16.09.2005
Saímos do Rio às 17:20 h. Logo no início da viagem aconteceu o primeiro “mico”, outros virão com certeza. Uma das companheiras confundiu um pacote com o fone de ouvido que a comissária de bordo estava entregando. Pensou que fosse um pacote de jabuticabas. Trocamos de aeronave em Lisboa e partimos para Madri.
Chegamos ao hotel pela manhã, deixamos a bagagem no quarto e fomos para Toledo, cidade medieval próxima a Madri. Essa cidade, que já foi capital da Espanha, não é muito diferente de outras tantas cidades medievais que já visitei. Não me agradam essas visitas curtas sem a presença de um guia, principalmente nesse tipo de cidade. A história do lugar, muitas vezes, é a parte mais interessante do passeio, pelo menos pra mim.
Toledo |
A primeira impressão de Madri também não foi boa. As pessoas são muito grosseiras, a começar pelos empregados do hotel, e a cidade me pareceu muito bege, sem cor. Pode ser o cansaço da viagem, amanhã pode ser que eu veja a cidade com outros olhos.
18.09.2005
Museu do Prado |
El Greco, etc...É um belíssimo museu, o segundo maior do mundo. Não conseguimos visitá-lo integralmente, seria necessária uma manhã inteira só para ele.
Museu Reina Sofia |
Passamos pela estação Atocha onde ocorreu o atentado terrorista tempos atrás. É uma estação bem grande próxima ao hotel em que estamos hospedadas.
Tínhamos programado um tour para a tarde. Estávamos no quarto quando Goretti e Alê nos informaram sobre o cancelamento do passeio porque um “ciclista havia sido atropelado” e o ônibus não conseguia chegar até ao hotel. Teríamos que nos dirigir até a agência de viagem para pegar o ônibus. Resolvemos cancelar e quase fomos “escorraçadas” pela recepcionista do hotel quando solicitamos a devolução do dinheiro. Ô povo grosso!!! Depois descobrimos que ciclista nenhum havia sido atropelado. Havia um “passeio ciclístico” pelo centro da cidade e o trânsito em frente ao hotel havia sido desviado para outra rua. Probleminhas de tradução. Aliás, tem sido engraçada a dificuldade com a língua. Graça buscando informação sobre transporte repetia “ônibus, bus, buzu” e nada do espanhol entender. Alê ficou muito preocupada quando a guia disse que o “tráfico” em Madri era muito intenso. - “Não imaginei que tinha tanto tráfico aqui na Espanha” ela falou. –“ Não Ale, não é tráfico de drogas, ela está falando sobre o tráfego de automóveis”.
À tarde fomos a “Plaza Major” onde tomamos sol e almoçamos ao ar livre, sob o sol de final de verão. Fizemos as pazes com a culinária local, o almoço foi muito bom.
19.09.2005
Plaza de Toros |
Fomos almoçar no bairro “Chueca”, o bairro gay de Madri . O restaurante La Bardencilla é moderninho e bem agradável. Nas paredes muitas fotos dos mais famosos toureiros da Espanha. Lembrei-me de um livro de Hemingway - Por Quem os Sinos Dobram -. Ele era um apaixonado pelas touradas e também tinha uma certa atração pela morte trágica. Comemos muito bem e o almoço foi divertido.
Rua do Centro |
20.09.2005 ÁVILA
Ávila |
Ávila é uma cidade fortificada com muralhas ao seu redor. Suas ruas irregulares, sua arquitetura medieval muito bem conservada, dão uma visão bem nítida do que era uma cidade construída com uma estratégia militar. Visitamos a Catedral Del Salvador, em estilo gótico, rústica e inacabada. Fomos também ao convento de Santa Teresa. Aqui ela nasceu e iniciou sua obra
Antes de entramos no convento a guia nos reuniu em frente à entrada e nos comunicou o horário e o local de onde sairíamos rumo a Segóvia. Na hora marcada cadê Graça e Alice? Resultado, ficaram para trás. Guia aqui não fica esperando os atrasados, segue em frente. Ainda procuramos por elas nos locais mais próximos, mas acho que as duas foram atrás de uns famosos pastéis dessa região e esqueceram da hora.
SEGOVIA
Segóvia |
Chegamos a Segóvia pouco antes do horário de almoço. Achei a cidade lindinha com seu aqueduto grandioso. A catedral e o castelo também são muito bonitos. O castelo na verdade é um palácio em estilo árabe que fica no alto de um penhasco. O aqueduto é romano e o palácio árabe. Uma mistura de estilos, próprio de um país que já foi dominado por vários povos.
Aqueduto de Segóvia |
21.09.2005 BARCELONA
Catedral da Sagrada Família |
Nossa guia nesse tour até Lisboa é a Paula, uma portuguesa baixinha, com roupas meio masculinas, bolsa pochete na cintura, ou melhor, no lugar onde haveria uma cintura. Não é de muito trololó, mas é educada. Os guias aqui na Europa são geralmente muito sérios, bem profissionais, parece que não misturam trabalho e diversão. Não posso dizer que estejam errados.
Próximo a Barcelona avistamos a montanha de Montserrat. Parece que foi recortada com tesoura, muito diferente das montanhas que já vi.
Chegamos à cidade de Gaudí no final da tarde. Logo na chegada percebemos a diferença no tratamento que o povo catalão nos dispensava. Os funcionários do hotel foram muito amáveis e em todos os lugares o povo nos tratou com cordialidade sempre que solicitados. Fomos até a Rambla, lugar movimentado, cheio de turistas. Passamos pelo mercado municipal e ficamos conhecendo algumas frutas diferentes, totalmente desconhecidas para nós. Tomamos algumas cervejas , jantamos, rimos muito. Rimos tanto que Cláudia foi assaltada no metro e não percebemos. Isso causou algum transtorno para ela, mas nada grave. Tudo foi resolvido e a viagem seguiu seu curso.
22.09.2005
Montjuic |
Fizemos um tour pela cidade. Fomos ao parque Montjuic que fica nas montanhas que circundam a cidade. É bem bonito esse lugar e a vista da cidade é maravilhosa. Em seguida fomos para a região do porto. Por todo lugar vemos monumentos em estilo bem moderno e acho que essa é a principal característica da cidade - a modernidade.
Paramos na catedral da Sagrada Família, obra prima de Gaudí. Está inacabada, mas que importa? É liiiiiiiinda. Me apaixonei por Guadí. Acho que ele não foi apenas um arquiteto. Foi um artista bem à frente do seu tempo. Visitei a casa Milá (La Pedrera) e ainda iremos ao parque Guell, ambos obra de Guadí. A casa Milá não tem quinas – ângulos formados pelo encontro de paredes - todas as formas são arredondadas. É muito diferente. Alguns móveis também foram projetados por ele. Muito interessante. Passamos pela Casa Batllo mas não vai dar tempo de visitá-la. É bem colorida e me parece mais bonita que a casa Milá. Que pena, fica para a próxima vez.
23.09.2005
Hoje pela manhã visitamos alguns pontos turísticos e em seguida fomos passear na Rambla e também tentar ajudar Cláudia no bloqueio de seu cartão de crédito que foi roubado. Hoje almoçamos num restaurante de comida brasileira "La Vaca Paca". Matei o desejo de comer feijão. À noite assistimos a um espetáculo de luzes em frente ao Palácio Real. O lugar estava cheio de turistas. O show é razoável, nada de muito surpreendente. Em seguida fomos a um bar na Rambla, comemos, tomamos cerveja e papeamos. Pensamos em encerrar a noite em uma casa noturna. Fomos até a “La Paloma”, uma casa noturna na Rambla que toca salsa. Desistimos porque nessa noite só tocavam “disco” e a clientela era a garotada. As jovens há mais tempo resolveram voltar para o hotel.
24.09.2005
Começamos o dia visitando o Museu Picasso, no bairro gótico. Nesse museu pude ver obras de Picasso de uma fase que eu não conhecia. A Catalunha gerou Gaudí, Picasso e ainda tem Miró. Essa terra é fértil em artistas geniais.
Em seguida fomos ao parque Guell. Tivemos que subir uma ladeira para chegar até ao parque. Ale se arrastou rua acima, quase não aguentou a subida. Ela precisa melhorar o condicionamento físico. Tá pensando que só sexo é suficiente? Não é não companheira, depois dos 40 (que é o meu caso) vida sedentária é um perigo.
Casa de Gaudí |
O parque é muito interessante. O estilo Gaudí é a marca da cidade. Visitei a casa onde ele morou por 20 anos. Fica dentro do parque Guell e hoje é um museu.
Bar no Pueblo Espanhol |
Jantamos em um restaurante, cuja garçonete brasileira nos deu algumas informações sobre a cidade.
Valência |
Partimos para Alicante. No caminho paramos em Valência, cidade histórica muito antiga. Fizemos um passeio de charrete e ficamos encantadas com os vários tipos de “sacadas”, todas de ferro, cada qual com um desenho diferenciado.
Chegamos a Alicante no final tarde. É um belíssimo balneário. Ficamos hospedadas no Hotel Meliá, em frente ao mar, ao azul profundo do Mar Mediterrâneo. Próximo ao hotel fica um passeio público cheio de bares, restaurantes e - um perigo para as mulheres - as “tiendas”. Muitos emigrantes africanos vendem seu artesanato por aqui. Devido a proximidade vários africanos migram para o sul da Espanha, a maioria que está em Alicante é ilegal. Comprei um quadro feito de asas de mariposa, muito bonito. O artista, do Congo, me garantiu que a mariposa troca as asas constantemente e que elas são recolhidas para fabricar esse tipo de artesanato. Será verdade ? Fiquei imaginando se eles não matam as mariposas para retirar as asas.
Escolhemos um restaurante simpático para o jantar. Sentamos num local envidraçado que nos permitia a visão do calçadão.
Escolhemos um restaurante simpático para o jantar. Sentamos num local envidraçado que nos permitia a visão do calçadão.
Rua para pedestres em Alicante |
Vários idosos circulavam pelo passeio. Todos muito alegres e bem vestidos. Retornarmos ao hotel por volta das 22 horas. Encontramos na entrada do hotel uma banda, tipo fanfarra, e várias pessoas arrumadas para uma festa. Descobrimos que era uma festa de casamento. Sentamos no hall e ficamos apreciando, e dando nota, para o desfile de mulheres muito arrumadas, que se dirigiam ao salão de festas. Muito brilho nas roupas e acessórios. Tanto aqui como lá no Brasil, parece que a maioria não consegue equilibrar “brilho” com “elegância”. Mais tarde chegaram os noivos que entraram acompanhados pela banda. Coisa muito esquisita. Mais estranho ainda foram os noivos tirando fotos no meio do trânsito.
26.09.2005 GRANADA
Seguimos para Granada.
“Granada, tierra sonada por mim, mi cantar se vuelve gitano, cuando es para ti. Mi cantar...”
Alhambra |
Finalmente vou conhecer a cidade da música que tantas vezes ouvi na infância. Chegamos no início da tarde, fizemos um lanche e fomos conhecer Alhambra. Este local já foi o centro do poder do Império Árabe que dominou essa região por mais de 400 anos. Nossa!!! É quase o mesmo tempo que os portugueses estiveram no Brasil! Parte das muralhas que circundavam a cidade ainda estão de pé; ruínas da Medina (destruída por Napoleão); um palácio em estilo romano (herança dos reis católicos); um palácio árabe (o mais lindo de todos) e os jardins. Ah os jardins!!! São lindos.
Alhambra |
E o palácio árabe ? Os entalhes em madeira, os azulejos pintados, os tetos decorados, tudo isso junto forma um conjunto incrível. O teto da alcova é lindo, pintado em azul escuro cheio de pequenas estrelas. A intenção era que a noite quando todos deitassem em suas camas (talvez um tapete, já que eram árabes) e olhassem para o teto, vissem um céu estrelado. Esse passeio já valeu a viagem. Alhambra é uma das maravilhas da Europa, sem dúvida.
Voltamos ao hotel. Tomei banho e fui passar minha roupa para essa noite. Quando terminei de passar me levantei e sem querer, me enrosquei no fio do ferro e dei um puxão na tomada. Na mesma hora ouvi um barulho e a luz apagou. As meninas vieram ao nosso quarto saber o que estava acontecendo pois todo o andar estava sem luz. Meu Deus, será que provoquei um curto circuito no hotel? Bateram na porta. Era alguém do hotel. Enfiei o ferro ainda quente em baixo da cama, abri a porta, e me fiz de desentendida. O empregado do hotel entrou, mexeu em uma caixa na parede (devia ser um disjuntor) e a luz retornou. Ele nos olhou com uma cara desconfiada e foi embora.
Alhambra |
À noite, em Granada, assistimos à procissão de Nossa Senhora das Angústias. Nunca ouvi falar dessa santa, deve ser prima-irmã de Nossa Senhora das Dores. Muitos idosos seguiam a procissão, todos bem arrumadinhos, as mulheres muito bem penteadas. Os velhinhos por aqui parecem ter uma boa qualidade de vida.
27.07.2005 SEVILHA
Estamos indo para Sevilha. Escrevo enquanto o ônibus roda pelas maravilhosas estradas desse país. Nem um buraco, é de dar raiva!
Já começo a sentir saudade de casa. Tenho sentido falta também de Adélia e Kátia, minhas antigas companheiras de viagem. Mantemos uma ótima sintonia nas viagens que fizemos. Imagino como seria bem legal fazer esse roteiro junto com elas. Mas não posso reclamar, minhas companheiras nessa viagem têm sido bem divertidas e a viagem, até agora, tem sido muito agradável.
Já começo a sentir saudade de casa. Tenho sentido falta também de Adélia e Kátia, minhas antigas companheiras de viagem. Mantemos uma ótima sintonia nas viagens que fizemos. Imagino como seria bem legal fazer esse roteiro junto com elas. Mas não posso reclamar, minhas companheiras nessa viagem têm sido bem divertidas e a viagem, até agora, tem sido muito agradável.
Paramos em Córdoba para visitar sua mesquita. Ela é hoje uma mistura de catedral e mesquita. É uma obra de arte, uma mistura perfeita da cultura islâmica e cristã. O imenso altar católico, todo em ouro, é deslumbrante. Goretti ficou emocionada, ameaçou rolar umas lágrimas. Olhando para esse altar, não posso deixar de pensar que provavelmente todo esse ouro veio das colônias espanholas na América. Quantos não morreram trabalhando nas minas para enfeitar esse altar?
Chegamos em Sevilha à tarde. À noite fomos a um espetáculo de dança flamenca. Não foi grande coisa. O show de Madri foi melhor, mais autêntico eu acho. Depois de ter visto Joaquim Cortes, o maior dançarino de flamenco da atualidade, no municipal do Rio de Janeiro, fiquei exigente demais. Aliás, não é de se admirar que a Naomi Campbell tenha se encantado com ele.
28.09.2005
Fizemos um tour pela manhã. Fomos ao parque que foi construído para a Exposição Mundial de 1929. A exposição foi um fiasco porque, devido a quebra da bolsa de Nova York, muitos países por estarem passando por dificuldades financeiras, não compareceram. De qualquer forma a exposição deixou como herança um belíssimo prédio onde hoje funcionam repartições públicas. Antes de sair do parque comprei umas castanholas para dar de presente a alguma amiga, não sei bem qual delas.
Fomos conhecer a catedral de Sevilha, a quarta maior do mundo, atrás apenas da Basílica de São Pedro no Vaticano, a igreja de Saint Paul em Londres e de uma igreja recém construída na Costa do Marfim.
Fomos conhecer a catedral de Sevilha, a quarta maior do mundo, atrás apenas da Basílica de São Pedro no Vaticano, a igreja de Saint Paul em Londres e de uma igreja recém construída na Costa do Marfim.
Fizemos um passeio de barco pelo rio Guadalquivir. Enquanto esperávamos na fila pela saída do nosso barco, Goretti avistou um nosso colega de trabalho. Pensamos em ir cumprimentá-lo, mas vimos que ele estava com uma mulher que não era a esposa. Desistimos.
Sevilha é famosa também pelas suas pontes. São muitas, algumas bem modernas, todas muito bonitas. Mais tarde fomos ao “alcazar”, mas não nos detivemos muito neste palácio. Depois de visitar Alhambra este outro palácio, também em estilo árabe, perdeu a graça.
Sevilha é famosa também pelas suas pontes. São muitas, algumas bem modernas, todas muito bonitas. Mais tarde fomos ao “alcazar”, mas não nos detivemos muito neste palácio. Depois de visitar Alhambra este outro palácio, também em estilo árabe, perdeu a graça.
A noite, no hotel, Ale bateu em nossa porta. Estava vestida apenas com uma roupa de dançarina. Ficou ensaiando uma dança do ventre no corredor enquanto nós apreciávamos a performance. Está se preparando para o reencontro com Jairo. Os hormônios estão a todo vapor.
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