08 julho, 2011

ROMA

09.06.2011


A viagem transcorreu sem problemas até Roma. Vamos ter que nos separar de David (nossa van). Ele foi entregue na locadora são e salvo. Só espero que não apareça nenhuma multa. Multa em reais já é uma m... imagine em euros.
Moisés

Piazza Navona
À tarde fui reparar uma falha que cometi na primeira viagem a Roma. Conhecer o Moises de Michelangelo. Essa é a minha única pendência; o que vier a mais é lucro. Bem, depois de admirar a estátua de David, o Moisés me pareceu tão franzino e distante. Não se pode chegar muito perto e a escultura não é de grande dimensão. Confesso que não me encantou, embora seja perfeita. Ao final da tarde fomos a um concerto de música erudita na igreja barroca Sta Agnesi in Agonia, que fica na Piazza Navona. Eram dois músicos (viola de gamba e flauta) e 2 cantoras líricas. Eles tocaram e cantaram músicas barrocas romanas. Entre uma música e outra, um rapaz fazia a correlação entre a música e a arquitetura da época, algumas vezes usando a construção da própria igreja como exemplo.
Perdi um pouco da explicação do rapaz pois ele falava em inglês, mas entendi o 
Pizza na Piazza Navona
suficiente. E era um belo rapaz, parecido com o ator Jude Law.

Terminamos a noite com uma pizza num dos restaurantes da praça Navona.

10.06.2011

Contratamos um guia para nos acompanhar no Museu do Vaticano e Basílica de São PedroAlessandro, o guia, é um rapaz simpático casado com uma brasileira. Fala um português excelente, o que para nós é ótimo. Já visitei o museu antes, mas sem guia. Hoje a visita foi completamente diferente. Aprendi muito mais sobre a história desse local e, sobretudo, a respeito de Michelangelo. Eu já sabia que ele tinha um temperamento difícil, o que não é incomum nos grandes artistas, mas não conhecia o seu lado sarcástico, gozador. Alessandro nos falou sobre os afrescos que retratam o Juízo Final, na parte superior estão os escolhidos por Deus e na parte inferior os que estão condenados ao inferno. Um cardeal implicou com o trabalho do artista durante todo o tempo. Queria, inclusive, que ele cobrisse a genitália das figuras nuas. Michelangelo, por vingança, colocou entre os condenados a figura do cardeal com uma cobra mordendo o seu pênis. Era um gozador!!!

Capela Sistina estava lotada de gente e um guarda gritava com as pessoas que tiravam fotos. Ninguém obedecia. É como enxugar gelo, não dá o menor resultado.

Laocoonte e seus filhos
Esse local só é usado pela igreja quando acontece a eleição de um novo Papa. Aí então eles se reúnem nessa sala, a portas fechadas, para decidirem quem será o escolhido para ocupar a função. Imagino que haja lobbies e intrigas palacianas nesse período.

Escultura moderna no Jardim da Pinha



Continuamos nosso passeio até a Basílica de São Pedro. Um detalhe que o Alessandro mencionou me fez notar a dimensão da estrutura dessa obra. Os números em algarismo romano que estão escritos na parte superior da entrada da basílica têm aproximadamente 1,50 m de altura. Olhando aqui de baixo eles aparentam ter poucos centímetros.   A gente perde a noção de tamanho dentro desse templo de dimensões enormes.

Compramos um passeio num desses ônibus de turismo que tem dois pisos, com a parte superior descoberta. Iniciamos o passeio, mas logo saltamos e fomos para outro ponto turístico, a Fontana de Trevi. O lugar está lotado de turistas; faz calor e eu estou cansada. Adorei ter voltado a Florença e Milão, mas aqui nesse final de viagem, não estou aproveitando como deveria. Tudo me parece “requentado”. Talvez não tenha sido boa ideia voltar a Roma agora.

Quando a Kátia pesquisou os espetáculos que estavam ocorrendo em Roma, vimos a montagem de algumas óperas famosas para o período que estaríamos lá. Escolhemos “Madame Batterfly”. Vestimos nossas melhores roupas, o que no meu caso era a mesa calça do batidão com uma blusa mais arrumadinha, e fomos para o teatro. Chegamos no local, uma viela escondida e estranha. Uma senhora com aparência de pedinte, sentada numa soleira de porta, nos mostrou o caminho certo, pois estávamos meio perdidas. – “Vixe, acho que entramos numa fria”. O local era bem pequeno e feinho, pouca gente aguardando o início do espetáculo. Acho que deve ser teatro experimental, ou coisa que o valha. Desistimos do teatro e resolvemos fazer algo que tem sido muito prazeroso nesta viagem: comer e beber. A Kátia entrou no teatro para pedir maiores informações e voltou de lá com a indicação de um restaurante que fica no alto de uma colina que, segundo uma funcionária do teatro, é muito bom.

Pegamos um táxi e partimos. O local não é muito próximo do centro e começamos a desconfiar que a funcionária podia ter nos feito uma vendetta (vingança) por termos desistido de assistir a peça. Puro engano, quando chegamos no restaurante “Lo Zodíaco” ficamos encantadas com a vista da cidade. Uma temperatura super agradável, o restaurante muito simpático e a cidade iluminada lá embaixo, é tudo o que precisamos para uma excelente noite. Para completar o clima, há música ao vivo, o que não me parece muito comum por aqui.

Os cantores, um casal bem jovem, são muito bons. Ótimo repertório e afinadíssimos. Pedimos que cantassem uma música brasileira e, como acontece quase sempre, cantaram “Garota de Ipanema”. Próximos a nossa mesa estavam dois grupos, franceses e japoneses, que pareciam bem alegres. Os franceses pareciam já ter bebido um pouco demais.

Na hora de ir embora, amargamos um bom tempo esperando por um táxi, e ainda tivemos que disputá-lo com o bando de franceses. Eram todos jovens e acho que pensaram que tomariam nosso lugar na fila do táxi. Quando o táxi chegou segurei rapidamente a maçaneta da porta e quase pulei no banco dianteiro. Os franceses não gostaram. Danem-se.

11.06.2011

Coliseu de Roma
Kátia, Jussara e Fátima foram ao Coliseu e Foro Romano. Andréa, Adélia e eu passamos por lá, mas não entramos. A fila estava enorme e já conhecemos esses locais. Resolvemos fazer o tour do ônibus que havíamos contratado e ainda não havíamos utilizado. Subi para o segundo piso do ônibus, ao ar livre, e coloquei o fone no ouvido. Fui ouvindo a história de alguns locais conhecidos, outros desconhecidos, sentindo a brisa no rosto e o sol morno, gostoso.

Depois de concluirmos o percurso descemos na Piazza Barberini e fomos caminhando para a Via Del Corso. No caminho paramos num restaurante bem simpático, com sombreiros na calçada e cercada por plantas e flores. Almoçamos com calma e sem stress. 
Restaurante Tritone
À tarde fomos para o Consulado Brasileiro na piazza Navona. Diga-se de passagem, o prédio da embaixada é um palacete lindo, que o Papa Inocêncio X deu de presente a sua amante. Talvez seja a embaixada mais bonita de Roma.

Tínhamos visto no dia anterior que estava acontecendo na embaixada, uma exposição dos irmãos Campana, designers brasileiros. Chegando lá encontramos a embaixada fechada. Batemos na porta, um senhor nos atendeu e informou que a embaixada estava fechada porque mais uma vez o governo brasileiro havia recusado a extradição de Cesare Battisti. Temendo por alguma manifestação por parte dos italianos, por segurança mantiveram a embaixada fechada.

Já que não há exposição e estamos novamente na Piazza Navona, vamos comer pela segunda vez um Tartufo de Chocolate Nero. É um manjar dos deuses!!! Para quem tem restrição de açúcar, como eu, comer um doce gostoso como esse é tão bom quanto namorar escondido, tem mais sabor.

Euro Pride em Roma
Pegamos um táxi para o hotel e daí tivemos uma surpresa. O motorista do táxi nos informou que não seria possível chegar até o hotel porque estava acontecendo nesse momento a passeata do orgulho gay da Europa e o trânsito estava todo interrompido no centro. E mais, ainda haveria um show da Lady Gaga naquela noite. O taxista nos deixou em local que, segundo ele, tinha uma estação do metrô bem próximo. Saímos na direção indicada e demos de cara com uma multidão que vinha em nossa direção. Já viram o bloco do Cordão do Bola Preta ? Pois é, Roma estava parecendo com o centro do Rio de Janeiro em sábado de carnaval!!!!
Pedimos informação a um guarda sobre a estação de metrô mais próxima. Precisávamos ir para o hotel pois tínhamos um tour noturno marcado para as 21 h. A estação ficava no centro do buchicho, não dava para chegar até lá.

- Agora é sentar no meio-fio, chorar e ver o desfile passar – disse Andréa.

Resolvemos tentar uma outra estação, bem mais longe. Depois de uma longa jornada, conseguimos enfim chegar ao hotel. Começamos a temer pelo nosso tour noturno. O guarda nos havia informado que toda a região central ficaria fechada para os carros por causa do show de Lady Gaga e os lugares mais interessantes que gostaríamos de ver ficam naquela região.

Achamos melhor cancelar o passeio noturno, mas nossas amigas, que não viram o tumulto, ficaram um pouco chateadas. Rolou um certo desconforto porque ficou a impressão que nós três estávamos cansadas e usando esse pretexto para cancelar o passeio. O pior é que quando saímos para jantar, passando de táxi próximo ao Coliseu, vimos que as ruas centrais estavam liberadas.

Paciência, viajar em grupo tem desses contratempos. Mas se não fosse esse fato, teríamos perdido um dos melhores jantares dessa viagem. Escolhemos, aleatoriamente, um pequeno restaurante numa daquelas ruazinhas próximas a Piazza Navona. A comida excelente, o vinho idem, o local tranquilo e aconchegante. Fechamos com chave de ouro nossa estadia na Itália.

Eu classificaria nossos jantares dessa forma:

IL Cascinale em Sirmione – 1º lugar – depois das 22 horas, em uma noite de chuva torrencial, não esperávamos grande coisa. Comida excelente e atendimento idem;

Na casa de Dievolle - 2º lugar – as preliminares (preparação do jantar à 12 mãos, a cara de espanto do italiano "liiiindo" que consertou o fogão, o vinho com queijo grana padano que beliscamos antes, etc...) foram ótimas. Se não fosse pelo molho que poderia ter ficado um pouquinho menos apimentado e pela louça que tivemos que lavar no dia seguinte, teria ficado em 1º lugar;

La Pace del Palato em Roma – 3º lugar - comida e vinho estupendos.
Daria pra beijar os dedos em  conchinha (com direito a estalhinho) como os italianos costumam fazer quando gostam muito de alguma coisa.
Último jantar em Roma

Amanhã bem cedo retornaremos ao Brasil, cansadas e felizes.

Arrivederti Roma ! Viva a Itália e viva o Spaghetti !!!!

As tigronas vão para casa


Recomendação
Restaurante La Pace Del Palato - Via del Teatro Pace, 42A/43 - (06)68135463 -  http://www.lapacedelpalato.com/
Restaurante Tritone Antica Trattoria - Via Dei Maroniti, 1-3-5 - (06)6798181
Restaurante Lo Zodíaco


                                     Considerações Finais



Toscana é uma delícia. Cidades pequenas, históricas, românticas e tranquilas. O tempo parece passar bem devagar, em ritmo lentíssimo. Se não fosse pelo jeito italiano de falar bem alto e gesticulando, quase como uma briga, o silêncio nessas ruas seria ensurdecedor.

JANELAS DA TOSCANA

  















FLORES E JARDINS



















Essa foi uma viagem mais gastronômica do que todas as outras que eu fiz. Acho que o roteiro favoreceu. Voltei com alguns quilos a mais. Não tem problema, valeu a pena.

Quando a escritora do livro “Comer, rezar, amar” escolheu a Itália para a primeira fase do livro (comer) fez a escolha certa. O italiano valoriza muito o prazer da boa mesa. Fazem questão de separar: antepasto, primo piatto, secondo piatto, dessert. Não misturam para que seja possível apreciar os sabores separadamente. Eles não entendem essa nossa mania de misturar tudo em um único prato:  massa,  carne,  salada, etc.

Eu não tinha reparado antes em duas palavras italianas que aparecem nas contas dos restaurantes: coperto e contorno.

coperto é um valor cobrado pelo serviço que é usado na mesa: toalha, talheres, pratos, copos, etc... Isto é, a “cobertura” da mesa. Parece-me que a palavra couvert do francês é uma derivação do coperto italiano, sendo que o valor do coperto não cobre o pãozinho e o azeite. Se vc dispensar o pãozinho ainda assim vai pagar o coperto.

Quando pedimos algum acompanhamento que não faz parte do prato eles discriminam na conta como contorno, ou seja, o quem está em volta do prato principal.

Vivendo e aprendendo.

Li em algum lugar que os homens italianos estão mais contidos, menos agressivos no assédio as mulheres. Pode ser, mas nesse caso o Berlusconi deve ser um ponto fora da curva. Parece-me que a popularidade dele anda em baixa. Sei que a crise financeira mundial tem afetado muito a Itália, mas para mim, turista brasileira, essa situação não é perceptível. Tudo parece ir muito bem.

Acho que só faltou uma coisa na nossa viagem: romance. Não que eu deseje viver um grande amor. O que já vivi é suficiente, mas se tivesse que me apaixonar novamente, esse seria um bom lugar. Quando voltei ao Brasil assisti ao filme “Cartas para Juliet”, romance que se passa nesse cenário, o que reforçou minha intuição acima.

Não joguei nenhuma moedinha na Fontana de Trevi para garantir um retorno a Roma, mas ainda gostaria de voltar à Itália e conhecer outros lugares: Cinque Terre, Costa Amalfitana, região de Piemonte. E, quem sabe retornar a Sirmione e conhecer outras cidades ao redor do Lago de Garda.

E rever os italianos. Tutto buona gente!!!


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