Sentei-me
no tronco que fica atravessado na parte alta do terreiro, um pouco abaixo do
morrinho que fica por trás da nossa casa no sítio. Estou esperando chegar a
chuva que se anuncia no horizonte. Adoro ficar olhando a tempestade assim de
longe. Sinto-me segura nessa distância.
-
“Vem prá dentro “mulhe”. Vai “acaba” caindo um raio na sua cabeça!!!
Meu
marido tem medo de tempestade. Enfurna-se dentro de casa, desliga a televisão, veste a camisa e mantem distância de espelho.
Lá
longe um monte de relâmpagos clareiam o céu. E os raios? São lindos os raios.
Perigosos mas lindos. Um vento frio bate no meu rosto levando prá longe o calor
desse final de um dia de verão. A chuva chega e os
pingos batem forte no chão de terra fazendo pequenos buracos e enlameando tudo. Resolvo entrar na casa.
É
gostoso ficar aqui, enroscada no sofá, tomando um café quentinho com leite e
canela, ouvindo o barulho da chuva que bate no telhado com força. Lá fora já é
noite e a chuva lava tudo.
Quando cheguei aqui no sítio hoje pela manhã estava me sentindo aborrecida, angustiada. As horas foram passando e o meu espírito foi ficando mais sossegado, como se o tempo fosse levando as contrariedades, da mesma forma que a chuva vai arrastando as folhas que estão espalhadas pelo terreiro.
O quintal está lavado e minha alma também.