19 março, 2014

CRUZEIRO MSC


MSC Precioza

07.02.2014

Em maio algumas amigas resolveram ir ao “cruzeiro emoções”,  projeto de Roberto Carlos que comemora 10 anos em 2014. Não sou exatamente uma fã do “Rei”, mas o convite foi irresistível. Já fiz um cruzeiro na mesma companhia de navegação, o MSC, e as amigas que irão são ótimas companheiras, portanto, não vou perder esse passeio.
Quando descobri que o embarque seria em Santos, quase desisti, mas já havia pago a primeira parcela e minha desistência iria afetar minhas duas amigas, que teriam que dividir o camarote apenas entre elas. Ainda bem que resolvi continuar!

Na ida para Santos tivemos que optar pela viagem de ônibus. Tínhamos que estar bem cedo em São Paulo e, para chegar no horário indo de avião, teríamos que ir para o Rio na sexta-feira, dormir lá e viajar pela manhã bem cedo. Optamos por um ônibus leito que saía de Macaé para São Paulo na noite de sexta e chegaria a São Paulo às 06:00 h da manhã.
Logo na saída de Macaé, cometemos a primeira distração. A empresa de ônibus para São Paulo seria a Itapemirim que estava ao lado de um ônibus da Auto Viação 1001. Resultado: pelo hábito de viajar sempre pela 1001, pra lá me dirigi e coloquei minha mala no bagageiro. Minhas amigas, tão distraídas quanto eu, fizeram o mesmo. Quando entreguei a passagem ao motorista, ele me olhou e falou:
- Senhora, esta passagem é da Itapemirim, o ônibus aqui ao lado.
- Socorro!!! Temos que tirar nossas malas do bagageiro.

Pegamos nossas malas e fomos correndo para o outro ônibus. Quando passamos pelo motorista da 1001 ele nos olhou com um sorrisinho sem vergonha. Deve ter pensado: “essas coroas já estão caducas”


08.02.2014
A viagem foi tranquila e por volta do meio-dia chegávamos ao porto de Santos. Já parei nesse porto em outro cruzeiro, mas como não desci a terra, não conheci o porto que, se não me engano, é o maior do Brasil.
Logo no chek-in tivemos um probleminha. Rosani esqueceu que deveria levar uma identidade que estivesse dentro do prazo de validade. Se não tivesse uma identidade com validade definida, deveria apresentar a carteira de motorista ou passaporte. Ela não trouxe nem uma coisa nem outra, só aquela identidade com uma foto de quando tinha uns 18 anos. Resultado: o atendente disse que ela não poderia embarcar. Rosani deve ter sido uma criança rebelde, ela não aceita um NÃO como resposta. Com cara de furiosa, foi jogando sobre o balcão todos os cartões que tinha na bolsa: cartão de crédito, de débito, da AMS, de supermercado, lojas renner, etc...
-Veja se não sou eu mesma! O que mais precisa para provar que eu sou Rosani Helena?
- Não é possível senhora, só esses três documentos são permitidos.
- Chame o seu chefe , eu quero falar com ele.

O rapaz, super paciente, saiu com os documentos. Voltou e disse que tinha conseguido autorização para ela embarcar. Ufa! Respiramos aliviadas.
Um ônibus nos levou até ao local onde o navio estava atracado. Informaram que o navio é muito grande para ficar próximo ao prédio de embarque de passageiros.

Quando fiquei em pé ao lado do MSC Preziosa e olhei para cima, é que percebi o quanto ele é realmente grande. Putz, como é enorme!!! Sinto um pouco de medo desses lugares lotados de gente. Quando soube que seríamos a bordo, contando com a tripulação, mais de 4.500 pessoas, gelei! Seja o que Deus quiser!!!
Ficamos em uma cabine com varanda. Uma delícia sentar ali, tomando uma cervejinha gelada e olhando o continente lá adiante, em um ângulo que não estamos acostumados a ver no dia a dia.  Nosso quarto é pequeno, como é de se esperar em navio, mas o tamanho é suficiente e confortável.

O navio tem 18 andares, tudo é superlativo: os corredores parecem um labirinto, são vários bares, várias piscinas, alguns restaurantes, várias lojas, cassino, discoteca, Spa, parque temático infantil, etc.... E tudo decorado com muito bom gosto. É muito brilho, gente!!! Duas escadas que saem do 5° para o 6° andar, no vão central, têm os degraus cheios de cristais Swarovisk. Acho que todas as mulheres que estão aqui vão tirar uma foto nessa escada.
Fomos almoçar no restaurante que fica no mesmo andar da piscina principal. Tava muito cheio!!! Tivemos que enfrentar fila para pegar a comida. Ainda bem que meu marido não está aqui, ele não tem bom humor suficiente para enfrentar esses pequenos contratempos.

O navio saiu de Santos em direção a Búzios. Ficamos no convés assistindo a partida do navio até que ele se afastou da costa. Começamos a caminhada pelo navio para um reconhecimento da área. Pelo tamanho do navio, vamos ter que nos apressar se quisermos ver tudo em cinco dias.

No 15 ° andar passamos por uma piscina menor que a piscina principal, menos frequentada e bem agradável. Estava ventando um pouco e resolvemos não tomar banho. Pedimos uma piña colada e ficamos ouvindo um músico que se apresentava no bar da piscina. Só música boa.

Hoje à noite fomos ao baile do “Azul e Branco”. Uma banda bem legal e o repertório do "nosso tempo". Sempre acho que o "meu tempo" é o dia de hoje, mas gosto de ouvir o "som" de qualquer tempo. Porém, de vez em quando, é bom demais ouvir as músicas da década de 70 e 80 e reviver um pouco a sentimento que nos impregnava o corpo e o coração naqueles tempos. Dançamos um pouco (cadê a disposição dos anos 70??? ) e mais tarde fomos descansar o corpinho que o dia foi puxado. Amanhã será o nosso dia de show de RC.
RC fará três shows: sábado, domingo e terça. Na segunda é o show de Tom Cavalcante. Suponho que o teatro tenha por volta de mil e poucos lugares, por isso o show tem que acontecer em três dias diferentes.  

Durante o dia, na piscina principal, tem show todo dia. Amanhã Carlinhos de Jesus dará aulas de dança para quem estiver nessa piscina. Na terça tem carnaval com Neguinho da Beija Flor e passistas da escola e tem também palestra com a sexóloga Laura Muller, aquela que responde as perguntas sobre sexo no programa Altas Horas da Globo. Miéle é o mestre de cerimônia das apresentações de Roberto, do Karaokê, da coletiva com a imprensa, e ainda dá uma “canja” no piano bar próximo ao teatro, cantando bossa nova e contando causos de gente famosa. Enfim, é pau pra toda obra!!!
São tantas emoções!!!

09.02.2014
Quando saí na varanda para olhar como estava o tempo, avistei lá longe a Pedra do Frade e o morro que fica entre Rio das Ostras e Barra de São João. Estamos tão perto de casa e vamos ter que navegar até Santos, pra depois voltar.
Já chegamos a Búzios, mas decidimos não descer. Há muito que se fazer no navio e Búzios é nossa velha conhecida.
Valdea e Rosani foram assistir a missa do padre Antonio Maria (ou José Maria...?) É aquele padre que gosta de cantar e é amigo de RC.
Eu fui pra piscina. Trouxe um livro pra reler. Quando gosto muito de um livro costumo lê-lo novamente. Trouxe “Morte em Veneza” de Thomas Mann, que é bem fininho, próprio para essa viagem onde não vai sobrar muito tempo para leitura. Fico ali, meio no sol meio na sombra, lendo meu livro e observando as pessoas que passam. Gosto dessa parte, a observação. Muitas figuras interessantes. Dois sósias de RC circulam o tempo todo. Um deles, muito parecido com RC, tira fotos com os passageiros e acho que até dá autógrafo. Admiro a disposição de algumas senhoras, já bem velhinhas, dispostas a encarar as dificuldades de locomoção num navio com tanta gente. 
Noto algumas mulheres com o rosto já bem esticado pelas plásticas, na esperança de eternizar uma juventude que já vai longe no tempo. Interessante que nesse momento estou justamente lendo uma parte do livro que fala sobre a figura de um homem que está em um navio, indo pra Veneza. O escritor, enquanto descansa em uma espreguiçadeira (assim como eu nesse momento), observa um homem vestido com roupas joviais, conversando com outros jovens. Ele ri de forma exagerada e demasiadamente alegre. Quando o homem vira o rosto em sua direção, o escritor nota que trata-se de um velho vestido como um jovem. Rosto flácido, rugas em volta dos olhos e da boca, uma leve maquiagem que tenta esconder as marcas da idade. É uma figura grotesca e ridícula, segundo o escritor.
Às vezes me sinto tentada a cometer esse mesmo erro, mas o medo de cirurgias não me permite. Ainda bem, pois quando vejo essas mulheres esticadas e com a boca e as maçãs do rosto infladas, tenho a mesma sensação que o autor – são figuras grotescas.













Houve um sorteio para que alguns passageiros assistissem a coletiva de imprensa com Roberto Carlos, ou RC para os mais íntimos. Valdéa foi sorteada e foi com Rosani assistir à coletiva. A entrevista seria transmitida pelo canal 24 e seria possível assisti-la no camarote.
Enquanto as companheiras assistiam a coletiva de imprensa, fiz um tour pelo navio. Passei pela área do parque temático infantil onde tem, entre outras coisas, um imenso toboágua. Continuei o tour por uma outra área que tem um estilo bem relax, com duas jacuzzis grandes e várias espreguiçadeiras (não sei se esse é o nome correto) todas de vime, arredondadas e com um enorme colchão redondo. Um convite à preguiça. São três piscinas no navio, ou melhor, acho que são quatro porque tem uma área restrita na proa do navio, só para associados. RC e os outros famosos devem estar lá. E tem várias jacuzzis, mais de dez. Descubro uma piscina, numa área fechada, coberta por uma estrutura transparente, linda!!!! Vale um mergulho.
Quando retornei ao camarote, liguei a TV no canal 24 e ainda assisti o finalzinho da coletiva. Imagino que a maioria das perguntas tenha sido sobre a questão das biografias e, pra variar, RC deve ter ficado em cima do muro.


A noite chega rápida e vamos para o show do “Rei”. Confesso que prefiro suas músicas cantadas por outros cantores. Já assisti a alguns shows dele, mas há muito tempo atrás, quando ele ainda vestia terno “rosa choque”.
Acho que aquele show anual na rede Globo foi desgastando a imagem dele, pelo menos pra mim. Aquele cabelinho ralo e comprido também não ajuda. Mas, qual mulher da minha idade não tem pelo menos uma música dele que tenha marcado algum momento da sua vida?

O show me surpreendeu, foi bem melhor do que eu esperava. Ele estava mais solto do que normalmente está na televisão. Contou histórias de algumas músicas, inclusive a do cão Uachacha, que inspirou aquela frase “meu cachorro me sorriu latindo”...interessante. E o sentimento que transmite quando canta, parece que não envelhece. Sempre achei que ele não se renovava, era sempre o mesmo, repetitivo. Pensando bem, ele deve estar mais do que certo, conseguir fazer sucesso durante tantos anos, já é motivo suficiente para admirá-lo.

Já próximo ao final do show ele canta a música “Champanhe” e vários garçons entram no teatro trazendo bandejas repletas de taças de champanhe. Todos recebem uma taça, nos servimos e brindamos ao Rei. Ao final, como sempre faz, ele distribui rosas vermelhas para o público. As rosas são disputadíssimas pela plateia, coisa de fãs ardorosos. Acho que não sou fã de ninguém, apenas gosto de alguns, mas sem idolatria. Devo ter algum defeito de fábrica.

10.02.2014

Chegamos a Angra dos Reis, mas também não vamos descer aqui. Temos que aproveitar melhor o que o navio tem a nos oferecer. Fomos para a piscina que tem horizonte infinito, ou seja, a água transborda e escorre até a borda do navio, e aí retorna pela grelha que fica paralela a borda. E como as laterais do navio, nessa área, são de vidro, se estamos na piscina temos a impressão que o mar e a piscina são uma coisa só. Sem contar que a água da piscina é água do mar, gelada por sinal. Todos os dias esvaziam completamente as piscinas e no dia seguinte, bem cedo, as enchem novamente.
De repente o comandante avisa que a cabine de comando havia recebido a informação de um passageiro que avistara um "homem ao mar" (termo usado para qualquer pessoa que caia na água), avisaram que o navio faria uma manobra e um pequeno retorno para verificar a informação. Muitas pessoas se debruçaram nas bordas do navio na esperança de ver quem havia caído no mar. 

Passado algum tempo, o comandante pediu que todos verificassem se os companheiros de cabine se encontravam no navio. Caso dessem pela falta de alguém, deveriam comunicar pelo ramal de emergência.

Fiquei imaginando o sofrimento de alguém que descobrisse que seu parente ou amigo, tivesse caído no mar.

Alarme falso! Pouco depois o autofalante anuncia que não era um corpo humano.

Dei um mergulho na água gelada. A água fria dá uma sensação ótima depois que acostumamos com ela. Que delícia esquentar o corpo no sol! Mas não aguento por muito tempo, procuro uma sombra enquanto Váldea e Rosani ficam tostando no sol. Sento ao lado de uma senhora e puxo conversa. Ela está acompanhada do neto, que é funcionário do City Bank. Esse banco sorteou 30 passagens entre os funcionários, cada um com direito a um acompanhante. Ele optou por levar a avó que é fã de RC. Outros dois jovens que estão no camarote ao lado do nosso, também estão acompanhando a mãe e o avô. Encontramos, ainda no porto, uma macaense que presentou a mãe pelos 70 anos, com o cruzeiro de RC. Acredito que a maioria dos jovens vem para acompanhar os pais.
 

Conhecemos muita gente interessante. Algumas pessoas já vieram a vários cruzeiros do projeto “Emoções”. Uma mulher que dividiu a mesa do almoço conosco, estava vindo pela nona vez. Ufa! Isso já é um pouco demais!

À tarde, um dos programas preferidos é o Karaokê de músicas de RC. Os interessados se inscrevem e escolhem uma música de RC. Todos vão para o teatro e aguardam o sorteio. Apenas os sorteados se apresentam. Miele é o apresentador e RC entrega os troféus aos três primeiros colocados. Rosani e Valdéa adoram um karaokê. Eu detesto. Somos boas companheiras, cada qual com seu gosto particular e isso não é problema, somos amigas.

Lembro-me que fiz uma reserva para a degustação de massas italianas num dos restaurantes do navio. Além da degustação haveria uma aula de como preparar as massas e os molhos. Perdi a hora da degustação, não me perdoo por isso.
Fui descansar um pouco, não tinha dormido bem na véspera. Tomei um banho morno e, em seguida, dormi por duas horas. Que delícia dormir depois da praia, o corpo fica morno, relaxado. Acordei 5 anos mais jovem. Fui para o teatro para assistir o final do Karaokê. O teatro estava lotado, procurei pelas companheiras e estava difícil encontrar. De repente elas surgem na minha frente, já de saída do teatro. Não tinham sido sorteadas, o que foi uma sorte, segundo Valdéa. Ela disse que se fosse sorteada ficaria quietinha, encolhidinha no seu lugar. Corria o risco de Rosani, que é levada, entregar nossa amiga. Aliás, acho que Rosani estava com muita vontade de cantar para aquela plateia com mais de 1000 pessoas. 

Fomos jantar no restaurante italiano. O cardápio tem sido bom e o atendimento excelente. O garçom indonésio Abdul, que serve nossa mesa, fala um português capenga, mas é uma gracinha. Boa parte da tripulação é oriental. Acho que os italianos ficam com os melhores postos de trabalho.
Conversamos, hoje à tarde, com uma brasileira que estava limpando um dos muitos banheiros do navio. Ela nos disse que é enfermeira e mora numa cidade do nordeste. Não tem conseguido encontrar emprego na sua área, mas tem esperança de um dia trabalhar na sua profissão. Enquanto isso não acontece, se sujeita a limpar banheiro nesses cruzeiros. Disse que não se importa, que é um trabalho como outro qualquer e bem remunerado. Só mostrou revolta com a carga horária excessiva e ao tratamento que os italianos dão aos brasileiros. Disse que eles falam que somos preguiçosos.  
Por falar em banheiro, nossa amiga Rosani pagou um mico hoje cedo. Foi a um dos banheiros numa área coletiva e quando entrou encontrou um rapaz que ia fazer a limpeza. Ela avisou que ia usar o banheiro e não ia demorar. Fez um número um, rapidinho, levantou e ficou tentando dar descarga sem conseguir. Como estava demorando, saiu e justificou para o rapaz que demorou porque não queria sair e deixar o vaso sujo. O rapaz da limpeza, falou:
- A descarga é automática, minha senhora, só tem que sair da frente do vaso.
- Aaaahhhh! Então tá, fui.
Rimos muito quando ela contou que ficou procurando o botão da descarga.
Saímos do restaurante e fomos para o teatro assistir à peça de Tom Cavalcante. RC estava na plateia. Um prestigia à apresentação do outro. Rimos muito, muito. Rimos de chorar. Como o Tom só se apresenta uma noite, não dá para todos que estão a bordo assistirem a apresentação. Os que chegam mais cedo se acomodam, os que chegam mais tarde sentam pelo chão e, acredito que muitos não consigam entrar. Sempre tenho o cuidado de sentar numa cadeira de corredor nesses locais lotados de gente. Olho em volta e fico pensando qual será a melhor alternativa se tiver que sair rápido. Seguro morreu de velho!!
Sempre que voltamos para o camarote, no final da noite, sentamos um pouco na varanda e ficamos olhando o mar escuro, o rastro de espuma branca que o navio deixa por onde passa, o céu cheio de estrelas. Nosso momento zem.
11.02.2014
Chegamos a Ilhabela pela manhã. Não contratamos nenhum dos pacotes terrestres que o cruzeiro oferece. Decidimos pegar um taxi ou outro transporte até alguma praia. Sugeri que fossemos a praia do Curral. Andamos um pouco pelo pequeno centro da ilha e retornamos ao cais onde desembarcamos. Ali mesmo contratamos uma Van para nos levar até a praia. O preço é bem mais barato e ficamos livres para voltar à hora que quisermos.
A água estava morninha, uma delícia. Uma água morna como essa, em Macaé, ocorre uma vez por ano e olhe lá! Acho que quero voltar a Ilhabela, mas para passar alguns dias.
No final da tarde voltamos para o navio. Hoje à noite acontece o jantar com o comandante. Nessa noite todos se vestem com as melhores roupas para conhecerem os oficiais que comandam o navio.
Antes de começar a apresentação, sentamos no piano bar do 5° andar e ficamos admirando os modelitos usados para a festa. Alguns exageram no brilho, mas a maioria estava muito bem vestida.
Pedimos um drink. A bebida veio num daqueles copos com uma luzinha no fundo, que pisca o tempo todo. Compramos os copos, que são bem bonitinhos. Em seguida ficamos pensando sobre o que fazer com os copos. Estávamos com preguiça de subir ao camarote pra deixar os copos e no teatro é proibido entrar com esses objetos. Pensei em escondê-los numa mesinha que ficava próxima ao local onde estávamos sentadas. No final voltaríamos para pegá-los. Rosani decidiu por nós: vamos levar para o teatro. Na entrada do teatro o pessoal da recepção conferia nosso cartão e liberava a entrada. Eu e Valdéa colocamos, disfarçadamente, a mão com o copo atrás do corpo e entramos tranquilamente. Rosani, menina rebelde, fez questão de deixar o copo bem à vista. A recepcionista impediu a entrada e disse que ela não poderia entrar com o copo. O que ela fez? Perguntou por que ela não poderia entrar se nós duas (e apontou para onde estávamos) já havíamos entrado com o copo? Resultado: tivemos que voltar e entregar o copo para a recepcionista.  Ô vergonha!!!
Na verdade, não foi um jantar com o comandante. No outro cruzeiro que fiz anos atrás, num navio um pouco menor, o comandante ficava na entrada do teatro, cumprimentava os convidados um a um e tirávamos uma foto com ele, se desejássemos. No palco do teatro aconteceu a apresentação dos oficiais, acho que algum cantor se apresentou (não me lembro muito bem) e foi servido champanhe para os passageiros.
Nesse cruzeiro foi diferente. O comandante não nos esperava na porta do teatro, até porque, com essa quantidade de passageiros seria inviável. O mestre de cerimônia fez a apresentação de praxe: os oficiais uniformizados eram apresentados pela sua patente e função a bordo, e iam entrando pelas laterais do teatro, passando por todo o público e subindo no palco. Eles têm que ser um pouco modelos, além de oficiais. Ao final entra o comandante que é recebido com muitos aplausos, é quase um artista. Aliás, esse senhor parece bastante com Al Pacino.
O comandante falou do Brasil com muita propriedade. Pelo que disse, conhece muito bem nossa terra. Citou até parte do poema Canção do Exílio, de Gonçalves Dias – “Minha terra tem palmeiras onde canta o sabiá...” Pode ser conversa de quem quer vender seu peixe (combina com marinheiro), puro comércio. O comandante reforça o modelo do italiano sedutor.

Colocamos nosso alarme do telefone para tocar as 06:30 h.

Valdéa vira para o lado e dorme imediatamente. Morro de inveja! Eu sempre demoro a pegar no sono. Pouco depois o telefone de Váldea toca, ela levanta, olha o telefone e fala :

-Pessoal, já tá na hora.

Ué, eu nem dormi ainda e já tá na hora? Peguei meu telefone e vi que ainda era 01:15 h.

Váldea olhou para a varanda, viu  que estava tudo escuro e voltou para a cama. Em menos de cinco minutos já estava roncando.

12.02.2014
Acordamos bem cedo para o desembarque que, diga-se de passagem, foi muito organizado. No porto, um ônibus contratado pelo MSC nos levou até o aeroporto de Guarulhos. No porto e no aeroporto cruzamos várias vezes com Miele e sua esposa. Rosani fez uma brincadeira com ele que respondeu cordialmente. Pareceu-me um pouco cansado, mas é de se esperar, ele já é quase um ancião.
Fizemos uma conexão no Rio e no início da noite chegamos a Macaé. A aterrisagem não foi das melhores, mas estamos vivas e já pensando em embarcar no próximo cruzeiro.