03 junho, 2013

RIVIERA

02.05.2013                   MARSEILLE 

Vista da Colina da Notre Dame

Chegamos em Marseille antes de meio-dia. Antes, é claro, passamos pelo suplício de enfiar todas as malas no carro e depois tirar o carro da garagem do hotel Adágio. O hotel não é lá essas coisas, mas tem garagem o que não é muito comum nessas cidadezinhas. Sair dessa garagem, cheia de curvas estreitas com um carro grande, é para bons motoristas.

Prédios Modernos próximo ao porto
Marseille é uma cidade bem grande, clara, iluminada, eu diria que azulada. Caminhamos por uma via que circunda um Forte antigo, à beira mar. Olhei as pedras no fundo da água transparente e imaginei – “Será que estavam aqui há 2000 anos?”. 
É possível. Um porto cobiçado por tantos povos, com uma forte herança da ocupação de gregos e romanos, deve ser uma cidade muito interessante.

Escultura no pátio da Notre Dame
A região do porto está passando por uma obra de grande porte. Imagino que vai ficar muito linda porque o entorno já é consideravelmente belo. Tem um casario antigo, belos prédios que estão sendo revitalizados, e dois grandes prédios em estilo bem moderno que estão em fase final de construção. Um deles será o museu das Civilizações da Europa e do Mediterrâneo. E ao lado de tudo isso, um mar esplendidamente azul!
Subimos a colina mais alta onde fica a Notre Dame de la Garde (ou Basílica de Nossa Senhora da Guarda). De lá se avista toda a cidade. Acho que foi a igreja mais bonita que visitei na França, até agora.
                                                 CASSIS

Seguimos viagem para Cassis pela estrada litorânea, que vai sinuosa acompanhando o mar mediterrâneo lá embaixo. As rochas esbranquiçadas devem ser de calcário e dão um charme especial a região. De vez em quando, no alto de um penhasco, vemos alguma mansão. A paisagem é muito bonita.
A cidade de Cassis fica numa encosta e foi quase impraticável achar um lugar para estacionar. Parece que todos os franceses resolveram vir para a Riviera. Estranho, hoje é quinta-feira, ainda não é período de férias e estamos no início da primavera. De onde apareceu tanta gente? Quando já estávamos desistindo um grupo de brasileiros parou para conversar comigo e informou que um parking bem próximo tinha vagas. Até que enfim, arrumamos uma vaga.

Cassis
Descemos até a praia. Não sei se há outras praias, essa é bem pequenininha, apenas um pedacinho de areia, o resto é uma marina. Em pouco tempo percorremos toda a orla e a fome chegou. Escolhemos um restaurante e paramos para almoçar. Lá estavam os mesmos brasileiros que nos informaram sobre o parking. Aliás, encontramos brasileiros em cada esquina.
Cassis


Cassis
Enquanto almoçávamos um grupo de capoeiristas se aproximou fazendo seu show costumeiro. Fatinha se encolheu - “Meu Deus, devem ser brasileiros!”

Acertou. Falavam francês com sotaque baiano. Imagine “mérci bócu”. Rimos muito. 

NICE 

Chegamos em Nice já noite. Nosso hotel fica próximo à praia e, exceto pela escada para chegar ao hall, tudo o mais é adequado.

Uma curiosidade: na maioria dos hotéis que ficamos até agora, o vaso sanitário fica em um cômodo e a pia, chuveiro e banheira ficam em outro. Estranhei um pouco porque após usar o vaso sanitário ia lavar as mãos e... cadê a pia? Tinha que ir para o outro banheiro. Também não havia lixeira para papel higiênico, vai tudo com a descarga. Quando estive na França anteriormente, fiquei só em Paris e não me lembro se lá o costume também é esse.

03.05.2013                   SAINT TROPEZ 

Fomos conhecer o litoral sul: Cannes, Antibes, Saint Tropez. O dia estava ensolarado. Coloquei uma roupa de listas azul marinho e branco, um visual navy para atrair mais sol. Deu certo. Resolvemos ir pela estrada litorânea, mas desistimos quando chegamos a Antibes. Um engarrafamento sem fim nos obrigou a procurar a autoestrada. Estava acontecendo um encontro de motos Harley Davidson nessa região, passamos por muitas motos no caminho. Isso também dever ter contribuido para o engarrafamento. Enfrentar um trânsito desses nas férias? Ninguém merece.

Chegamos a Saint Tropez. A marina estava repleta de iates, cada um mais bonito que o outro. Muita gente bonita e rica passeando pela orla, muitas lojas de grifes famosas. Ainda assim, achei a cidade meio decadente. Será que sou uma pobre metida a besta? Acho que esperava encontrar aquele glamour da década de 60, quando Brigite Bardot vivia por aqui. Cheguei com 50 anos de atraso.
Risoto de Frutos do Mar
Almoçamos em um restaurante lindinho que cobrou sete euros pela coca-cola. Êta coca carinha!

O engarrafamento que pegamos na saída de Saint Tropez me fez lembrar o trânsito do Brasil no final do carnaval. Descobrimos que os franceses emendaram o feriado de 1º de maio, que caiu na quarta-feira. QUARTA-FEEEEEIRA!!! Emendaram a segunda e a terça e também a quinta e sexta. Já viu disso?

 CANNES

Desistimos de Cannes e Antibes, porém mais tarde no meio do caminho, já noite, resolvemos passar por Cannes. A cidade lembra Nice: orla bem movimentada, prédios baixos, muitos jovens e gente bonita desfilando pelas calçadas.
Em Nice, já no hotel, abrimos a porta do quarto que dava para uma pequena sacada. A temperatura estava agradável e ficamos deitadas, eu e Valdéa, conversando. De repente Váldea olha para fora e diz – “Ângela, acho que tem um homem olhado para o nosso quarto”. Olhei para o prédio em frente e vi na penumbra um homem com um binóculo. Quando ele viu que eu olhava, acenou com a mão. Fechei a porta. Deu vontade de dar uma “banana” pra ele, mas imaginei que aquele braço duro apontado pra cima poderia sugerir outra coisa.

04.05.2013        
               
Hoje tivermos um dia livre (como se diz nas excursões). Na 
Calçadão na Promenade Des Anglais
verdade livre do carro, que deixamos na garagem.

Quando acordei, abri a porta e fui até a sacada conferir o tempo. Quando estava ali olhando o céu, um casal no terraço do hotel em frente, olhava para baixo em minha direção. O homem acenou para mim e identifiquei o voyeur da noite passada. Um velho babão.
Olha a areia da praia!!

Fomos passear pelo calçadão da praia,    na Promenade Des Anglais. Poucas pessoas se aventuravam na água, que imagino, devia estar gelada. A maioria tomava sol deitados nas espreguiçadeiras e alguns corajosos deitavam sobre tolhas na areia pedregosa. Se é que se pode chamar aquilo de areia. Está mais para pedra brita do que areia.

Pegamos um desses ônibus de turismo com a parte de cima descoberta. Que delícia passear pela cidade, lentamente, olhando tudo assim do alto e com um solzinho morno pra completar! Só não se pode bobear com os galhos mais baixos das árvores que de vez em quando vem em nossa direção.
Nice
A cidade é bem antiga e tem lindas construções, muito bem conservadas. Descemos no museu de Matisse que é um pintor de quem gosto muito. Ele morreu aqui em Nice, onde viveu seus últimos anos. Não gostei do museu, a maior parte do que vi aqui são objetos doados pela família do pintor e alguns desenhos que parecem ser estudos para realização de alguma obra. 
Nice
Nenhuma das Odaliscas, nenhuma das janelas, nenhuma das obras mais conhecidas. De interessante, o primeiro quadro pintado por ele. Sabe aqueles rabiscos que se tornam obra de arte depois que o cara é famoso? Pois é, os rabiscos de Matisse estão aqui.


MONTE CARLO

Ronaldo
À noite fomos ao Buddha Bar, em Monte Carlo. Logo que saímos do estacionamento deparamos com Ronaldo Fenômeno e a namoradinha da vez. Estava de terno cinza com uma gravatinha borboleta esquisita; um cara simpático, sem dúvida. Parece que estava rolando uma festa no Hotel de Paris. Na escadaria algumas dançarinas vestidas de Carmem Miranda, um cara no pandeiro, outro no cavaquinho e alguém cantando música brasileira. Que festa será essa?
Galvão e a Ferrari. Será alugada?

Olhando pro alto da escada na entrada do Hotel de Paris, avistamos a promoter Liége Monteiro e o Felipe Massa com a esposa. Parece que é festa brasileira. Surge de uma rua ao lado uma linda Ferrari vermelha, e dentro dela Galvão Bueno e a esposa. Deixa o carro no meio da rua e sobe as escadas. Em seguida volta rápido, com a cara emburrada, e vai estacionar o carro. Acho que contava com um manobrista, mas despacharam o Galvão de volta para o carro. Ao contrário de Ronaldo, ele não me parece nada simpático.

De repente, no meio da pequena multidão que se formou em frente ao hotel, avisto Aureliano observando o movimento. Ele é um colega da Petrobras e está passeando com a família, passou pela Itália e agora está hospedado aqui em Mônaco. Em Avignon também encontramos na rua, um colega de trabalho de Kátia que estava hospedado no mesmo hotel que nós. Mundo pequeno!

Não pudemos esperar por outros famosos, já era hora de ir para o Buddha Bar esse famoso bar decorado com motivos orientais. No térreo onde fica o bar, grandes pilastras com, sei lá, uns seis metros de altura e um enorme Buda na sua pose tradicional. Subindo a escada passamos pelo DJ e na parte de cima, o restaurante. Lindo!!! A música está ótima. Espero que a comida seja no mesmo nível.

No cardápio tem muita comida asiática e japonesa. Pedi um prato que tinha camarão com molho de leite de coco. A comida veio dentro do próprio coco, com uma tampinha aberta para comer ali mesmo, dentro da casca. Gostei, mas achei um pouco picante demais. Comi outro prato com salada de legumes e carne, também com pimenta, mas na medida certa pra mim. Nas mesas em volta, muita gente bonita, que na penumbra fica ainda mais bonita.
E o banheiro de pastilhas douradas no piso? Parece que estou pisando em um lugar alagado, brilhante.

E o Buda, com aquele olhar disfarçado, tudo vendo.
Saí com a sensação de que ainda era cedo e que o melhor estava por vir, música animada, podíamos dançar um pouco. Estamos mesmo ficando velhas. Pelo menos estamos todas no mesmo barco e não me pareceu que alguma de nós tenha ficado frustrada por não ficar até mais tarde.

Fomos para o Cassino. Não podíamos sair de Mônaco sem conhecer o Cassino de Monte Carlo. O meu interesse é somente conhecer o prédio que é lindo, e ver as pessoas que frequentam esse lugar; o jogo não me interessa. As companheiras arriscaram alguns poucos euros nas maquininhas, mas como era de se esperar, perderam. Provavelmente em alguma outra parte do prédio deve haver uma área reservada apenas para os vips.

Cassino de Monte Carlo
Fiquei observando uma senhorinha meio careca que jogava 100 euros nas máquinas. De vez em quando ela parava, olhava o movimento em volta, e trocava de máquina. Está sozinha. Deve ser uma dessas milionárias solitárias que preferem arriscar algum dinheiro a passar a noite solitária em casa ou em um hotel.

Enquanto olhávamos o movimento, entrou um casal de meia idade. A mulher, com um vestido branco curto colado ao corpo e com um grande decote. Quando ela passou por nós, surge a bunda.... a maior bunda que já vi; redonda; pontuda; empinada; com certeza aquela bunda foi comprada!!! Andou pra lá, andou pra cá e em seguida levou a bunda pra passear em outro lugar.
                                                         
05.05.2013                SAINT PAUL DE VENCE



Começamos o dia pela cidadezinha medieval St Paul De Vence, que é bem perto de Nice, mas já subindo a serra que eles chamam de Alpes Marítimos. Parecida com as demais cidades pequenas que visitamos, mas com uma quantidade de galerias de arte impressionante. Seria muito bom passar um dia inteiro aqui e ter tempo de entrar em todas as galerias. Aqui também encontramos objetos com a assinatura de Romero Brito. Aliás, acho que em todas as cidades da França por que passamos até agora, vi algo de Romero Brito em alguma loja. É sem dúvida um artista brasileiro bem sucedido.

Objetos com a marca de Romero Brito
Muitos restaurantes simpáticos, difícil escolha para o almoço. 

Durante o almoço encontramos um casal de gaúchos que moram em Morro de São Paulo. São donos de uma pousada por lá (Pousada Solar das Artes) e a esposa está fazendo um curso de gastronomia na França.


Galeria de Arte

Galeria de Arte
















Descemos em direção ao mar. Vamos novamente a Mônaco, agora parando nas cidadezinhas pelo caminho o que não toma tanto tempo porque são coladinhas umas nas outras. Próxima parada, Cap Ferrat.
CAP FERRAT 

Parada é força de expressão, não há porquê parar, porque não é possível ver nada. Cap Ferrat fica numa península (ou seria um promontório?) mansões de um lado e outro da rua, todas com muro alto ou uma cerca viva bem alta para garantir a privacidade dos endinheirados que desfrutam sozinhos desse lugar. Sinto um pouco de raiva dos endinheirados, só um pouquinho (acho que inveja também), por privar a plebe rude da vista maravilhosa do mar que deve estar ali, logo depois dos muros altos.

VILLEFRANCHE-SUR-MER

Após algumas voltas tentando descobrir alguma passagem para o mar, descobrimos que estávamos dando volta, sem sair do lugar.
Seguimos para Villefranche-Sur-Mer, outro pequeno balneário com belas casas penduradas na encosta com o visual azul do mediterrâneo, maravilhoooooso!!! Lugar bom para bater perna, tomar sorvete, e se expor aos raios UVB e UVA que envelhecem a pele entre outros estragos. Confesso que com o frio que senti alguns dias atrás esses raios, nesse momento, são apenas belíssimos raios solares calientes que me aquecem até a alma.

Villefranche Sur Mer

Chegamos a Mônaco, que já está sendo preparada para o grande prêmio de automobilismo que acontece ainda nesse mês de maio. Pensamos em ir até o Palácio do Príncipe de Mônaco onde moram os Grimaldis há mais de 700 anos. O Palácio fica no alto de um morro e, segundo Adélia que já esteve lá, é possível ir de carro até o alto. Pelo visto isso agora não é possível, não sei se momentaneamente ou se é definitivo. O certo é que subir escadas ou ladeira até o alto não está nos nossos planos.

Será uma favela?
Olhado a cidade aqui da parte mais baixa, com seu amontoado de prédios, me lembra uma favela. Uma favela chic, é claro. Aqui não tem pobre nem carro velho, é só glamour. Mas não me atrai; prefiro as pequenas cidades de pedra, com suas ruelas estreitinhas, janelas floridas, perfume de lavanda no ar.

Depois de rodar pela cidade, subindo e descendo estas encostas, sentamos no Café de Paris para comer um doce e tomar um chocolate quente. Um dia é o suficiente para conhecer Mônaco, a não ser que você venha a bordo do seu iate e fique atracado nessa marina repleta de iates luxuosos. Aí vale pena ficar mais tempo e desfrutar dos prazeres que a cidade oferece para quem tem muito dinheiro para gastar.

Sugestão:

Restaurante Le Girelier 
Qual Jean Jaurès - 839900
Cannes
Tel 04 94 97 03 87  Legirelier@orange.fr

Restaurante Buddha Bar 
Place du Casino MC 98000
Monte Carlos Tel - (377) 98 06 19 19   buddhabar@sbm.mc

Hotel Villa Rivoli
10, Rue de Rivoli
Nice Tel 33 (0) 4 93 88 80 25   reservation@villa-rivoli.com

Restaurante Le Caruso 
Tel 04 93 24 36 47
Saint Paul de Vence
www.lecarusodesaitpaul.fr