28 maio, 2014

CARTAGENA

Chegamos a Cartagena no início da madrugada. A noite estava quente, abafada. O aeroporto é bem próximo da cidade e rapidamente estávamos no hotel.

O hotel é bem simples e o quarto apertadinho. Depois de todo aquele conforto em Punta Cana estou me sentindo meio claustrofóbica nesse quartinho. Optamos por ficar hospedadas na parte antiga da cidade e os hotéis aqui são pequenos, não há prédios e as construções antigas foram adaptadas para receber os turistas.

10.05.2014 

Ao sair do quarto pela manhã percebi que o calor abafado continuava. Tomamos o café da manhã num pátio interno do hotel. As mesinhas ficam ao ar livre e numa parede lateral desce uma cortina de água que ajuda a refrescar o ambiente.

Pátio interno do  hotel
Quando terminamos o café aguardamos por Elvira, funcionária da GEMA turismo, que está nos dando suporte nessa estadia. Essa agência cuidou do translado do aeroporto e nos vendeu dois passeios: um tour pela cidade e um passeio de charrete. A Elvira é bem simpática e eficiente e nos deu algumas orientações importantes.
Saímos para a rua e começamos a procurar as lembrancinhas de viagem – isso é inevitável – pois em Punta Cana praticamente não compramos nada porque não há o que comprar. À medida que caminhávamos pelas ruas estreitas, os vendedores ambulantes iniciavam o ataque. Parece exagero, mas foi assim que nos sentimos, tamanha era a quantidade e insistência dos vendedores. O calor, os ambulantes, as frutas e doces expostos ao sol naquele calor equatorial e uma provável queda de pressão, me deram uma sensação de frustração que não me lembro de ter sentido em nenhuma outra viagem. Puxa vida, tinha uma grande expectativa em conhecer essa cidade. Alguns amigos que já estiveram aqui falaram tão bem desse lugar!

Igreja San Pedro de Claver
Escolhemos almoçar no restaurante San Pedro que fica em frente à Catedral San Pedro de Claver. Antes visitamos o museu que fica na catedral, mas não conseguimos ver muita coisa. O calor e o cheiro de mofo não permitiram.
Esse restaurante foi indicação de Adélia, então a comida deve ser boa. O ambiente é claro e aconchegante e a temperatura aqui dentro, uma delícia!!!

Restaurante San Pedro
A comida não decepcionou, estava ótima.
Retornamos ao hotel para aguardar o guia que vai nos levar para o tour. Começamos o passeio pela cidade antiga que é cercada por uma muralha. Passamos por um centro de artesanato chamado Bóvedas que foi um antigo presídio, atravessamos pela porta do El Relógio, saída principal da cidade antiga, e nos deparamos com o Porto. Acho que é um porto só para pequenos barcos e barcos de passeio, pois os navios grandes estão ancorados em uma área mais distante. Nesse porto estão ancorados dois barcos piratas, tipo “pirata do Caribe” que devem servir para visita de turistas. Fora da muralha fica outra cidade, a moderna, com arranha-céus e hotéis das grandes redes hoteleiras mundiais. O declínio do poder das Farcs está permitindo que a Colômbia floresça e se mostre diferente para o mundo, mudando aos poucos a imagem de um país conivente com o tráfico de drogas. Acredito que o tráfico continue, não estou tão bem informada, mas os sequestros acabaram, o que é um alívio para nós turistas.

Adorei esse chapéu

O mar aqui na cidade não é grande coisa, a areia é escura e a água também. Isso eu já sabia e não foi surpresa. Mar azul do Caribe só nas ilhas próximas daqui. Optamos por não fazer nenhum dos passeios para as ilhas porque já aproveitamos bastante o mar em Punta Cana.

Subimos uma colina até o ponto mais alto da cidade. Lá em cima, no Convento de La Popa, se avista toda a cidade. Dali é possível ter uma noção de como se distribuem as classes sociais nessa cidade: do lado direito fica a cidade nova com seus prédios e mansões luxuosas; à esquerda a cidade antiga cercada pela muralha; abaixo os bairros proletários.

Barco pirata para turistas

O guia é meio chato, pegajoso. Quer muito nos agradar e aí passa do ponto.

Levou-nos, em seguida, para conhecer o Forte San Felipe de Barajas, uma fortaleza do século XVII que fica no alto de um morro. Quando saímos do carro (de 23º para 40 º) vimos que as pessoas subiam a pé até o forte, num caminho que vai serpenteando até chegar lá em cima. Brochamos na hora. Não sei Cecília, mas eu e Valdéa amarelamos. Nesse calor não dá, só se for a noite. Fiquei com pena de não ver os túneis que foram os responsáveis pelo fato da cidade não ter sido conquistada apesar de ter sofrido vários ataques. O guia deve ter nos achado muito “frescas”.
Depois ele nos levou ao bairro da Bocagrande. É o bairro mais moderno e, provavelmente, o mais caro. Aqui a praia é bem frequentada, embora a cor da água não seja convidativa. As barracas de praia não são como as nossas, redondas. Elas parecem com uma cabaninha. Em seguida o guia nos levou a uma loja\museu de esmeraldas. Algumas peças são realmente lindas. Uma delas lembra muito uns brincos maravilhosos que a Angelina Jolie usou na entrega do Oscar. Infelizmente não é para meu “bolso”. Na verdade, não sei se são caras porque não compro joias e, então, não tenho referencial para comparação.

Chegamos ao hotel no final da tarde, tomamos um banho, descansamos um pouco e saímos para passear. Meu Deus, essa é a Cartagena que me falaram! Essa cidade floresce à tardinha e a noite.
Sabe aquela brisa fresquinha que balança o vestido leve, enrolando-o em nossas pernas? É um vento safado, gostoso. Agora eu consigo admirar os balcões de madeira, coloridos e floridos, o rico artesanato local, o povo mestiço e simpático. As ruas estão cheias de turistas, vendedores ambulantes, tudo junto e misturado. Dentro das antigas construções funcionam lindas sorveterias, restaurantes, pequenas lojinhas e lojas de grifes internacionais. Nas praças, o povo local ocupa os muitos bancos de madeira, e conversam, riem e parecem tranquilos e sossegados. Fazem-me lembrar da minha infância, quando tínhamos pouco dinheiro, mas o futuro não era uma grande preocupação. Os adultos também sentavam nas calçadas nas noites de verão e enquanto conversavam, nós, as crianças, brincávamos. Acho que os adultos não se preocupavam tanto com as opções de mercado de trabalho para os filhos, com a mensalidade da escola, do plano de saúde, etc... A vida era muito mais simples.
Jantamos num pequeno restaurante perto do hotel. A comida não era nenhuma maravilha, mas a limonada com côco é espetaaaacular!
Cheguei ao hotel com outro espírito, achei até que o quarto era maior. 

11.05.2014

Tenho comido no café da manhã uma espécie de panqueca feita de fubá (recheada com queijo, presunto, tomate), típica da Colômbia. A Arepa, como é conhecida aqui, é bem gostosa, mas um pouco pesada para comer no café da manhã. Acho que num lanche à noite ficaria excelente.
Continuamos nossa caminhada pelo centro histórico. É preciso caminhar com calma, parando a todo instante para admirar uma porta bonita, um balcão florido, janelas coloridas. É uma cidade muito charmosa.
Enquanto escolhíamos colares de uma ambulante da praça, vi um homem de meia idade sentado em um café, vestido com um terno de linho branco, chapéu panamá e um charuto entre os dedos. Tomava o café devagar em meio a fumaça do charuto. Parece Anthony Hopkins no filme Hannibal, numa cena que se passa em um café de Florença na Itália. Um charme só!!

Há muitas lojas que vendem roupas de linho, o que é bem apropriado para esse clima. Na rua vejo muitas pessoas vestindo roupas de linho. Uma amiga, que é negra e interessada na cultura afro, diz que na África até bem pouco tempo atrás, alguém para ser considerado bem situado na vida tinha que vestir roupas de linho. Só os pobres usavam aquelas belas roupas coloridas.

Palenqueiras


Tiramos fotos com algumas “palenqueiras”, vendedoras de frutas e doces, vestidas com roupas bem coloridas que lembram um pouco nossos vestidos de festas juninas. São as prima-irmãs das “baianas” de Salvador. Para retribuir a interrupção pelas fotos, comprei algumas frutas – nada é de graça – cortadas em pedaços, meio quentes por causa do calor.

Fomos até o Hotel Santa Clara, antigo convento que a rede Sofitel transformou em hotel. Entramos para conhecer, apenas a recepção e o pátio interno que fica na parte frontal do hotel. No restante não é possível entrar, área só para hóspedes. É um lindo hotel.
Resolvemos passar à tarde num shopping e fazer as últimas compras (duvidoooo!)
Quando perguntei ao taxista o valor da corrida ele falou, olhando para frente: -“ cem mil pesos”. Comentei:
- “Tão caro?” Peguei a nota de cem e entreguei. Ele virou para trás e falou:
 -“Seis mil pesos” e me devolveu o dinheiro. Confundimo-nos com a pronúncia e a quantidade de zeros. Ontem um espertinho que estava vendendo água próximo ao forte, pegou rapidamente o dinheiro da mão de Cecília quando percebeu que a nota que ela apresentava era bem maior que o valor da água. Tenho que parar e pensar na conversão da moeda para não correr o risco de novo engano.
No final da tarde, quando começava a anoitecer, subi ao terraço do hotel. A vista daqui é interessante. Pode-se ver o terraço de outras casas e hotéis. Terraços floridos e, em alguns, uma piscina. Lá longe o mar e aqui ao lado, a torre iluminada da catedral. Linda imagem ao entardecer.
Nosso programa noturno de hoje é o passeio no “Chiva”, um ônibus aberto nas laterais, com bancos de madeiras e um grupo musical que canta e toca rumbas. Ao lado do motorista fica um animador que vai contando alguns fatos da cidade e inventando algumas brincadeiras. Os turistas, sentados lado a lado, vão cantando enquanto o ônibus percorre as ruas da cidade. O animador vai distribuindo copos de rum com coca-cola e a turma vai ficando no ponto. Somos os únicos de língua não hispânica nesse ônibus e, enquanto todos cantavam as músicas, nós fazíamos mímicas. O ônibus não oferece nenhum conforto e é um pouco cansativo para subir e descer. Mas vale pela alegria. Mais tarde todos os “Chivas” que percorrem a cidade (acho que eram uns dez) se encontram no alto da muralha e os músicos improvisam um baile. Em seguida embarcamos novamente no ônibus, comemos algumas Arepas e seguimos em frente, para uma casa noturna onde, quem quiser, pode continuar dançando rumba e outros ritmos caribenhos. Optamos por descer antes e procurar um lugar para jantar.
Ainda não me perdoo por não ter completado a noite na casa noturna. 
Baile do Rumbeiros
Seguimos a caminhar pelas ruas. A brisa safada nos acompanhava. Escolhemos o restaurante Monte Sacro, com música ao vivo e um balcão que dá para a rua. Lugar agradável, convite para um jantar tranquilo, saboreado devagar e acompanhado de um bom vinho.
Fiz um elogio ao lugar e Valdéa completou com “o sol inunda a sala, que lindos trajes seus, como preferir” E dito assim mesmo, tudo junto e sem nexo. Essa era a fala do personagem de uma novela que não sabia como se comportar numa visita a uma família sofisticada. Então resolveu usar todas as frases bonitas que conhecia logo na chegada, tudo de uma só vez. Eu também gostaria de usar várias frases bonitas para descrever a sensação relaxante que a brisa noturna dessa cidade nos transmite, mas me falta competência. É mais fácil sentir do que falar.

12.05.2014

Começamos o dia cantando um "Parabéns" para Cecília, nossa médica mais querida, que hoje faz 26 aninhos (ainda cheira a leite).

Ontem o motorista de táxi nos disse que tem uma ilha aqui pertinho que tem areia clara e água limpinha. Resolvemos fazer esse passeio já que era perto e não atrapalharia nossa programação para a tarde e noite.

Fomos para o bairro de Bocagrande onde pegaremos um barco para a ilha de Tierra Bomba. Quando o taxi parou na praia um grupo de mais ou menos  oito jovens cercaram o carro. Levei um susto, parecia um assalto. O taxista nos tranquilizou e disse que todos eram donos de barco que faziam essa travessia. Meu Deus, todos vão ficar pressionando para nos vender o passeio. Escolhi um que estava com a camisa da seleção brasileira.
E lá fomos nós. Colocamos um colete que não cheirava bem e entramos no barquinho pequeno. Perguntei quanto tempo levava para chegar lá e ele nos informou que em cerca de 10 minutos chegaríamos à ilha. Ainda bem, isso tá cheirando a programa de índio.
Já chegamos à ilha todas molhadas pelo atrito do barco com a água. Realmente a areia é mais clara, mas não chega a ser branquinha para fazer jus a chamá-la de “praia do Caribe”.
Logo que descemos à areia os vendedores se aproximaram. Difícil livrar-se deles. Escolhemos uma barraca, pedimos uma cerveja, e refri para Valdea. Esticamo-nos sob o sol para aproveitar nosso último dia de praia. Tinha pouca gente na praia, mas hoje é segunda-feira e os turistas não vêm a Cartagena para ir à praia e, se querem conhecer alguma, vão a ilha do Rosário. Essa aqui deve ser frequentada pelos locais e por turistas como nós, que se arriscam numa roubada.
Entramos na água e a sensação de “roubada” foi embora. Uma delicia quentinha, quentinha!
Antes da hora marcada o barqueiro apareceu para nos levar de volta. Como já tínhamos aproveitado o suficiente, partimos.

Café Del Mar
No final da tarde fomos ver o pôr do sol no Café del Mar, que fica no alto da muralha. Ainda demoraria uma meia hora para o pôr do sol e, enquanto isso, resolvemos experimentar algum novo drink. Daqui dá para ver boa parte da cidade e, em frente, a baía de Cartagena. Quando o sol se põe as pessoas batem palmas, como é de praxe em vários lugares turísticos pelo mundo. É um lugar legal para esticar noite adentro, bebericando e ouvindo música.

Voltamos ao hotel onde nos aguardava a carruagem para o tour by nigth. Gosto do som das patas do cavalo batendo nas pedras da rua. Esse barulhinho parece nos transportar no tempo, para outro século.  
Passeio de coche (carruagem)
O condutor nos foi mostrando os prédios mais importantes: a casa onde morou Gabriel Garcia Marques, o teatro Heredia, uma escultura de Botero em uma praça cercada de bares com cadeiras na calçada, a muralha. Na muralha existem alguns espaços vazados, como se fossem janelas, de onde se pode ver o mar do outro lado. Nessas “janelas” os casais namoram. Deve ser bom namorar ali na muralha, se bem que namorar é bom em qualquer lugar. Eu ainda lembro....
Rodamos por uns quarenta minutos e voltamos ao hotel.
Gordinha de Botero

Fizemos uma reserva para o restaurante Vitrola, bem recomendado pelas minhas amigas que já estiveram aqui. A comida realmente é boa e os músicos tocando rumba e salsa com competência, completam o ambiente agradável.
Snif, snif!!!! Nossa viagem está terminando.

13.05.2014

Dormimos até mais tarde e começamos a nos despedir de Cartagena. Saímos para as últimas compras (duvidoooo!). Compramos as bolsas com padronagem étnica usada pela Giovana Antonelli na novela das nove. Aqui custa por volta de 35 dólares e no Brasil chegam a vendê-la por 400 reais. Depois das compras fomos almoçar, mais uma vez, no restaurante San Pedro. Pedi mais uma vez a limonada com côco; vou tentar fazê-la quando chegar ao Brasil.

No final da tarde partimos para o Brasil. A Elvira nos acompanhou até o aeroporto e só faltou levar-nos pela mão até o portão de embarque. Fez um excelente atendimento, merece recomendação.
No aeroporto de Bogotá ainda fizemos compras (não disse que duvidava?). Essas foram as últimas? Não!!!!!! As últimas serão no aeroporto do Rio, naquela lojinha tímida.

Recomendações:
Restaurantes
Monte Sacro - Centro Parque Bolívar, 33-20 segundo piso
                  Tel: (575) 660 2086

Vitrola - Centro Calle Baloco 2-01
                  Tel: 6648 243

San Pedro - Centro Histórico, Plaza San Pedro Claver, 30-11
                  Tel: 6645 121

Café Del Mar - Centro Histórico, Baluarte Santo Domingo


Agência de Turismo
Gema Tours - El Cabrero Cra, 41-202
                   Tel: 653 5800
                   elviraarellano@gematours.com

Hotel Delírio - Calle de la Iglesia, 35-27 - Centro Histórico
                   Tel: 57 5 6602404