01 janeiro, 2021

Minha Infância

MEU BAIRRO
Passei minha infância e adolescência no bairro Cajueiros, em Macaé. Ainda hoje frequento o bairro pois é lá que tomo o café do final da tarde na casa de Biriba, meu cunhado. 

A nossa casa tinha um quintalzinho, pequeno para o padrão daquela época. Tinha uma horta onde minha mamãe plantava alface, almeirão, couve, tomate, alfavaca, cebolinha. Havia também um quarador - alguém ainda sabe o que é isso? – onde mamãe estendia a roupa ensaboada sobre a grama para esquentar ao sol. No fundo do quintal, um barracão, cheio de quinquilharias e uma mesa de carpinteiro. Essa era a área de lazer do meu pai e minha também. Era lá que eu e algumas amiguinhas, brincávamos de casinha nos dias de chuva. Mais tarde, quando já adolescente, eu passava horas no barracão deitada em uma rede, lendo fotonovelas e sonhando acordada com os namorados que um dia eu teria.

Algumas vezes eu acordava de madrugada com o tropel de cavalos. Corria para a janela da sala e abria um pouquinho para ver a boiada que passava pela Rua Teixeira de Gouveia, pouco antes do amanhecer. Era uma barulhada e muita poeira que subia do chão de terra.

Quando as primeiras televisões chegaram em nossa rua, foi um alvoroço. Inicialmente só três moradores possuíam televisão: Seu Waldimiro, Catarina e Dna Conceição.

Seu Waldimiro liberava geral. À noite, na hora da novela “O Homem Proibido”, sua casa ficava cheia. Tinha gente sentada no chão da sala, assistindo das janelas, em pé na porta....era uma festa.

Catarina não dava muita abertura. Sua sala era pequenina e a porta de entrada quando a televisão estava ligada, ficava sempre fechada. Quando a lotação da casa de seu Waldimiro esgotava, íamos para a varandinha de Catarina e assistíamos a televisão por uma fresta da porta fechada. Ôôôô sacrifício!!!!

Essas dificuldades aproximavam as famílias vizinhas e essa intimidade nos tornava mais afetuosos, mais solidários.

O tempo passou, a horta e o quarador desapareceram, a boiada já não atravessava a cidade pela nossa rua. Em compensação a televisão virou o centro das atenções em todos os lares, afastando os vizinhos das calçadas onde o bate-papo rolava solto nas noites de verão. Hoje nossas portas vivem fechadas e visita só com hora marcada. E os vizinhos ? Só “bom dia” e “boa noite”, é o máximo de intimidade que temos com aqueles que moram anos ao nosso lado.

PORTA ABERTA

Parte da Família Adami
Boa parte da família do meu pai morava no interior (mais interior ainda que Macaé) e quando vinham a Macaé resolver qualquer problema (médico, compras, etc..) apareciam, sem avisar, para almoçar. Isso não era um problema, as famílias já estavam acostumadas com as visitas inesperadas, visto que nessa época os meios de comunicação eram: cartas (que demoravam dias para chegar) pombo correio e... sinais de fumaça. Telefone era para poucos privilegiados.

De repente a mesa do almoço ficava rodeada de primos e tios e o falatório era grande. Meu avô repetindo sempre as mesmas histórias (problemas da idade avançada), Tia Mafalda e Tia Mabel sorrindo discretamente, Tio Augusto e seus “causos”. E outros tantos tios, tias, primos e amigos, apareciam sem data e hora marcada.

Os que residiam em Macaé também compareciam para um café e um bate-papo. Zé Porto, Tio Pedro, Tio João Figueiró, Eutália, Zélia, Tia Fina, Tia Laura (parentes da minha mãe) chegavam quase sempre à tarde para uma conversa despretensiosa cujo único objetivo era fortalecer a amizade.

São poucas as casas que hoje mantêm a porta aberta para os parentes e amigos. Até porque temos tão pouco tempo livre, ocupados que estamos em trabalhar, nas compras, no trânsito, no facebook, etc... Convivência agora só virtual.

E quanto maior o poder aquisitivo da família, maior o seu distanciamento desse modelo antigo de relacionamento.

Que saudade do cheiro do café (de coador de pano), da broa quentinha saindo do forno e da mesa onde os adultos conversavam e eu, ainda criança, apenas ouvia e não dava pitaco.

INSÔNIA

Tenho dormido mal. Acho que é por causa da menopausa. Acordo no meio da madrugada e não consigo pegar no sono novamente. Na tentativa de dormir novamente, tenho recorrido a um velho truque que eu usava quando criança.

Na minha infância, dos 8 aos 11 anos mais ou menos, tive insônia. Eu ficava com muito medo de ficar acordada enquanto todas as outras pessoas da casa dormiam. O quarto dos meus pais tinha uma porta que dava para o meu quarto e que ficava aberta durante a noite, para que eu me sentisse mais tranquila. A toda hora, eu chamava pela minha mãe:

- “Mããããeee!!!" Você tá acordada?
- “Tôôô." – Ela sempre respondia.

E assim eu ia repetindo a pergunta, até adormecer.

Uma noite, depois de perturbar o sono da minha mãe, ela veio até minha cama e falou:

- “Tente cantar mentalmente um cântico da igreja. Vá repetindo sem parar, sem dar espaço que é pra não entrar nenhum outro pensamento na sua cabeça.“

Ela cantou a musiquinha “meu barco é pequeno, tão grande é o mar, Jesus segura minha mão, ele é meu piloto e tudo vai bem, na viagem pra Jerusalém”. Fiz o que ela ensinou e não é que a coisa funcionou?

Hoje esse recurso não está mais resolvendo. Porque será?

Fiz ioga durante um período e em determinado momento entoávamos uma melodia, um mantra. A intenção era entrarmos num estado de meditação, ou pelo menos de relaxamento, visto que meditação requer uma pouco mais de preparo, segundo o professor. Íamos repetindo, repetindo...quando eu percebia estava quase dormindo.

O cântico que minha mãe me ensinou tinha as mesmas características melódicas daquele mantra, um som monocórdico, monótono. Com certeza ela nem sabia o que é um mantra, mas sem saber, recomendou o que era adequado.

Muitas vezes queremos não pensar em determinada coisa mas a mente não nos obedece, parece que tem vida própria. Se isso acontece na madrugada então, é fatal. Ela escolhe os piores pensamentos para atrapalhar seu sono. Parece que faz de propósito. Você tenta ludibria-la mas quando percebe aquele pensamento recorrente volta a ocupar espaço na sua cabeça.   Você procura o sono mas à mente manda ele embora. E nessa guerra com a mente você às vezes sai derrotada, vê o dia clarear e vai trabalhar com um quilo de areia em cada olho.

Acho que o meu mantra da infância está defasado. Com o passar dos anos a minha mente ficou mais esperta e agora acho que preciso de um mantra mais poderoso para dar conta do recado.

E agora mamãe não está no quarto ao lado para me ajudar.

O ENGANO


Colocar as cadeiras na calçada e prosear, era um hábito da maioria das famílias nas cidades do interior e, na minha rua não era diferente. Assim ficávamos conhecendo e convivendo com a vizinhança. A televisão nos colocou pra dentro de casa e com isso perdemos esse hábito, a meu ver, salutar.

Dna Edemia e o marido, Seu Barroso, junto com seus filhos, costumeiramente no final da tarde sentavam na calçada em frente a casa e por ali ficavam até a noitinha, conversando e vendo a vida passar. Da minha casa eu podia ouvir seu riso alegre e sua voz inconfundível. Quando eu passava, do outro lado da rua, seu Barroso perguntava:

- Ta querendo ficar preta menina? Pra que pegar tanto sol?

Dna Edemia abria um sorriso alegre no rosto redondo e simpático. Ela era uma pessoa extremamente agradável e bem humorada.

Tempos depois ela adoeceu gravemente. A família colocou na sala uma cama hospitalar para dar maior conforto a doente. Nas vezes em que fui visitá-la percebia que ela ainda conseguia manter o espírito brincalhão, apesar da difícil situação em que se encontrava.

Um dos filhos dela, Edemir, trabalhava junto comigo no Unibanco. Numa manhã bem cedinho, quando me arrumava para ir trabalhar, ouvi vozes e pessoas chorando. Olhei por sobre o muro da minha casa e vi que as pessoas estavam na calçada quase em frente a casa de Dna Edemia. Pensei com meus botões – Dna Edemia descansou.

Chegando no banco avisei para os colegas que a mãe de Edemir havia falecido (ele não estava trabalhando). Como não havia telefone na maioria das casas, resolvemos, eu e mais alguns colegas, irmos até a casa de Dna Edemia no intervalo do almoço. Era comum naquela época o corpo ser velado na própria casa. Chegando lá bati à porta, alguém abriu, entramos. Imediatamente ouvi a voz inconfundível de Dna Edemia:

- “Oh minha filha, que bom lhe ver!!!”

- “Trouxe os colegas lá do banco para lhe fazer uma visita.” – respondi com a maior cara de pau.

Teve gente que se espremeu para segurar a risada. 

Mais tarde, conversando com minha mãe, descobri que o problema foi na casa da outra vizinha e alguém chorava por causa de uma briga.

BRINCADEIRA DE CRIANÇA

A casa dos meus pais tinha uma calçada alta onde as donas de casa daquela rua, juntamente com minha mãe, ficavam sentadas nas manhãs de inverno “quarando” no sol enquanto conversavam, faziam crochê ou tricô, e tomavam conta dos filhos que brincavam ali por perto. 

E como nós brincávamos na rua de terra batida onde raramente passava um carro!!! Amarelinha, pique - esconde, queimado, três marias, pular corda, andar de bicicleta, etc...eram nossas brincadeiras prediletas.

Lembro-me de um vizinho, um senhor alto e magro, que era um dos poucos do bairro que possuía carro e dirigia muito, muito mal. Quando ele ia retirando o carro da garagem, José Luiz, um rapaz que trabalhava no boteco da esquina, chegava na porta do bar e gritava para as mulheres da calçada e as crianças que brincavam – “Corre que seu Manoel tá saindo com o carro”. Ficavam todas alertas, prontas para sair fora caso seu Manoel se dirigisse em direção à calçada. Nós interrompíamos a brincadeira, e preparadas para correr caso o “barbeiro” se aproximasse.

Os dias de chuva também eram de diversão. Era hora de preparar os barquinhos de papel para jogar na enxurrada. Nos reuníamos na casa de Dna Marieta para "fabricar " os barquinhos. Ficávamos um bom tempo olhando os barquinhos descerem rua abaixo até naufragar na correnteza.  Se a chuva fosse fraquinha e demorasse vários dias, o jeito era brincar dentro de casa mesmo. Brincar de casinha, de preferência. Panelinha e boneca só tinham vez em dia chuvoso; se abria o sol a brincadeira era na rua, no poeirão.


Nesses dias ensolarados costumávamos andar de bicicleta, aquela que estivesse disponível no momento e geralmente o modelo era masculino, com aquele quadro fechado. Como éramos ainda pequenas, nossas pernas não tocavam o chão quando andávamos sobre a bicicleta, tínhamos então que andar sem descer até achar uma calçada alta para frear, parar e descer. A solução muitas vezes era andar com as pernas passando por dentro do quadro da bicicleta, numa posição complicada e que hoje fico pensando como consegui dirigir a bicicleta daquele jeito.

Na casa de Regina tinha uma varanda comprida onde improvisávamos os desfiles de misses. O concurso de Miss Brasil era um sucesso e era também o sonho das adolescentes daquela época. A coroa, o cetro e o manto eram “fabricados” com apetrechos da casa de Carminha, mãe de Regina. As mais feinhas e tímidas, como eu, ficavam no júri e as desinibidas desfilavam. Cacilda fazia caras e bocas e vibrava quando ganhava. Depois desfilava pela varanda na ponta dos pés, arrastando o manto (provavelmente um lençol) e um sorriso de orelha a orelha.

Tempo bão!!!!

PRAIA DE ADOLESCENTE


Bar Mocambo, o mais tradicional na Praia de Imbetiba na década de setenta
Ir a praia todos os dias no período de férias, era sagrado. Era um tempo de “faça você mesmo” porque o dinheiro era pouco e a criatividade era muita. Sendo assim, costumávamos fazer nossos próIprios biquínis. Aprendi com Marília, vizinha da minha prima Lúcia, a fazer biquíni de jérsei, tecido muito usado na época. Para bronzear a pele, misturávamos óleo Johnson e urucum ou iodo. Quanto mais "queimadas" melhor. Ainda não sabíamos do buraco  na camada de ozônio e o buraco que nos interessava naquele momento era aquele que fazíamos na areia para acomodar a toalha onde íamos deitar. O  que queríamos era desfilar os corpos morenos pela praia e a Praia de Imbetiba era o point. Praia dos Cavaleiros era distante, deserta e brava; nem pensar. 

Nessa época eu costumava ir a praia junto com minha prima Lúcia e seus amigos, a maioria vizinhos dela: Marília, Margarida, Ruza, Loloia, Fátima, Sérgio, Dica, etc.... À noite voltávamos para a Imbetiba onde os jovens se encontravam na Toca do Toti, Redondo, Varandão e 860. Os “sem grana” ficavam sentados no muro de pedra em frente á praia ou na areia, em pequenos grupos, onde uns tocavam violão e cantavam, outros namoravam. Época de hormônios a flor da pele.

Fazíamos festinhas hi-fi (festa informal onde cada pessoa leva algo para comer ou beber) na casa de alguns amigos. Bastava uma varanda ou sala espaçosa, luz negra, uma vitrola e muitos discos. Tomávamos cuba-libre, martini e batida. Cerveja não era nossa preferência naquela época. Comparando com as festinhas dos adolescentes de hoje, parecíamos um bando de idiotas. Mas que “idiotice” deliciosa era dançar de rostinho colado, coxa com coxa, e sentir o cheiro bom de loção pós barba!!

FESTA JUNINA


Em Macaé, nas décadas de 60 e 70, aconteciam muitas festas juninas nos bairros, diferentemente de hoje.

No Cajueiros, no mês de junho, as quadrilhas aconteciam em vários lugares. Uma delas, no beco de Walter Foguete, era minha preferida. Eu via a festa da casa de Dna Maria de seu Thomaz, nossa vizinha. O muro dos fundos dava para o beco. Nós subíamos em caixotes e ficávamos assistindo a quadrilha. Sempre fui muito “bicho do mato”, nunca gostei de “aparecer” mas morria de vontade de vestir aquelas roupas coloridas, pintar o rosto com pintinhas pretas e dançar a quadrilha. Como meus pais eram evangélicos, não permitiam. Tinha que me contentar em apenas assistir.

A religião dos meus pais me privou de alguns prazeres na infância e adolescência. Dançar quadrilha foi um deles. Matinê de carnaval, bailes e praia aos domingos pela manhã também eram proibidos. Acho que vem daí minha birra com todas as religiões.

Por outro lado, essas proibições me incentivaram a procurar minha independência financeira desde muito jovem. Por volta dos 13, 14 anos eu já ganhava algum dinheiro pintando lençóis, toalhas, enxoval de bebê, etc... Ana Maria, dona de uma boutique infantil em Niterói, vinha mensalmente a Macaé trazer camisetas para que eu pintasse personagens das histórias em quadrinhos. Eram caixas e mais caixas de camisetas que me ocupavam boa parte das tardes de verão. 

Depois que consegui ganhar meu sustento ninguém mais me colocou cabresto. Dancei todas as quadrilhas que eu quis.

A PRAIA


Calçadão da praia de Imbetiba
Eu sou a menininha de jardineira
Meu pai costumava levar para a praia, toda a criançada da nossa rua. Saíamos bem cedo; íamos a pé e ele de bicicleta, até a Praia das Pedrinhas. Passávamos pela Praia de Imbetiba, depois Praia dos Cavalos (onde algumas pessoas lavavam seus cavalos), contornávamos a sede da Rede Ferroviária e finalmente chegávamos ao nosso destino. 

Não havia quase areia nessa praia mas era ótima, pouca onda, mansinha, porque ficava protegida por duas barreiras de pedra que formavam uma pequena enseada. Cacilda, Leomar, Sandrinha, Penha, Rosângela, Fátima e eu, caíamos na água e só saíamos quando a pele já estava murcha de ficar tanto tempo de molho.

Quando conseguíamos uma bóia (câmara de ar de pneu de caminhão) a farra era ainda maior. Sentávamos ao redor da boia, com os pés para dentro, batendo na água e fazendo a boia rodar. Papai costumava mergulhar, vir nadando por baixo d’água e de repente virava a boia. Tbum!!! As que sabiam nadar rapidamente chegavam a areia. Papai ajudava as que não sabiam mas, é claro, elas bebiam alguma água até conseguir sair. Desse jeito, no sufoco, acabamos todas aprendendo a nadar. Método Victório Adamis.

As mais saidinhas arriscavam uma caminhada sobre as pedras e muitas vezes voltavam com os pés cheios de espinhos de ouriços. Dava um trabalhão retirar todos os espinhos, sem contar a dor.  
Depois procurávamos uma pedra que fosse um pouco confortável, deitávamos por algum tempo ao sol, sem a preocupação de bronzear o corpo e nem proteger a pele dos raios ultravioleta. Filtro solar ? Ninguém sabia o que era isso !!! O que queríamos era só brincar, brincar e brincar.

A volta para casa tinha que ocorrer antes das 11:30 porque nesse horário saíam para o almoço os empregados da Rede Ferroviária. Quando tocava o buzo (campainha) disparavam centenas de bicicletas pela Av. Agenor Caldas e se não tivéssemos atravessado a Avenida, perdíamos um tempão esperando as bicicletas passarem.

No dia seguinte, mais praia. E assim seria até o término das férias, que naquela época duravam três meses.

PACTO DE MORTE


Meus pais no dia em que se casaram
Meus pais estiveram casados por 64 anos. Algumas vezes os vi conversarem sobre quem morreria primeiro e dava para perceber a dificuldade que tinham em imaginar a vida sem o companheiro (a) de tantos anos.

Perder o companheiro, mesmo que não seja tão companheiro assim, nesse momento da vida é algo complicado. Se o idoso não tem uma atividade que lhes preencha as horas do dia, a solidão encosta e aí, a falta de um companheiro para partilhar um momento de dificuldade ou até mesmo de alegria, deixa um vazio difícil de ser preenchido.

Por tudo isso meu pai costumava fantasiar que o ideal era que eles morressem juntos.

Um dia vimos na televisão uma matéria sobre um casal de idosos que fizeram um pacto com Deus para que ele os levasse para o além no mesmo dia. Papai comentou que gostaria de fazer o mesmo.

Passado alguns dias, morreram duas pessoas na vizinhança. Perguntei a papai:

- E aí papai, se a morte chegasse aqui do seu lado nesse instante, o que o senhor faria?

Ele olhou para os lados e avistou mamãe debruçada sobre a pia da cozinha. Levantou o braço por cima da cabeça e silenciosamente apontou o dedinho para ela, como se estivesse a indicar para a “morte” que ela deveria ir primeiro. E disse:

- Ela tá mais cansada, eu posso ficar pra depois!

Caí na risada. Na hora “H” ele esqueceu do pacto que queria fazer e só pensou em como seria bom viver um pouco mais.