ela não gostou muito, vai ter que molhar, varrer folha...

Paramos primeiro num local próximo a um grande restaurante que hoje está fechado. Deve abrir nos finais de semana e feriados. Uma ponte coberta por um telhado atravessa o rio Bonito cujo leito é coberto de pedras. Um grupo de crianças, provavelmente de alguma escola, atravessa a ponte fazendo algazarra. Talvez façam um piquenique, o lugar é propício.
Ponte Tecilio Bilau (olha o sobrenome!!!)

Pesque e Pague
Seguimos viagem e paramos numa pequena propriedade que possui um pesque-pague. A família proprietária também fabrica doces e biscoitos e prepara os peixes caso os pescadores queiram comê-los no local. O rapaz que limpa os peixes, provavelmente filho da senhora que nos atendeu na lojinha dos doces, nos mostrou uma tilápia grandona que uma menina havia acabado de pescar e que ele vai preparar para o almoço.

Compramos alguns doces e seguimos em frente. A próxima parada foi num ponto turístico mais estruturado, com comércio de produtos coloniais caseiros, artesanato, pães, biscoitos, geleias, queijo e mais uma porção de coisinhas que contribuem para o aumento do nosso abdome e da circunferência da nossa cintura. Para passar da loja para o interior da propriedade tem que pagar, mas é baratinho. Começamos pelo que mais nos interessa, a cozinha com um grande tacho de melado. Na casa de Sônia come-se melado todos os dias no café da manhã. A mulher que nos acompanhava na visita explicou como funciona o processo de fabricação. Depois passamos por um pequeno museu de antiguidades, coisas antigas que se usavam na roça, alguns animais e uma roda d’água.



A senhora Kersten, proprietária do lugar, nos disse que já foram entrevistados pelo Globo Rural. Isso deve ter impulsionado esse pequeno negócio.

22.07.2016 

Legumes para a colheita
Hoje vamos à festa do colono em Pomerode, a cidade mais alemã do Brasil. É uma cidadezinha pequena não muito distante daqui. O Sesc organiza esses passeios com um precinho bem legal, principalmente agora que já sou “terceira idade” e pago mais barato. Snif, snif....preferia pagar mais caro.

No ônibus encontramos uma turma de amigas de Sônia: Regina, Lourdes, Nilcea, Sonia. Turma alegre e bem disposta.

O pavilhão onde a festa acontece é todo decorado com folhagens e no alto muitos legumes e frutas pendurados. No final da festa é dada a largada para a “colheita” e o povo avança nos legumes e frutas, arranca e leva para casa o que conseguir pegar. Tô de olho numa mandioca gigante e imaginando comê-la no café da manhã com uma manteiguinha por cima, ou melado que também deve ficar gostoso.

No interior do pavilhão mesas compridas com bancos de madeira e ao fundo o palco e uma pista de dança com tamanho razoável.
Tomamos um café e dividimos uma fatia de bolo gigante. Achei estranho aquele tamanho, todos enormes, mas tinha gente devorando o pedaço inteiro sozinho.
Uma banda tipo fanfarra seguida por um grupo de locais, todos paramentados com suas roupas típicas da cultura alemã, entraram tocando e cantando música alemã. Chegando ao palco deram início a festa. Eu e Valdea resolvemos estrear a pista de dança e dançamos juntas. Na falta de um parceiro vamos de parceira mesmo. É o que há de mais “muderno”, diria uma amiga minha.

Portal de Pomerode
Na parte externa do pavilhão mesas e cadeiras onde serão servidas as refeições, para quem optar por comer aqui. Nós decidimos sair pra conhecer o centro da cidade e almoçar por lá. Pegamos o táxi em frente e rodamos uns 500 metros até a pracinha central. Dava pra vir a pé tranquilamente. A cidade é bem bucólica, desses lugares onde os dias parecem passar mais devagar. Tudo limpinho, bem cuidado, florido. Muitas casas bonitas. Valdea e Lene foram tirando fotos e “comprando” as casas. Compraram muiiito. Valdea deve ter gasto todo o seu PIDV (grana que recebeu de incentivo a demissão) nessas “compras”.

Almoçamos num restaurante bem bonitinho, comida boa e preço justo. Depois sentamos na varanda do restaurante, aproveitando o solzinho morno do inicio da tarde. Ficamos olhando o tempo passar enquanto fazíamos um pouco da digestão. Na volta, caminhando até o pavilhão, conversávamos, Lene e eu, sobre a tranquilidade da vida nesse lugar e ela me disse que sentia a energia boa daqui. Perguntou se eu sentia também. Disse que não, eu nunca sinto essa sensação chamada de energia. Pessoas mais racionais, como eu, tem dificuldade em perceber essas manifestações. Gosto ou não gosto de um lugar ou de um ambiente, dependendo das características que me agradam ou desagradam do meu ponto de vista particular. Lembrei que essa cidade já foi considerada a de maior índice de suicídios no Brasil. Não combina muito com energia boa.
Sonia tirando um cochilo


O bailão, como chamam aqui, estava rufando. Sentamos próxima a pista e ficamos observando os casais dançarem. Homens com mulheres e mulheres com mulheres. Não vi homem com homem, eles são mais preconceituosos. Muitos casais dançam rodando, giram mais que o normal, acho que é herança das danças alemães.

Valdea apelidou alguns casais com nomes de pessoas nossas conhecidas: Otávio e Célia, seu Valdir (pai dela), Guilherme Mauricio (o finado) Agenilda. Um velhinho aprumado, olhos azuis, todo arrumadinho, se aproxima e convida pra dançar uma moça que estava sentada ao nosso lado. Ela empurrou a mãe pra dançar com ele. O velho falou que dançava com a mãe, mas que depois queria dançar com ela. E lá foi a velha e o velho pra pista. Depois ele devolveu a mãe e foi dançar com a filha. Daí a pouco a moça volta esbaforida e diz que o velho perguntou se poderia pousar na casa dela (aqui se fala pousar e no Rio, se hospedar).

- Velho safado! Imagina, se vou dar pouso pra qualquer um.

O velho não ficou satisfeito e continuou sua ronda na nossa área. Debruçou no cercado a nossa frente e ficou olhando pra mim e Sônia, querendo nos chamar pra dançar. Não demos bola, então ele começou a fazer sinais pra nós quatro. Valdea não perdoou:

- Esse velho de 101 anos quer se arrumar de qualquer jeito. O “cegonho dele nem avua” e ainda acha que tá podendo. Se Ângela topar vou perder meu lugar na cama. Na pousada da tia Sônia se pousar mais alguém uma de nós será despejada.

Ocupadas que estávamos em reparar o velho de "101 anos", não percebemos que a “colheita” já havia começado. Quando resolvemos sair do pavilhão olhamos pra cima e as cordas estavam vazias, já não havia nada para colher. Encontramos Regina com duas canas caianas e outros legumes. É engraçado, as pessoas saírem da festa carregadas de legumes e frutas.

23.07.2016
A mesa do bate-papo
Todo dia acordamos e já encontramos a mesa arrumada para o café da manhã. É praticamente um café colonial. Anfitriã melhor que Sônia não há. Ela não para, parece uma formiguinha, não nos permite fazer quase nada. Combinamos, nós três, um revezamento para lavar a louça e uma varridinha na casa. Acho que estamos fazendo um pouco de corpo mole. E bota mole nisso. Não tenho hábito de dormir durante o dia, mas aqui acompanho o hábito das demais e durmo quase todas as tardes. Resultado, não consigo dormir direito a noite.

O café se estende pela manhã a fora. É muita conversa, muitas lembranças, muita discussão saudável. Valdea, com sua memória cavalar, lembra de coisas do arco da velha. Gabriel, filho de Sônia, que estava embarcado chegou e participa com a maior paciência das nossas conversas à mesa. Valdea conhece Gabriel desde que ele nasceu e lembra quando ele pequenino, falava:

- Ô tia Rodeia, tio Guilher tá ti traindo com Maria Zilda (artista de novelas).

E a conversa continua, a comilança também.

Quando saímos da mesa já é hora de fazer o almoço. Combinamos com Sônia que em alguns dias nós faremos o almoço. Valdea fará um bolo salgado de couve flor, Lene fará um nhoque de batata com molho de frango, sua especialidade e eu farei um risoto de abóbora com camarão. 

A tarde fomos conhecer a escola de dança do Balé Bolshoi, a única fora da Rússia. Muitos visitantes no dia de hoje. Somos separados em pequenos grupos de aproximadamente quinze pessoas, que vão entrando gradativamente com um pequeno intervalo de tempo entre os grupos. Nós fomos acompanhadas por uma bailarina e um pianista, ambos professores nessa escola. Eles nos contam a história da criação da escola do Balé Bolshoi, seus idealizadores, o projeto que hoje mantém todos os alunos gratuitamente. Isso é muito bom, porque dá oportunidade a pessoas de todas as classes participarem. Muitas famílias vêm morar em Joinville para acompanhar os filhos, pois são necessários oito anos para se formar um bailarino. É o mesmo tempo que leva pra se formar um médico. Passamos pelas salas envidraçadas onde os bailarinos ensaiavam. Dá vontade de ficar parado ali, olhando.

Seguimos para a sala de costura. Um espaço enorme, cheio de roupa penduradas, outras sobre as mesas ainda em fase de costura ou bordado. Muito tule, muita linha de bordado, muita pedraria. Acho que eu adoraria trabalhar nessa sala.


Sônia fez muitas perguntas a nossos guias, o que é ótimo porque traz informações que talvez não faça parte do roteiro dos nossos guias. Perguntei a professora de balé por que não era comum bailarinos de alta estatura. Ela respondeu que existem alguns que são altos, principalmente entre os homens, mas que realmente são minoria talvez porque em função da altura tenham menos agilidade e leveza. Lene olhou pra mim e disse:

- Nós não temos a menor chance!

Com nossa idade, a estatura, o excesso de peso e o tamanho do quadril, teríamos dificuldade até para calçar as sapatilhas.




24.07.2016
Ponte Hercilio Luz
Vamos a Florianópolis junto com umas amigas de Sônia. Nossa guia Olivia já trabalhou com Sônia na Prefeitura de Joinville, hoje é guia de turismo. Junto com ela, sua sobrinha Izabele, que deve ter uns 10 anos. Somos 10 coroetes e a menina Izabele.
Izabele
Não conheço Floripa. Já tive viagem marcada para vir aqui, mas não pude, não lembro porque.

Começamos a visita pelo centro histórico. Hoje é domingo e tudo está fechado, uma pena. Uma cidade turística como essa e não abre o comércio nos pontos turísticos em pleno mês de férias escolares? Não dá pra entender. Depois dizem que os baianos não gostam de trabalhar. Vários grupos estão passeando por aqui e nem uma única barraquinha de artesanato aberta. Apenas os pedintes, e são muitos, bateram ponto no local. Passamos pela Praça XV, entramos na Catedral, caminhamos em direção ao Mercado Municipal, também fechado. Pensei em comer algumas ostras, mas não vai ser dessa vez.
Passamos pela Avenida Beira-Mar que estava repleta de gente caminhando, correndo, tomando sol sentados na grama. Muito bonita essa avenida que deve ter um metro quadrado bem carinho, visto os muitos prédios, bares e restaurantes ao lado da avenida.

Lagoa da Conceição

Seguimos para a Lagoa da Conceição onde faremos uma parada para o almoço. Olivia nos indicou o restaurante BoKa’s. Pedimos o prato Sequência de Camarão. Vixe, é muiiiito camarão frito, empanado, no molho do peixe. O prato era pra três mas não demos conta, sobrou camarão e na batata frita nem tocamos.
Restaurante BoKas
Lagoa da Conceição
Cheios de preguiça depois desse farto almoço, fomos para a praia da Joaquina. Mar azul e praia forte, boa para o surf. Não molhei os pés, hoje tá um pouco frio, mas já soube que as águas aqui são mornas, bem diferente do mar no norte do Estado do Rio de Janeiro.
Praia da Joaquina

Seguimos em frente e paramos na Praia Mole. Essa é mais mansa e parece mais movimentada que a Joaquina. Todas duas muito bonitas. 
Praia Mole

Alguém falou que são mais de 40 praias, e é claro que não vai dar pra conhecer todas em um dia. Passamos por um mirante pra tirar algumas fotos e visitar algumas lojinhas de artesanato. Gostei muito do artesanato daqui. Não é sempre que vejo coisas interessantes nessas lojas de artesanato.

Praia de Jurerê
Vamos agora até a praia de Jurere e Jurere Internacional. Acho que essa é a praia mais badalada da ilha. Já se vê pelas casas, lojas, bares e restaurantes que é uma praia mais requintada. Caminhamos até próximo à água. Se o tempo estivesse favorável eu arriscaria um mergulho, o mar aqui é convidativo. Demos um passeio pelo bairro que é muito agradável. Muitas casas não têm muros ou cercas, meu sonho de consumo. Acho lindo, mas na minha cidade só é viável em casas de condomínio.

Por do sol na Avenida Beira Mar
Retornamos para Joinville no finalzinho da tarde. O sol ia se escondendo devagar na linha do horizonte do mar de Floripa. Lindo espetáculo!
Como são 40 praias e só conheci 4, então tenho que voltar.

A Van que nos trouxe é bem confortável e o motorista Vilmar é bem tranquilo e dirige com segurança. Eu e Valdéa sentamos no banco da frente, ao lado do motorista e conversamos bastante com ele. Falou que é casado, tem dois filhos e a esposa dirige uma outra Van. Contou sobre os bailões que acontecem por aqui e que leva muita gente da terceira idade para dançar nas cidades próximas a Joinville. Valdea foi dando corda e o moço começou a ficar animado. Quando passou em frente ao local de bailão já em Joinville, perguntou se Valdea gostaria de ir:

- Vou sim, mas você vai ter que dançar com as nove.
- Deus ô livre! Assim não guento, daí.

Nós rimos e pouco depois tornou a falar com Valdea:

- Pode passar em casa, tomar um banho e ir ao bailão. Dá tempo, daí.
- Tá bom. E depois sua mulher me pega e dá uma surra.
- Dá nada, ela já tá mortinha.

Valdea virou pra mim e disse baixinho:

-Homem é tudo igual.

Até que o motorista não é de se jogar fora, melhor que o velho de "101 anos".
Depois ele fez um interrogatório sobre Sônia. Se ela era casada, se o pai do filho dela era da Petrobras também, se ela se dava bem com o ex-marido....e por ai vai. Achamos que ele estava perguntando demais e começamos a dar informações falsas pra despistar. Ele deve ter pensado que “Dna Valdea mora longe, mas Dna Sônia tá aqui perto, pode render alguma coisa”. 
É tudo igual, ô raça!!!

25.07 a 26.07.2016
A noite fomos assistir mais um espetáculo de balé, o da Noite de Gala. No caminho, passamos para pegar Emanuela, amiga de Sônia que tem nos acompanhados em todas as noites de festival
Para essa noite, um conto de fadas em versão moderna. A companhia de Balé do Teatro Guaíra da cidade de Curitiba, trouxe uma “Cinderela” contemporânea ambientada nas décadas de cinquenta e sessenta. Mais de vinte bailarinos, músicas conhecidas, recursos audiovisuais, dão um toque de modernidade a essa antiga história.

Ao final da apresentação, uma das integrantes do elenco falou ao público sobre as dificuldades financeiras que atravessa o Teatro Guaíra e, consequentemente, a companhia de balé.

Reflexos da crise. Nesse cenário atual, a cultura é uma das primeiras áreas a sofrer o baque. A organização do Festival, felizmente, conseguiu manter seus patrocinadores, porém com menor recurso disponível. Usou a criatividade para tocar o projeto e parece que teve sucesso.

Terminamos a noite numa pizzaria da via gastronômica de Joinville.

No dia seguinte pela manhã fomos ao salão de Tatiane, que é mãe de Dudu, neto de Sônia. Hoje é dia de cuidar da beleza. Fizemos aplicação de botox no cabelo (nunca tinha ouvido falar nisso) e hidratação. Uma das funcionárias do salão insistiu para que eu fizesse o buço e sobrancelha. Ela falou das vantagens de tirar com o fio, que o pelo demora a crescer, que a pele fica macia, e ....blá, blá, blá. Fui vencida pela insistência. Lene já estava peladinha, ou seja, tinha depilado todo o rosto.

Chegou a minha vez e, lá vem ela estalando aquela linha presa aos dedos. Parecia o “Eduardo mãos de tesoura”. Cerrei os dentes e me preparei pra dor. Até que não doeu muito, mas no dia seguinte apareci com a cara toda empelotada. Sei lá o que houve, se foi alergia ou a pele estava sensível. O cabelo ficou ótimo, mas a cara....

Primeira flor de AnJoVal
Compramos uma muda de manacá da serra e plantamos no quintal da casa de Sônia. Demos um nome pra futura árvore: AnJoVal, a sílaba inicial do nosso nome. Todas as manhãs Valdea rega a plantinha e conversa com ela. Acho que Sônia não vai ter muito trabalho em dar continuidade a rega, chove muito por aqui. Quanto à conversa ao pé da árvore, acho que não vai rolar. Ela já conversa com Luna, a cadela do vizinho vereador, que toda manhã ergue as patas sobre o muro e chama por Sônia.

À noite Lene viajou para a cidade de Assis, em São Paulo. Foi visitar uma prima e retorna na sexta. Inicialmente pensamos em ir com ela, mas quando vimos a distância, o tempo que iria levar pra chegar a Assis....desistimos.

27.07 e 28.07.2016
Vamos passar o dia em São Francisco do Sul. Sônia trabalhou lá, numa base da Petrobras. A estrada não está em boas condições, o que é um absurdo considerando que o porto da cidade é muito importante pra economia do estado de Santa Catarina.

No caminho paramos na casa de Maria, mais uma amiga de Sônia. Ela não estava em casa, mas o marido dela, um sujeito muito simpático e agitado nos convidou para entrar e conhecer sua mãe. Ele é primo do repórter Caco Barcelos e são muito parecidos fisicamente.

Seguimos para São Francisco. Sônia fez um tour pela cidade, começando pela sede da Petrobras, depois pelas praias e terminamos no centro. A sede da Petrobras, que não é muito grande, cuida da armazenagem e transferência do petróleo bruto que chega por navios e é transferido por oleodutos para a Refinaria do Paraná. As praias são convidativas, bem azuis e de água morninha (ô raiva!). Muitas casas de veraneio, a maioria fechada nessa época. Muitas ruas não são pavimentadas e percebe-se que a cidade não tem uma boa infraestrutura. Uma pena! A cidade é tão bonitinha e tem um ótimo potencial turístico, é só estruturar.























No centro o casario antigo está bem conservado. Essa é a terceira cidade mais antiga do Brasil. Num dos casarões funciona uma loja que faz parte de uma Associação que visa resgatar o artesanato feito em tear. Cada coisa linda, tudo de muito bom gosto!

Amanheci no dia seguinte com uma gripe danada. Tomara que não me estrague o resto da estadia.

29.07.2016

"Macaé minha terra querida, que os anos te fazem crescer,
 Para nós tu és terra onde a vida, fica sempre em constante nascer"

Hoje é o aniversário da minha cidade, Macaé. Sônia também é macaense e por coincidência mudou para Joinville há vinte um anos atrás exatamente nessa data. Pra comemorar tomei o restante da garrafa de vinho que estava na geladeira.

Lene chegou bem cedinho, descansou um pouco e quando levantou foi nos ajudar a preparar o risoto de abobora e camarão para o almoço.
Delícia de risoto. Só Gabriel não gostou, ou melhor, nem provou. Ele não come carne, peixe, frango e mais um monte de coisa. Pediu a Valdea pra fazer um bolo pra ele, mas tinha que ser um bolo difícil, não quer nada simplesinho. 

A noite iremos a casa das duas irmãs, Regina e Sônia. Elas nos convidaram para um lanche e vamos comer o famoso pastel com uma massa caseira feita por elas. Fomos avisadas:

-Fiquem preparadas que as duas gostam de mesa farta, é preciso controlar o apetite, daí. 

A expressão "daí" é usada pra tudo aqui na região, como a palavra “prego” no italiano ou  “trem” no idioma mineiro.

Valdea fez um bolo de cenoura recheado com brigadeiro, será nossa contribuição para o lanche.

Fomos as primeiras a chegar, em seguida Lourdes, depois Nilcéa e por último, Olívia. Sônia tem um grupo de amigas que são excelentes companheiras. Costumam viajar juntas, ir ao teatro, almoçar aos domingos e no Natal, quando estão em Joinville nessa data, se reúnem na casa de Regina. Acho que esse grupo, além dos netos e do clima, é um dos fatores pelo qual Sônia não retornou pra Macaé depois de aposentada.

Regina, a dona da casa e do segredo de uma excelente massa caseira de pastel, é uma simpatia. Ela é do Rio de Janeiro e veio para o Sul quando foi aprovada num processo seletivo da Petrobras para Assistente Social. Trabalhou em Tramandai no Rio Grande do Sul. Dois anos depois veio para São Francisco do Sul pensando em facilitar sua transferência para o Rio. Acabou ficando no meio do caminho e, pelo que parece, vai ficar mesmo por aqui, junto com sua irmã e fiel escudeira, Sônia.

Lourdes gosta de fazer artesanato e nos deu de presente um “bate mão”. O meu tem estampa de canequinhas. A Sônia e Regina também nos presentearam com uma toalhinha de mão com nosso nome bordado. Uma graça. E nós não trouxemos nada pra dona da casa, o que seria educado da nossa parte. Só trouxemos a fooooome, a boca grande, o olho grande! Fazemos um mea culpa, distração imperdoável.

A mesa realmente estava irresistível. Além do pastel, elas fizeram uma empadinha dos deuses e cachorro quente. E tinha também cuscuz, bolo de mandioca, bolo de cenoura, bolo de laranja, arroz com leite, suco de cajá e de acerola, geleia....

Lene ficou desnorteada, comia um salgado, depois um doce, outro salgado e depois outro doce. E daí por diante. Sonia, que é entre nós a mais educada para comer, devorou pelo menos umas doze empadas. Como entrada. 
Valdea que é gulosa e eu também, tivemos que tirar uma das calças - estávamos com mais de uma calça comprida por causa do frio - porque com a comilança até a roupa estava pesando.

Vamos chegar em Macaé com pelo menos cinco quilos a mais. Acho que podemos dispensar o avião e ir rolando

30.07.2016
Valdéa trouxe a metade do bolo de cenoura para Gabriel. O bolo “capotou” no trajeto para casa, ficou meio feinho. Ele olhou, olhou, provou, fez uma cara séria e deu nota quatro pro bolo. Safado! Tava feio, mas gostoso.

Micheli, sobrinha de Sônia, o marido e os gêmeos Davi e Pietro, vieram almoçar conosco nesse sábado. Os meninos são levados, como deve ser alguém nessa idade, e ficam meio ressabiados com essas mulheres estranhas.

Nosso último almoço dessa temporada. Viemos para o festival de dança e descobrimos que era também um festival gastronômico.
Ahhhh! Vou sentir falta de encontrar café quentinho, a mesa arrumada para o café, o melado, a bate papo na mesa, e olhar Sônia picando a casca da laranja em pedacinhos, ou seja, cada doido com sua mania. Ou como costumamos dizer aqui entre nós “fulano tem um pobreminha”. Depois de tanta conversa nessa mesa descobrimos que todos nós “temos um pobreminha”.

À noite fomos assistir o encerramento do festival. É a noite dos campeões, uma mostra de todos os que conquistaram o primeiro lugar na mostra competitiva. Tem de tudo: balé clássico, dança contemporânea, jazz, sapateado, danças populares, danças urbanas. Tem também premiação para: coreógrafo revelação, melhor bailarino, melhor bailarina, melhor grupo e prêmio revelação. Fechamos com chave de ouro.


































31.07.2016
No nosso último café da manhã o tema da conversa foi relacionamentos. Ora, esse assunto renderia até uma outra viagem.
"Quem ama cuida", alguém falou. O que significa isso? Pegar no pé do parceiro, vigiar cada passo, vasculhar o celular? Para alguns sim, acham que isso ajuda a manter o relacionamento. Ou significa paparicar o companheiro? Só sair juntinho, fazer a comidinha que ele gosta, cuidar da roupa dele, fazer sexo sempre que ele quer mesmo que você não esteja com disposição....e por aí vai.
Estou casada há trinta e cinco anos e não me enquadro em nenhuma das duas opções. Acho que temos que cuidar do relacionamento sim, mas não vou dizer o que acho porque já falei demais e ainda não arrumei a mala.
Valdea tentou fechar a mala, mas não teve jeito, sobrou roupa pra tudo que é lado. Teve que pegar uma mala emprestada com Sônia. No aeroporto a mala que pegou com Sônia ultrapassou o peso para bagagem de mão. E tira roupa, joga em sacola... tava parecendo uma muambeira. Tudo bem, somos mulheres e acabamos comprando sempre mais de que se deve.

Despedimo-nos da nossa amiga Sônia e partimos. Acho que ela vai dormir uns três dias para se recuperar dessa estafa. Temos que paparicá-la muito quando for a Macaé, ela merece.

No voo de São Paulo para o Rio acabamos ficando cada uma em um voo. Tudo bem, eu vim bem acompanhada. Antonio Fagundes veio no mesmo voo e na chegada ao Rio pegou a minha bolsa que estava ao lado da mochila dele no mesmo bagageiro e me entregou. Não é mais um garoto, mas ainda dá um caldo.