01 junho, 2013

PARIS

06.06.2013  PARIS

Nosso voo para Paris saiu as 10:15 h. Fátima e Kátia voltaram para o Brasil a tarde. Adélia, Andrea, Valdéa e eu ficaremos mais seis dias em Paris. Saímos mais cedo porque ainda tínhamos que entregar o carro no aeroporto de Nice. Foi tranquilo e rápido.

Hotel Le Clément
Chegamos a Paris com uma chuvinha fina. Que azar, quando estive aqui da primeira vez também chovia. Nosso hotel é muito bem localizado e com razoável conforto, tecido com flores vermelhas na parede e cortina xadrez verde e vermelha na janela (quarto para torcedor do Flu, Eca!!!) Almoçamos perto do hotel e depois visitamos a igreja de Saint Sulpice que também fica perto do hotel.

A chuva deu uma trégua. Fomos para o Boulevard Saint Germain onde Adélia e Valdéa vão sacar algum dinheiro no caixa eletrônico, dessa vez num banco. Incrível, mais uma vez o cartão de Adélia ficou preso dentro do caixa! E agora era o cartão reserva. Entramos no banco e ela explicou a uma funcionária o que havia acontecido. A mulher disse que não tinham a chave do caixa e que só no dia seguinte, quando o caixa fosse reabastecido, seria possível abrir a caixa. Adélia estava ficando nervosa, não que fosse passar por algum aperto porque ainda tinha o cartão de crédito e mais cinco amigas para ajudar no que fosse preciso. Como já tínhamos programação para o dia seguinte resolvemos tentar retirar o cartão. Após algumas tentativas comecei a socar a máquina, mas fiquei com medo de ser presa por tentativa de destruição de um bem público. Sentamos numa mureta e ficamos esperando que alguém tentasse sacar para ver o que acontecia. Logo chegou um rapaz, que por acaso era um brasileiro, tentou sacar, não conseguiu e trocou de máquina. Resolvemos arriscar com o cartão de crédito de Adélia. Segurei o cartão com firmeza para que a máquina não o engolisse também. Inseri devagarinho, ele tocou no outro e a máquina expulsou os dois. Viva, conseguimos!!!!

Notre Dame
Eu e Valdéa caminhamos até a Notre Dame. Tem uma grande arquibancada armada em frente à igreja onde um monte de gente fica sentado olhando a igreja. Não sei se essa arquibancada é para algum evento ou se vai ficar aqui em definitivo. É confortável, mas a estética é um pouco estranha.

Da igreja fomos para a Torre de Montparnasse ver o pôr do sol e as luzes da cidade acenderem. Os franceses, que são muito conservadores quando se trata de arquitetura, devem ter odiado esse prédio enorme bem perto do centro antigo da cidade, mas a vista é belíssima. E é possível ter uma vista completamente diferente da Torre Eiffel. Tomamos um café no restaurante do terraço da torre e ficamos esperando anoitecer o que só aconteceu depois de 21:00h.
Quando chega a noite, no hotel, bate saudade da família e é hora de ligar para casa. Nem sempre as notícias são boas. Há poucos dias Adélia soube que sua mãe, doente já há alguns anos, estava internada. Hoje Vilson me falou da morte de Raul, colega de infância dos meus filhos, que morou na casa ao lado da nossa por algum tempo. Senti uma pena enorme dos pais dele, que já perderam uma filha anos atrás.

 07.05.2013    

Museu Dorsay
Aqui em Paris nosso grupo se dividiu. Adélia e Andréa que já vieram aqui várias vezes, farão outros programas. Eu e Valdéa faremos o roteiro básico de todo turistas. Em alguns lugares já fui, mas irei novamente porque já faz muito tempo que aqui estive e, também, para acompanhar Valdéa que vem pela primeira vez.

Fomos ao Museu Dorsay. Há dias venho sofrendo com a prisão de ventre que sempre piora quando viajo. Tomei três comprimidos de um laxante e quando cheguei ao museu, tive que correr para o banheiro. Fiz uma escultura. Pensando bem, o local é apropriado.
O museu é lindo! É tão claro, iluminado, inundado pela luz que atravessa o teto de vidro. E pensar que esse prédio era uma antiga estação de trens! Combina com as obras dos impressionistas que estão expostas aqui. Vi vários quadros conhecidos dos  pintores que eu mais gosto, e tantas outras obras que desconheço. 

Antes de partir para outro ponto turístico, paramos para comer uma sobremesa que também é típica desse país, o creme boulet. É gostoso, mas em se tratando de doces prefiro as compotas caseiras da minha terra: mamão verde, laranja cidra, batata doce, carambola, tudo com queijo minas.
Torre Eiffel


Entramos em um dos ônibus vermelhos que fazem o roteiro turístico da cidade. Quando procurei a língua espanhola para o fone de ouvido me surpreendi com a bandeirinha do Brasil. Era a 14ª bandeira e dava pra perceber que tinha sido colada recentemente. Sinal que já somos turistas em número significativo na França. Seguimos tendo uma aula de história, em português do Brasil, sobre os monumentos dessa cidade que tem muito pra contar. Descemos na Praça do Trocadero para uma foto da Torre Eiffel.

Terminamos o dia comendo uma pizza num restaurante do Marché Saint Germain, que fica em frente ao nosso hotel. Esse mercado é cercado de restaurantes e tem também lojas de marcas conhecidas. O entorno do mercado também é repleto de bares, pizzarias, restaurantes e a noite fica lotado de gente.

08.05.2013                   AUVER-SUR-OISE 

Hoje fomos a Giverny visitar o jardim de Monet. Estive lá anos atrás, mas aquele jardim merece outra visita.
O motorista que nos acompanhou chegou cedo ao hotel. Passamos por mais dois hotéis para pegar turistas e somos ao todo oito pessoas. Acho que os dois casais são americanos. Chovia bastante e logo que pegamos a estrada percebi que o motorista estava com sono. Eu estava sentada atrás dele e o retrovisor interno ficava bem na altura dos meus olhos e dos dele também. Vi que os olhos dele estavam pesados e piscavam devagar. Quando vi os olhos se fecharem totalmente, toquei o ombro dele. Os franceses não gostam de serem tocados por estranhos, mas não teve jeito. Fiquei de olho nele e quando ele percebeu que eu não desgrudava ficou enfezado, meteu a mão no retrovisor e virou-o para cima. Passei a conversar com Andréa em voz alta e a tossir. Não dei sossego ao francês.
Quadro de Van Gogh da Catedral



Catedral de Auver-Sur-Oise

Chegamos em Auver-Sur-Oise, a cidade que foi a última moradia de Van Gogh e onde ele morreu aos 37 anos. Subimos uma colina até onde fica a Igreja de Auvers pintada por ele. Adoro esse quadro que tem o céu de um azul profundo, tão característico de suas pinturas, e a igreja de paredes meio retorcidas. Subindo um pouco mais, em direção ao cemitério onde ele está enterrado, passamos pelos campos que ele também retratou. O túmulo é simples, um canteiro com flores e uma lápide no chão com seu nome. Ao lado, a lápide de seu irmão e grande amigo Theodoro, que morreu um ano depois dele. Tudo muito simples, como foi a vida dele.
Túmulo de Van Gogh e seu irmão Theo
Descemos a colina e fomos conhecer a pensão onde ele alugou um quarto no último andar da casa. Poucos metros quadrados com uma pequena janelinha, pouca mobília e pouca luz. Não há muito que ver, mas o suficiente para perceber a solidão que uma mente conturbada como a dele deve ter sentido. Imagine uma pessoa que retratava a luminosidade no seu trabalho, vivendo num cubículo escuro como esse? Devia ser deprimente.

Fomos para outra sala onde nos foi apresentado um vídeo “Seguindo os passos de Van Gogh” que fala sobre a estadia do artista nessa cidade. São imagens de quadros, fotografias e cartas escritas por ele para o irmão e alguns amigos. Alguém fala sobre o fato de sua arte não ter sido reconhecida em vida e conclui que "É muito difícil ser simples". O filme emociona e deprime.
Restaurante Le Moulin de Fourges
Deixamos para trás aquele ambiente triste e seguimos para Giverny. No caminho paramos para almoçar num lugar lindo. O restaurante Le Moulin de Fourges parece uma chácara: o riacho com um moinho, uma casa grande que deve ser um hotel e um grande restaurante mais ao fundo da propriedade. Quando o vento sopra com mais força traz pequenos flocos brancos, como se fosse neve. Alguém falou que é pólen e que na próxima semana todo o campo estará coberto de flores, inclusive as lavandas que já estarão florescendo. A comida me fez lembrar dos nossos restaurantes em hotéis fazenda, que servem uma comida mais caseira. Nosso almoço foi uma entrada de patê de salmão com creme de verduras, prato principal peito de frango com molho de champinhons e purê de batata e a sobremesa foi uma torta de maça. Muito bom!

GIVERNY
Chegamos finalmente ao Jardim de Monet. É a segunda vez que venho aqui, mas parece que é a primeira vez. A vida de Monet teve um rumo completamente diferente da de Van Gogh. Ele pôde desfrutar do sucesso e teve uma vida emocionalmente bem equilibrada. Dois casamentos, muitos filhos e um jardim como esse, cuidado por ele mesmo, deve ter sido um sujeito feliz. Valdéa, que tinha ficado meio deprimida com a visita a casa de Van Gogh ficou encantada com o jardim. Disse que vai informar ao banco Santander que não quer mais ser uma “cliente Van Gogh” que ser cliente "Monet".
Jardim de Monet


Jardim de Monet

Jardim de Monet


Bike-Taxi
Retornamos a Paris e ficamos por algum tempo no Jardim das Tulheries. Muito movimento, pessoas tomando sol sentados nas cadeiras em volta de um laguinho. Resolvemos caminhar pela Avenida Champs Elysées até o Arco do Triunfo, mas como é meio longe, pegamos uma daquelas bicicletas-táxi e ganhamos tempo. Essa avenida está mudada, quando estive aqui anos atrás ainda não estavam por aqui as grandes redes de lojas (H&M, Zara, Abercrombie). Os parisienses estão cedendo; é difícil vencer a onda da globalização.

Paramos para um lanche e, olhando pela janela, vi o modelo-ator Carlos Casagrande. É um colírio!!! Passou ao nosso lado, mochila preta nas costas e uma sacola da H&M (até tu Brutus?).

Pirâmide do Louvre

Chegamos ao hotel ao anoitecer. Na Rua Clement o maior buchicho, bares cheios, alguém tocando violão e cantando. Gostei muito dessa área aqui próxima ao mercado.

09.05.2013  

Fomos caminhando até o Museu do Louvre. O prédio do museu que já foi um palácio, por si só já vale a visita. Entramos pela pirâmide de vidro, junto com uma multidão. Gente como formiga. Procurei pelos quadros e esculturas mais conhecidos: Mona Lisa de Da Vinci, a Rendeira de Vermeer, Liberdade de Delacroix, a Vênus de Milo, a mulher alada sem cabeça Vitória de Samotrácia (não me lembro quem foi o escultor), o Beijo de Eros de Antonio Canova. Visto isto, andamos aleatoriamente e saímos do museu porque para ver tudo precisaríamos de pelo menos dois dias.

Fomos de metrô até a Basílica Sacré Couer. Caminhamos da estação até o pé do morro e subimos de bondinho até a igreja de mármore branco, imponente, que fica lá no alto. Já conhecia a igreja e fiquei com a sensação de que era maior. É assim mesmo, “nada será como antes...” Sempre que volto a um lugar que gostei muito ou que não gostei nem um pouco, tenho a sensação que o lugar já não é o mesmo. O lugar mudou, ou fui eu que mudei?
A escadaria em frente a igreja estava lotada de turistas, como sempre. E como todos, Valdéa também tirou uma foto na escadaria que tem uma das melhores vistas de Paris. Descemos por uma ladeira e paramos para almoçar. Quando Valdéa viu na mesa ao lado um prato com o sanduíche croque-madame (ovo, salada, pão, presunto, molho de queijo) quase gritou – “É isso que eu quero!!” Ela tá com saudade de um fast-food.

Caminhamos um pouco pelas ruas de Montmartre. Imaginei Tolouse-Lautrec andando por aqui, bebendo em um desses bares mais humildes. Assim durante o dia não me parece um bairro boêmio. Talvez a noite.... Valdéa avistou em uma pâtisserie, um enoooorme suspiro, não resistiu e comprou. Pelo tamanho dá pra levar uns três dias comendo.

Um grupo passou de bicicleta. O parisiense adotou mesmo a bicicleta, ainda não é como em Amsterdã, mas já é uma evolução.

Antigamente


Hoje
Fomos para a Rua de Rennes, na loja KiKo. Comprei vários produtos para maquiagem, que certamente não vou usar, mas sempre tento acostumar.






  
10.05.2013    VERSAILLES

Reservamos o dia de hoje para o Palácio de Versalhes, esse símbolo da monarquia francesa, sinônimo de glamour e pompa.  À noite, um passeio de Bateau Mouche pelo Reno.

Saímos por volta das 09:00 hora, primeiro metrô e depois o trem até a cidade de Versalhes. Foi tudo rápido e sem nenhum transtorno. Não imaginávamos o que viria pela frente.
Em frente à estação compramos o bilhete para a visita ao Palácio e ao Jardim. Dispensamos os outros pontos porque o tempo não é suficiente. Bem, essa foi a primeira fila (fila 1)que enfrentamos. Muitas outras viriam.
Valdéa, a muçulmana


Caminhamos até o Palácio, mais ou menos uns 10 minutos até a próxima fila (fila 2). Essa era enorme e fazia voltas como uma enorme sucuri. O pior é que não viemos preparadas para o frio que estava fazendo. Como o clima nos dois últimos dias foi agradável, relaxamos. Os casacos pesados ficaram no hotel e nós duas aqui tiritando de frio. Valdéa, que trouxe dois casacões, hoje veio com uma blusa leve, outra blusinha por baixo e sem a meia grossa por baixo da calça. Quando olhei pra ela com a echarpe enrolada em volta da cabeça como uma mulçumana, caí na risada.
- “Tava pensando que ia pra Búzios?” – devolvi a pergunta que ela me havia feito em uma viagem a Gramado, onde só levei blusinhas leves e fez um frio desgraçado.

A minha salvação hoje, foi a pashmina quentinha que eu estava usando, se não fosse por ela tinha congelado.

Nosso MARTÍRIO estava apenas começando.

Quando finalmente entramos, sugeri que começássemos o passeio pelos Jardins, antes que chovesse, e depois entraríamos no Palácio. Antes entramos em outra fila (fila 3) para pegarmos o áudio-guia. Quando saímos para o Jardim vimos que era inviável andar ali fora com aquele vento gelado. Quando resolvemos entrar no Palácio vimos um trenzinho que faz um tour por Versalhes. Ôba!! Dá pra ver os jardins dentro do trenzinho sem sentir frio (estou odiando trenzinhos).
Entramos na fila (fila 4) do trenzinho. Essa foi a pior fila de todas, um vento danado e uma desorganização total, uma meeeeerda!  O frio me faz perder a linha. Quando já estávamos chegando ao guichê vi um pequeno cartaz bem próximo ao caixa que dizia algo parecido com “ne passent pas par le jardin”. Como é que é? Não passa pelo Jardim? Pra onde vai esse miserável trenzinho? O dito trem já estava chegando e não dava pra procurar informação, ainda mais com minha mente congelada.

Entramos no trem. Com tanta gente nessa fila, deve ser para um lugar legal, longe do frio! Valdéa já nem falava, só tremia. Uma das laterais do trem era fechada com vidro e a outra não. Não é que tinha uma p... de um buraco entre um vidro e outro, e um ventinho miserável entrando por ali?
E lá foi o trenzinho pra longe do jardim. Na verdade, ele passa por uma parte do jardim que tem umas cercas vivas bem altas, formando alamedas. Àquela altura dos acontecimentos eu já não acharia graça nem nos Jardins Suspensos da Babilônia.

Petit Trianon
E lá vai o trem sacudindo, rumo ao desconhecido. Então ele pára, todos descem e entram num pequeno palacete (pequeno se comparado ao outro palácio). Estamos no Petit Trianon, a casa particular de Maria Antonieta. Outra fila, nãããão! E ainda por cima pagar para visitar a casa dessa piranha!!!! 
- Valdéa, vamos voltar pro trenzinho e sumir daqui!!!
Entramos no trem. No caminho passamos por um restaurante (deve ser legal almoçar por aqui se o tempo estiver bom), por uns cercados com ovelhas e umas casinhas de roça. Dizem que a Maria Antonieta gostava de se fingir de camponesa, era uma das fantasias dela. Doida!!!

Chegamos ao Palácio e tentamos sair por onde entramos. Uma francesa impedia a passagem dos que, como nós, tentavam sair por ali. Ela indicou outra saída e lá fomos nós. Depois que saímos vimos que na verdade estávamos novamente no local da segunda fila, isto é, a enorme fila pra entrar no palácio. Não é possível, isso é um pesadelo!
Um grupo de orientais falando alto e reclamando, passavam pelo mesmo problema que nós. Ninguém se entendia. Não pensamos duas vezes, furamos a fila e fomos entrando, rezando para que ninguém nos interrompesse. Ufa, deu certo!!! Nem olhamos pra trás para ver se os japas tinham conseguido também.

Passado esse aperto precisávamos ir urgente ao banheiro, minha bexiga há tempos estava reclamando. E o que era preciso fazer para aliviar minha bexiga? Enfrentar uma fila (fila 5). Quando já estávamos quase entrando na área do banheiro percebi que um apito insistente vinha do bolso do meu casaco. Enfiei a mão e encontrei o áudio-guia que apitava sem parar. Valdéa pegou o dela e viu que também estava apitando. Eles devem estar preparados para apitar quando saem da área do Palácio e como nós saímos e entramos novamente o negócio disparou.
E agora? Não dá tempo de levar o áudio-guia até o local onde foram retirados, melhor esperar. Uma mulata francesa alta e forte que cuidava daquele banheiro abriu um armário que estava ao lado da fila, para pegar uma bolsa. Era um armário de material de limpeza e eu tive a ideia de jogar os dois áudio-guias lá dentro. Puf! Enfiei os áudios lá dentro e o apitaço ficou abafado dentro do armário.

Pouco depois uma mulher tentou furar a fila entrando na fila dos homens, que era bem pequena. A mulata enfurecida mandou a mulher sair da fila, mas ela resistiu. A negona perdeu a linha e começou a gritar “:)))) KK Gfl @@ =## gluu!!! Mut Nhéqeu |\| ## Oops Pá! Pás!” Não entendemos nada, mas a furona da fila entendeu e deu no pé. A mulherada da fila vibrou. Uma oriental que estava logo atrás de mim na fila número 5, falava comigo e Valdéa como se entendêssemos sua língua, completamente excitada.
A mulata abriu novamente o armário e levou um susto com o apitaço; começou a falar muito alto, como se estivesse xingando. Gelei! Ficamos durinhas, olhando pra frente sem coragem de olhar pra ela. Se alguém nos dedurasse, estávamos fritas. Ufa! Ninguém falou nada e escapamos da negona enfurecida. A vontade de rir era muita, mas com vontade de fazer xixi era arriscado.

Finalmente entramos no palácio. Para passar de uma sala para outra tínhamos que seguir o fluxo tamanho era a quantidade de turistas, era quase uma fila (fila 6), mas sem muita organização. Vimos vários quartos, a famosa sala dos espelhos, quadros da realeza, etc. Eu já não achava muita graça, não sei se pelo cansaço ou porque achei mais bonito os palácios que vi em São Petersburgo na Rússia, na verdade inspirados no Palácio de Versalhes.

Ainda não tínhamos almoçado, a única coisa que comemos até o momento foi o que restou do suspiro que Valdéa comprou em Montmartre. Resolvemos fazer um lanche e deixar pra jantar em Paris. Outra fila (fila7), a do lanche. Comemos pensando no frio lá fora e na caminhada até a estação.

Quando saímos o frio tinha diminuído e chegamos aliviadas na estação. Outra fila (fila 8) acho que é a última do dia. Na nossa frente, um brasileiro, mineiro de Uberlândia que está em lua de mel em Paris. A esposa, lindinha, estava sentada num canto da estação com a cara emburrada. Coitada, deve ter passado por algo parecido com a nossa odisseia. Quando o mineiro tentou passar o cartão travel para pagar os bilhetes, a máquina não aceitou. Ele ficou nervoso, estava sem dinheiro. Saiu da fila para tentar sacar algum dinheiro, mas não conseguiu. Sugeri que ele passasse o cartão de crédito, mas eles já haviam saído da fila. A moça quase chorou quando viu que teria que entrar na fila novamente. Resolvi ajudar. Fui com ela até o início da fila, falei para o casal que estava na frente numa língua provavelmente incompreensível (mistura de inglês com português) dizendo que ela já tinha enfrentado essa fila. O homem não gostou muito, mas a esposa dele nos cedeu a vez.
O casal ficou super agradecido e depois, no trem, nos deu um chocolate para retribuir a ajuda recebida. Acho que ele ia apanhar da mulher se tivesse que ficar naquela fila novamente.

Chegamos ao hotel moídas, resolvemos deixar o Bateau Mouche para outra oportunidade.
Adélia resolveu antecipar seu retorno para o Brasil, preocupada que estava com a saúde de sua mãe. Foi embora hoje à tarde.

11.05.2013        

Jardim de Luxemburgo
Nosso último dia em Paris. Nada de correria, vamos caminhar aqui por perto e conhecer dois jardins: Luxemburgo e Place des Vosges.

Saímos preparadas para o frio, não vamos passar pelo tormento de ontem, de jeito nenhum.
Palácio de Luxemburgo
O Jardim de Luxemburgo é enorme. Várias pessoas fazem fitness ali. Passamos por vários corredores e grupos praticando artes marciais, crianças brincando com barquinhos no lago, e outros, como nós, apenas aproveitando o sol.

O Palácio de Luxemburgo que fica no jardim é bonito e bem conservado, pertence ao Senado da França.

Place des Vosges
Resolvemos ir caminhando até a Place des Vosges. É um pouco longe, mas a pé aproveitamos mais a cidade. Fomos parando pelo caminho, entrando nos mercadinhos atrás de uma terrine de foie gras, nas lojinhas de bijou, etc... Caminhando pela margem do Sena, passamos pelo restaurante Tour D’Argent. Ele é antigo, tem mais de 400 anos. Gostaria muito de comer um dos seus famosos pratos de patos que, segundo dizem, de sua própria criação.

Place des Vosges
Achei linda a Place des Vosges na primeira vez que estive aqui e continuo achando. Não é tão grande como o Jardim de Luxemburgo, mas muito interessante. Cercada por aqueles prédios de pedra e tijolo vermelhinho, as galerias de arte no térreo, os restaurantes, realmente uma praça muito charmosa.
Tava um solzinho gostoooso!!! Muitos jovens estavam sentados ou deitados sobre a grama. Parece-me que esse jardim é um dos poucos de Paris onde se pode fazer piquenique sobre a grama. Sentamos no gramado para tirar uma foto. Sentar não é nada, o difícil é levantar depois.

Almoçamos ali por perto e voltamos para o hotel, logo teremos que retirar a bagagem e partir para o aeroporto. Voltamos de metrô e como ainda restava algum tempo, entramos na Igreja de Saint Sulpice e ficamos sentadas, aquecidas, descansando os pés doídos de tanto andar.
As 19:00 h pegamos um táxi e fomos para o aeroporto.

Au revoir, Paris!

Sugestões:
Restaurant Le Moulin de Fourges
 38, rue du Moulin 27630 - Fourges (próximo a Giverny) 
Tel :02 32 52 12 12 - Fax : 02 32 52 92 56

Hôtel Clément
6, rue Clément - 75006 Paris 
Tel +33 (0)1 43 26 53 60 | info@hotel-clement.fr

REFLEXÕES

" Nunca Se Chega a Paris a Primeira Vez "

Li certa vez a definição que um poeta brasileiro deu para essa frase e achei interessante. Ele dizia que é impossível chegar a Paris pela primeira vez e experimentar a emoção do forasteiro diante de um lugar desconhecido.

É verdade! Tenho essa mesma sensação. Não é uma cidade desconhecida pois são tantas as referências que eu já tinha antes de chegar aqui pela primeira vez que tive a impressão que já a conhecia.

Penso na Paris da boemia que conheci através de um livro de Hemingway, dos teatros, cabarés e dançarinas de can-can das pinturas de Tolousse Lautrec, dos filmes franceses da década de 50 e 60 - Catherine Deneuve, Jean Paul Belmondo,  Alain Delon (ulalá) -, dos desfiles de moda dos grandes costureiros, dos filmes sobre a segunda grande guerra, do que aprendi na escola nos livros de história geral, da arquitetura dos prédios antigos do centro do Rio de Janeiro influenciados pela escola de arquitetura  francesa, na cidade que é considerada a capital do amor para os apaixonados....
Enfim, as referências são tantas e tão distintas que preciso encontrar a minha própria definição dessa cidade. Até agora andei pelo caminho percorrido por outras pessoas. Quem sabe numa terceira vez? Já livre das obrigações de ver in loco todos os cenários que eu já trago na memória, terei tempo para descobrir meus próprios prazeres. Assim espero.