09 agosto, 2010

NÁPOLES, CAPRI, SIENA, ASSIS, SIENA, FLORENÇA ,PÁDOVA, VENEZA,

02.06.2002                    NÁPOLES




Saímos cedo de Roma em direção a Nápoles. No caminho o guia nos mostrou o Monte Castelo onde os soldados brasileiros lutaram na segunda grande guerra. Em uma parada na estrada comprei um CD de Enrico Caruso, o maior tenor de todos os tempos. Lembro de tê-lo ouvido quando criança. Acho que meu irmão tinha um disco dele, um daqueles bolachões.

Chegamos a Nápoles. É visível a diferença entre essa região e o norte da Itália, muito mais rica e cosmopolita. Por aqui, muitos prédios de pequeno porte, nada atraentes. Parece uma cidade meio decadente. Não vimos muita coisa, apenas o porto onde embarcamos para Capri. A cidade de Pompéia, que gostaria de conhecer, fica para uma próxima viagem.

CAPRI



A ilha de Capri é um charme só. As cabeças coroadas da Europa e os artistas fizeram a fama dessa ilha. De longe, ainda no barco, avistamos os morros em volta da enseada. Atracamos e descemos pelo porto já prontas para embarcarmos para um passeio a Grutta Azzura (Gruta Azul). Só se pode entrar na gruta até um determinado horário e depende das condições do mar. Tivemos um pouco de dificuldade de sair do barco para o bote; o mar estava muito balançado. Ufa!!! Entramos na caverna. Já estive em outras “grutas azuis”, mas essa é maravilhosa. Parece que o fundo do mar é iluminado por luz néon. Tudo escuro em volta e o fundo azul resplandecente. Não pudemos ficar muito tempo pois a maré estava subindo rapidamente. Saímos deitadas no fundo do bote para passar pela entrada da gruta. Valeu o sacrifício.


Voltamos ao porto. O sol estava quente e o dia lindo. Embarcamos em um pequeno ônibus e subimos para a cidade de Ana Capri. A estradinha é estreita e tortuosa. As pessoas costumam alugar pequenas motonetas para passear pela ilha, que não é tão grande. Na parte alta caminhamos até um belvedere de onde se pode admirar o Golfo de Nápoles. O Mar Tirreno é de um azul belíssimo. Agradeci aos céus quando paramos para almoçar. A barriga estava roncando de tanta fome. O restaurante era agradável, bem claro e ventilado. Pedi um risoto de frutos do mar e, não sei se a fome ajudou, achei uma maravilha. Caminhamos pelas ruas estreitas com casinhas bonitas e jardins floridos. Passamos por um pequeno cemitério com lápides brancas e jardineiras com flores, todas iguais e assimétricas. Curiosidade mórbida? Acho que não. Gosto de olhar o estilo dos cemitérios, apenas olhar. Normalmente o cemitério combina com o estilo da cidade ou do bairro. Esse aqui tem tudo a ver com a ilha, é bucólico e despojado.

Entramos por uma rua cheia de lojinhas de souvenirs. Uma vendedora contou a estória de um perfume fabricado aqui na ilha. Acho que é estória para turista trouxa, mas o perfume é agradável e minha paciência é pouca para ficar procurando presentes. Reza a lenda que o perfume é afrodisíaco e, sendo assim, comprei sabonetes em formato de concha com o tal perfume para todas as colegas da minha gerencia.


Retornamos ao continente no final da tarde. Gostaria de voltar a Capri e ficar mais tempo.

Desembarcamos na cidade de Sorrento. Paramos em uma fábrica de móveis em marchetaria. Cada coisa linda, mas tudo muito caro; não comprei nada, apenas admirei.

Retornamos a Roma por outra estrada, creio que pelo litoral. Pelo caminho pude ver os jardins das residências. Muitas fruteiras enfeitam os jardins, principalmente limão siciliano. É a primeira vez que vejo jardins com fruteiras ao invés de flores. Dormi o resto da viagem, o que no meu caso não é comum. Deve ser o cansaço.


03.06.2002                       SIENA E ASSIS
Assis
Partimos hoje pela manhã para um tour pelo norte da Itália. O nosso guia Alessandro é um pedaço de mau caminho. Deve ter por volta de quarenta anos, um pouco menos talvez. É muito cordial, mas não dá bola pra mulherada.

Começamos por Assis a cidade onde nasceu São Francisco. Pequenina e cheia de ladeiras, com casas de pedra, como a maioria aqui na região da Toscana. Fomos até a Basílica de São Francisco, monumento mais importante da cidade. Por fora a igreja é simples, sem muitos adornos, mas por dentro é linda, tem belos afrescos e também o túmulo de São Francisco. O estilo da igreja reflete bem o espírito de São Francisco que pregava a simplicidade e a humildade. Riqueza, só a interior.


Seguimos em frente até Siena. É uma cidade medieval com uma praça central enorme, a Piazza del Campo. Aqui acontece o famoso evento Pálio de Siena, uma corrida de cavalos que acontece desde a idade média e o povo faz questão de manter a tradição. Deve ser bem legal. Entramos na catedral que é muito bonita. As colunas enormes são em mármore preto e branco, o piso é todo decorado com mosaico formando cenas e no teto tem um trabalho feito pelo Bernini.
Siena - Piazza Del Campo
Fomos para a praça procurar um lugar para almoçar. Estávamos vestidas com camisas da seleção brasileira - hoje é dia de jogo do Brasil na Copa - e a todo o momento passávamos por pessoas que identificavam a camisa e gritavam “brasile!!!”

Chegamos em Florença no final da tarde. Fizemos um tour pela cidade e retornamos ao hotel. Quando chegamos encontramos no saguão uma mulher do nosso grupo, uma juíza ainda jovem e bem bonita. Estava toda arrumada e parecia esperar por alguém. Desconfiamos que ela estava esperando encontrar o Alessandro. Enquanto aguardávamos a Kátia, o Alessandro chegou da rua e subiu direto para o quarto. Acho que a juíza ficou chupando dedo. Esse é dos que não misturam trabalho com prazer.




04.06.2002 


                FLORENÇA
Florença
Pela manhã fomos até a Plaza Miguelangelo que fica numa colina com uma esplêndida vista da cidade. Aqui tem uma réplica da estátua de Davi.

Em seguida nos dirigimos a Piazza Della Signoria. Por ali se encontram vários monumentos históricos. Fomos primeiramente a Basílica del Duomo, depois paramos em frente ao Baptistério. Neste prédio foram batizadas várias pessoas famosas, entre elas, Dante Aligrieri. A porta de entrada do Baptistério por si só já é um ponto turístico. Em frente ao Palácio Vechio, que é velho, mas é lindo, paramos para tirarmos algumas fotos com Davi e Netuno. A estátua de Davi é outra réplica, a original fica no museu da Academia. Dizem que a estátua é tão perfeita que o Miguelângelo ao terminá-la olhou para o Davi e disse - Parla!!! (fale, em italiano). Não era nada modesto esse Miguelângelo. O Davi realmente é perfeito, a não ser pelo “pintinho” bem pequenininho. Era o padrão de beleza grego. Miguelangelo era italiano, mas não fugiu ao padrão de beleza adotado pelos gregos. A cidade é um museu a céu aberto com várias estátuas de escultores famosos.

Fomos ao Museu Ufízzi que é repleto de obras de arte da coleção da família Médici que dominou esta região por séculos. Muitas obras de artistas italianos famosos, mas têm também de artista estrangeiros. Não me detive muito tempo, estava cansada e a maioria das peças não me atraiu.

Núbia e Kátia resolveram ir até ao Museu da Academia. Eu desisti, Davi que me desculpe, fica para a próxima.

Comprei dois clisteres de glicerina para resolver minha prisão de ventre. Meu intestino não funciona já há oito dias. Retornei ao hotel e apliquei o clister, mas não funcionou. Estou começando a ficar agoniada.

05.06.2002

David de Miguelangelo
Continuamos nosso passeio pelo centro. Passamos em uma feira que vende de tudo. Encontramos dois brasileiros com barracas nessa feira. Parei para olhar umas luvas, peguei na luva para olhar o tamanho. Vupt!!! O vendedor arrancou a luva da minha mão. Preciso aprender que essa mania de brasileiro pegar nos objetos que estão à venda não é bem vista por aqui. Acabei comprando a luva em outra barraca.

Passamos pela famosa Ponte Vecchia. Olhando de longe, da calçada do museu Ufízzi, a ponte parece um amontoado de casinhas penduradas sobre o rio. Atravessando sobre a ponte, nem percebemos que é uma ponte. Parece mais uma ruazinha cheia de joalherias dos dois lados. Deve haver alguma razão para a fama, mas não sei qual é. Estamos sem guia nesse momento e daí perdemos sempre um pouco da história do lugar.

Paramos para almoçar porque logo em seguida partiremos para Veneza. Kátia e Núbia já estavam racionando minha alimentação, preocupadas que estavam com minha prisão de ventre. A Kátia comprou um óleo mineral e praticamente me obrigava a tomar quase meio copo em jejum. Um horror!!! Almocei só salada, que por sinal estava deliciosa. Abdiquei dos doces e sorvetes para não ficar ainda mais entupida.


PÁDOVA

Partimos para Veneza. No caminho paramos na cidade de Pádova, cidade de Santo Antonio. Ele era, na verdade, português, mas viveu aqui nessa cidade. Caminhamos até a Basílica de Santo Antonio. No caminho passamos por uma praça cheia de esculturas muito bonitas. O corpo de Santo Antonio está nessa igreja, numa espécie de capela feita só para abrigar o túmulo dele. Os peregrinos ajoelham-se na entrada capela e fazem seus pedidos. A maioria das mulheres, provavelmente, pede para o que o santo lhes arrume um casamento. Próximo à capela existe um móvel com panfletos que traz uma prece “arruma marido” para Santo Antonio. A pessoa deve escrever seu pedido e colocar numa urna da igreja ou então enviar pelo correio para o endereço que está no folheto. Peguei um monte de panfletos para distribuir com minhas amigas. Várias estão pegando “folha na ventania”,
Quem sabe Santo Antonio não dá uma forcinha pra elas.


VENEZA

Chegamos em Veneza à tarde. Ficamos hospedadas em Marghera, lugar que fica fora de Veneza, mas próximo. Deixamos as malas, pegamos um trem próximo ao hotel e fomos até uma praça onde tomamos um barco que nos levou pelo grande canal até Veneza. Esse percurso não é demorado e acredito que ficar hospedado em Veneza deve ser muito mais caro.

Desembarcamos na Piazza de San Marco que é enorme. Ao lado fica o Palácio dos Doges e a Basílica de San Marco. Caminhamos um pouco pelas ruelas olhando o comércio local. Quando voltamos à praça o nível do mar havia subido muito e água tinha invadido toda a piazza e as ruas próximas. Um vendedor nos disse que não é comum encher tanto assim. Mas eles estão bem preparados para isso. Os comerciantes usavam botas que vão até perto da virilha e uma placa, acho que de metal, encaixada nas laterais da porta para vedar a entrada da água. Arregaçamos as calças e continuamos nosso passeio. Kátia voltou ao hotel porque iria participar de um tour noturno oferecido pela agencia de viagens. Eu e Núbia preferimos continuar na praça. Ao longo dos dois lados da Piazza de San Marco ficam vários restaurantes dentro da galeria. Todos eles têm mesas ao ar livre e em alguns um pequeno palco com música ao vivo. É só instrumental, nada de cantores.

Caffè Florian

Decidimos nos sentar à mesa do mais antigo Café do mundo ainda em funcionamento, o Caffè  Florian. Também servem refeições e bebidas, além do café, mas sabemos que não é barato, então optamos pelo capuccino que cabe em nosso orçamento. É claro que esse preço não se deve apenas ao café, mas também a história que esse lugar representa. Frequentado por Casanova, Goethe, Nietzsche e muitos outros famosos que vinham aqui tomar café e discutir política, artes, frivolidades, etc. 
O interior tem salas com mesas e cadeiras bem elegantes, espelhos e afrescos, mas escolhemos uma das mesas ao ar livre onde, apesar da água nos pés, nos sentimos muito chiques tomando um café caréééérrimo e ouvindo a pequena camerata tocar. Os músicos descobriram que éramos brasileiras e tocaram, em nossa homenagem, “Garota de Ipanema”. Foi lindo!

Enquanto estávamos no restaurante Kátia passou caminhando com o grupo. Deu-nos um sorriso, mas eu desconfiei que ela estava fula da vida. Pagou caro pelo passeio e acho que não foi lá essas coisas. Depois ela se juntou a nós no Florian.

06.06.2002

O dia está propício para um passeio de gôndola. Logo cedo contratamos um barqueiro para um passeio. Os preços não são atrativos, mas fazer o que, não dá para vir a Veneza e dispensar um passeio de gôndola pelos canais. É uma cidade única, diferente de todas as demais. Já ouvi dizer que a cidade cheira a esgoto. Até agora não senti cheiro algum, mas não é difícil que isto ocorra. Passamos por várias pontes, inclusive pela Ponte dos Suspiros, que não é exatamente uma ponte, mas uma passarela coberta que cruza o canal ligando dois prédios. Cruzamos com várias embarcações e deu pra notar que os gondoleiros são quase sempre bonitos. Aliás nunca vi tanto homem bonito na minha vida como tenho visto aqui na Itália. E são sedutores, com pinta de cafajestes.

Saímos caminhando pelas ruelas até a Ponte de Rialto. Ali funciona um comércio bem legal. Comprei relógios com cristais de murano bonitinhos e por bom preço; vou levar para minhas sobrinhas.


Fomos a uma loja de objetos em cristal de murano. Tudo lindo, mas muito complicado para levar em viagem. Pensei em comprar uma máscara tradicional de Veneza, mas também desisti. Ainda temos muita viagem pela frente e não me agrada sair arrastando mala pesada. Muito menos levando objetos frágeis; é como carregar um bebê. 






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