09 agosto, 2010

PALERMO, SEGESTA, SELINUNTE, AGRIGENTO, SIRACUSA, TAORMINA, MESSINA, CAPO D'ORLANDO, CEFALÚ


  09.06.2002                                  PALERMO

Catedral de Monreale
A cidade de Palermo é bem grande, para os padrões aqui da Europa. Próximo do nosso hotel podemos admirar o Mar Tirreno e sentir o vento suave que vem do mar. A Sicília, que fica ao sul da Itália, bem no pé da bota, já foi ocupada por vários povos: gregos, fenícios, romanos, árabes...até os vikings estiveram por aqui. Resultado: uma mistura de culturas, uma miscigenação bem visível. Não sei qual a maior herança cultural deixada por cada um desses povos, mas certamente criaram um povo com características únicas. Segundo nosso guia Vitório, a influência grega é mais evidente, talvez por terem estado aqui por aproximadamente 700 anos. Na verdade, se perguntarmos a algum local sobre sua nacionalidade ele se denominará "primeiro siciliano, e só depois, italiano". Aliás, a convivência com o governo italiano não é de todo pacífica, embora tenham alguma autonomia.

Vitório é um siciliano magrelinho e hiperativo. Fala muito e eu diria que parece um anarquista, quando se trata de política. Ele disse que eles não são italianos, inclusive falam uma outra língua, o siciliano que segundo ele, não tem semelhança com o italiano. Mas todos entendem o italiano, isso não é problema.

E quanto à “Cosa Nostra”? Vitório disse que a máfia siciliana continua na ativa, porém menos violenta que há décadas atrás. É “tutti buona genti”, imagino.


Clausto de Monreale
Saímos com o grupo para um passeio pela cidade. Subimos até o alto de uma colina para visitar a Catedral e Claustro de Monreale. A vista aqui do alto é linda, dá pra ver o mar e o que parece ser, ao longe, o continente. A catedral é imponente, com um estilo que me parece, bizantino. O interior da catedral é ainda mais bonito que o exterior. É repleto de mosaicos no teto, nas paredes, nas colunas. 



Descemos para Palermo e percorremos de ônibus o Centro da cidade. Passamos pelos prédios históricos e por um cruzamento que eles chamam de Quattro Canti. É uma encruzilhada que separa os quatro bairros que originaram a cidade. Há trocentos anos atrás esses bairros eram vilarejos independentes que se juntaram e formaram a cidade de Palermo. Quatro esculturas em estilo barroco estão localizadas nos quatro cantos que formam esse cruzamento.
Quattro Canti

Saímos caminhando pelas ruas estreitas do centro da cidade. O casario é bem antigo e eles conservam o hábito de estender a roupa nos varais que cruzam a rua. Tem de tudo: cueca, calcinha, camisola de dormir. Parece que estamos no início do século passado e que vamos encontrar com “Dom Corleone” na primeira esquina. Encontramos um grupo de pessoas saindo de uma igreja. Os homens beijavam-se no rosto enquanto saíam. Kátia ficou parada com cara de espanto, olhando a beijação. Tá certo que já sabíamos que os homens italianos têm esse costume, mas para nós ainda desperta curiosidade.

Voltamos ao hotel para almoçar. Estavam todos cansados e aproveitaram para dormir. Eu resolvi sair pela cidade, meio sem rumo. Fui até ao Teatro Massimo, mas só pude visitar a parte exterior do teatro. Acho que foi na escadaria desse teatro que foi filmada a cena do assassinato da filha de Corleone do filme “O Poderoso Chefão”. Em seguida fui ao Jardim Botânico. O lugar é super agradável, sentei em um dos bancos e fiquei tomando o sol do final da tarde. Encontrei por lá um casal de brasileiros que estava fazendo um roteiro parecido com o nosso, porém de carro.

Adélia hoje conversou conosco sobre a primeira etapa da viagem, o que nós achamos das obras de Miguelangelo: Pietá, Davi, Moisés.....Moisés????? Esquecemos de Moisés.

- O que? Vocês foram a Roma e não viram o Papa e ainda me dizem que não viram Moisés !!! Então não conheceram Roma.

Ainda bem que eu joguei a moedinha na Fontana de Trevi para garantir o meu retorno.





10.06.2002                                  SEGESTA E SELINUNTE

                                   Selinunte
Partimos bem cedo em direção a Agrigento. Paramos na cidade de Segesta para visitarmos as ruínas de um Templo Grego.

Continuamos viagem até Selinunte. O Vitório vai nos embalando com as histórias sobre a máfia e outras cositas mais.

Paramos para almoçar em um restaurante, frente para o mar, brisa agradável, boa comida e um vinho para completar o clima.

Um grupo tocava e dançava uma música típica daquela região. Arrastaram-me da mesa e me enfiaram nas mãos uma espécie de pandeiro enorme. Tive que dançar com eles, mas tudo bem, já estou me acostumando a passar por esses vexames.
Selinunte

AGRIGENTO

Agrigento
Chegamos em Agrigento no final da tarde. Vitório nasceu nesta cidade e, todo entusiasmado cantou uma música italiana que fala da cidade. Jantamos no hotel e saímos em seguida para um “tour by nigth”.

Durante o dia achei a cidade meio sem graça, sem cor, ou melhor, tudo tem cor de tijolo. À noite, porém, quando passamos pelo local das ruínas todo iluminado, no alto de uma colina, achei tudo tão lindo! 
Agrigento

11.06.2002

Pela manhã visitamos o Valle del Templos. É o local que vimos todo iluminado ontem à noite. Na verdade, são cinco templos, um cemitério e um teatro. Vitório nos explicou que a Sicília tem mais ruínas da Grécia Antiga do que a própria Grécia. Isto porque a Grécia foi atacada sucessivas vezes pelos turcos, que são praticamente seus vizinhos, e que destruíram boa parte de suas construções.

Agrigento

Mosaico da Vila Romana









Seguimos viagem para Piazza Armerina onde paramos para almoçar. A cidade é medieval e linda. Fica no alto de uma colina, pra variar. Em seguida fomos conhecer as ruínas da Villa Romana del Casale. Achei superinteressante esse local, que por sinal é considerado pela Unesco como patrimônio histórico da humanidade. Não se sabe ao certo quem construiu essa vila que é composta de vários ambientes e todos eles possuem afrescos no piso. Os afrescos são maravilhosos e cada um deles traz uma imagem que tem relação com aquele local. São imagens de caçadas, crianças brincando (deveria ser os aposentos das crianças), etc... Quando entramos na parte do que seriam as termas, um dos desenhos mostrava várias mulheres, vestidas com algo que parecia um biquíni, fazendo exercícios de atletismo. Será possível que já naquela época as mulheres puxavam ferro? E já usavam biquíni?

Chegamos em Siracusa já na hora do jantar. Nessa viagem pela Sicília os jantares estão inclusos no pacote e sempre no hotel. Aliás, os jantares tem sido um caso à parte. Tomamos vinho todos os dias, quase sempre o tinto italiano Corvo, falamos muito e rimos mais ainda. A turma é animada. Acho que nunca fiz uma viagem tão divertida.

12.06.2002                                SIRACUSA

Siracusa
Siracusa é uma das cidades mais importantes da Sicília e, segundo Vitório, no período de dominação grega ela era tão importante quanto Atenas.

Depois do café saímos para visitar um parque com ruínas gregas. Quando chegamos em frente à entrada do parque eu e Adélia decidimos não entrar. A nossa cota de ruínas já estava completa. Como tínhamos que esperar o grupo e em frente ao parque havia algumas charretes, resolvemos dar um passeio. O charreteiro era um velho e o cavalo mais velho ainda. O velho gritava com o cavalo que não queria andar. Vez por outra ele empacava e nem com chicotada se mexia. O velho parava a charrete em alguns locais e insistia para que tirássemos fotos. Nós dizíamos que não, que não queríamos e mais a frente ele voltava a insistir. Acho que ele estava querendo descansar. Morríamos de rir com a cena. Quando ele parou em frente à igreja Madonna delle Lacrime (Nossa Senhora das Lágrimas) resolvemos descer e dar um 
Siracusa
descanso ao velho e ao cavalo, mais ao cavalo, certamente. A igreja tem uma arquitetura bem moderna o que não é muito comum por aqui. É muito bonita, valeu a parada. Depois das fotos voltamos à charrete que nos levou de volta ao parque. - “Grazie, grazie". - Prego!!!, disse o velho.
Siracusa

Seguimos para Taormina. Chegamos ao hotel Vila Caparena à tarde. O hotel é uma graça e fica em frente ao mar. Colocamos o biquíni e nos preparamos para um mergulho. Quem disse que conseguimos? Só a Núbia que é tarada por água. O mar estava gelado e a areia da praia e só pedregulho. A ilha da Sicília é de origem vulcânica e aí, nas praias não tem areia, só pedrinhas.

 
13.06.2002                                            TAORMINA


Que cidade linda!! Meu amigo Jorge Freitas já havia me falado sobre ela. Faz jus à fama. Ela é conhecida como cidade “terraço” porque fica no alto de um monte. E lá embaixo o mar azul, muito azul. Eles o chamam de mar Jonio. Em cada região o mar Mediterrâneo tem um nome diferente: Tirreno, Jonio, Adriático, etc... E lá atrás o vulcão Etna, o mais ativo da Europa. É uma cidade muito antiga, vários séculos antes de Cristo.

Fizemos um passeio até o vulcão Etna. Beth e Helena ficaram no hotel. Esse passeio é muito puxado para Helena. Subimos até determinada altura de ônibus. Kátia ficou na metade do caminho, num chalé onde vendem souvenirs e nós continuamos a subir num veículo mais apropriado para aquele local. Parece um caminhão do exército. Durante a subida passamos por algumas casas parcialmente cobertas de lavas e algumas torres de teleférico caídas. O guia disse que foi resultado da última erupção, no ano passado.  Ui!!! Espero que a próxima demore mais um pouco.
Vulcão Etna
Topo do Vulcão Etna
Chegando lá no alto, são 3.340 metros, continuamos o percurso a pé, junto com um guia. Chegamos até próximo à cratera do vulcão. É uma sensação muito estranha. A paisagem a nossa volta é totalmente negra, parecia que estávamos na lua. Uma névoa forte não nos deixava ver o mar lá embaixo. Só víamos o negro das larvas. Fazia muito frio lá no alto. Descobrimos que algumas pedras eram bem quentes e pegamos para aquecer as mãos. De vez em quando passávamos por algum lugar com uma fumaça com cheiro de enxofre. Será que o inferno é parecido ? Tínhamos que ficar de olho no guia porque, com a neblina, se nos afastássemos um pouco poderíamos nos perder. E naquele lugar escuro e sempre igual, é difícil encontrar a direção correta. 

Enfim retornamos ao mundo real. Antes de entramos no caminhão resolvemos tomar algo para esquentar. Entramos num bar tipo container e pedimos uma bebida para aquecer a alma. O vendedor nos aconselhou o “El fuego del Vulcano”. O “fuego” desceu queimando a garganta, quase não consegui beber o segundo gole.

Descemos até Taormina. Visitamos um teatro meio grego, meio romano que está ainda bem conservado se considerarmos a idade dele. A acústica é incrível; os gregos sabiam das coisas. Costumam realizar alguns eventos nesse teatro. Imagine como deve ser um espetáculo à noite, com uma iluminação apropriada ?

Caminhamos pelas ruelas medievais cheias de turistas, encantados como nós. Quase todas as casas têm uma jardineira cheia de flores. A toda hora parávamos para admirar as casas, as sacadas, as flores. Os restaurantes colocam mesas com velas acesas, sobre a calçada, o que reforça o clima romântico da cidade. Essa é uma boa cidade para se passar uma lua de mel.

Taormina também é uma das cidades preferidas pelo transatlânticos em cruzeiro pelo Mar Mediterrâneo.
Taormina
Taormina
Fizemos algumas comprinhas. Comprei dois anjinhos para mim, um azulejo decorado com uma mensagem para meu pai e um xale para minha mãe.

Durante o jantar, quando estamos sozinhos à mesa, a conversa quase sempre descamba para baixaria, principalmente à noite depois do vinho. Hoje dividimos nossa mesa com um casal de meia idade, bem altos e elegantes. São espanhóis do País Basco (acho que eles preferem ser chamados de bascos). Procuramos nos comportar de forma elegante, falando baixo e nada de risadas, caso contrário nossa amiga Adélia nos manda para a “Socila”. Mas foi difícil resistir quando vimos Camilo levar o guardanapo à boca, segurando na pontinha dos dedos. Parecia um nobre. Ou melhor, um fanfarrão. Quando os espanhóis saíram caímos na gargalhada. Lá se foi a finesse!!!

Vulcão Etna ao fundo

MESSINA E CAPO D'ORLANDO

14.06.2002 
Saímos cedo para Messina. Fizemos uma visita panorâmica da cidade e paramos em frente ao estreito que separa a Sicília do continente. Tiramos uma foto com Vitório, esse guia siciliano agitado, que nos acompanhou nessa viagem.
Nosso guia Vitório, de braços levantandos

Paramos na cidade de Capo D’Orlando para almoçarmos. Tivemos um belo almoço, frutos do mar deliciosos. Camilo e Kátia sentaram em outra mesa ao lado da nossa. Como sempre acontece, a medida que bebemos mais vinho o nível da conversa foi baixando, baixando e as risadas começaram. Camilo e Kátia na mesa ao lado, juntos com os espanhóis, esticavam os pescoços curiosos para saberem qual era o assunto.

Capo D'Orlando
Ficamos nos espreguiçando ao sol sentados em uma mureta em frente ao mar mediterrâneo. O mar hoje está ainda mais bonito, num tom azul escuro tão diferente do azul das nossas praias.
Descobrimos uma loja ao lado do restaurante que tem umas sandálias emborrachadas que servem para andarmos nessas praias que tem mais pedra que areia. Vamos precisar delas na Grécia.

CEFALÚ

Chegamos em Cefalú, pequena cidade de pescadores que é muito procurada por causa de suas praias. O centro histórico é medieval com ruas estreitas e tem até um pequeno riacho correndo entre as casas. Paramos por alguns minutos na Catedral Normanda e em uma fonte medieval, pontos turísticos da cidade.
Messina

Cefalú

No início da noite chegamos a Palermo. Amanhã cedo partimos para a Grécia.



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