10 setembro, 2015

EDINBURG, PITLOCHRY, INVERNESS, OBAN

ESCÓCIA
Essa viagem deu trabalho...pra minhas companheiras de viagem. Como estou mais distante do grupo e elas são mais experientes, e eu mais acomodada, sobrou pra elas cuidarem das reservas de hotel, aluguel de carro, escolha de roteiro, compra de ingressos para show, etc...
Fatinha disse que eu tô com muito dinheiro porque “só pagava e nada perguntava”. Dinheiro que nada! Dizem que muito ajuda quem não atrapalha e esse é o meu caso. Somos seis mulheres nessa empreitada, imagine se todas quiserem tomar a dianteira para resolver cada situação? É encrenca na certa.
Tudo pronto, amanhã partiremos para Escócia, depois Irlanda e finalmente, Inglaterra.

E por falar em Inglaterra, hoje saiu uma notícia na imprensa sobre o Príncipe Charles. Parece que ele descobriu que foi traído pela mulher, Camila a Duquesa da Cornualha, e pediu o divórcio. Príncipe solteiro na praça!!! Convenhamos que ele é bem feinho, mas príncipe é príncipe, não terá dificuldade em arrumar uma substituta. Pode ser também que a notícia seja falsa.


Da esquerda pra direita: Jussara, Adélia, Ãngela (eu), Fatima, Katia, Andréa

03.06.2015

Ontem à tarde levei um quase tombo e torci o pé. Corri pra casa, botei gelo direto, mas o pé ainda está inchado e doendo, apesar dos remédios que tomei. Estou quase me arrastando, mas desistir da viagem...nem morta,
Cheguei cedo ao aeroporto. Melhor assim, detesto correria.
Enquanto esperava pelas companheiras, sentou-se ao meu lado um sujeito meio esquisito. Pouco depois uma funcionária do aeroporto identificou uma mala abandonada perto de uma daquelas máquinas onde se faz o chek-in on line. Ela chamou a segurança e começou a isolar o local, que era bem próximo de onde estávamos sentados, eu e o esquisito.
O sujeito começou a falar sozinho e dizia que aquilo era uma bomba, com certeza, e outras palavras que eu não consegui identificar. Já estava pensando em me levantar quando apareceu o dono da mala, um francês, que pela cara de felicidade ficou muito aliviado por ainda ter encontrado a mala no mesmo lugar. Ufa, que alivio!!!
A turma foi chegando, aos poucos. Na hora marcada, decolamos. Foi uma viagem desconfortável, pra variar.

EDINBURG

04.06.2015



Chegamos a Edimburgo no início da tarde. Nosso hotel é confortável e os donos nos atenderam com cordialidade. É uma Guest House e, como era de se esperar, tem escada e subir com malas não é coisa das mais agradáveis. Pelo visto a história se repetirá várias vezes nessa viagem, a maioria dos hotéis onde nos hospedaremos é Guest House. Estamos no Reino Unido, pagando em libra, temos que economizar.

O dono nos ajudou com as malas. Graças a God  por isso!!!
Os quartos tem uma decoração bem romântica e elegante. Papel delicado nas paredes, cortinas floridas, móveis tradicionais. Só não gosto desses chuveiros que usam por aqui, quase sempre tenho que me curvar para lavar o cabelo.

Mortas de fome, partimos para o centro atrás de um restaurante indicado por alguém. Esse é o primeiro de uma lista de indicados. Procurar restaurante é, algumas vezes, motivo de estresse. Mas no fim, comemos, bebemos, ficamos mais calmas e tudo acaba bem.

Saímos do restaurante depois das 21:00 h e o dia ainda estava claro. Faz bastante frio e um ventinho gelado queima meu rosto. Ainda bem que não está chovendo porque aqui a chuva é uma constante.
Aproveitamos para dar uma caminhada pelo centro. Estamos na cidade velha, a cidade medieval. As construções são muito bem conservadas e, vistas assim a meia luz, nos dão a impressão que voltamos séculos atrás.

Amanhã começaremos a desbravar a cidade da gaita de fole, dos homens de saia e do uísque.

05.06.2015


Os homens de saia. Lindinhos!!!!
O café da manhã é servido numa varandinha coberta, toda de vidro, de onde se vê um pequeno jardim nos fundos da casa. Uma graça!!!! Parece que essa varandinha é comum por aqui, vi em várias casas.
São apenas sete mesas e todas estão ocupadas, embora estejamos na baixa temporada. Os hoteleiros não têm do que reclamar.
Os hóspedes que ocupam as outras mesas estão calados ou, quando conversam, falam bem baixinho. Não é o nosso caso, somos brasileiras. Por mais que Adélia nos avise quando o tom fica alto demais, não tem jeito, acabamos falando alto e falando demais.
Após o café, eu e Adélia sentamos num banquinho no jardim. Ele está precisando de cuidados (o jardim) e Adélia disse que ia oferecer seus serviços de jardinagem para o dono do hotel, por 800 libras ela faria um belo trabalho. Brincadeirinha!

Pegamos um ônibus até o centro. Vamos visitar o castelo de Edimburgo, o principal ponto turístico da cidade. Parece-me que toda cidade na Escócia tem um castelo para chamar de seu e aqui não poderia ser diferente. E, como todo castelo, esse também fica no alto de um morro. Meu pé ainda está doendo por causa da torção e caminhar tem me exigido alguma dose de sacrifício. Por sorte a subida não é muito íngreme.
Esse castelo foi uma fortaleza real durante a idade média. A vista da cidade é magnífica. Muitos canhões, muitas escadas, as joias da coroa, uma capela antiga, etc.... O que vi de diferente aqui foi um cemitério de cachorro. Cachorro de sangue azul, certamente.

Após o almoço compramos a passagem do ônibus de turismo e fomos conhecer o restante da cidade. Achamos que tinha áudio guia em espanhol, mas não havia. Isso sempre atrapalha um pouco, principalmente pra mim. Esses tours ajudam na escolha do que visitar no dia seguinte e nos dão uma visão mais ampliada da cidade. O perigo é o balanço do ônibus que, depois do almoço, traz sono na certa.

Rodamos pela cidade, escolhemos o que visitar no dia seguinte e descemos novamente no centro. Caminhamos pela Royal Mile, rua bem extensa com muitas lojinhas para o turista torrar suas libras. A oferta de blusas e cachecol de caxemira é grande, mas os preços não são convidativos, pelo menos para assalariado que é pago com reais.

O tempo está instável, uma chuvinha que vai e vem, um pouquinho de sol. Tudo isso intercalado com um vento gelado. As quatro estações num mesmo dia. Por sorte a chuva é rápida, o que nos permite procurar abrigo em alguma loja e em seguida voltar a caminhar. Jussara e Fatinha, friorentas assumidas, usam todos os recursos necessários: gorro, luva, cachecol, casaco, botas, capa de chuva, roupa térmica, etc.... Toda essa indumentária que na hora de usar o toilette nos obriga a tirar as várias camadas, como se estivéssemos descascando uma cebola.

Fomos jantar no restaurante Jamie’s Italian, de um dos chefs britânicos mais famosos do mundo: Jamie Oliver (aquele que apresenta um programa no canal GNT). A decoração é legal, ambiente bem animado, agradável. Ainda bem que fizemos reserva com bastante antecedência. Pedi um Spaghetti com Caranguejo, mas não tive sorte na escolha. Minhas companheiras gostaram muito do que comeram, mas eu achei o meu prato muito sem graça.

Meu pé está doendo menos. Jussara disse que deve ser a mistura de vinho, cerveja e antinflamatório.

06.06.2015

Fomos conhecer, o Palácio de Holyroodhouse, moradia da rainha britânica quando visita Edinburgh. Ali também foi a residência da rainha dos escoceses, Maria. Um guia nos contou a história trágica dessa rainha que foi suspeita de tramar o assassinato de seu segundo marido e, mais tarde, foi acusada de matar sua prima que era rainha Inglaterra. É muito assassinato que rola nessas nobres famílias, gente! Por isso se fala tanto que a morte da princesa Diana foi encomendada. Sabe-se lá.
O palácio é muito bonito e os jardins idem. Pena que não deu para aproveitar muito o passeio pelo jardim. Tá um frio do cão e minha vontade é me enfiar em algum lugar e comer alguma coisa bem quentinha. Ah, como é bom comer!!
Fomos até o porto. A intenção era visitar o Iate Real, mas para chegarmos até o ancoradouro, é necessário passar por dentro de um shopping. Desistimos da visita ao iate e resolvemos almoçar.
A garçonete que nos atendeu era extremamente mal educada. Fatinha deu uma dura nela, mas não deu muito resultado. Pensamos em sair e procurar outro restaurante. A fome era grande, resolvemos ficar. No final nos recusamos a pagar os 10% da gorjeta.

Palácio de Holyroodhouse
Quando retornamos de táxi para o hotel, vi um senhor sair cambaleando de um Pub. Pensei - “que coisa, um velho tão arrumadinho e tão bêbado!”
Quando saí de táxi, me desequilibrei por causa do vento forte. Lembrei do velho que provavelmente cambaleava por causa do vento.

À noite fizemos a farra da comilança em nosso quarto: queijo, vinho, biscoitinhos, pães, etc... Eu estava preparando um chá pra mim e Adélia quando o restante do grupo chegou com as guloseimas. Andrea me sacaneou dizendo que já dividimos quarto em tantas viagens e que eu nunca fiz um chá pra ela. Esses momentos são sempre muito agradáveis, relaxamos, rimos e descansamos das longas caminhadas. O medidor de passadas de Fatinha informa que hoje caminhamos 14 Km. 

 PITLOCHRY

07.06.2015


Prato principal do cafe da manhã
Hoje tomamos o último café da manhã nessa cidade. Na véspera escolhemos o café do dia seguinte e são duas opções: o café tradicional escocês ou café continental. O café escocês equivale a um almoço, tem feijão, salsicha, bacon, ovo, cogumelos, um bolinho de batata e um bolinho quase preto que parece ser feito de miúdo de algum animal, carneiro talvez. E mais pão, geleia, iogurte, suco.... não consigo comer isso tudo pela manhã, optei pelo café continental. Kátia come tudo isso e vira os olhinhos de tanto prazer.

Pegamos um táxi para ir até locadora onde pegaremos nosso carro, para prosseguir a viagem até Pitlochry. Kátia cuida do dinheiro da caixinha. Cada uma de nós entrega cinquenta libras para essa caixinha, que é usada para as despesas que são comuns a todas. E quando se trata de dinheiro, Kátia é rigorosa. Quando o taxista cobrou vinte duas libras pela corrida, ela pagou vinte cinco e deixou o troco. Ficamos surpresas com tanta generosidade. Ela nos olhou e disse:
- Já fiz minha boa ação da semana. E chega!
Ficamos aguardando pela liberação do carro dentro da locadora. Lá fora estava bem frio. Tínhamos que ficar bem quietinhas para não atrapalhar. Kátia, agoniada com a mudez forçada, falou:
- Que povo apagado, até um velório no Brasil é mais animado.
Chegou nosso carro, um Mercedes Benz, enorme e muito confortável. Quando Andrea assumiu o volante falamos pra Jussara:
-Juju, pode começar a rezar.
-Já comecei - respondeu.

Seguimos em direção à cidade de Pitlochry. Como esse nome é difícil de pronunciar adotamos um nome mais fácil e nosso velho conhecido: Clitóris.


Castelo de Stirling
No caminho passamos no Castelo de Stirling, que fica no alto (todos ficam) de um monte rochoso e bem íngreme. Esse é um dos mais importantes da Escócia e foi atacado várias vezes. A história é parecida com a dos demais castelos: a vida de reis e rainhas, as disputas pelo trono, guerras, o luxo e a ostentação. Na planície lá embaixo foram travadas várias batalhas, entre elas uma que foi comandada por William Wallace (aquele do filme Coração Valente), um herói para os escoceses. Lá de cima é possível ver a ponte e o rio onde William derrotou o exército inglês quando tentavam atravessar o rio.

A cidade de Pitlochry ou Clitóris, como preferimos, é pequena e bem cuidada. O nosso hotel é lindo, cercado de verde. Nosso quarto tem grandes janelas que nos permitem ver a mata que circunda o hotel. A noite está bem fria, tivemos que ligar o aquecedor. 

Nosso hotel em Pitlochry
Saímos rápido para jantar porque as 21:00 h todos os restaurantes estão fechando. Escolhemos um bem pequeno e aconchegante, o BIBA (gostei do nome). A comida estava bem gostosa e a sobremesa - uma panqueca com sorvete, brownie e chantily – era enoooorme.


Restaurante Biba




Nossa sobremesa enooorme!
Arrasta mala.Ufa!
INVERNESS

08.06.2015


Athol Palace Hotel
Deixamos a cidade de Pitrochly pela manhã rumo a Inverness, mas antes caminhamos um pouco pela rua principal e já saindo da cidade, passamos pelo Athol Palace Hotel. Um luxo! Parece um palácio como esses que vemos por aqui. Imagine quanto será a diária! Não tivemos tempo de conhecer melhor a cidade. Uma pena.

No caminho paramos para conhecer o Castelo de Glamis (juro que é o último). Esse não fica em um morro e parece mais um palácio que um castelo. É lindo!

Castelo de Glamis


A mãe da rainha Elizabeth da Inglaterra, aquela velinha simpática que morreu com mais de cem anos, nasceu aqui.

Na entrada fomos atendidas por uma brasileira que trabalha no castelo. Ela já mora na Escócia há alguns anos e vai casar com um brasileiro que mora na Alemanha. Ela nos contou que o Conde de Strathmore mora no castelo e que abre parte dele e dos jardins para visitação. Disse que ele não gosta de fazer isso, mas precisa de dinheiro para conservar a estrutura dessa casa. Acho que deve sair bem caro manter uma residência como essa. Imagine quantos empregados!!!

A brasileira nos falou que o Conde tem 56 anos, mas já está bem acabado:

- É por causa da bebida. Não contem pra ninguém tá?

O teto das salas é belíssimo, vi poucos assim. As salas, as louças, os quadros, tudo é muito bem conservado. Uma das salas é repleta de retratos da realeza que viveu ou visitou esse castelo. É tudo bem bonito.

O guia nos contou várias histórias sobre assombrações que vivem no castelo. O assassinato do rei Malcolm II da Escócia ocorrido nesse castelo e a famosa peça de teatro de Willian Shakespeare, Macbeth, que fala de uma série de homicídios cometidos por Macbeth e sua esposa, supostamente nesse castelo, contribuem para essa fama de castelo mal assombrado. Uiiii! 

Voltamos à estrada. Além dos campos verdes que parecem um tapete, vemos ao longe as montanhas, as famosas highlands da Escócia, ainda com alguma neve no topo.

09.06.2015

Nosso quarto nesse hotel fica praticamente no sótão. É confortável, mas por causa do formato do telhado por várias vezes bati com a cabeça no teto. Parece com o teto do mezanino da minha casa onde a mesma coisa acontece, esbarro a cabeça na parte mais baixa do teto. 

Ontem, na hora do banho, não conseguíamos usar o chuveiro. Mexemos em todos os botões e torneiras, e nada da água aparecer. Tivemos que ligar para a recepção. Pediram-nos que puxássemos uma cordinha pendurada no teto. Pronto, água a vontade! Quem poderia imaginar que aquela cordinha, que parecia um interruptor para aceder a luz, ligaria o chuveiro.

Fomos conhecer o Lago Ness. Fizemos um passeio de barco pelo lago. Muito frio no convés, fugi para o interior e tomei um capuchino. Achei o passeio meio monótono, a paisagem é sempre igual, sem muito atrativo. E o monstro não deu o ar da graça.

Se não tem monstro, vamos então nos dedicar ao conhecimento da produção de uísque. 


 Partimos para a destilaria do uísque Chivas Regal. Já fizemos a rota dos vinhos na Itália, do champanhe e dos vinhos na França, e agora vamos conhecer um pouco da produção de uísque na Escócia. Depois veremos a cerveja, na Irlanda.


Acho que essa deve ser uma das destilarias mais bonitas da Escócia. A paisagem em volta é bem bucólica e o prédio, bem antigo, é muito conservado. Todo o ambiente tem uma atmosfera tradicional e acolhedora. Nosso guia nessa visita é um português, o que facilita muito nossa vida. Passamos pelas várias etapas da produção e em seguida passamos para a degustação. Bebi a primeira dose, a segunda e....parei. Se eu beber as cinco acho que vou ver o monstro do Lago Ness aqui na destilaria. Adélia secou os cinco copos. Ahhhe!

As companheiras foram jantar e eu resolvi ficar no hotel. Estou com prisão de ventre há dias, tomei um laxante hoje cedo e o remédio está avisando que é chegada a hora.

Aliviada, nem me importei com a fome. Tomei um chá e fui para o Whatzapp conversar com a família. Minha neta todo dia manda gravação de voz com recadinhos carinhosos. Ah, que maravilhas a tecnologia produz!!!

10.06.2015

Sei que sou extremamente distraída, mas nessa viagem tenho uma concorrente de peso. Jussara, mais conhecida como Juju ou Vizi (corruptela da palavra vizinha). Hoje ela pegou por engano o casacão da Fatinha. Só que Fatinha é muito, muito menor que Jussara-Juju-Vizi. Resultado: vai sentir frio e terá que carregar esse casaco inútil o dia inteiro.

Nossas motoristas ainda estão em fase de adaptação à mão inglesa. Não é fácil acostumar a dirigir pelo lado esquerdo da estrada e com o volante do lado direito, mas já estão mais confortáveis que antes. Às vezes brigam um pouco, mas mantém a elegância. Perfeitas inglesas.

Fort Augustus

Fort Augustus
Saímos em direção à cidade de Oban. No caminho paramos na cidade de Fort Augustus para ver as eclusas que ligam à parte ocidental a parte oriental da Escócia, ou seja, este canal atravessa toda a extensão do país de leste a oeste. Quando chegamos a eclusa um barco estava atravessando. Nunca tinha visto de perto como esse negócio funciona e achei bem interessante, parece que o barco está descendo uma escada.

Em seguida paramos em Fort William de onde partimos no trem Jacobite Steam Train,  rumo a cidade de Mallaig. Essa Maria Fumaça é bem conhecida porque aparece várias vezes no filme Harry Potter. Eu não vi o filme e não vim aqui para conferir, mas acredito que boa parte dos turistas que estão no trem veio até aqui por causa do filme. A viagem levou mais ou menos duas horas e a paisagem é muito bonita: lagos, rio, viaduto (o que aparece no filme), túneis. O mais importante pra mim é a proximidade das montanhas, com os cumes cobertos de neve, que dão nome a região – Highlands. Agora me senti realmente na Escócia.
A cidade de Mallaig parece uma vila de pescadores, é pequenininha e ouve-se o tempo todo o barulho agudo produzido pelas aves, muitas aves, que me fazem lembrar do filme “Os pássaros” de Alfred Hitchcock.

Mallaig
Jussara fez um comentário sobre algumas casas mais humildes que vimos margeando a linha do trem. São residências dos pobres daqui, bem diferente dos pobres de lá, do Brasil. Não vemos miséria em lugar nenhum. Também não vemos grandes mansões, embora elas existam. Acredito que a diferença entre as classes sociais não é tão gritante. Dá uma certa tristeza pensar que o Brasil com toda riqueza natural que tem, não consegue diminuir essa distância entre as classes.

Voltamos a Fort William. No caminho para Oban, ao lado da estrada e de frente para o lago, muitos hotéis, muitas casas de muro baixo que permitem ver o jardim que todas elas têm. A cidade parece um balneário. Gostei, tive vontade de ficar por aqui por mais tempo.

Chegamos a Oban bem tarde, por volta de 22:30 h. O sol ainda brilhava, mas tudo estava fechado, as ruas completamente vazias. Há essa hora o povo local já esta na fase REM do sono, dormem com as galinhas.

No hotel uma senhora gordinha, provavelmente é a dona, nos recebeu com cara de sono. Escolhemos o café do dia seguinte e fomos dormir.

OBAN
 11.06.2015



Da sala de café é possível ver o mar muito calmo e azul, em frente ao hotel. Adooooro tomar o café da manhã assim, com calma e olhando a paisagem. Na maior parte da minha vida tomei o café da manhã na empresa, na maioria das vezes na minha própria mesa de trabalho.

A decoração do hotel é bem delicada, repleta de bibelôs e outras coisinhas antigas. Parece uma loja de antiguidades. Imagino a trabalheira para tirar a poeira de tantos objetos. Tem um cachorro de louça, sentado sobre as patas traseiras, que parece de verdade. Kátia se confundiu e fez um carinho nele.

Todas as casas dessa rua se transformaram em Guest House e várias com placas de “no vacances” (não há vagas). Parece que por aqui não há crise para a rede hoteleira.

Saímos do hotel logo depois do café e logo cedo vamos pegar a estrada. Mas antes vamos conhecer a cidade que é bem pequenina. Um calçadão percorre toda a extensão da praia e parece que todo o comércio se concentra por aqui.

Igreja Anglicana St John 
Nesse tour entramos em uma igreja anglicana, a St John Episcopal Cathedral. Antes de entrar na igreja propriamente dita - onde estão os bancos, o altar, os objetos do culto – tem uma antessala com uma mesa grande e um balcão com doces, bolo, chá, café, etc. Algumas fiéis nos servem café e bolo. Fatinha pergunta quanto custa e elas informam que é grátis, mas que podemos contribuir com quanto quisermos para a obra de restauração da igreja. Achei bem legal, diferente.


De todos os lugares, olhando para o alto, é possível ver uma construção que faz lembrar o Coliseu de Roma. Fica no alto de uma colina e deve ter uma boa vista da cidade. Fomos até lá subindo por umas ruas estreitas e cheias de curvas. Por alguns minutos achei que não seria possível chegar lá no nosso carro que é enorme.

A vista realmente é linda e a construção em estilo romano, inspirada certamente no Coliseu, tem jardim e bancos espalhados dentro do espaço interno e fora também. O lugar convida ao descanso e contemplação. Alguém viu na internet que o ricaço que fez essa construção pretendia homenagear sua família colocando nesse local estátuas de todos os familiares. Morreu antes de concluir a obra. Ainda bem, ficou melhor assim.

Partimos para Glasgow. A estrada é estreita, mas bem sinalizada e de baixa velocidade. Isso é bom, dá para admirar os lagos ao longo de todo o percurso. Paramos por alguns minutos num restaurante na área do lago Lomond, que faz parte de um grande parque nacional. O lago é imenso e ao longe vê-se as montanhas da Escócia. Nos jardins às margens do lago, muitas pessoas tomam sol, fazem piquenique, churrasco, andam de bicicleta, aproveitam muito bem o verão porque o inverno é longo e rigoroso.

Chegamos a Belfast. No caminho do aeroporto para o hotel sentimos um cheiro forte de estrume de vaca. Achamos estranho porque não víamos bois no pasto ao lado da estrada, apenas alguns rebanhos de carneiros, mas poucos. 

O cheiro de bosta nos acompanhou até o hotel. Perguntamos ao motorista do carro o porquê do cheiro e ele não soube nos dizer.

Não saí para jantar, estou cansada e louca por um banho. Em frente a minha janela, que é quase uma bay window, fica um Pub que está lotado de jovens. De camisola e toalha enrolada na cabeça, sentei ali na janela e fiquei olhando o movimento do Pub. Um dos rapazes que está em frente ao bar olha pra mim e dá um “tchau”. Retribuí o gesto e ele sorriu. Tadinho, nessa penumbra ele confundiu a vovozinha com chapeuzinho vermelho. Ou percebeu e me sacaneou.

O Pub é bem barulhento, me senti no Brasil.


Recomendações:

Aberfeldy Lodge Guest House
11 Southside Road IV2 3BG
Inverness

Corriemar House
6 Corran Esplanade PA34 5AQ
Oban

Classic Guest House
Address: 50 Mayfield Road, Edinburgh, Newington, Edinburgh, EH9 2NH

05 setembro, 2015

BELFAST, CARRICKFERGUS, GLENARM, GIANTT'S CAUSEWAY

IRLANDA


12.06.2015                           
BELFAST


Nossa guia Lorraine
Fizemos um passeio de dia inteiro pelos arredores de Belfast. Nossa guia Lorraine é uma ruivinha simpática que fala um espanhol bem fácil de entender. Seguimos pela orla e passamos por várias cidades pequeninas.

 CARRICKFERGUS

Em Carrickfergus paramos no cais onde tem um castelo muito bem preservado, que funcionou como uma fortaleza na defesa dessa região. Um calçadão com uma mureta vai acompanhado o mar que bate nas pedras negras da praia. Tiramos algumas fotos, pegamos um pouquinho de sol, que é sempre bem-vindo por aqui, e seguimos viagem. 


Castelo de Carrickfergus



Carrickfergus













GLENARM

Paramos em frente ao Castelo da cidade de Glenarm que é a casa de um Visconde. Esse castelo pertence à família McDonnells há mais de quatrocentos anos. Pena que não está aberto à visitação. Somente em algumas datas durante o ano os jardins estão liberados para: exposições, jogos, festival de música. 


Castelo de Glenarm

Demos uma volta pela cidade, pequena e bonitinha, passamos por uma igreja muito antiga e seguimos em frente para fazermos um lanche antes de seguir para a atração principal desse passeio. Comi um sanduíche de salmão com salada e pão preto. O salmão daqui é delicioso, bem diferente do que comemos no Brasil, que quase sempre é importado do Chile. 

Seguimos por uma estradinha que vai margeando a praia e, sobe e desce, sobe e desce e, enfim, chegamos a Carrick-a-Rede. O frio aumentou e o vento também e para chegarmos até as falésias temos que andar mais ou menos um quilometro por um caminho meio irregular, com algumas pedras escorregadias e para completar, uma chuvinha fina.

Embrulhadas em casaco, cachecol, luva, capa de chuva, lá fomos nós até o local. Foi duro, mas valeu a pena. 

CARRICK-A-REDE

O lugar é liiiindo!!!! Imagino isso aqui num dia de sol. As falésias em tons de cinza, contrastando com o mar azul claro, são um espetáculo. Atravessamos por uma pontezinha estreita com cordas nas laterais, que liga uma falésia a uma rocha, o que nos permite chegar bem perto do mar. 

Algumas pessoas não tem coragem de atravessar a ponte por causa da altura, porque balança e, pra completar, o mar está batendo forte lá embaixo. Jussara precisou de ajuda, mas acabou atravessando.


 A vista é deslumbrante!!!! 





 GIANTT'S CAUSEWAY


Giantt's Causeway
Saímos dali e seguimos por mais onze quilômetros até o destino mais popular dessa região, Giant’s Causeway ou a escada do gigante. Esse lugar é repleto de rochas recortadas como se fossem degraus de uma escadaria. A guia nos explicou como as rochas adquiriram aquele formato peculiar. Bem, até onde foi possível entender, é o resultado da lava resfriada depois de erupções vulcânicas que aconteceram a milhões de anos atrás. Acho que é isso, mas fico pensando porque não ocorreu o mesmo em outros lugares que também possuem rochas vulcânicas. Talvez por isso surgiu uma lenda sobre essa escadaria. 

Reza a lenda que havia aqui nesse local um gigante irlandês e lá adiante, depois do mar, um gigante escocês (é possível avistar a Escócia daqui). Eles queriam briga e como não havia barco suficientemente grande para transportar um gigante, o irlandês resolveu construir uma escada de pedras que ligasse os dois países. Quando chegou mais perto da Escócia o gigante irlandês percebeu que o gigante escocês era muito maior e mais forte do que ele. Correu de volta pra casa e contou o ocorrido a sua esposa e ela teve uma ideia para salvar o marido. Vestiu o marido como um bebê e ele se deitou num berço gigante. Quando o escocês chegou à casa do irlandês e viu aquele bebê enorme, pensou: “se o bebê é desse tamanho imagine o pai”.  E fugiu.


De casaco para passear na 
praia.Rssss
Retornamos a Belfast. Nossa guia ruiva durante toda a viagem foi nos falando sobre a questão religiosa e política na Irlanda. Nada como viajar para entender realmente as histórias que ouvimos apenas através das mídias. Eu achava que depois do declínio do IRA (exército republicano irlandês) essa questão estivesse mais bem resolvida na Irlanda. Mas não. Há vinte anos não há mais conflitos entre protestantes e católicos, mas é uma situação parecida com um braseiro já quase apagado. Se abanar o fogo reacende.

Existem bairros católicos e bairros protestantes, e são separados por muros de alvenaria e alguns de grade. Nos bairros protestantes tem uma bandeira do Reino Unido e nos bairros católicos a bandeira que representa os católicos. Os ônibus não atravessam de uma zona para outra, cada zona tem suas escolas, seus cemitérios, bares, etc. O centro da cidade é zona neutra. Esses muros tem portões que são fechados as 19:00 h e alguns as 22:00. Então ninguém atravessa para o outro lado após as 22:00 h. 

Os muros são pintados com os ideais de cada grupo, seus heróis, sua história. Pintados com grafite, os muros se tornaram uma mistura de arte com protesto. Virou ponto turístico.
Hoje a proporção de católicos e protestantes na Irlanda do Norte é quase igual, mas no passado o número de protestante era bem maior. A Irlanda do Norte continua pertencendo ao Reino Unido e a República da Irlanda (ao sul), de maioria católica, se tornou independente em 1949.
Bem, eu entendo que essa rixa não começou por causa da religião, o motivo é político. O sentimento de nacionalismo foi exacerbado pela ocupação territorial e pela repressão feita pelos ingleses. A religião apenas passou a fazer parte do conflito e, manter a religião católica se tornou uma forma de protestar contra a ocupação inglesa. Acho que é mais ou menos isso que ocorre em outros conflitos ao redor do mundo, a religião é apenas um componente da questão política. Perguntei a guia porque se mantém os muros se já não há conflito. Ela disse que a situação hoje é muito melhor do que há vinte anos, mas que é uma paz muito frágil e que o muro tem contribuído para diminuir os atritos. Nossa guia é católica e uma de nós perguntou se ela aceitava bem os protestantes. Ela respondeu que sim e que a irmã dela casou com um protestante. Perguntei se a família aceitou. Ela disse que sim, que eles aceitaram, mas ninguém fala com o marido dela. Morremos de rir.

A noite jantamos no restaurante Love Fish. Comi um risoto de champignon e de sobremesa um brownie com sorvete e gengibre. Jantar delicioso. As companheiras gostaram tanto que fizeram questão de cumprimentar o Chef Michel Deane.

13.06.2015

Mercado St Jorge
Compramos o ticket do ônibus de turismo e fomos percorrer os principais pontos da cidade. Não tinha áudio guia em espanhol (fomos enganadas), então descemos no centro e entramos em algumas lojas. Depois fomos almoçar no Mercado St.Jorge.

O mercado ficou aquém da nossa expectativa. Apenas um restaurante no mercado e o cardápio não agradou. 

Museu do Titanic
Fizemos um lanche e fomos para o Museu do Titanic. Já comecei a gostar do museu pelo prédio, que faz lembrar um navio. No térreo estão as lojinhas e restaurantes. A partir do segundo piso, tudo sobre o navio mais famoso do mundo. Em se tratando de fama, acho que só perde para a arca de Noé. A história começa antes da própria construção do navio, passa pela tragédia do naufrágio e termina na descoberta dos destroços do navio, no fundo do mar. Réplicas dos botes salva-vidas, dos camarotes de 1ª, 2ª e 3ª classe, as plantas do navio, fotos da época, um vídeo que mostra todo o navio em telas enormes tipo 180 graus, dos porões até o deck. Dá uma sensação de estar dentro do navio. Tem também um carrinho parecido com um trem fantasma, que sobe e desce por um lugar meio na penumbra de onde se pode ver imagens de homens reproduzindo o trabalho no navio como era feito naquela época.  Muito bom, gostei da experiência. 

Eu e Adélia resolvemos retornar ao hotel e o restante da turma partiu para as compras. Eu estou cansada, com o pé doendo da caminhada da véspera, mas quando chegamos ao hotel e vimos o movimento no Pub Empire, resolvemos entrar e conhecer um bar tipicamente irlandês.

O Pub esta lotado, tivemos dificuldade para encontrar uma mesa. Nos telões espalhados pelo bar, está passando o jogo Irlanda x Escócia. Acho que deve ser algo parecido com um jogo Brasil x Argentina. Tomamos nossa cerveja, o que não falta é cerveja boa por aqui, ficamos olhando o movimento e assistindo ao jogo. De repente a Irlanda faz um gol. Preparei-me para uma comemoração daquelas, mas que nada, apenas um burburinho e pronto. Ninguém comemora um gol como os brasileiros.

Recomendações:

Restaurante  Love Fish
28-40 Howard Street
Belfast BT 1 6PF
Northern Ireland  


PUB The Belfast Empire
42 Botanic Avenue, Belfast BT7 1JQ, 
Irlanda do Norte

PUB The Brazen Head
20 Brigde Street Lower, Dublin 8, Irlanda


Tour em Espanhol e Inglês
Guia Lorraine - 0044-7784526626
www.belfast-millie-tours.c0m