23 setembro, 2001

VARSÓVIA, CRACÓVIA, AUSCHWITZ

 CRACÓVIA

10.05.2001



Saímos logo cedo rumo à Polônia, destino Cracóvia. No caminho paramos em uma pequena cidade chamada Wroclaw ou Vratislavia. É uma cidade interessante: já pertenceu a Polônia, depois a República Theca, à Áustria, à Alemanha e depois novamente a Polônia. Será que conseguiram criar sua própria identidade, sem interferência do país dominador?

WROCLAW
Wroclaw

No centro antigo da cidade vi muitas casas com telhados pontiagudos, um formato parecido com os desenhos de uma árvore de natal, e muitas esculturas de duendes. Acho que os duendes são um símbolo dessa cidade.

Visitamos a igreja de Santa Maria Madalena. A igreja estava completamente lotada de turistas e fiéis. Chegamos poucos minutos antes de abrirem o altar gótico de madeira, um dos mais preciosos da Europa. Não se ouvia nenhum ruído, apenas o som da música sacra envolvendo todo o recinto de uma maneira como só a acústica de um templo como esse permite. Duas pessoas foram abrindo lentamente as três partes de madeira que compõe o altar. Olhei para as pessoas que estavam a minha volta. Pareciam estar em transe. Confesso que também fiquei emocionada. Penso que a música e a arte são tão convincentes quanto um belo sermão. No meu caso, que não sou religiosa, a música e a arte me tocam mais profundamente que o sermão. Se a devoção e a arte se juntam numa mesma obra, aí então o resultado é quase perfeito.

11.05.2001

Chegamos em Cracóvia no final da tarde de ontem. Nosso hotel fica um pouco distante do centro, mas a cidade é tranquila, pegamos um ônibus e fomos procurar um restaurante que Kátia tinha uma recomendação. Um japonês que faz parte do nosso grupo foi conosco. Ele está viajando sozinho, acompanhado de uma máquina fotográfica poderosa, of course. Algumas vezes parece meio solitário. O restaurante Pod Aniotame fica num porão do Séc.VII. É bem aconchegante, o jantar foi delicioso e a bebida idem.


 Restaurante Pod Aniotame 
Cracóvia foi capital do império e hoje é a segunda cidade da Polônia. No trajeto de ônibus que fizemos até agora, dentro da Polônia, vi algum gado e muita plantação, deve ser de batatas que é a base da culinária daqui. Vi poucas cidades e quase todas bem pequenas.

Nossa guia é uma morena de cabelos lisos e negros. Veste-se de maneira simples, calça comprida e um poncho, mas mesmo assim sua beleza é marcante. É inteligente, fala várias línguas e parece que tem um bom conhecimento de história geral. Os guias aqui na Europa são sempre muito sérios, não ouvi uma risada sequer de nenhum deles. Deve ser esta a postura esperada de alguém que está trabalhando e eles levam a sério, não relaxam nunca. Se fosse um brasileiro.....

No nosso primeiro passeio subimos por uma rampa até a colina Wawel, onde conhecemos a antiga residência dos reis da Polônia e a Catedral de São Wenceslao. 
O Castelo Real, abrigava a Corte até 1609, quando Cracóvia ainda era capital da Polônia. Os nazistas ocuparam esse Castelo durante a Segunda Guerra Mundial, porém essa cidade nunca foi bombardeada e por isso seus prédios antigos são bem conservados.
A Catedral de São Wenceslao é um prédio imponente com várias torres que foram construídas em épocas diferentes. O Papa João Paulo rezou sua primeira missa aqui.
Castelo Real


















Em seguida fomos conhecer a “Rynek” de Cracóvia - é assim que se chama a grande praça central das cidades medievais aqui na Polônia. É linda, quase tão bonita quanto a de Praga, mas com estilo arquitetônico bem diferente. Essas grandes praças que conheci nas cidades medievais que visitei até agora, correspondem àquelas pracinhas com uma igreja católica, que vemos em todas as cidades do interior do Brasil. Normalmente as cidades tiveram sua origem nesses locais. Aqui só é diferente porque as praças não tem árvores, são muito maiores e todos os prédios administrativos da época ficam em volta da praça formando uma espécie de quadrado.

Aqui nessa praça estão o prédio da Prefeitura, o Mercado e a Basílica St Mary. O interior da basílica é lindo, o teto é uma obra de arte e nessa igreja todos os dias, um trompetista chega até uma janela e quando completa a hora inteira ele toca uma música. Nesse ato ele presta homenagem e relembra que durante uma invasão da Mongólia, um arqueiro flechou o trompetista enquanto ele tocava. Ficamos ali olhando pra cima por alguns minutos, até que o músico tocou seu instrumento. Depois todos bateram palmas.
Rinek de Cracóvia
Fomos visitar o mercado que tem muitas peças bonitas de madeira e bijuterias de âmbar.

Continuamos nossa jornada indo para o Gueto Judeu de Cracóvia. O local está em ruínas pois americanos descendentes de judeus poloneses, que tinham imóveis aqui, reivindicam na justiça a posse desses imóveis. Resultado, o governo polonês não pode restaurar os imóveis dessa região. Tudo parece abandonado e meio macabro. O filme “A lista de Schindler” foi rodado aqui em Cracóvia e nos campos de concentração de Auschwitz e Treblinka, que ficam próximos daqui.

Almoçamos no restaurante “Alef” que fica no Gueto. Nas paredes do restaurante vimos várias fotos dos atores e da equipe de filmagem que almoçavam ali.
















Auschwitz


Campo de Concentração de Auschwitz


Á tarde fizemos um passeio que jamais imaginei que faria. Fomos ao Campo de Concentração de Auschwitz, que fica não muito distante de Cracóvia.
Portão de Entrada
Algumas pessoas do nosso grupo optaram por não participar dessa visita, receosas de ficarem deprimidas. É possível, mas resolvi arriscar. São vários os campos de concentração nessa região da Polônia e o de Auschwitz é o mais visitado
Atravessamos o portão de entrada que tem escrito no pórtico a frase “O Trabalho Liberta”. Quanta ironia!!!

Os pavilhões muito bem conservados de Auschwits foram transformados em museu. Um guia do museu, que fala espanhol, nos acompanhou e foi descrevendo a história do campo enquanto caminhávamos pelos corredores e salas dos pavilhões.

Muitos dos judeus não sabiam exatamente para onde estavam indo. Colocavam em suas poucas malas todos os pertences mais valiosos que podiam carregar. Na chegada ao “campo de trabalhos forçados”, como Auschwits era denominada pelos alemães, tudo era confiscado e suas cabeças raspadas.

Escultura que fica no museu de Auschwtiz
Em algumas salas, fechadas por vidros, podemos ver objetos dos judeus que ali chegaram. Uma sala é só de sapatos, alguns quase destruídos; em outra se encontram as malas que eles trouxeram; uma terceira sala está cheia de cabelos amarrados em pequenas quantidades, alguns cabelos estão trançados como deviam estar no momento em que foram cortados. A sala que mais me impressionou foi a dos objetos que pertenciam às crianças: roupinhas de bebê, brinquedos, objetos para toallete, etc. Os cabelos eram utilizados pelas fábricas de colchões na Alemanha. Nas paredes dos corredores estão as fotos de vários judeus que morreram ali, uma foto da chegada com a data e outra tirada seis meses ou um ano depois, com a data em que morreram. Poucas delas tinham mais de um ano o que significa que poucas pessoas resistiam por mais tempo. Três milhões de judeus foram mortos aqui, o que significa dizer que quase metade dos judeus assassinados pelos nazistas, morreu nesse campo.














Saindo do pavilhão a guia nos mostrou o muro onde ocorriam as execuções e o pátio de onde os judeus podiam ver as chaminés do prédio do forno crematório. Seguimos para o pavilhão onde ficam os banheiros onde os judeus eram mortos por envenenamento com gás e em seguida levados para o forno crematório. Tudo está como no dia em que o exército russo chegou aqui. Não houve tempo para os alemães esconderem ou camuflarem todas as evidências dos crimes cometidos ali. Cerca de cinco mil judeus ainda estavam vivos quando os russos chegaram, por isso esse campo é o que melhor retrata o holocausto.
Saímos para o ar livre. Esse local amplo e silencioso, com alamedas arborizadas, poderia até ser agradável não fosse pelos acontecimentos que ocorreram aqui. Mas o vento que sacode as árvores faz um barulho melancólico e triste. Definitivamente esse não é um bom lugar para se viver.


12.05.2001                                       VARSÓVIA

Virgem Negra da Polônia
No caminho para Varsóvia paramos na cidade de Czestochowa, capital religiosa da Polônia, e onde está o convento de Janej Gory e a capela da Natividade de Maria com a imagem da “Virgem Negra”. O lugar estava repleto de turistas e peregrinos. Aproveitei para comprar alguns presentinhos para minha sogra e as tias de Vilson, todas católicas praticantes. Comprei uma imagem do Menino Jesus de Praga (que esqueci de comprar em Praga) e alguns pequenos terços que, segundo o vendedor, foram benzidos pelo Papa João Paulo II.

Duvide-ó-dó!!! Estória de vendedor.

Parece que os russos não conseguiram abalar a fé dos poloneses. Depois de tudo que sofreram na segunda guerra mundial e depois de tantos anos de dominação soviética, é inacreditável como esse povo ainda é tão religioso. Eu já teria perdido toda fé.....ou não, vai ver que isso é o que me falta, um pouco de sofrimento. Isola!!! esqueçam o que falei.
O fato do atual Papa ser polonês também deve contribuir para a religiosidade desse povo.

Acabamos de chegar a Varsóvia. Uiiiiiiiii!!!! que tarde fria. O vento gelado parece que queima minha pele. Fico imaginando como vou encontrar coragem para sair do hotel; ainda é cedo e é uma pena desperdiçar tanto tempo sem fazer nada de interessante. Vimos um cartaz anunciando uma apresentação da Filarmônica de Naradowa. Ainda havia ingressos à venda e decidimos por assistir essa apresentação.

O Hotel Marriot, onde estamos hospedadas, é enorme, deve ser um dos prédios mais altos da cidade. Aqui tem boate, acho que cassino também, e na cobertura uma piscina aquecida de tamanho razoável e com uma vista maravilhosa, de onde se pode ver toda a cidade de Varsóvia.
Um casal que faz parte do nosso grupo completa hoje cinquenta anos de casado. Pediram uma suíte master para comemorar o evento. Mas o marido, um militar aposentado que reclama de tudo, achou que a suíte não está de acordo com o desejado. Êta velho ranzinza, foi assim a viagem inteira, sempre reclamando.

Teatro da Ópera
O Teatro da Ópera de Varsóvia fica próximo ao hotel, mas por causa do frio decidimos ir de táxi. Colocamos nossa melhor roupa, tiramos o escorpião do bolso, e encaramos o frio. O teatro é muito bonito, as pessoas são bonitas e acho que o espetáculo promete.

A orquestra se apresentou com 4 cantores líricos, duas mulheres e dois homens. A contralto é uma mulher morena muito bonita, estava vestida de vermelho. Parecia a Maria Callas exceto pela voz, é claro. Impossível competir com a grande diva.

13.05.2001

Palácio da Cultura
Pela manhã fizemos um tour pela cidade. A arquitetura demarca muito bem as várias fases da história desse povo. Passamos por alguns bairros onde os prédios são bem característicos do período soviético. São prédios cinza, sem graça, completamente despidos de adornos. Em outros locais encontramos prédios do período imperial. O império austro-húngaro chegou até aqui. Provavelmente vamos encontrar aqui algum monumento em homenagem a Maria Teresa, aquela poderosa que conhecemos em Viena.

Rinek de Varsóvia
Até o início da segunda guerra a Polônia era o país europeu com o maior número de judeus. Os que não foram enviados para os campos de concentração ficaram confinados numa área da cidade que ficou conhecida como o Gueto de Varsóvia. Eles resistiram bravamente, mas foram praticamente exterminados. Perguntei a guia se ainda hoje existem judeus na Polônia e ela disse que não há registro de judeus na Polônia atualmente. Não é de se admirar, para os que sobreviveram deve ter sido extremamente difícil continuar vivendo aqui.

Passamos pelo prédio mais alto de Varsóvia - o Palácio da Cultura - que é um símbolo do regime comunista. A guia informou que esse prédio horroroso é igual a outros sete que estão em Moscou. A guia deve odiar os russos porque o prédio não me parece “horroroso”, se destaca na paisagem e chega a ser imponente.

Monumento ao Levante de 1944
Paramos para conhecer alguns monumentos. O primeiro fica no local onde estava a estação de trens que levavam os judeus para os campos de concentração. Ergueram um monumento em mármore branco com o nome de vários judeus que embarcaram ali. O segundo monumento em homenagem ao Levante de 1944 é muito bonito. São esculturas enormes de soldados, alguns armados, representando a resistência polonesa aos invasores nazistas.

Essa é uma cidade que tem ótimo potencial para turismo. Tem vários palácios, alguns parques, museus e muita, muita história. Impossível não se emocionar com o sofrimento e com a coragem do povo polonês.

Em seguida fomos conhecer as muralhas da cidade de Varsóvia, que é chamada de Barbakan.

14.05.2001

Hoje fizemos um passeio bem ligth. Fomos conhecer o parque Lazienki Krolewskie que segundo o guia, é o mais bonito de Varsóvia. No centro do parque tem um palácio que é conhecido como o Palácio Sobre as Águas. Caminhamos pelo parque, em meio às árvores, sem pressa aproveitando o sol fraquinho desse dia de primavera.

Paramos para tirar umas fotos em frente ao monumento a Frederic Chopin. Não sei se Chopin é o filho mais ilustre dessa terra, existem outros também famosos: Lech Walesa (o político) Karol Wojtyla (o Papa), Roman Polanski (o cineasta). Chopin é o meu preferido; num momento de sossego e reflexão é um Noturno de Chopin que eu escolheria para companhia. Durante o verão acontecem aqui neste parque vários concertos ao ar livre. Deve ser ótimo.


Cartões Postais com o antes e depois da guerra



Fomos para a Rynek de Varsóvia. Parei em uma lojinha para comprar alguns postais. Fiquei impressionada com o postal dessa grande praça. Esse, e vários outros postais, mostra uma foto do local no final da 2ª guerra mundial e uma foto atual do mesmo local. É impressionante o estado de destruição em que ficaram locais históricos como essa praça central e como os prédios foram reconstruídos preservando as características originais. Na minha cidade, quando o mar faz algum estrago, leva-se meses para que a prefeitura recupere o que foi destruído. Acho que nossos governantes precisam de uma aula com os poloneses.

Partimos no final do dia. Pozegnanie(adeus), Polônia.



CONSIDERAÇÕES FINAIS - LESTE EUROPEU

Foi uma surpresa ver como a Segunda Guerra ainda é tão presente no cotidiano das cidades do Leste Europeu mesmo tendo se passado quase sessenta anos, e constatar como foi sofrido para esses povos ser alvo das ambições expansionista da Alemanha, que queria ampliar seus domínios até a África e Oriente Médio, da mesma forma que o Japão desejava ocupar China, Coréia, Índia, etc... Os italianos, mais modestos, queriam só alguns países do Mar Mediterrâneo.
Os séculos passam e nada muda quando se trata do desejo que o homem tem de dominar o outro. Os países contrários, naquela época - Estados Unidos, França e Inglaterra - também já tiveram em outros momentos, os mesmos objetivos.

França - Paris


"Se você teve a sorte de viver em Paris quando jovem, sua presença continuará a acompanhá-lo por toda a vida, onde quer que você esteja, porque Paris é uma festa móvel".

Vou reler o livro “Paris É Uma Festa” e ver se identifico algum dos lugares que Hemingway frequentou quando morou lá. É claro que o espírito de “festa” para Hemingway não é exatamente o mesmo que para mim e o universo literário e boêmio não estavam na minha programação, infelizmente. Tenho que voltar, com muito mais tempo, para conhecer realmente Paris.

Hungria - Budapest


Não tinha nenhuma expectativa sobre Budapeste e pouco conhecia da história desse país. Apenas me lembrava que a Hungria apoiou a Alemanha no início da Segunda Guerra, mas se deu mal nessa escolha e acabou sendo invadida pela própria Alemanha e depois pelos Soviéticos que fizeram o estrago que todos conhecem.

Soube agora que grande parte das cidades húngaras foram destruídas pelos bombardeios. Em Budapest muitas mulheres e crianças foram violentadas pelos soldados alemães.

A cidade foi marcada por períodos alternados de prosperidade e devastação. É compreensível visto a sua localização e as constantes mudanças em suas fronteiras. O tempo agora é de prosperidade. Eles estão trabalhando com o firme propósito de entrar para União Européia. De acordo com a nossa guia turística, isso deve ocorrer em breve.

República Theca - Praga


É linda demais. Como não sofreu com os bombardeios da segunda guerra, conseguiu manter intacta suas características de cidade medieval. A República Theca tem muitos castelos, mosteiros, palácios e tem vários monumentos que são classificados como patrimônio cultural pela UNESCO.

Também sobre a antiga Tchecoslováquia eu não conhecia muita coisa. Quando assisti ao filme “A Insustentável Leveza do Ser” é que procurei algumas informações sobre o movimento “A Primavera de Praga”. Tudo o que eu sabia sobre esse país se resumia ao seu período “comunista” e posteriormente, a transição pacífica para o capitalismo que ficou conhecido como a “Revolução do Veludo”. Acho que “veludo” tem relação com o fato de não ter tido qualquer violência, armas,etc...nessa transição para o regime capitalista.

Polônia - Auschwitz


Esse lugar é a prova viva de quão baixo o ser humano pode chegar e também de quanto sofrimento pode suportar. É difícil entender e assustador imaginar se nós agiríamos diferentemente se estivéssemos na mesma situação, inseridas naquela realidade, no cenário daquela época. Quantos de nós nos colocaríamos claramente contra a ordem vigente?

Polônia - Cracóvia e Varsóvia


Ô povo sofrido!!! A Polônia espremida entre duas potências bélicas e econômicas, a Alemanha e a Rússia, ora era invadida por um ora por outro. Isso sem falar no passado quando fez parte do Império Austro-Húngaro e até mesmo antes disso, esse país foi alvo de muitas guerras e invasões. No filme “O Pianista” é possível se ter uma ideia de como Varsóvia foi totalmente destruída pelos nazistas. Os russos ficaram só observando, sem mover uma palha, e quando os alemães se retiraram ficou fácil para os poloneses, que já se encontravam enfraquecidos, serem dominados.
Pelo visto os poloneses nunca se dão por vencidos. Reconstruíram suas cidades e vem tentando reconstruir também sua economia. Alguém duvida que conseguirão?

Nenhum comentário:

Postar um comentário