25 outubro, 2021

Camboriú, Parque Beto Carrero, Pomerode, Brusque, Blumenau

Há tempos prometi aos meus netos que os levaria ao Parque Beto Carrero, mas por preguiça fui adiando. Depois veio a pandemia e a dívida com eles foi aumentando. No inicio desse ano tive uma devolução de créditos do HURB referente a uma viagem a Cancún que também foi adiada para 2022. Com esse crédito era possível comprar um pacote de 06 dias para o Parque,  com meus netos, filho e nora. Ficar presa a um pacote de viagem tem alguns inconvenientes: não poderei escolher os voos, companhia aérea, hotel, etc. Tudo bem, sou flexível e não vou perder esse dinheiro por nada. Quando decidimos fazer a viagem e comunicamos as crianças, elas ficaram numa ansiedade imensa. Bernardo foi ao barbeiro com o primo Gabriel para cortar o cabelo, que estava enorme, e toda hora apressava o barbeiro dizendo que tinha pressa porque ia pra Beto Carrero. Falou pra todos na barbearia que iria viajar. 

01.10.2021
Nosso voo sai do Rio às 06:10, então saímos de Macaé ainda de madrugada. Esse voo terá uma conexão no aeroporto de Viracopos, em Campinas, com um tempo longo de espera.  Chegando em Florianópolis uma Van nos espera para levar-nos a Camboriú. 
Foi tudo bem na viagem de ida, embora cansativa. Quando desembarcamos no aeroporto de Viracopos, Maria perguntou:
- Vó, tem Starbucks nesse aeroporto?
- Vamos pesquisar, esse aeroporto é bem grande, não dá pra sair procurando.
Tem Starbucks. Fizemos um lanche lá, Maria realizou seu desejo e ainda comprou um copo da lanchonete.

É a primeira viagem de avião de Bernardo e achei que ele daria trabalho porque é bem medroso, um cagão, mas se comportou muito bem. Curioso, como sempre, mexia em tudo e fez inúmeras perguntas sobre o avião, o voo, etc. Ansioso, toda hora perguntava se faltava muito pra chegar em Beto Carrero. Quando sobrevoamos Floripa ele falou pra mãe:

- Olha só, mãe, lá embaixo. Que imagem surreal!
Quando chegamos em Floripa perguntei se ele estava feliz e ele respondeu:
- Ainda não, só quando eu chegar.
- E você gostou de viajar de avião? – Perguntei.
- Gostei, mas achei meio perigoso. – Disse ele.
- Porque? – Perguntei.
- Porque a gente fica surdo – Respondeu.

Chegamos em Balneário Camboriú no final da tarde. Ficamos hospedados no Palace Hotel Hamburgo. É um hotel simples, mas bem localizado. Nos acomodamos e saímos para jantar na orla da praia Central do Balneário. Está frio e o movimento na orla é pequeno. Acompanhei a previsão do tempo durante a última semana e só deu chuva para todos os dias que ficaremos aqui. Merda, é muito azar! Demoramos tanto pra vir e vamos ter que andar de um lado pra outro embaixo de chuva e frio. 

Escolhemos jantar no restaurante Cia do Peixe que fica bem próximo do nosso hotel; recomendação do motorista que nos trouxe do aeroporto. A comida foi cara e não fazia jus ao valor que pagamos; o atendimento também deixou a desejar.  Quando a comida é muito boa o preço alto dói menos.
Da varanda do restaurante ficamos observando o movimento de carros de luxo: BMW, Porsche, Mercedes Benz...Muito movimento também na ciclovia e calçadão, muitas pessoas caminhando, correndo ou andando de bike.
Evely ficou impressionada com a educação dos motoristas que paravam imediatamente quando viam alguém aguardando pra atravessar na faixa de pedestres.
-Se fosse em Macaé eu já teria sido atropelada umas três vezes. – Disse ela.
Voltamos cedo para o hotel; precisamos nos recuperar para aguentar a jornada de amanhã, que será puxada.

Eu vou dividir o quarto com Soraya, que dorme bem e tem sono pesado. Isso é bom porque se eu roncar muito, não vou atrapalhar.

 


02.10.2021

Saímos do hotel por volta de 09h. A empresa que fez nosso transporte do aeroporto também nos atenderá nesse percurso para o Parque Beto Carreiro, hoje e amanhã. Passou para pegar passageiros por outros hotéis, o que atrasou um pouco. Quando chegamos ao Parque o carro deixou-nos a uma certa distância da entrada e o motorista avisou que estaria no mesmo local às 19h. Seguimos caminhando até a entrada do Parque, um prédio inspirado em um castelo medieval, mas bem colorido. Quando chegamos perto da entrada, Bernardo exclamou: 

- Mamãe, me belisca que eu estou sonhando. 
Em frente ao prédio da entrada do Parque tinha uma turma de bike tirando fotos, são muitos, e percebo que o hábito de pedalar parece que chegou com força no Brasil.
As bilheterias e as catracas já estavam com filas enormes, a maior aglomeração no local, ambiente ideal para uma transmissão do coronavírus. Valha-me Deus!!!! Tive que enfrentar a primeira fila para trocar o voucher do HURB na bilheteria, depois a fila para entrar e provavelmente muitas outras filas virão. Se bem que não pretendo andar nesses “brinquedos”, não é minha praia. Prefiro ficar numa mesa de bar, tomando uma cerveja e esperando que a turma termine o eu roteiro do dia. Com esse frio, acho que um chocolate quente cai melhor que a cerveja.
Alguns bonecos de personagens conhecidos pelas crianças, recebem os visitantes logo na chegada. Identifico um deles e pergunto a Soraya:
- Quer que eu tire uma foto sua com o Shereque? 
- É Shirek que se fala, Ângela, isso que você falou parece mais com um palavrão. 

As crianças estão no maior alvoroço, não sabem por onde começar. O risco das crianças se perderem aqui é grande, mas não é nada tão complicado, basta manter a calma e aguardar próximo a saída. Maria e Bernardo estão com o pai e a mãe e eu estou de olho em Soraya para que não aconteça nenhum desencontro. 




É a terceira vez que venho a esse Parque. A última vez foi há mais ou menos vinte anos, meus filhos ainda eram adolescentes. O Parque cresceu muito e realmente é preciso uns dois dias para aproveitar bem. Tem que andar muito, enfrentar muita fila, e as crianças certamente vão querer repetir aqueles brinquedos que ela mais gostarem. Deixamos para amanhã o teatro Excalibur e o show do Hot Weels.
As atrações de hoje foram Carrinho Bate-bate, Barco Pirata, Portal da Escuridão, Star Mountain (montanha russa), Jardim Zoológico e outros que eu não lembro o nome.
Maria e Soraya foram várias vezes na montanha russa, mas acho que o que elas mais gostaram hoje foi o Portal da Escuridão. Tem cenários de terror que utilizam os recursos tecnológicos de efeitos especiais e me parece que assustam mesmo. Fiquei sentada próxima a porta de saída do Portal, tomando conta do meu neto de sete anos que não entrou, quando de repente saem todos lá de dentro correndo e gritando. Antigamente o terror era o Trem Fantasma, nada que se compare com o terror atual.
Saímos do Parque depois das 19h e encontramos lá fora uma quantidade enooooorme de ônibus e Vans esperando pelos clientes. Se não gravarmos a placa do veículo e o nome da agência de turismo, entramos numa roubada porque achar o veículo, principalmente a noite, fica bem difícil. Parece até o pátio da Basílica de Nossa Senhora de Aparecida em feriado de 12 de outubro.
Chegamos “destruídos” no hotel e nem fomos ao quarto, saímos direto pra orla atrás de um restaurante pra jantar.
Recebemos a indicação de um de massas Mangiare Felice, mas antes de chegar lá passamos por um restaurante pequeno com um cardápio que nos agradou e  gostamos ainda mais do desconto de 20% nessa semana do mês das crianças. A caipirinha estava ótima,  comemos muito bem e pagamos um preço justo. A Casa do Caranguejo não nos decepcionou.
As crianças ainda terminaram o dia na piscina aquecida do hotel.

03.10.2021
Saímos mais cedo hoje porque não havia tanta gente pra pegar nos outros hotéis. Quando vamos nos aproximando do Parque passamos por vários vendedores de capas de chuva. São muitos!!! Fico imaginando se dá pra fazer um bom dinheiro com essas vendas. Acho pouco provável. 
Hoje começaremos o dia com o show de velocidade e manobra de carros, Hot Weels Epic, o mais esperado por Victor e certamente Bernardo também vai adorar. As arquibancadas estão com metade da lotação por conta da Pandemia, mesmo assim é muita gente. Tem um local no mesmo nível do chão, com visão privilegiada, onde ficam os Vip’s. Os carros freiam bem próximo a mureta que separa a arena e as mesas dos Vip´s, ali é com “emoção”. Tem Vip´s em todos os brinquedos, não sai barato e acho que em dias de maior movimento eles acabam também perdendo tempo em fila porque Vip’s é o que não falta por aqui. Nada que se compare ao tempo de espera na fila da plebe rude, “Of course”.
O show do Hot Weels durou 01:30h mais ou menos. Soraya estava nos esperando na saída do show; ela preferiu ficar na Montanha Russa. Deixei-a um pouco sozinha hoje, porque já está conhecendo melhor o local e eu fico acompanhando o trajeto dela através do aplicativo...
Saímos dali direto para o teatro do Excalibur. Nesse show é servida uma refeição e tem um teatro com duelos medievais e os cavaleiros buscam pela lendária espada Excalibur, que pertencia ao Rei Arthur. Quando assisti esse show com meus filhos adolescentes a comida era servida sem talheres, a moda medieval, ou seja, usando apenas as mãos. Continua sendo assim, mas com a praticidade que hoje é possível. A plateia se divide em balcões separados por cores, cada cor torce por um cavaleiro durante os jogos. O show é bem interativo e a criançada grita bastante e os adultos não ficam atrás, fazem barulho batendo os pés no piso de madeira e gritam incentivando seu cavaleiro. Apesar dos cavalos correrem bastante, a poeira que eles levantam não é muita, não chega a incomodar.
Foi providencial, para mim, esses dois shows que praticamente ocuparam o período da manhã. Pude ficar mais tempo sentada, o que foi muito bom, porque ainda não me recuperei da canseira de ontem.
Soraya hoje criou coragem e foi na FireWip, a montanha russa invertida, onde o trilho fica acima da cabeça e as pernas ficam penduradas. É apavorante, para mim. Só Soraya foi, o restante amarelou. Maria também queria ir, mas Eveli ficou com medo e não deixou. Na Big Tower, ninguém teve coragem de se arriscar. 




















Fizemos um passeio no trenzinho, por dentro da mata atlântica, onde uma das atrações a simulação de um assalto ao trem por bandidos armados e montados a cavalo. Os bandidos apontam as armas para os passageiros, que gritam entrando no clima da brincadeira. De repente surge Beto Carrero vestido de branco, montado num belo cavalo e expulsa os bandidos. O trem continua sua viagem. Quando viemos aqui anteriormente o verdadeiro Beto Carrero ainda estava vivo e era o próprio que participava dessa brincadeira. 
A turma ainda foi no Madagascar Crazy River, menos eu que fiquei tomando conta das bolsas. As pessoas costumam sair molhadas dessa brincadeira em botes que tentam escapar de uma enxurrada, mas eles usaram a capinha de chuva que, felizmente, não precisou ser utilizada pra chuva. 
- Gostou Bernardo? Perguntei.
- Foi ótimo, mas tinham quinze mil pessoas na fila. 
A véia tá cansada !!! Encontrei uma Cafeteria bem charmosa, entrei e pedi um café expresso gigante e um pedaço de bolo de cenoura com cobertura de chocolate. Escolhi uma mesa na varandinha, sentei e fiquei apreciando o movimento de pessoas que saíam do Madagascar, alguns bastante molhados. Logo em seguida Victor chegou, jogou numa cadeira a mochila pesada que ele carrega, pediu um pedaço de torta e ficamos ali descansando enquanto o resto da turma continuava se divertindo. 
Chegamos no hotel e tudo que as crianças queriam era ir pra piscina relaxar. Victor adora passar uns minutos numa poltrona de massagem. Bernardo e Maria também gostam e estão sempre pedindo uns trocados pra gastar na massagem. É gostoso mesmo.

 

04.10.2021
Pedimos uma indicação a recepcionista do hotel de uma agência que fizesse um passeio a Blumenau. Ela verificou e viu que não tinha passeios pra lá nessa segunda-feira. Então nos arrumou um táxi, um Spin de sete lugares, que ficaria a nossa disposição para esse passeio. Na hora marcada chega Romário, nosso motorista pra hoje, e seguimos para Blumenau. Romário nos sugeriu que além de Blumenau, passássemos também em Pomerode e Brusque. Topamos. 
A chuva tão prometida chegou. Eu, velha de guerra, levei agasalho e capa de chuva na minha bolsa. Eveli parecia que estava indo pra Búzios, roupa esvoaçante e nenhum agasalho. Maria toda encolhidinha de frio.  Emprestei meu suéter pra Maria porque eu vim de casaco e ainda vou colocar por cima a capa de chuva, que também esquenta. Soraya é um caso a parte, quase não sente frio, nascida e criada em Banquete tá mais que habituada a baixas temperaturas.

Chegando em Blumenau fomos direto pra Vila Germânica. Essa vila simula um vilarejo alemão de casinhas em estilo enxaimel e é bem bonitinha. Aqui ao lado acontece anualmente a festa da cerveja, a Oktoberfest, Era nossa intenção vir a essa festa, como já fizemos no passado, mas esse ano não haverá festa. Que pena!!!
A chuva continuava atrapalhando. Quando estávamos entrando no carro, um motorista mal educado passou correndo numa poça d’água e nos molhou. Romário não perdeu tempo, gritou uma meia dúzia de palavrões pra ele.
Bernardo falou:
- Esse motorista é um filho da mãe, um vagabundo, um desgraçado que me cagou todinho.
- Que isso, Bernardo, xingando também? Você não é mole não. - Disse Romário.
- Eu não valho nada. – Respondeu Bernardo.
- Eu percebi. – Diz Romário.
Ficaram amigos, Bernardo e Romário. 

Paramos na prefeitura, que é um lindo prédio no estilo Germânico, e tiramos algumas fotos. Com essa chuva não dá pra fazer muita coisa. Demos uma volta pela cidade e paramos na loja de fábrica da Hering. Romário, além de motorista, faz também o papel de guia turístico e foi nos contando a história da Hering. Essa loja tem mais de cento e cinquenta anos e foi  fundada aqui em Blumenau por dois irmãos alemães (por isso o logotipo tem dois peixinhos). Contou também a história do empresário Luciano Hang, o ''Véio da Van" dono da Havan, que nasceu aqui em Blumenau.

Seguimos pra Pomerode, a cidade mais alemã do Brasil. Há alguns anos eu estive aqui em Pomerode, na Festa do Colono, e gostei muito dessa cidade pequena e limpíssima. 
Paramos no Portal de entrada na cidade, que é bem bonitinho, para tirar fotos e comprar algum souvenir na lojinha que tem no segundo piso do Portal. Seguimos para o centro procurando um restaurante para almoçarmos, mas não foi tão fácil porque alguns restaurantes não abrem as segundas. Escolhemos o Restaurante Schroeder, comida caseira com um toque de culinária alemã. Boa qualidade e preço justo. 
O motorista tinha nos recomendado um passeio pelo Jardim Zoológico, mas com chuva nem pensar. Então escolhemos uma ida a fábrica chocolates Nugali
 
A fábrica fica mais distante do centro, numa área rural. O prédio de tijolinhos da fábrica fica no alto de uma colina de onde se avista uma bela paisagem das propriedades rurais no entorno. Ao lado do prédio tem uma estufa construída no estilo alemão (enxaimel) com pés de cacau e baunilha. Eveli, Victor e as crianças fizeram o tour pela fábrica e a estufa.
Eu e Soraya preferimos permanecer na lojinha e tomar uma bebida quente, um chocolate quente e um capuccino. Deliciosos!!!
Resolvemos seguir o passeio pela Rota do Enxaimel, que leva esse nome porque a maioria das casas dessa região utilizam essa técnica de construção, que não levam nenhum prego nem parafuso, onde a estrutura é sustentada apenas pelo encaixe das madeiras. 
  
A paisagem é bem bucólica,  muitas casas com jardinzinhos e parreiras de ipomeia.  Encontramos poucas pessoas andando pela estrada ou nas varandas das casas. Quase não se vê mato, sinal que toda terra é trabalhada para a produção de algum alimento. Vimos muita plantação de palmito nas margens da estradinha. Romário falou que aqui não encosta nenhum ladrão de palmito, porque os alemães daqui recebem os ladrões com a espingarda, ninguém espera pela polícia. Não sei se é verdade, mas com palmito e até banana intactos na beira da estrada, pode ser que Romário tenha razão.
Aliás, Romário é um passeio turístico a parte, nessa viagem. Conversa o tempo todo e é bem engraçado. Contou “causos” bem interessantes que acontecem na sua profissão de taxista.
  
Estórias de Romário 
A vida de Romário dá um livro. Foram muiiiiiitas estórias, que me pareceram verdadeiras, sem “pontas soltas”. Não lembro de todas, enumero apenas algumas:
1 - Ele morou quatro anos em Detroit, nos Estados Unidos. Trabalhou para uma grande empresa de transporte que era de um brasileiro. Teve que retornar ao Brasil, porque a mãe estava muito doente. Acabou se casando, teve três filhas e depois se divorciou. Seu sonho é retornar para os Estados Unidos levando as três filhas, mas vai ter que aguardar a maioridade da caçula, que está com 16 anos e a mãe não autoriza a viagem. 
2- Dois passageiros queriam contratar uma viagem até a cidade de Borrazópolis, noroeste do Paraná. Ele topou porque ofereceram um bom dinheiro. Os dois homens sentaram no banco traseiro e entre eles uma caixa de isopor, dessas que a gente coloca cerveja. A viagem inteira eles não desgrudaram da caixa, nem quando paravam pra comer ou tomar um café. Ele ficou pensando “Que será que tem aí dentro? Cerveja não é.” Quando chegaram na cidade já era noite. Tudo que os passageiros mostravam na cidade pertencia ao patrão deles, que pelo visto era bem rico. Chegaram no hotel onde o patrão os esperava e entregaram o isopor pra ele. O patrão ofereceu um quarto do hotel para Romário e disse que ele poderia jantar no restaurante do hotel. Romário aceitou, não tinha condições de fazer a viagem de volta sem dormir. Foi jantar com os dois passageiros que a essa altura já pareciam seus amigos de infância. No dia seguinte, antes de pegar a estrada,  procurou os dois companheiros de viagem para se despedir. Não resistiu e fez uma perguntinha a eles: 
- Me mata a curiosidade, o que tinha dentro isopor?
- Uma cabeça, de um sujeito safado.
Eram matadores. Vixe!!! Romário não quis saber de maiores detalhes.
3 - Uma vez seu carro novinho foi metralhado (não lembro porque) e ele teve sorte de não morrer, mas ficou traumatizado, quis abandonar a profissão. Porém, sempre que via um táxi batia uma saudade imensa, ficava muito triste. Acabou retornando as ruas.
4 - Um dia dois homens “se jogaram em frente ao carro’’ na saída de uma festa e pediram que ele os levasse ao Rio de Janeiro. 
    - É bem longe, tem que me dar um bom dinheiro.
    - Só tenho um pouco na carteira, mas passa num caixa eletrônico que eu dou o restante.
Seguiram viagem e depois de alguma conversa Romário ficou sabendo que eram jogadores de futebol do Botafogo.
    - Puxa vida! Se eu soubesse tinha cobrado mais caro.
Dias depois um dos jogadores, o Marcinho, atropelou e matou um casal no Rio de Janeiro.
5 – Levou Aécio Neves e a esposa numa festa de réveillon, na praia de Pierzinho, e ficou aguardando para trazê-los de volta. Quando saíram da festa estava “esbagaçados”, totalmente bêbados. 
6 – Ele uma vez acompanhou uma cliente numa “tocaia” (vigia)  em frente ao motel que o marido dela estava, para pegá-lo no flagra. Passaram mais de três horas vigiando e quando o marido infiel saiu, Romário foi seguindo o carro até onde a amante foi deixada e assim a esposa ficou sabendo onde a amante morava. Detalhe: era “o” amante e não “a” amante. A esposa, nesse caso, descobriu que o a marido era infiel e gay.
Concluímos esse passeio passando em Brusque, num shopping de lojas populares. Amanhã vamos fazer o passeio em Camboriú. Já estive três vezes nessa cidade, mas nunca sobrou tempo pra conhecê-la.
Chegamos no hotel, já cansados, e resolvemos pedir um delivery. Eu e Evely pedimos Sushi e Sashimi e os outros pediram hamburguer. O hamburguer era enorme, poderia se chamar “Burguer de Itu”.
Fizemos o pic-nic no quarto, depois arrumamos a bagunça e fomos descansar.
 
05.10.2021
                                                                                    
Romário nos buscou no hotel por volta das 09 h para iniciarmos o tour por Camboriú, Itajaí e Itapema, para conhecermos essas praias aí do mapa ao lado. Começamos pela Praia Central que é a praia que fica a duas quadras do nosso hotel. Essa é a única praia que me lembro de ter conhecido antes, talvez tenha ido a alguma outra, mas não me recordo. Acho que deve ser a mais movimentada do balneário, porque aqui ficam  os melhores restaurantes, os prédios mais altos do Brasil, a orla com melhor infraestrutura. A faixa de areia é estreita, o calçadão e a ciclovia também, mas as obras de alargamento já estão iniciadas. Acredito que essa obra trará muitos benefícios para a cidade de Camboriú, visto que o turismo deve ser a principal fonte de receita da cidade e sem praia os turistas endinheirados levarão sua riqueza para outras praias. Com certeza!!
Seguimos em direção as praias do norte, começando pela Praia Brava. Acho que ela não é tão brava assim, pelo menos pra mim que frequento na minha cidade a Praia dos Cavaleiros, que de mansa não tem nada. Diz Romário que aqui é o point noturno dos turistas, onde acontecem as melhores baladas nas melhores casas noturnas: Warung  Beach, Belvedere Beach, Shed Western e outras. Tem bastante vegetação preservada nessa área, o que deixa o ambiente mais rústico, bem diferente da Praia Central
Um pouco mais adiante, já no município de Itajaí, paramos no Canto do Morcego e Praia da Solidão.  Lugar ainda mais rústico que a Praia a Brava e o mar também é bem agitado, deve ser bom para a turma do Surf. No morro que separa essa praia da próxima que visitaremos, tem uma gruta que é visitada pelos interessados e, considerando o nome da praia, imagino que a gruta deve ser o dormitório dos morcegos. Não entro nela nem a pau!

Atravessando esse morro chegamos na Praia das Cabeçudas; essa é bem mansinha. Tem um calçadão, muitas árvores e bares. É mais bucólica, suas casas e condomínios são menos luxuosas do que na Praia Brava. Gostei dessa praia, moraria aqui facilmente.

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Retornamos agora em direção ao centro de Camboriú e no caminho paramos para conhecer a Passarela da Barra, construída a 57 metros acima do rio Camboriú, ligando dois bairros: Barra Sul ao Bairro da Lagoa. É utilizada por pedestres, ciclistas e turistas, como nós, que desejamos apenas ter uma visão privilegiada da foz do rio e seu entorno. Segundo Romário, essa construção tinha um custo previsto de 3 bilhões, mas custou aos cofres públicos a bagatela de 58 bilhões. Do bolso de quem saiu esse dinheirinho? Do seu, do meu, do nosso, como não poderia deixar de ser.  Daqui da passarela dá pra ver a Marina da cidade e a quantidade de lanchas que ficam abrigadas no seu interior. A quantidade de lanchas em uma Marina é um bom indicador do número de ricos que habitam ou visitam determinado lugar. Atualmente o maior prédio do Brasil está em Camboriú, o Infinity Coast com 66 andares, que será desbancado da primeira posição em breve, pelo prédio que vemos aqui ao lado da passarela: o Yachthouse. São duas torres com 81 andares, ainda em fase de construção, que ficam ao lado da Marina com acesso privilegiado para seus moradores. O prédio certamente terá proprietários ilustres e dois já compraram a cobertura das torres: Neymar e Luan Santana.
Descemos da passarela e seguimos adiante, rumo as praias. Logo no início paramos numa prainha bem pequena que Romário chamou de Praia do Recanto. Ele disse que essa praia é frequenta pelos pobrinhos, inclusive ele, que mora não muito longe daqui. A praia tem um deque de madeira em toda sua extensão e é bem bonitinha, mas sofre de um mal que acomete acho que todas as praias daqui: a faixa de areia é bem estreita.
Partimos para a próxima praia. Bernardo perguntou a Romário:
- Pra onde nós vamos agora, Romário? 
- Para a Praia das Laranjeiras.
- Só tem praia nessa cidade? Eu quero ir num lugar pra comer.
- Tá bom. Então vocês podem almoçar nessa praia que eu te falei. Respondeu Romário.
- Ótiiiimo! – falou Bernardo bem mais calmo.
A Praia das Laranjeiras deve ser muito frequentada porque fica bem pertinho do centro da cidade. Essa também tem águas calmas e muito verde em volta da praia, a natureza aqui parece bem preservada. Escolhemos uma restaurante com comida simples e barata, na entrada da estradinha que leva a praia. Da varanda do restaurante dá pra ver a Estação onde chegam os adeptos da Tiroleza, passando quase em cima das nossa cabeças enquanto almoçamos. Pra descer nessa tirolesa é preciso primeiro subir de bondinho aéreo até a Estação Barra Sul e é uma descida e tanto. Eveli, Soraya e Maria ficaram frustradas por não terem tempo de conhecer o teleférico e descer de tirolesa. É bom assim, restam algumas coisas pra ver numa próxima oportunidade. 

Seguimos pela Rodovia Interpraias que passa por todas as praias até chegar ao município de Itapema. A estrada é cheia de curvas, subidas e descidas, mas o asfalto é bom e bem sinalizada. A paisagem em volta é muito bonita, muitos morros e enseadas de águas claras. Em algumas praias o acesso é difícil e só vimos do alto. Passamos pelas praias de:
- Taquarinha que é pequena e brava, mais usada por pescadores. Depois, 
- Taquara, que é um pouco maior e  tem melhor estrutura de bares e restaurantes. Em seguida,
- Pinho, a primeira praia de nudismo do Brasil, segundo Romário. Tem até pousada para os peladões se hospedarem.
- Estaleiro e Estaleirinho, estas duas últimas com ótima estrutura para turista. Romário passou pela orla da praia de Estaleirinho e mostrou algumas casas onde ocorrem grandes baladas no Réveillon. Nessa data ele trabalha a noite toda levando e buscando passageiros. Disse que as meninas chegam aqui todas “montadas”, cabelo arrumado, roupa bonita, maquiagem, cílios postiços, salto alto. No retorno, depois de uma madrugada de folia e bebida e outras coisinhas mais, ele volta para buscá-las e as encontram irreconhecíveis. “Esbagaçadas”, foi a expressão que ele usou, e eu fiquei imaginado o cenário. Foi aqui, nessa praia, que ele trouxe o Aécio Neves e a esposa. 
Em seguida paramos no último ponto turístico, já no município de Itapema, o Mirante do Encanto

O elevador não estava funcionando então encaramos os mais de cem degraus até o topo do mirante. A vista é belíssima! É possível ver toda a orla de Itapema, Porto Belo e Praia da Mata. Valeu a pena o sacrifício da subida.
Retornamos a Camboriú e nos despedimos de de nosso guia e motorista, Romário (47 9983-6020), que enriqueceu nossa viagem com suas histórias pessoais e tantas informações sobre as cidades. Agora é descansar e nos preparamos para o dia cansativo que teremos amanhã: dois voos, uma conexão demorada e mais três horas de carro no retorno a Macaé.
Mais tarde chamei Maria e Soraya pra tomarmos um café na padaria do supermercado Angeloni, perto do hotel. Adoro sentar em algum lugar agradável, no final da tarde, e tomar um café. É um dos meus prazeres, como também é um prazer assistir um bom filme no cinema, de preferência sozinha, comendo pipoca com coca-cola; ouvir música deitada na rede; ir à praia no outono e ficar embaixo da barraca lendo um livro, e finalizar o dia de praia chupando um geladinho de musse de maracujá do Gelopa.

         

Mais tarde fomos até a praia jantar. Victor preferia fazer um lanche porque já tinha gasto muito e estava quase sem dinheiro, mas todos insistiram em ir ao restaurante do "Caranguejo Peludo", como diz Eveli, pra encerrar nossa viagem. 
Comemos muito bem, a caipirinha estava ótima e Soraya matou o desejo de comer a sobremesa, um petit gâteau bem simpático.

Na hora de pagar a conta, eu disse pra Victor:
- Pode deixar que eu pago.
- Ouvir um “Eu te amo” é sensacional, mas ouvir um “Vamos sair que eu pago a conta” é de arrepiar.  – Respondeu Victor.
Isso é típico de Victor. Caímos na risada.

06.10.2021
Amanheceu chovendo, mas a viagem até Florianópolis foi rápida e tranquila. No aeroporto, na entrada para a área de embarque, a inspeção pelo raio X da mala de  Eveli detectou uma imagem suspeita: era o chicotinho de Beto Carrero. A funcionária sorriu e disse que isso acontece toda hora. 
Nosso voo até Campinas foi um pouco turbulento. Maria e Bernardo passaram mal, vomitaram um pouco, mas no trajeto de Campinas até o Rio o voo foi tranquilo e as crianças vieram bem. Soraya nada falou e nada viu, praticamente dormiu até Macaé, só acordando pra trocar da Van para o Avião e, por último, do avião para o carro que nos trouxe até Macaé. 

 
O motorista que nos trouxe é um carioca típico morador de Bangu, chamado de Cidinho (21 96434-0632). Meio malandro, bom de conversa, veio papeando com Victor até Macaé. Os dois são noveleiros e em determinada altura da conversa ele falou:
- Vitor, você é bem fofoqueiro, hein? Sabe da vida de todo mundo. 
Demos sorte com os motoristas que nos atenderam. Chegamos bem, cansados, mas satisfeitos.