25 setembro, 2016

Solidão

02.06.2016

Sempre convivi com pessoas que falam muito: no trabalho, nas relações de amizade, na escola. Na família não, somos mais calados. Na casa dos meus pais ninguém era de muita falação e hoje, na minha casa, o padrão é o mesmo.

Sou mais introvertida, mais voltada para o mundo interno do que para o externo. Muitas vezes gosto mais de conversar comigo mesma do que com outras pessoas. Sinto prazer em algumas atividades solitárias: ir ao cinema, ler, caminhar na praia, tomar café em alguma cafeteria enquanto olho o movimento na rua, ouvir música quando estou sozinha em casa, etc. Gosto da convivência com outras pessoas, adoro estar com meus amigos, inclusive as “faladeiras”, mas sinto falta de um pouco de solidão.

As pessoas mais extrovertidas dependem mais da presença de outras pessoas. É através do olhar do outro que elas podem exercer sua extroversão. Algumas vezes uma postura mais introvertida é mais adequada e, em outras, a extroversão é mais apropriada. Muitas vezes desejei ser mais extrovertida e talvez tenha perdido alguns bons momentos por causa disso. Somos do jeito que somos e o melhor é aproveitar o lado bom. Como diria um amigo meu, “aceita que dói menos”. Hoje me sinto bem comigo mesmo e não sinto necessidade de mudar nada.

Nesse tempo de muita exposição pessoal, tenho encontrado alguma dificuldade com a convivência através das redes sociais. Falta-me paciência pra tanta falação e tão poucos assuntos interessantes, úteis, criativos. É claro que o problema está em mim, que não curto cachorrinhos, religião, mensagens de auto ajuda, radicalismo político, lavação de roupa suja, recadinhos malcriados, exposição excessiva da vida particular, fotos e fotos e mais fotos. Não sobra muita coisa, né?
Também não quero me afastar dos amigos, então procuro me adaptar sem exagerar na dose e me manter conectada. 

Às vezes preciso passar uns dois dias off-line. Cuido das plantas, termino de ler algum livro que está abandonado na cabeceira da cama, faço alguma costura que já está há muito programada, deito-me no sofá da sala, apago as luzes e ouço uma música instrumental. Fecho os olhos e não penso em nada, só sinto a música.  É o meu detox.