Dizem que sonhamos todas as noites. Se sonho, raramente me lembro e quando lembro, é só bobagem.
Tive um desses sonhos malucos ontem à noite.
“As pessoas que morriam em Macaé estavam todas sendo enterradas em Quissamã (sabe-se lá porque).
Eu estava no sítio da minha sogra, em Quissamã, e de repente um menino, cria da casa, entra correndo e me avisa que acabara de chegar à igreja próxima ao sítio, o corpo de uma colega do meu trabalho.
Subi correndo rua acima até a igreja. Minha cunhada Eliana estava arrumando os castiçais ao lado do caixão de uma mulher desconhecida.
- Paulinho disse que chegou o corpo de uma amiga minha...
- Deve ser a que está no quarto aí ao lado. O caixão ainda não chegou.
Entrei no quartinho que tinha apenas uma cama e uma mesinha. Olhei o corpo que estava na cama. Era Rosimara, uma colega de trabalho. Notei que ela estava vestida com a mesma roupa que usou na nossa festinha de final de ano: um short jeans e uma blusa larguinha que caía no ombro. Segurei na mão dela e de repente.....ELA SENTOU NA CAMA!!!!
Olhou-me e disse:
-Nossa, estou cansada de tanto dormir. Tô com fome!
Virgi Maria, que troço é esse!!!
-Vamos até a casa da minha sogra. É aqui pertinho e sempre tem um café.
Peguei na mão dela com cuidado – podia estar gelada – e ajudei-a a descer da cama.
Chegando na casa, encontramos minha sogra sentada na varanda. Ela já estava meio caduca e ficou olhando Rosimara com uma cara de poucos amigos.
Minha cunhada Edinete estava fazendo bolinho de chuva. Peguei o café e alguns bolinhos e levei pra Rosimara na varanda. Entrei de novo na casa e tentei ligar para o marido dela pra avisar que ela não havia morrido ou ressuscitado, sei lá.
De repente, vem o menino correndo de novo e gritando que a outra defunta “tinha revivido”.
- A outra também? Que diacho é isso, gente! Cadê a mulher?
- A muié fico desarvorada quando viu que tava nu caxão!
Olhei pela janela a tempo de ver a defunta correndo pela estradinha, morro abaixo. Tem bom preparo físico, pensei.
Virei para o meu marido, que estava ao meu lado, e disse:
Quando eu morrer quero ser enterrada em Quissamã”.
Acordei em seguida, com o barulho do meu marido mexendo nas panelas da cozinha. O calor do dia que começava encerrou meu sonho.