08 julho, 2011

PARMA, FLORENÇA, PISA, LUCA

29.05.2011                          PARMA


Fomos a Parma. Tivemos dificuldade para encontrar um lugar para estacionar. Nessas cidades históricas o acesso ao centro histórico é restrito para os carros. Apenas aqueles autorizados podem entrar. Deixamos o carro estacionado bem longe e tivemos que pegar um ônibus até o centro histórico. Caminhamos pelas ruas quase vazias procurando pelo centro, que nessas cidades medievais, tem sempre um Duomo, um Batistério e uma grande praça central. Achamos a igreja e o batistério, que estavam fechadas. Cadê a praça ? Será que não tem um outro centrinho histórico? – disse Kátia, meio decepcionada. Estranhamos a cidade vazia nessa época do ano. Como não estávamos com um guia, não ficamos sabendo muita coisa sobre a cidade.

Prosciutto di Parma
Mas vamos ao que interessa, o Prosciutto di Parma e o queijo Parmigiano-Reggiano (o conhecido parmesão) é o nosso foco nesse instante. Escolhemos um restaurante e iniciamos os trabalhos do dia. Não sei o que é melhor: o vinho, o queijo, o presunto, o azeite ou o aceto balsâmico. Passar o pão na mistura de azeite, aceto balsâmico de Modena, pimenta e sal, é para mim a melhor parte da refeição. Não sou boa conhecedora de vinhos, mas como algumas companheiras entendem do assunto, os vinhos escolhidos são sempre bons.


FLORENÇA


Continuamos viagem em direção a Florença
(Firenze em italiano). Na estrada, a paisagem em volta já indicava que estávamos chegando a Toscana. O hotel escolhido “Residenza Johanna I” fica bem próximo ao centro. É a primeira vez que fico hospedada em um hotel desse tipo. O local já foi residência (como o nome já diz) de uma família de Florença e hoje funciona no local o hotel e vários escritórios, entre eles a embaixada de um país. É muito comum por aqui esse tipo de hotel, pois uma cidade histórica como essa não permite a construção de grandes prédios. Próximo ao centro histórico então, nem pensar.

Pegamos um táxi e fomos para o festival de gelato que acontecia em frente ao palácio Pitti, do outro lado do rio Arno. Rodamos por lá admirando os sorvetes, mas como já estávamos com muita fome resolvemos jantar e deixar o sorvete para mais tarde. Depois do jantar, na volta para o hotel, nos dividimos em dois grupos e pegamos dois táxis para o hotel. Quando chegamos ao hotel não encontramos o outro grupo, Jussara, Andréa e Adélia, que havia saído bem antes de nós. Porca Miséria!!! O que será que aconteceu??? Lembrei que Andréa estava com o telefone, liguei e ela disse que estavam chegando. Tinham esquecido o nome do hotel e o endereço. Andréa disse que o nome da rua era Benvenuto, quando o correto seria Bonifácio Luppi. Resultado, ficaram batendo cabeça até lembrar o nome do hotel.
Ponte Vecchia
Há dias não durmo bem, rolo na cama para um lado e para outro e o sono não chega. Já tentei cantar uma musiquinha da igreja batista que a minha mãe me ensinou quando eu era criança e custava a pegar no sono. Ficava mentalmente repetindo a música, como se fosse um mantra, para afastar outros pensamentos e conseguir dormir. Quando criança até que dava certo, mas agora não está funcionando. Acho que tenho que apelar para um tarja preta qualquer. Vou pedir ajuda as minhas amigas que devem ter trazido algum sossega leão.

Amanhã o dia vai ser puxado e nada como uma boa noite de sono para recuperar as energias.

30.05.2011

Sonhei com a voz da Giulieta (o GPS). Acho que ela falava para mim – “entre na rotatória e vire na primeira a direita”. Essa é a frase que mais ouvimos nesse início de viagem. São muitas as rotatórias nesse país, o que elimina aqueles cruzamentos diretos de veículos. O trânsito fica muito mais organizado. Macaé, a minha cidade, precisa de muitas rotatórias.

Outras frases que escuto sempre:
 - "Hoje não vamos jantar" . Mas acabamos sempre jantando.
 - "Também quero uma (foto)" . Depois que alguém tirar uma foto legal, todas as outras querem também.

As Tigronas
Chegamos na piazza della repubblica. Logo na chegada à praça, um pombo cagou na cabeça de Andréa que usou um lenço umedecido vagisil para limpar o cabelo. Dizem que é sinal de sorte receber uma cagada de pombo. Eca!!!

Contratamos um guia para nos acompanhar hoje por três horas e mais três horas amanhã. Elizabetta, a guia, é uma mulher de meia idade muito educada, usa saltos bem altos e uma roupa formal. É professora de história da arte, o que é muito apropriado para o papel que ela vai desempenhar nas próximas horas. Fomos caminhando em direção ao Palácio Pitti que foi construído pela família Médici. No caminho ela foi contando a história da poderosa família Médici e da sua importância no desenvolvimento da cidade, tornando a cidade um centro de arte e cultura, berço do renascimento. Aliás, acho que todos os personagens mais importantes da história da Itália nasceram ou viveram aqui: Dante Allighieri, Michelangelo, Maquiavel, Leonardo da Vince. Mas, como é próprio dos poderosos, os Médicis também tinham suas fraquezas. Elizabetta nos mostrou uma galeria que começa no palácio Pitti, passa pela ponte Vecchia e vai até onde funcionavam os escritórios usados pelos Médici (hoje Galeria Uffize). Esse caminho possibilitava a família Médici ir do palácio até os escritórios sem misturar-se com a população.

Nessa ponte trabalhavam vários vendedores de carne, o que deixava o lugar malcheiroso. Os Médicis trataram de expulsá-los dali e desde então, até os dias de hoje, instalaram-se ali vários joalheiros. Já li em algum lugar que a família Médici protegia os judeus daquela região. Talvez por isso, existam tantas joalherias nessa cidade.

Duomo de Florença
Continuamos nossa caminhada. No trajeto passamos por uma loja de Salvatore Ferragamo. Suas criações (sapatos) também são obras de arte. Pelo menos para nós, mulheres. Chegamos na Piazza Della Signora, que é na verdade um museu a céu aberto, cheio de obras de arte dos melhores escultores italianos. O Palácio Vecchio, que fica nessa praça, foi residência dos Médicis antes deles construírem o Palácio Pitti.
Escultura de Netuno


Pouco mais adiante paramos em frente ao Duomo. Já estive antes em Florença, mas havia esquecido como essa igreja é bonita. A fachada em mármore verde, rosa e branco é linda talvez uma das mais bonitas que já vi. Terminamos nossa jornada em frente à porta de bronze do Batistério (Portão do Paraíso).

Bisteca Florentina
Terminada nossa jornada cultural passamos para a parte profana, os prazeres da carne, que nesse caso se resume a famosa bisteca florentina. Fomos jantar na Tratoria do Tito, um restaurante de aparência simples bem movimentado. Pedimos a dita cuja bisteca. Quando o prato chegou “caímos matando”. A carne era muita e deliciosa. E a batata? Dos deuses!!

Eu e Bobo
Um garçom muito simpático, que disse chamar-se Bobo, trouxe-nos uma bebida licorosa chamada Aranciatina. Ele disse que devíamos bebê-la de um só gole e em seguida bater duas vezes com o copo sobre a mesa. Eu não bebi, detesto bebida muito doce. Mas minhas companheiras não resistiram ao charme de Bobo e viraram o copo, ou melhor, os copos!!! No retorno para o hotel - fomos a pé porque era bem próximo – só se ouvia na rua vazia, nossas risadas. Acho que apenas Adélia e eu estávamos inteiramente sóbrias. As demais companheiras estavam em estado de graça.


01.06.2011

Acordamos bem cedo para visitarmos dois museus: a Galeria Uffize e, depois o Museu da Academia. Ficamos sentadas enquanto aguardávamos a guia. Fiquei admirando essa construção magnífica feita pelo arquiteto Vasari para ser a sede do governo dos Médicis. O prédio tem o formato em U e as colunas laterais são decoradas com várias esculturas clássicas de personagens ilustres em Florença. No nosso mundo de hoje, apressado e excessivamente prático, não há tempo a perder com minúcias. Quando vejo as construções e as roupas antigas, a riqueza dos detalhes e a delicadeza das formas, penso que estamos ficando cada vez mais pobres em beleza.

Elizabetta - a guia
Elizabetta nos acompanhará na visita. Lá vem ela com seus saltos muitos altos. Não sei como consegue se equilibrar nessas ruas de pedras irregulares. Eu já teria levado uma meia dúzia de tombos. Aliás, já levei um tombo na chegada do hotel em Sirmione, e nem estava usando saltos.

Nada como uma visita bem guiada para otimizar o tempo e adquirir conhecimentos práticos. Só nos detivemos no que era mais significativo. Se fossemos olhar tudo que tem nesses museus, levaríamos pelo menos 2 dias. Fiquei conhecendo um pouco mais sobre Botticelli, Michelangelo, Giotto Da Vince.
Elizabetta explicou-nos a evolução da arte bizantina e medieval, suas características principais e a introdução da perspectiva e da humanização dos personagens da pintura de Giotto.

Começa aí o Renascimento, e ela passa para Botticelli e suas principais obras “O nascimento da Vênus” e “Primavera”. Ela nos revelou uma curiosidade. Pediu para que reparássemos nas mãos femininas e observássemos que em algumas pinturas, as mulheres aparecem com os dedos indicador e médio separados. Esse detalhe indicava que ela não era mais virgem. 

Fomos para o Museu da Academia. Aqui o centro das atenções é, sem dúvida, Davi de Michelangelo. 

Davi - Praça Signora
Eu não tinha visitado esse museu na outra vez que estive em Florença. Só tinha visto as cópias que estão na Piazza Sginora e na Piazzale Michelangelo. Mas dentro desse museu, essa escultura enorme (mais de 5m de altura), ganha ares surreais. As pessoas circulam em volta estátua, que fica no centro de uma sala, admirando a perfeição daquele corpo retratado nos mínimos detalhes: veias, músculos, ossos. A guia fala sobre como aconteceu a encomenda dessa escultura. A igreja convidou Michelangelo para fazer uma estátua de David mas ele teria que usar um grande bloco de mármore que já havia sido trabalhado por outros dois escultores. Michelangelo olhou o bloco de mármore e disse que aceitava a encomenda, sendo que ele não permitiria que ninguém visse a obra antes que ela fosse concluída. E assim foi. Três anos depois, quando o público pôde ver a obra, o escândalo foi geral porque o David estava nu. Elizabetta nos mostrou fotos de outras esculturas de David que já existiam na época. Em todas elas o David estava vestido e explicitamente identificado na obra pela cabeça de Golias, ou seja, depois da luta que teve com o gigante. Na obra de Michelangelo, o David ainda não enfrentou Golias. Está parado, olhando atentamente para longe, como se estivesse à espera do gigante. Apenas a funda (arma feita de couro que atira pedras ao longe) jogada sobre suas costas identifica a obra. Realmente, Michelangelo faz jus à fama.

Parece-me que para a Itália o Michelangelo é o gênio maior da arte italiana. Não sei se ele é visto assim pelo resto do mundo. Parece-me que Leonardo Da Vince é muito mais reconhecido, talvez pelo seu talento que ultrapassava o campo das artes.

Ponte Vecchia vista da Galeria Ufizze
Despedimo-nos de Elizabetta e saímos do século XVI para as ruas cheias de turistas no centro de Florença.
 
Bar na Piazzale Michelangelo
Subimos até o alto da colina de San Miniato. Lá de cima dá para perceber que a cidade de Florença fica cercada de montanhas. O vale e o rio Arno que cruza a cidade, devem ter contribuído para as grandes enchentes que a cidade já enfrentou. Destacando-se na paisagem, a cúpula do Duomo paira acima de todas as outras construções, como se os cristãos estivessem a lembrar que para eles Deus deve estar acima de todas as coisas.


31.05.2011                                  PISA

Começamos o dia com um passeio a Pisa. Estacionamos perto do Campo dei Miracoli, onde ficam a famosa Torre de Pisa, a Catedral e o Batistério. A torre inclinada é a grande atração do local. A cidade é pequena e tranquila, exceto pelo número de turistas.

Torre de Pisa
Batistério de Pisa

















Dio Mio!!! O que não faz uma torre meio caída!!!! Maldade minha, a torre merece a fama que tem.

LUCCA

Seguimos para a cidade de LuccaComo acontece quase sempre, estacionamos fora da cidade e caminhamos até o centro.

A cidade é uma graça. Como quase todas as cidades medievais da Toscana, Lucca é cercada por uma muralha e, do lado de fora do muro, um lindo bosque.

Visitamos a catedral da cidade e, em seguida, fomos almoçar.

Fome saciada, pé no caminho. Fomos até o anfiteatro da cidade. Pensei em uma construção imponente, como a que vi em Verona, mas esse anfiteatro daqui é diferente. Na parte interior, a céu aberto, várias lojinhas e restaurantes. Bem legal!!!
Lucca
Retornamos para o carro caminhando por uma ciclovia que fica no alto da muralha, arvóres do lado esquerdo e do lado direito a vista do bosque. É um lugar bem apropriado para uma caminhada diária.


Fico imaginando como é viver numa cidadezinha antiga, repleta de turistas e aparentemente tão tranquila.

À noite, de volta a Florença, fomos comemorar o aniversário de Andréa no restaurante Quattro Leone, indicação da guia Elizabetta. O restaurante estava lotado. Parece que é bem frequentado pelos moradores da cidade. A garçonete Pamela nos ofereceu uma garrafa de prosecco para brindarmos pelo nosso aniversário, meu e de Andréa. Depois colocou uma velhinha acesa em nossa sobremesa. Muito simpática.
Apaguei a velhinha e fiz um pedido: saúde.


Recomendação: Restaurante Quattro Leone - Piazza della Passera, 50100 Florença, Itália 055-218562

Recomendações: guia Elizabetta - elizabetta.digiugno@hotmail.it

Recomendações: Trattoria do Tito - Via San Gallo, 112 - (055) 472475

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